O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
ALLAN KARDEC
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIV
OS
MÉDIUNS
Médiuns
de efeitos físicos
Estudo
54 - Itens 162 e 163
Relembrando o estudo anterior vimos que os fenômenos
de efeitos físicos impressionam e servem, muitas vezes, para despertar o
interesse pela Doutrina, mas o que realmente interessa é esta, com suas consequências
morais e espirituais.
Considerando as condições em que acontecem e o que
provocam afirma Allan Kardec que, algumas vezes, a Ciência submeteu criaturas
frágeis e delicadas a torturas morais e físicas com o objetivo de evitar que
praticassem fraudes, o que são sempre prejudiciais ao organismo dos sensitivos,
podendo acarretar graves desordens à sua economia orgânica. A Ciência Espírita
tem outro objetivo e exige outros métodos de investigação. Esses fenômenos
pertencem mais à ordem moral do que à ordem física e será em vão que se
buscará suas solução nas nossas Ciências exatas.
Por serem tais fenômenos mais de ordem moral,
deve-se evitar, com cuidado, todos os motivos de superexcitação da imaginação.
Sabe-se quantos acidentes pode produzir o medo e não desconhecemos quantos
casos de loucura e neuroses são provocadas por estórias de lobisomens e
bichos-papões. Que aconteceria, então, se pudessem persuadir a todos de que se
trata do diabo? Os que procuram convencer os outros dessas idéias não sabem a
responsabilidade que assumem: eles podem matar, e esse perigo existe não só
para o paciente, mas também para os que o cercam.
Esta crença funesta é que foi causa de tantos atos
de atrocidade nos tempos de ignorância. Entretanto, se houvesse um pouco mais
de discernimento, teria ocorrido aos que os praticaram que não queimavam o
diabo, por queimarem o corpo que supunham possesso do diabo. Desde que do diabo
é que queriam livrar-se, ao diabo é que era preciso matassem. Esclarecendo-nos
sobre a verdadeira causa de todos esses fenômenos, a Doutrina Espírita lhe dá o
golpe de misericórdia. Longe, pois, de concorrer para que tal idéia se
forme, todos devem, e este é um dever de moralidade e de humanidade, combatê-la
onde exista.
O que há a fazer-se, quando uma faculdade dessa
natureza se desenvolve espontaneamente num indivíduo, é deixar que o fenômeno
siga o seu curso natural: a Natureza é mais prudente do que os homens. A
Providência tem seus desígnios e aos maiores destes pode servir de instrumento
a mais pequenina das criaturas. Porém, forçoso é convir, o fenômeno assume por
vezes proporções fatigantes e importunas para toda gente, tal como é relatado
por Allan Kardec na Revista Espírita de 1858, com os comentários e explicações
necessárias, e que pode ser considerado um dos fatos mais extraordinários desta
natureza, pela variedade e singularidade dos fenômenos. Ocorreu em 1852, no
Palatinado (Baviera renana), em Bergzabern, perto de Wissemburg. É tanto mais
notável, quando se percebe, reunidos no mesmo indivíduo, quase todos os gêneros
de manifestações espontâneas: estrondos de abalar a casa, móveis derrubados,
arremesso de objetos ao longe por mãos invisíveis, visões e aparições,
sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos,
instrumentos tocando sem contato, comunicações inteligentes, etc. e, o que não
é de somenos importância, a comprovação destes fatos, durante quase dois anos,
por inúmeras testemunhas oculares, dignas de crédito pelo saber e pelas
posições sociais que ocupavam. A narração autêntica dos aludidos fenômenos foi
publicada, naquela época, em muitos jornais alemães e, especialmente, numa
brochura hoje esgotada e raríssima. Além do empolgante interesse que tais
fenômenos despertam, eles são eminentemente instrutivos, do ponto de vista do
estudo prático do Espiritismo.
Eis, então, o que em todos os casos importa
fazer-se. No capítulo V - Das manifestações físicas espontâneas, encontramos
orientações a este respeito, dizendo ser preciso entrar em comunicação com o
Espírito, para dele saber-se o que quer. O meio seguinte também se funda na
observação.
Os seres invisíveis, que revelam sua presença por
efeitos sensíveis, são, em geral, Espíritos de uma ordem inferior e que podem
ser dominados pelo ascendente moral. A aquisição deste ascendente é o que se
deve procurar.
Para alcançá-lo, preciso é que o indivíduo passe do
estado de médium natural ao de médium voluntário. Produz-se, então,
efeito análogo ao que se observa no sonambulismo. Como se sabe, o sonambulismo
natural cessa geralmente, quando substituído pelo sonambulismo magnético. Não
se suprime a faculdade, que tem a alma, de emancipar-se; dar-se-lhe outra
diretriz. O mesmo acontece com a faculdade mediúnica. Para isso, em vez
de impedir as manifestações, coisa que raramente se consegue e que nem sempre
deixa de ser perigosa, o que se tem de fazer é levar o médium a produzi-los à
sua vontade, impondo-se ao Espírito. Por esse meio, chega o médium a
sujeitá-lo e, de um dominador às vezes tirânico, faz um ser submisso e, não raro,
dócil. Fato digno de nota e que a experiência confirma é que, em tal caso, uma
criança tem tanta e, por vezes, mais autoridade que um adulto: mais uma prova a
favor deste ponto capital da Doutrina, que o Espírito só é criança pelo corpo;
que tem por si mesmo um desenvolvimento necessariamente anterior à sua
encarnação atual, desenvolvimento que lhe pode dar ascendente sobre Espíritos
que lhe são inferiores. A moralização de um Espírito, pelos conselhos de uma
pessoa influente, do ponto de vista moral, e experiente, não estando o médium
em estado de o fazer, constitui freqüentemente meio muito eficaz. É o que
ocorre em reuniões mediúnicas que tem por objetivo o socorro espiritual e a
desobsessão.
Concluindo esse estudo ressaltamos a importância da
educação mediúnica como meio para dar ao médium o equilíbrio e a segurança que
lhe são necessários, e só adquiridos através do esforço no estudo, na prática
do Bem, na perseverança em direção ao caminho Maior.
Em
nosso próximo estudo veremos Médiuns sensitivos ou impressionáveis.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - "O Livro dos Médiuns" - 2a Ed.
São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2a Parte.
Tereza Cristina D'Alessandro
Fevereiro / 2006
Centro
Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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