(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Estudo 33
Item 99 - Particularidades do
Fenômeno de Transporte
Relembramos que as
manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma
coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. O Fenômeno
de Transporte pertence aos fenômenos de efeitos físicos e consiste no
transporte de corpos ou objetos de um lugar para outro, sem a intervenção de
quaisquer recursos materiais de transporte, podendo inclusive, atravessar
obstáculos materiais, independendo da distância entre os locais de saída e de
chegada. Os experimentos de trazimento de corpos ou objetos para um ambiente
totalmente fechado chamam-se aporte (do francês apport); da transferência de um
corpo ou objeto para fora de um ambiente fechado, diz-se deporte (do francês:
déporté).
Estudando o item 99,
verificamos que Allan Kardec interrogou o Espírito que produzia o fenômeno em
estudo, porém identificou sua falta de conhecimento sobre o assunto, o que o
levou a perguntar ao Espírito Erasto, que, de forma judiciosa, esclareceu
conforme transcrevemos:
1a -
Dize-nos por que os transportes que acabaste de executar só se produzem estando
o médium em estado sonambúlico?
"Por causa da
natureza do médium. Os fatos que produzo, quando ele (o médium) dorme, poderia
produzi-los igualmente com outro médium em estado de vigília".
2a -
Por que demorais tanto a trazer objetos e por que é que avivas a cobiça do
médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
"Necessito de
tempo para preparar os fluidos que servem para o transporte. Quanto à
excitação, essa só tem por fim, as mais das vezes, divertir as pessoas
presentes e o sonâmbulo".
NOTA DE ERASTO. O Espírito que responde não sabe mais do
que isso; não percebe o motivo dessa cobiça, que ele instintivamente aguça, sem
lhe compreender o efeito. Julga proporcionar um divertimento, enquanto que, na
realidade, provoca, sem o suspeitar, uma emissão maior de fluido. É uma
conseqüência da dificuldade que o fenômeno apresenta, dificuldade sempre maior
quando ele não é espontâneo, sobretudo com certos médiuns.
3a -
A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium e poderia
produzir-se por outros médiuns com mais facilidade e presteza?
"A produção
depende da natureza do médium e o fenômeno não se pode produzir, senão por meio
de naturezas correspondentes. Quanto à presteza, o hábito que adquirimos,
comunicando-nos freqüentemente com o mesmo médium, nos é de grande
vantagem".
4a -
As pessoas presentes influem alguma coisa no fenômeno?
"Quando há da
parte delas incredulidade, oposição, muito nos podem embaraçar. Preferimos
apresentar nossas provas aos crentes e a pessoas versadas no Espiritismo. Não
quero, porém, dizer com isso que a má-vontade consiga paralisar-nos
inteiramente".
5a -
Onde foste buscar as flores e os confeitos que trouxeste para aqui?
"As flores, nos
jardins, onde elas me agradam".
6a -
E os confeitos? Devem ter feito falta ao respectivo negociante.
"Tomo-os onde me
apraz. O negociante nada percebeu, porque pus outros no lugar dos que
tirei".
7a -
Mas, os anéis têm valor. Onde os foste buscar? Não terás com isso causado
prejuízo àquele de quem os tiraste?
"Tirei-os de lugares
que todos desconhecem e o fiz de maneira que daí não resultará prejuízo para
ninguém".
NOTA DE ERASTO. Creio que o fato foi explicado de modo incompleto,
em virtude da falta de conhecimento do Espírito que respondeu. Sim, de fato,
pode resultar prejuízo real; mas, o Espírito não quis passar por haver desviado
o que quer que fosse. Um objeto só pode ser substituído por outro objeto
idêntico, da mesma forma, do mesmo valor. Assim, se um Espírito tivesse a
possibilidade de substituir um objeto tirado, não haveria razão para o tirar,
pois poderia dar o que serve de substituto.
8a -
É possível transportar flores de outro planeta?
"Não, para mim
isso não é possível".
A Erasto: Teriam
outros Espíritos esse poder?
"Não, isso não é
possível, em virtude da diferença dos meios ambientes".
9a -
Poderias trazer-nos flores de outro hemisfério; dos trópicos, por exemplo?
"Desde que seja
da Terra, posso".
10a -
Poderias fazer que os objetos trazidos nos desaparecessem da vista e levá-los
novamente?
"Assim como os
trouxe aqui, posso levá-los, à minha vontade".
11a -
A produção do fenômeno dos transportes não é de alguma forma penosa, não te
causa qualquer embaraço?
"Não nos é
penosa em nada, quando temos permissão para operá-los. Poderia ser-nos
grandemente penosa, se quiséssemos produzir efeitos para os quais não
estivéssemos autorizados".
