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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Céu inferno_050_2ª. parte cap. IV - Espíritos Sofredores - Exprobrações de um boêmio

Céu inferno_050_2ª. parte cap. IV - Espíritos Sofredores - Exprobrações de um boêmio

TEXTO PARA ESTUDO

Bordeaux - 19 de abril de 1862

30 de julho - No presente sou menos infeliz, porque não sinto mais o laço que me ligava ao meu corpo; enfim, sou livre, mas não satisfiz a expiação; é necessário que eu repare o tempo perdido, se não quero ver prolongar os meus sofrimentos. Deus, eu o espero, verá o meu arrependimento sincero e consentirá em me conceder o seu perdão. Orai ainda por mim, isso vos suplico.
Homens, meus irmãos, vivi só para mim; hoje o expio e sofro! Que Deus vos faça a graça de evitar os espinhos nos quais me dilacerou. Caminhai no caminho largo do Senhor e orai por mim, porque abusei dos bens que Deus empresta às suas criaturas!
Aquele que sacrifica aos instintos brutais a inteligência e os bons sentimentos que Deus nele colocou, se assemelha ao animal que frequentemente maltrata. O homem deve usar com sobriedade os bens de que é depositário; deve se habituar a não viver senão em vista da eternidade que o espera e, por conseguinte, se desligar dos gozos materiais. Seu alimento não deve ter outro objetivo que a sua vitalidade; seu luxo deve subordinar-se às estritas necessidades de sua posição; seus gostos, mesmo seus pendores naturais, devem estar regidos pela mais forte razão, sem o que se materializa em lugar de se depurar. As paixões humanas são um laço apertado que enterra nas carnes; portanto, não o reaperteis mais. Vivei, mas não sede boêmios. Não sabeis o que isso custa quanto de retorna à pátria! As paixões terrestres vos espoliam antes de vos deixar, e chegais ao Senhor nus, inteiramente nus. Ah! Cobri-vos com boas obras; elas vos ajudarão a transpor o espaço que vos separa da eternidade. Manto brilhante, elas esconderão as vossas torpezas humanas. Envolvei-vos de caridade e de amor, vestimentas divinas que nada retira.
Instruções do guia do médium - Este Espírito está num bom caminho uma vez que, ao arrependimento, junta conselhos a fim de se colocar em guarda contra os perigos da rota que segue. Reconhecer seus erros já é um mérito, e um passo de fato para o bem; por isso, sua situação, sem feliz, não é mais de um Espírito sofredor. Ele se arrepende; resta-lhe a reparação que se cumprirá numa outra existência de provas. Mas antes dele lá chegar, sabeis qual é a situação desses homens com a vida toda sensual, que não deram ao seu espírito outra atividade que a de inventar, sem cessar, novos gozos? A influência da matéria segue-os além do túmulo, e a morte não põe um termo aos seus apetites que a sua visão, tão limitada quanto na Terra, procura em vão os meios de satisfazer. Jamais tendo procurado o alimento espiritual, a sua alma erra no vazio, sem objetivo, sem esperança, sujeita à ansiedade do homem que não tem, diante dele, senão a perspectiva de um deserto sem limites. A nulidade de suas ocupações intelectuais, durante a vida do corpo, ocasiona naturalmente a nulidade do trabalho do Espírito depois da morte; não mais podendo satisfazer o corpo, nada lhe resta para satisfazer o Espírito; daí um mortal dissabor do qual não preveem o fim, e ao qual preferem o nada; mas o nada não existe; puderam matar o corpo, mas não podem matar o Espírito; é necessário, pois, que vivam nessas torturas morais até que, vencidos pelo cansaço, se decidam a lançar um olhar para Deus.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1. Qual o conselho que este Espírito boêmio nos dá com relação à nossa vida carnal, na Terra?

2. Por que este Espírito não se encontra mais em um estado sofredor?

3. Que vida levam aqueles Espíritos voltados apenas ao prazer material, carnal?

CONCLUSÃO

1. Devemos nos habituar a viver em vista da eternidade que nos espera, nos desligando dos gozos materiais. Devemos nos cobrir com boas obras, pois elas nos ajudarão a transpor o espaço que nos separa da eternidade, escondendo nossas torpezas humanos. Devemos também nos envolver de caridade e amor, vestimentas divinas que nada retira.
2. Por ter se arrependido do que fez. Reconheceu seus erros e isso, por si só, jé é um mérito e um passo a frente para o caminho do bem. Resta-lhe apenas a reparação que se cumprirá em uma outra existência de provas.

3. A influência da matéria segue-os além do túmulo e a morte não põe um fim aos apetites que procura, em vão, saciar. Sua alma erra no vazio, sem objetivo, sem esperança, sujeita à ansiedade do homem que só tem a perspectiva de um deserto sem limites. A nulidade de suas ocupações intelectuais, durante a vida, ocasiona a nulidade do trabalho do Espírito depois da morte; não mais podendo satisfazer o corpo, nada lhe resta para satisfazer o Espírito; daí um dissabor do qual não preveem o fim. É necessário que vivam nessas torturas morais até que vencidos pelo cansaço se decidam a lançar um olhar a Deus.

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