Estudo 38 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS
APARIÇÕES
Itens 105 a 107
Nesse estudo sobre as aparições vimos que podem
ocorrer de forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vaga e indecisa. Outras
vezes formam-se a partir de um clarão esbranquiçado, cujos contornos vão se
desenhando aos poucos; de outras vezes são formas claramente acentuadas,
distinguindo-se os menores traços do rosto. As maneiras, o aspecto é semelhante
aos do Espírito quando encarnado.
O Espírito que deseja
ou pode aparecer se reveste algumas vezes de uma forma ainda mais nítida, com
todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de fazer crer que se trata de
um ser corpóreo. Trata-se de uma aparição tangível, isto é, a tangibilidade pode se tornar real,
o que quer dizer que podemos tocar, palpar, sentir a resistência e o calor de
um corpo vivo, o que não impede a aparição de esvanecer com a rapidez de um
relâmpago. Nesses casos, já não é só pelos olhos que se verifica a presença,
mas também pelo tato.
Se podemos atribuir à
ilusão ou a uma espécie de fascinação a ocorrência de uma aparição simplesmente
visual, já não há mais dúvida se a podemos tocar, ou ela nos toca, mesmo
considerando que as aparições tangíveis são mais raras. Mas, também esses
fenômenos, por mais extraordinários que pareçam, perdem o caráter de
maravilhoso quando se conhece a maneira pela qual se produzem e se compreende
que, longe de representarem uma derrogação de leis naturais, apresentam uma
nova aplicação dessas leis.
A causa desses
fenômenos está nas propriedades do perispírito. O perispírito, por
sua própria natureza, é invisível no seu estado normal. Isso é comum a uma
infinidade de fluidos que sabemos existirem e que jamais vimos. Mas ele pode
também, à semelhança de certos fluidos, passar por modificações que o tornem
visível, seja por uma espécie de condensação (os Espíritos explicam ter
utilizado essa palavra apenas a título de comparação) ou por uma mudança em
suas disposições moleculares, e é então que nos aparece de maneira vaporosa. A
condensação pode chegar ao ponto de dar ao perispírito as propriedades de um
corpo sólido e tangível, mas que pode, instantaneamente, voltar ao seu estado
etéreo e invisível. Este processo pode ser comparado ao do vapor, que pode
passar da invisibilidade a um estado brumoso, depois ao líquido, a seguir ao
sólido e vice-versa.
O que provoca esses
diversos estados do perispírito é a vontade do Espírito e não causas físicas e
exteriores como acontece com os gases. Para que ocorra uma aparição, além da
vontade do Espírito, são necessárias, a combinação dos seus fluidos com os
fluidos específicos do médium, resultante de uma afinidade entre eles, e a
emissão fluídica abundante do médium, para operar a transformação do
perispírito, além de outras condições que provavelmente desconhecemos.
Considerando todos esses fatores, compreendemos, por que a visibilidade dos
Espíritos não é comum.
Explica Allan Kardec
que não nos basta querer ver um Espírito e também que ele queira se mostrar; é
preciso que ele tenha permissão de nos aparecer, o que nem sempre nos é
concedido, ou pelo menos não nas circunstâncias em que queremos, devido às
nossas provas, aos inconvenientes emocionais que causariam e assim por diante.
Outra propriedade do períspirito
é a penetrabilidade, inerente à sua natureza etérea. Nenhuma espécie
de matéria lhe serve de obstáculo: ele atravessa a todas como a luz atravessa
os corpos transparentes, o que mostra não haver, pois, meios de impedir a
entrada dos Espíritos nos ambientes, exceto através de recursos morais
oferecidos pelo próprio ambiente mental que construímos e que resulta da
qualidade de nossos sentimentos e pensamentos. Vale ressaltar que, quanto mais
elevados moralmente, mais os Espíritos respeitam nossas escolhas e apenas
entram em nossos ambientes se os convidarmos, contrariamente ao que acontece
com os Espíritos mais imperfeitos que se imiscuem em nossas vidas, dividindo
conosco espaços e assuntos os mais banais, desde que sejam de interesse comum.
Concluindo nosso
estudo, compreendemos que as aparições no estado de vigília não são raras e nem
constituem novidade. Sempre existiram e, sem remontar ao passado, as
encontramos em nossos dias, sobretudo nos casos de morte de pessoas distantes,
que vêm visitar parentes e amigos. Muitas vezes não tem um objetivo claro, mas
podemos dizer que em geral os Espíritos que assim aparecem são atraídos por
simpatia. Recomenda Allan Kardec que examine cada um as suas lembranças e verá
que são poucos os que não conhecem fatos dessa espécie, cuja autenticidade não
se poderia por em dúvida.
Em nosso próximo
estudo examinaremos alguns efeitos óticos que deram lugar ao estranho sistema
dos Espíritos Glóbulos.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:
FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos,edição especial.
Capivari: EME, 1997 - Cap VIII e IX
Ver também estudo - Propriedades do Perispírito de março/03
Tereza Cristina D'Alessandro
Setembro/04
Setembro/04
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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