*Espiritismo
Comparado*
*HERESIA E ESPIRITISMO*
“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que
são sinceros se manifestem entre vós”. (Paulo, I Coríntios,
11,19)
Heresia (do grego hairesis, hairen) significa
escolha. Na época helenística tinha o sentido de doutrina ou
escolha. Com o advento do cristianismo, a palavra recebeu uma
conotação pejorativa de “doutrina que está fora da Igreja”, ou
seja, contrária aos princípios da fé cristã. Pode-se dizer que é
a doutrina contrária à ortodoxia de uma fé religiosa, condenada
pela Igreja dessa Fé.
A história das heresias – uma das mais revoltantes –
apresenta-se de três modos: 1) Heresias da Igreja Primitiva,
que se prendem a especulações filosóficas e teológicas sobre os
dogmas cristãos (Santíssima Trindade e natureza de Cristo); 2)
Heresias da Baixa Idade Média, que se relacionam com uma nova
visão ética da Igreja e do cristianismo; 3) Heresias Modernas,
que procuram acomodar e mesmo adaptar a verdade cristã imutável ao
espírito transitório dos séculos.
A heresia tem íntima relação com a ortodoxia. Os movimentos
religiosos, políticos e sociais começam primeiramente com uma
rebelião, uma heresia, para depois se tornarem ortodoxia. Nesse
sentido, o grande problema do ser humano consiste em conciliar
heresia com ortodoxia. Por que? Porque o ser humano é adepto do
menor esforço: descoberta uma verdade, ele não se inflama em buscar
novas verdades. Procura, sim, viver no conforto que essa descoberta
recente lhe trouxe. Observemos a história da humanidade: quantos não
foram queimados vivos, porque as suas idéias discordavam do status
quo?
A Doutrina Espírita é evolucionista. Allan Kardec, no capitulo 1 de
A Gênese, diz: “O Espiritismo, avançando com o progresso,
jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe
demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará
nesse ponto; se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”
Baseando-se nessa afirmação, o espírita sincero nunca deverá
adotar uma ortodoxia rígida. Ele deve seguir os princípios
doutrinários, porém jamais transformá-los em dogma ou preconceito.
É perda de tempo ficar criticando religiões ou excomungando os seus
adeptos. Todas são parcelas de uma verdade maior. Tenhamos, sim, uma
mente aberta para verificarmos que uma religião constituída não
salva ninguém. Ela pode nos ajudar, mas não fará por nós o
trabalho de direcionar, para o bem, os nossos pensamentos, palavras e
atos. Aquele que procura conhecer-se a si mesmo não tem tempo de se
preocupar com as imperfeições alheias. Olhemos a trave que está em
nosso olho e não o cisco que se encontra no olho do nosso vizinho.
O Espiritismo é o farol da liberdade. Libertemo-nos, assim, de tudo
o que envolver o erro, a mentira e a dependência. Esta é a
verdadeira heresia espírita.
*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI
GREGÓRIO*
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