Espiritismo Comparado
Dogmatismo - atitude do espírito que
consiste em pensar e em se exprimir em função de dogmas, ou seja, verdades
consideradas definitivas, e que não podem ser sujeitas a discussão. Entre os
gregos era a posição filosófica que se opunha ao ceticismo (exame,
investigação).
A religião
católica estabelece seus dogmas emprestando-lhes um caráter divino e infalível.
Discutidos nos Concílios Ecumênicos, tornam-se regras obrigatórias a todos os
membros da comunidade. Não importa se a razão não consegue entender já que é um
princípio aceito pela fé e seu fundamento é a revelação divina. Citam-se, a
título de exemplo: o Dogma da Santíssima Trindade, aprovado no Concílio de
Nicéia (325) e complementado no Concílio de Constantinopla (381) e o Dogma da
Infalibilidade Papal, no Concílio Vaticano I (1869/1870).
Os dogmas
católicos aliados à dificuldade de elaborarmos o nosso pensamento de forma
lógica e racional propiciam o surgimento do “comportamento” cognominado
“dogmático”. Por “comportamento dogmático”, entende-se a crença nos
conhecimentos herdados de nossos antepassados, as nossas atitudes voltadas para
o fazer técnico e as nossas ações cristalizadas na tradição. Isso mantém-nos
acomodados à nossa aparente segurança interior. Temos de romper essa estrutura
do pensamento.
O
“comportamento não dogmático”, centrado nas atitudes críticas, é a ruptura do
modelo anterior. Como o homem passa do estado pré-crítico ao crítico? O que
caracteriza essa mudança? Podemos vê-la sob dois ângulos: 1.º) mudança espontânea, pelo fato das
crenças tradicionais se chocarem com as antagônicas e o indivíduo ser obrigado
a fazer nova escolha; 2.º) mudança
provocada, pelo fato do indivíduo procurar conscientemente um novo
paradigma para a realidade em que está inserido.
Nossa
vivência, na maioria das vezes, é apoiada nas crenças dogmáticas. Entrar no
Espiritismo não significa dizer que nos despojamos de todos os nossos
automatismos formados ao longo de inúmeras existências. Na veiculação da idéia
espírita, observamos a transferência dessas imagens, dando-se a impressão de
que o Espiritismo é dogmático. Lembremo-nos de que é um erro de nossa
interpretação e não expressão verdadeira dos princípios codificados por Allan
Kardec. Para ilustrar, citamos alguns fatos: “o mentor falou, temos de
atender”; “só leio romances espíritas”; “para mim só Kardec e nada mais”.
“O Espiritismo
é uma questão de fundo e não de forma”, diz J. Herculano Pires. Reconheçamos
que devemos despender esforços para penetrar no âmago de suas questões. Somente
assim conseguiremos aprender os fundamentos da doutrina, evitar o preconceito e
descobrir a verdade que nos liberta.
Fonte de Consulta
BORNHEIM,
G. A. Introdução ao Filosofar - O
Pensamento Filosófico em Bases Existenciais. 7. Ed., Rio de Janeiro, Globo,
1986.
GOMES,
L. C. Antologia Filosófica. ________,
Livros Horizontes, 1983.
ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI
GREGÓRIO
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