(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
MANIFESTAÇÕES VISUAIS
Estudo 35
Item 100 (itens 12 a 18) - Perguntas sobre as Aparições
Continuando nossa análise das questões apresentadas
por Allan Kardec aos Espíritos, identificamos a objetividade e simplicidade com
que foram tratados assuntos que ainda hoje nos chegam revestidos do
"sobrenatural e maravilhoso", o que mostra a necessidade de
estudá-los à luz da Doutrina Espírita.
12ª Os Espíritos que
aparecem com asas, realmente as têm ou essas asas são apenas uma aparência
simbólica?
— Os
Espíritos não têm asas. Não precisam delas, pois podem transportar-se por toda
parte como Espíritos. Aparecem da maneira por que querem impressionar a pessoa
a que se mostram. Uns aparecerão em trajes comuns, outros envoltos em amplas
roupagens, alguns com asas, como atributo da categoria espiritual a que
pertencem.
13ª As pessoas que
vemos em sonho são sempre as que parecem ser?
— São quase
sempre as mesmas pessoas que o teu Espírito vai encontrar ou que vêm te
encontrar.
14ª Não poderiam os
Espíritos zombeteiros tomar as aparências das pessoas que nos são caras e nos
iludirem?
— Tomam
aparências fantasiosas para se divertirem à vossa custa, mas há coisas com as
quais não lhes é permitido.
15ª Como o pensamento
é uma espécie de evocação, compreende-se que possa atrair Espíritos. Mas por
que, quase sempre, as pessoas em que pensamos, que ardentemente desejamos
rever, jamais aparecem nos sonhos, enquanto vemos outras que não nos interessam
e nas quais nunca pensamos?
— Os
Espíritos nem sempre podem manifestar-se visivelmente, mesmo em sonho e apesar
do desejo que tenhamos de vê-los. Causas independentes da sua vontade podem
impedi-los. Frequentemente é também uma prova que o mais ardente desejo não
pode afastar. Quanto às pessoas que não interessam, se é certo que não pensais
nelas, é possível que pensem em vós. Aliás, não podeis fazer ideia das relações
no mundo dos Espíritos. Lá tendes uma multidão de conhecidos íntimos, antigos e
novos, de que não suspeitais quando acordados.
NOTA - Quando nenhum meio tenhamos de verificar a
realidade das visões ou aparições, podemos sem dúvida lançá-las à conta da
alucinação. Quando, porém, os sucessos as confirmam, ninguém tem o direito de
atribuí-las à imaginação. Tais, por exemplo, as aparições, que temos em sonho
ou em estado de vigília, de pessoas em quem absolutamente não pensávamos e que,
produzindo-as no momento em que morrem, vem, por meio de sinais diversos,
revelar as circunstâncias totalmente ignoradas em que faleceram. Têm-se visto
cavalos empinarem e recusarem caminhar para a frente, por motivo de aparições
que assustam os cavaleiros que os montam. Embora se admita que a imaginação
desempenhe aí algum papel, quando o fato se passa com os homens, ninguém,
certamente, negará que ela nada tem que ver com o caso, quando este se dá com
os animais. Acresce que, se fosse exato que as imagens que vemos em sonho são
sempre efeito das nossas preocupações quando acordados, não haveria como
explicar que nunca sonhemos, conforme se verifica frequentemente, com aquilo em
que mais pensamos (Allan Kardec).
16ª Por que razão
certas visões ocorrem com mais frequência quando se está doente?
— Elas
ocorrem do mesmo modo no estado de perfeita saúde. Simplesmente, no estado de
doença, os laços materiais se afrouxam; a fraqueza do corpo permite maior
liberdade ao Espírito, que, então, se põe mais facilmente em comunicação com os
outros Espíritos.
17ª As aparições
espontâneas parecem mais frequentes em certos países. Será que alguns povos
estão mais bem dotados do que outros para receberem esta espécie de
manifestações?
— Fizestes um
registro histórico de cada aparição? As aparições, como os ruídos e todas as
manifestações, produzem-se igualmente em todos os pontos da Terra; apresentam,
porém, caracteres distintos, de conformidade com o povo em cujo seio se
verificam. Entre estes, por exemplo, a escrita é pouco desenvolvida e não há
médiuns escreventes; entre outros eles abundam; além disso, observam-se mais os
ruídos e os movimentos de objetos do que as manifestações inteligentes, por
serem estas menos apreciadas e procuradas.
18ª Por que as
aparições se verificam mais à noite?
— Pela mesma
razão que vês as estrelas à noite e não em pleno dia. A claridade intensa pode
ofuscar uma aparição delicada. Mas é errôneo supor que a noite tenha algo de
espacial para isso. Interroga os que as viram e constatarás que a maioria
ocorre de dia.
Concluímos nosso
estudo com nota de Allan Kardec colocada após o item 18:
— Os fenômenos de
aparição são muito mais frequentes e gerais do que se pensa, porém, muitas
pessoas não os revelam por medo do ridículo e outras os atribuem à ilusão. Se
parecem mais numerosas entre alguns povos, é porque esses conservam com mais
cuidado as tradições verdadeiras ou falsas, quase sempre ampliadas pelo poder
do maravilhoso, a que mais ou menos se preste o aspecto das localidades. A
credulidade então faz que se vejam efeitos sobrenaturais nos mais vulgares
fenômenos: o silêncio da solidão, o íngreme caminho, o rumorejar da floresta,
as rajadas da tempestade, o eco das montanhas, a forma fantástica das nuvens, as
sombras, as miragens, tudo enfim se presta à ilusão das imaginações simples e
ingênuas, que de boa-fé narram o que viram, ou julgaram ver. Porém, ao lado da
ficção, há a realidade, que o estudo sério do Espiritismo consegue livrar dos
acessórios das superstições ridículas.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O
Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan -
Revista Espírita, 1861 - Julho: Brasília: EDICEL. Ensaio sobre a teoria da
alucinação; Variedades - As visões do Sr. O.
Tereza Cristina D'Alessandro
Junho / 2004
Junho / 2004
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
cebatuira@cebatuira.org.br
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