NOTA DE ERASTO. Ele não quer dizer que é penosa embora o seja,
pois é forçado a executar uma operação por assim dizer material.
12a -
Quais são as dificuldades que encontras?
"Nenhuma outra,
além das más disposições fluídicas, que nos podem ser contrárias".
13a -
Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
"Não; envolvo-o
em mim mesmo".
NOTA DE ERASTO. A resposta não explica de claramente a sua
operação, pois na verdade não envolve o objeto na sua pessoa. Como o seu fluido
pessoal pode dilatar-se, é penetrável e expansível, ele combina uma parte desse
fluido com o fluido animalizado do médium e é nesta combinação que oculta e
transporta o objeto que escolheu para transportar. Não é certo dizer, portanto,
que o envolve nele mesmo.
14a -
Transportaria com a mesma facilidade um objeto mais pesado; de 50 quilos, por
exemplo?
"O peso nada é para
nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que um volume pesado".
NOTA DE ERASTO. É exato. Pode
trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por isso que a gravidade, existente
para Vós, não existe para os Espíritos. Mas, ainda aqui, ele não percebe bem o
que se passa. A massa dos fluidos combinados é proporcional à dos objetos. Numa
palavra, a força deve estar em proporção com a resistência; donde se segue que,
se o Espírito apenas traz uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não
encontra no médium, ou em si mesmo, os elementos necessários para um esforço
mais considerável.
15a -
Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado, seriam devidos
aos espíritos?
"Isso acontece
com freqüência, muito mais freqüentemente do que pensais, e poderia ser
remediado pedindo ao Espírito a devolução do objeto".
NOTA DE ERASTO. É verdade; mas, às
vezes, o que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa
são quase sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos
exige quase as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a
ajuda de médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa
desaparecer, é mais provável que se dava ao vosso descuido que à ação dos
Espíritos.
16a -
Há efeitos da ação de certos Espíritos que se consideramos como fenômenos
naturais?
"Os dias que
correm estão cheios de fatos que não compreendeis, porque não pensastes neles e
que um pouco de reflexão vos faria ver com clareza".
NOTA DE ERASTO. Não se deve atribuir aos Espíritos, o que é obra
do homem.
Mas acreditai na sua
influência oculta e constante, produzindo ao vosso redor mil circunstâncias,
milhares de incidentes necessários à realização de vossos atos e da vossa
existência.
17a -
Entre os objetos que os Espíritos costumam trazer, não haverá alguns que eles
próprios possam fabricar, isto é, produzidos espontaneamente pelas modificações
que os Espíritos possam operar no fluido, ou no elemento universal?
"Não por mim,
que não tenho permissão para isso. Só um Espírito elevado pode fazê-lo".
18a -
Como introduziste, outro dia, esses objetos na sala que está fechada?
"Levei-os
comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância. Não posso dizer mais, porque
isso não é explicável".
19a -
Como fizeste para tornar visíveis estes objetos, que estavam invisíveis?
"Tirei a matéria
que os envolvia".
NOTA DE ERASTO. Não é a matéria propriamente dita que os envolve,
mas um fluido tirado em parte do perispírito do médium e em parte (metade de
cada um) do Espírito operador.
20a - A Erasto: Um objeto pode ser transportado para um lugar
completamente fechado; numa palavra, o espírito pode espiritualizar um objeto
material de maneira que ele possa penetrar a matéria?
"Esta questão é
complexa. O Espírito pode tornar invisíveis os objetos transportados, mas não
penetráveis. Não pode desfazer a agregação da matéria, o que seria a destruição
do objeto. Tornando-o invisível, pode carregá-lo quando quiser e só o largar no
momento conveniente para fazê-lo aparecer. Bem diferente o que se passa com os
objetos que compomos. Nestes introduzimos apenas os elementos da matéria e como
esses elementos são essencialmente penetráveis, como atravessamos os corpos
mais densos com as mesmas facilidades dos raios solares atravessando as
vidraças, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por
mais fechado que ele esteja. Mas isso somente nesse caso".
Concluindo nosso
estudo do capítulo V, através das respostas de Erasto, compreendemos que os
Espíritos estão por toda parte, são uma das forças da Natureza em constante
ação no Universo. Agem naturalmente ao nosso redor e criam condições para o
cumprimento de nossas experiências. Nada há de misterioso ou sobrenatural
nisso, mas sim, trata-se de um aspecto da Natureza que o Espiritismo vem
esclarecer.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O
Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap V - 2ª Parte
Tereza Cristina D'Alessandro
Abril / 2004
Centro Espírita Batuira
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