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domingo, 8 de janeiro de 2017

*Evangelho Redivivo* *FRUSTRAÇÃO E CONSOLO*

*Evangelho Redivivo*

*FRUSTRAÇÃO E CONSOLO*


*Frustração* – do lat. frustratio que vem do advérbio frustra (em vão, debalde). Ação de impedir que um ser atinja o objetivo ao que tende pela sua própria dinâmica. Estado em que se encontra o organismo quando depara com um obstáculo mais ou menos importante no caminho que o leva à realização completa de um comportamento. É o choque entre o desejo e a realidade imutável. Consolar – do lat. consolare – significa aliviar ou suavizar  a  aflição,  o sofrimento, o padecimento; dar lenitivo  a,  mitigar,  confortar.

A criança passa naturalmente por diversas frustrações necessárias à sua educação: desmame, aprendizagem de limpeza, interdições diversas. No adulto, as frustrações mais sentidas são as de ordem afetiva: decepções sentimentais, perda de entes queridos e desprezo. Há também as frustrações de ordem material, ou seja, o barulho do vizinho, os gritos das crianças etc. Uma tendência frustrada nunca perde o seu dinamismo: cabe-nos, como seres humanos racionais, saber administrá-la no sentido de evitar a boêmia e estimular uma vida voltada para a interioridade religiosa.

A impopularidade é uma forma de frustração. Sócrates, o filósofo da maiêutica, trouxe-nos subsídios valiosos para enfrentar tal desconforto, pois mesmo sendo condenado à morte pelo júri da Grécia – possuidor da verdade –, soube manter a serenidade do espírito e a independência do seu pensamento. O Espírito Emmanuel, um dos divulgadores da doutrina cristã, alerta-nos que a iluminação de uma alma vale mais do que os diversos postos de destaque conquistados na vida pública. A política está sempre impregnada de interesses materiais de toda a ordem.

A falta de dinheiro é motivo de frustração para muitos viventes. Epicuro defendia a seguinte tese: se tivermos dinheiro e não tivermos amigos, liberdade e uma vida baseada na reflexão, jamais seremos verdadeiramente felizes. E, se tivermos tudo, com exceção do dinheiro, jamais seremos infelizes. Isso mostra que o dinheiro ajuda a felicidade, mas não é o ponto fundamental. No âmbito da Doutrina Espírita, os amigos espirituais estão sempre nos alertando que as provações da riqueza são sempre mais difíceis do que as da pobreza. Além disso, deveremos prestar contas tanto do poder como do dinheiro colocados em nossas mãos.

As inadequações culturais, sexuais e intelectuais são outras fontes de frustração. Montaigne, em suas viagens pelo mundo, alerta-nos para o principal entrave ao bom entendimento do comportamento dos outros povos: a incapacidade de cada pessoa colocar-se no lugar da outra. A Doutrina Espírita explica-nos que as pessoas do mundo todo, ao se associarem em climas diferentes, formaram os seus usos e costumes próprios, e seria impossível formarem uma só nação. Por isso, salienta a necessidade de termos para com todos os indivíduos o máximo de respeito e consideração no que tange ao seu modo de pensar e de agir. 

Tenhamos confiança na Divina Providência. Por maior que seja o problema, os amigos espirituais nos oferecem auxílio não só pelas mensagens escritas, como também pelas inspirações que nos confortam sutilmente o pensamento.

Fonte de Consulta

DE BOTTON, A. As Consolações da Filosofia. Tradução de Eneida Santos. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1977.

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.


*SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*


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