(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO
VI
MANIFESTAÇÕES
VISUAIS
Estudo 39 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS
APARIÇÕES
Itens 108
Allan Kardec prossegue estudando o fenômeno das
aparições, agora fazendo algumas considerações sobre um sistema - um conjunto
de hipóteses para explicar determinados fenômenos - especial para as
manifestações visuais de Espíritos: o sistema dos Espíritos glóbulos.
Segundo este sistema,
a visão de Espíritos por supostos médiuns nada mais séria do que um fenômeno
óptico, isto é, uma ilusão decorrente de uma falha da transmissão da luz
através dos órgãos receptores (de luz), o aparelho óptico. Essas alucinações
visuais limitam-se em geral à percepção de luzes, cores, pontos luminosos ou
escuros no campo visual, o que diferirá das alucinações de ordem
neuropsiquiátricas, que consistem na visão de objetos conhecidos ou não, com
forma, cor, tamanho, profundidade e até movimentos bem definidos. Esse tipo de
alucinação será estudado a seguir, ainda neste capítulo de O Livro dos Médiuns.
Considerando agora o
aparelho óptico que nos permite enxergar, observaremos que sua função é a de
captar a luz ambiente irradiada por fontes primárias - que possuem luz própria
- ou secundárias - que refletem a luz de fontes primárias. Além disso, o
sistema óptico deve transformar as informações luminosas em impulsos elétricos
(neurais) para o sistema nervoso e, daí, reconstruir psiquicamente a informação
visual para o Espírito.
Para essa função,
destaquemos algumas estruturas importantes: o globo ocular, o nervo óptico e o
cérebro. No globo ocular, observamos alguns componentes importantes para a
captação e adaptação dos raios luminosos do meio externo para sua posterior
decodificação
Alguns raios
luminosos emitidos pelo objeto são captados pelo globo ocular. Atravessam a
córnea, uma estrutura altamente transparente, cuja função é servir de um meio
refratário para direcionar corretamente os raios luminosos para a pupila (a
"menina dos olhos"). Esta é a abertura da íris, cuja função é regular
o grau de dilatação do orifício pupilar, ou seja, abrir a pupila num ambiente
escuro e retraí-la num ambiente muito claro.
Passando pela pupila,
os raios luminosos atingem a retina, o componente fundamental para a transdução
do sinal luminoso em impulso nervoso (elétrico). Nesse trajeto, a luz é
conduzida por dois meios líquidos: o humor aquoso, da córnea à íris e o humor
vítreo, da íris à retina. A retina é a camada mais interna do globo ocular,
composta de dez sub-camadas de células, que captam a imagem reproduzida e a
convertem em impulsos eletrofisiológicos às fibras nervosas, com as quais está
conectada. Estas se reúnem num só feixe, formando o nervo óptico, um de cada
lado, que seguem para cérebro. Depois de algumas "estações
cerebrais", a informação visual chega ao córtex cerebral, no polo
occipital, chamado justamente de córtex visual. As informações
então são processadas e integradas para gerar a sensação de forma, cor,
profundidade e movimento.
Dessa forma, para a
formação da imagem na retina e daí para o cérebro é necessário que todas as
estruturas estejam íntegras e funcionantes. Se ocorrer alguma perturbação (leve
ou importante), a imagem pode não se formar perfeitamente. Além disso,
estímulos mecânicos ou de outra ordem podem gerar estímulos sobre essas vias,
não necessariamente relacionados com uma fonte luminosa real. Porém a sensação
será visual. Essa é a base para as ilusões ou alucinações visuais de natureza
óptica.
O Codificador do
Espiritismo, no item 108 de O Livro dos Médiuns, aponta algumas explicações
para a formação dessas imagens estranhas e sem significados. Menciona Allan
Kardec, "discos luminosos", "moscas amauróticas",
"centelhas", etc. Hoje, a semiotécnica também menciona "moscas
volantes", "escotomas" e outros.
Em verdade, todos os
dias ocorrem espontânea e fisiologicamente fenômenos ópticos, muito
aproveitados por "ilusionistas" em apresentações públicas. As
centelhas ou moscas volantes podem ser decorrentes do excesso de luminosidade
do ambiente, quando as pupilas ainda não se fecharam suficientemente. Um
"ponto cego" todos possuem no ponto da retina para onde convergem as
fibras ópticas para formar o nervo óptico (disco do nervo óptico). Em geral
esses tipos de fenômenos são extremamente transitórios ou o córtex adaptou-se a
ponto de suprimi-los.
Obviamente,
acometimentos patológicos da córnea, íris, humor aquoso ou vítreo, retina,
nervo óptico e córtex visual podem provocar sinais e sintomas típicos,
clinicamente diagnosticados. Escotomas ou manchas negras no campo visual
sugerem uma provável lesão da retina ou dos nervos ópticos; moscas volantes,
pontos luminosos duradouros ou "chuviscos" sugerem hipertensão
intracraniana; além de muitos outros.
De qualquer forma, e
seja lá o que for, essas imagens, por mais que se movam ou façam piruetas no
campo visual, estão longe de ser fenômenos mediúnicos. Todo efeito mediúnico
possui como causa um ser espiritual inteligente que se manifesta com alguma
intenção. "Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente", dizia
Allan Kardec, e "todo efeito sem inteligência tem uma causa não
inteligente". Assim, essas ilusões ópticas grosseiras jamais poderão ser
confundidas com fenômenos mediúnicos, inteligentes e intencionais. É
preferível, pois, restringir-se a observar com cautela antes de especular, para
não alimentar os incrédulos, "já naturalmente dispostos a procurar o
ridículo".
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:
FEESP, 1989 - Cap VI - item 108 - 2ª Parte
PORTO, Celmo Celeno - Semiologia Médica. 4ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2001 - Cap. 11, 12 e 13
Matheus Artioli Firmino
Outubro / 2004
Outubro / 2004
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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