Estudo
Evangélico
Livro: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”
Francisco C. Xavier /
Emmanuel
Estudo n. 8
VIDA E POSSE
“Não é a vida mais que o alimento?” Jesus. (Mateus, 6:26).
Posse: poder; detenção de alguma coisa com o objetivo de
tirar dela qualquer utilidade econômica; estado de quem frui uma coisa ou a tem
em seu poder.
No texto de Matheus, de onde Emmanuel retira a frase em destaque, o
Evangelista recorda a pregação de Jesus na Palestina, quando refletia com os
cristãos de então, como líder, que valor atribuir aos bens terrenos.
Encontraremos aí as conhecidas ponderações de que:
* "os tesouros da Terra a ferrugem e a traça consomem, os ladrões
desenterram e roubam"
* "teu olho é a luz do teu corpo, se teu olho for simples todo o
teu corpo será luminoso"
* Ninguém pode servir a dois senhores porque..."
* Não andeis inquietos com o que haveis de comer para manter a
vida..."
* "olhai as aves do céu..."
* "considerai como crescem os lírios do campo..."
* "entesourai os tesouros do céu..."
* "onde está o teu tesouro aí está o teu coração..."
* "não andeis inquietos pelo dia de amanhã...", encadeamentos
estes tão profundos que Emmanuel sintetiza em "não é a vida mais que o
alimento?", exatamente com o objetivo de levar-nos a perceber que tudo deve
ser buscado, dinamizado, planejado para que a vida material seja sim para
todos, plena do necessário, mas sem as apreensões e aflições do apego, da
posse.
Haveres, bens, envolvem, prendem quem os possui em círculo fechado, onde
nada mais se vê, além da busca incansável de meios, artimanhas e modos, de
sempre aumentar, ter mais, mais e mais, que nunca preenchem, bastam ou
satisfazem.
Por que isso acontece?
A imaturidade psicológica, o desconhecimento da vida espiritual, as
resistências e barreiras que existem, dificultando a compreensão da função da
existência corporal levam o homem a preocupar-se em demasia detendo-se na posse
de bens materiais.
Muito tempo dispensa na corrida a esses bens e bem pouco ou nenhum
consagra ao enriquecimento moral e espiritual. Transforma a vida física em
verdadeiro tormento, desgastando-se por completo. Se buscasse os tesouros da
alma, na manutenção do equilíbrio, na dinamização dos valores maiores, com
muito menos esforço, faria crescer seus bens materiais por fazê-lo circular não
mais só em benefício próprio. Administraria talentos fazendo-os crescer,
movimentado-os e proporcionando meios para que tantos outros também se beneficiem
pelos frutos dos trabalhos correspondentes. Faria o papel da fonte que jorrando
sempre, corre em leito limpo possibilitando chance para que tantos ali matem a
sede.
Joanna de Angelis reflete que:
"O apego excessivo aos bens materiais é uma jaula que aprisiona o
possuidor distraído, que passa a pertencer ao que supõe possuir.
Causa aflição, pelo medo de perder o que acumula; pela ânsia de aumentar
o volume dos recursos; pela circunstância de ter que deixá-lo ante a eminência
da morte.
Desvaria, porque intoxica de orgulho e prepotência a criatura, que se crê
merecedora de privilégios e excepcionais deferências, que não a impedem de
enfernar-se, neurotizar-se, padecer de solidão e morrer como todas as demais.
Enrijece os sentimentos, que perdem a tônica da solidariedade, da compaixão e
da caridade, olvidando dos outros para pensar apenas em si.
Faz pressupor que nasceu para ser servido, abandonando o espírito de serviço
que dignifica e favorece o progresso".
Então não é correto possuir bens, títulos, posições? Não só é correto, como
necessário para que aprendendo a administrá-los sejam bem aplicados no uso com
equilíbrio.
O possuidor que não se interessa por repartir os valores, oferecendo
oportunidade de trabalho, espalhando os recursos, multiplicando-os a diversas
mãos em benefício geral, é escravo que mais se envilece, quanto mais se prende
às posses.
Necessário essa conscientização de que somos usufrutuários de tudo quanto nos
chega às mãos, e não os donos. As verdadeiras posses não são materiais mas as
que se realizam em favor do desenvolvimento moral. Essas são conquistas que
como Espíritos Imortais incorporamos na essência pela vivência dos preceitos
evangélicos.
"Não é a vida mais que o alimento?" - A questão proposta por Jesus
reflete conhecimento profundo da natureza humana, insaciável em seus desejos.
Alerta os contemporâneos e deixa aos pósteros o chamamento do equilíbrio no uso
dos bens, que Emmanuel atualiza dizendo:
"Aconselha-te com prudência para que teu passo não ceda às loucura.
Há milhares de pessoas que efetuam a romagem carnal, amontoando posses exteriores, à gana de ilusória evidência.
Senhoreiam terras que não cultivam.
Acumulam ouro sem proveito.
Guardam larga cópia de vestimenta sem qualquer utilidade.
Retém grandes arcas de pão que os vermes devoram.
Disputam remunerações e vantagens de que não necessitam.
E imobilizam-se no medo ou no tédio, no capricho maligno ou nas doenças imaginárias. Não olvides, assim, a tua condição de usufrutuário do mundo e aprende a conservar no próprio íntimo os valores da Grande Vida".
Ricardo S. Magalhães em "Os Benefícios do Equilíbrio" fecha
nosso estudo quando reflete que para vivermos bem, devemos ter como linha de
conduta o controle e a consciência de nossas reais necessidades, procurando
através de uma análise cuidadosa e sensata a tranqüilidade para as nossas
vidas. Busquemos melhorar a consciência de nossos limites e procuremos dentro
do equilíbrio, tudo aquilo para termos uma vida saudável e segura, abstendo-nos
dos excessos e exageros que são os maiores causadores dos desequilíbrios e
sofrimentos. Mesmo que saibamos valorizar cada benefício, cada oportunidade,
aprendamos a cultivar as verdadeiras posses. Procuremos usufruir de nossos bens
materiais sem abusos e excessos, pois somos apenas os depositários.
Bibliografia:
* Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. Palavras da Vida Eterna. Vida e
Posse. 17a Edição. Edição CEC.
* Divaldo P. Franco/Joanna de Angelis. Jesus e Atualidade. Jesus e
Posses. 9a Edição. Editora Pensamento.
* R. S. Magalhães. Os Benefícios do Equilíbrio. Verdadeiras Riquezas. 2a
Edição. Nova Luz Editora.
* Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. 1a. Edição. Editora Nova Fronteira.
Iracema Linhares
Giorgini
Fevereiro / 2002
Mateus, 6
26 Olhai para as aves do
céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai
celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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