(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
MANIFESTAÇÕES
VISUAIS
Estudo 36
Item 100 (itens 19 a 30) - Perguntas sobre as Aparições
Na
sequência de nossos estudos, percebemos que Allan Kardec trata das questões
referentes à visão de Espíritos, sempre de forma objetiva, clara e científica,
Vamos analisá-las, então.
19ª
A visão dos Espíritos ocorre no estado normal ou somente durante o êxtase?
— Pode ocorrer em condições
perfeitamente normais. Entretanto, as pessoas que os veem estão quase sempre
num estado especial, próximo do êxtase, estado que lhes dá uma espécie de dupla
vista. (Ver O Livro dos Espíritos, n. 447).
20ª
Os que veem os Espíritos o fazem com os olhos?
— Assim o julgam; mas, na realidade,
é a alma quem vê e a prova é que podem ver com os olhos.
21ª
Como pode o Espírito tornar-se visível?
— O princípio é o mesmo de todas as
manifestações, reside nas propriedades do períspirito, que pode sofrer diversas
modificações, à vontade do Espírito.
22ª
Pode o Espírito propriamente dito fazer-se visível, ou só o pode com o auxílio
do períspirito?
— No estado material em que vos
achais, só com o auxílio de seus invólucros semimateriais podem os Espíritos
manifestar-se. Esse invólucro é o intermediário por meio do qual eles atuam
sobre os vossos sentidos. Sob esse envoltório é que aparecem, às vezes, com uma
forma humana, ou com outra qualquer, seja nos sonhos, seja no estado de
vigília, assim em plena luz, como na obscuridade.
23ª
Poderíamos dizer que é pela condensação do fluido do perispírito que o Espírito
se torna visível?
—Condensação
não é o termo. Essa palavra apenas pode ser usada para estabelecer uma
comparação, que vos faculte compreender o fenômeno, porquanto não há realmente
condensação. Pela combinação dos fluidos, o perispírito toma uma disposição
especial, sem analogia para vós outros, disposição que o torna perceptível.
24ª
Os Espíritos que aparecem são sempre inacessíveis ao tato e não podemos
pegá-los?
— No estado normal de espíritos não
podemos pegá-los, como não pegamos sonhos. Entretanto, podem impressionar nosso
tato e deixar sinais de sua presença. Podem mesmo, em alguns casos, tornar-se
momentaneamente tangíveis, o que prova a existência de matéria entre vós e
eles.
25ª
Todos são aptos a ver os Espíritos?
—Durante
o sono, todos; em estado de vigília, não. Durante o sono, a alma vê sem
intermediário; no estado de vigília, acha-se sempre mais ou menos influenciada
pelos órgãos. Daí não serem totalmente idênticas as condições nos dois casos.
26ª
Como podemos ver os Espíritos em estado de vigília?
—Depende
da organização física. Reside na maior ou menor facilidade do fluido do vidente
de se combinar com o do Espírito. Assim, não basta que o Espírito queira
mostrar-se; é também necessário que a pessoa a quem se quer mostrar tenha
aptidão para vê-lo.
a)
Pode essa faculdade desenvolver-se pelo exercício?
—Pode,
como todas as outras faculdades; mas, pertence ao número daquelas cujo
desenvolvimento natural é melhor que o provocado, quando corremos o risco de
superexcitar a imaginação. A visão geral e permanente dos Espíritos é
excepcional e não pertence às condições normais do homem.
27ª
Pode-se provocar a aparição dos Espíritos?
—Isso
algumas vezes é possível, porém, muito raramente. A aparição é quase sempre
espontânea. Para provocá-la é necessário que se possua uma faculdade especial.
28ª
Podem os Espíritos tornar-se visíveis sob outra aparência que não a da forma
humana?
—A
humana é a forma normal. O Espírito pode variar-lhe a aparência, mas sempre com
o tipo humano.
a)
Não podem manifestar-se sob a forma de chama?
—Podem
produzir chamas, clarões, como todos os outros efeitos, para atestar sua
presença; mas, não são os próprios Espíritos que assim aparecem. A chama não
passa muitas vezes de uma miragem ou de uma emanação do períspirito. Em todo
caso é somente uma parte do períspirito, que só aparece inteiramente nas
visões.
O
Professor Herculano Pires, tradutor de O Livro dos Médiuns que utilizamos em
nossos estudos, esclarece que o períspirito só aparece integral nas visões,
compreendendo-se o termo visões como manifestações do Espírito em corpo
inteiro. Nas outras formas de manifestação, ele apenas projeta as imagens que
deseja, como no exemplo estudado a seguir.
29ª
Que se deve pensar da crença que atribui os fogos-fátuos à presença de almas ou
Espíritos?
—Superstição
produzida pela ignorância. Bem conhecida é a causa física dos fogos-fátuos.
a)
A chama azul que, segundo dizem, apareceu sobre a cabeça de Servius Tulius, na
infância, foi real ou apenas uma lenda?
—Era
real e produzida por um Espírito familiar, que desse modo dava um aviso à mãe
do menino. Médium vidente, essa mãe percebeu uma irradiação do Espírito
protetor de seu filho. Os médiuns videntes variam de grau no tocante à
percepção, como os médiuns psicógrafos variam na escrita. Enquanto essa mãe via
uma chama, outro médium poderia ver o próprio Espírito. (Servius Tulius foi o
sexto rei de Roma, entre os anos de 578-574 a. C., e realizou grandes obras).
30ª
Poderiam os Espíritos apresentar-se sob a forma de animais?
—Isso
pode acontecer, mas são sempre Espíritos inferiores os que tomam essas
aparências. Mas seriam sempre, em todos os casos, aparências passageiras, pois
seria absurdo acreditar que um animal pudesse ser a encarnação de um Espírito.
Os animais são sempre animais e nada mais que isso.
Nota
de Allan Kardec: Somente a
superstição pode fazer crer que certos animais são animados por Espíritos. É
preciso uma imaginação muito complacente ou muito impressionável para ver algo
de sobrenatural nas atitudes, às vezes, um pouco estranhas que eles tomam, mas
o medo frequentemente faz ver aquilo que não existe. Mas, não só no medo tem
sua origem essa ideia. Conhecemos uma senhora, muito inteligente, que estimava
demais um gato preto, porque acreditava ser ele de natureza superanimal.
Entretanto, nunca ouvira falar de Espiritismo. Se o tivesse conhecido,
compreenderia o ridículo da causa de sua predileção, pois a doutrina lhe
provaria a impossibilidade dessa metamorfose.
Concluindo
nossas reflexões, mais uma vez identificamos o bom senso de Allan Kardec e dos
Amigos Espirituais desmistificando inúmeras situações, às vezes presentes em
nossas vivências, tidas como sobrenaturais ou resultantes da ação dos
Espíritos. Compreendemos as condições para que ocorram as chamadas visões, que
não são tão comuns, pois necessitam que o Espírito queira se mostrar e que a
pessoa que o vê tenha aptidão, isto é, seja médium.
Em
nosso próximo estudo abordaremos o Ensaio Teórico sobre as Aparições.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC,
Allan - O Livro dos Médiuns: 2. Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte.
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, edição especial. Capivari: EME, 1997 -
Cap VIII - Emancipação da alma.
Tereza Cristina
D'Alessandro
Julho / 2004
Julho / 2004
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário