AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA
D.Villela
O Espiritismo é uma revelação, ou seja, um conjunto de
informações e diretrizes de conduta transmitidas ao homem por iniciativa do
Alto e, habitualmente, por intermédio de individualidades excepcionais, os profetas
ou instrutores responsáveis pelo surgimento das diferentes escolas de fé.
Tais mensagens, naturalmente, sempre se adaptaram às
condições do meio em que foram recebidas, encarregando-se, as sucessivas gerações
de adeptos, de transmiti-las à posteridade. É assim que conhecemos hoje
tradições religiosas cuja origem remonta há vários milênios e que continuam a
ser cultuadas na atualidade. Periodicamente vemos surgir em todas elas pessoas extraordinárias
que, por sua sinceridade e idealismo, revigoram e atualizam aquelas mensagens
junto aos respectivos profitentes, incentivando-os à fidelidade e à vivência de
seus postulados.
O Cristianismo tem como suporte social a civilização
ocidental, que surgiu na Europa nos séculos finais da Idade Média e se estendeu
à América e a outras partes do mundo e possui como características marcantes,
entre outras, a racionalidade e a valorização do indivíduo. Esta última, como sabemos,
levou ao conceito de cidadania e às formas democráticas de governo, e a
primeira, além de promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia,
colocou em dúvida, ou até negou, em muitas ocasiões, as afirmativas da fé por
não serem passíveis de enquadramento nas formas de controle e nem mostrarem a
coerência próprias da razão. Acrescente-se, a bem da verdade, que essa postura
desfavorável e até mesmo de rejeição preconceituosa algumas vezes observada –
sem dúvida absurda em defensores do racionalismo – foi, em grande parte,
causada pela atitude das lideranças religiosas que, contrariando, elas também,
suas bases doutrinárias, que preconizavam a liberdade e a fraternidade, agiram
da maneira mais obscurantista e antifraterna.
Ao efetivar-se, assim, em pleno século XIX, nesse ambiente,
mais uma revelação, teve ela de apresentar-se com características inteiramente
novas de racionalidade e exame das informações e impessoalidade de intermediação.
Na Introdução de “O Livro dos Espíritos” (capítulos IX e
XVI), Allan Kardec mencionou a concordância das informações recebidas da
Espiritualidade como uma das evidências de sua autenticidade, observação esta
de inteira procedência de vez que aqueles conceitos (reencarnação, inexistência
de céu e inferno localizados e definitivos, o progresso de todos como lei
divina) afastavam-se e, em certos pontos até se opunham, ao que os medianeiros
que os transmitiam tinham aprendido sobre o assunto.
Para esclarecimento geral e tendo em vista que as críticas
às idéias espíritas revelavam, em sua esmagadora maioria, desconhecimento quanto
ao modo pelo qual elas eram aceitas, julgou o Codificador oportuno focalizar a
questão da autoridade da Doutrina Espírita mostrando a forma como ela se
constituiu – e continua a se constituir – e que consiste, basicamente, no que
ele chamou de controle universal do ensino dos espíritos,
assim entendido: “uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a
concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se
de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares”.
Após a Codificação, inúmeras informações novas vieram
enriquecer o acervo doutrinário, sempre com a observância daquele critério e
sempre, também, com a ênfase na recomendação básica: a mensagem espírita é
conhecimento para aplicação diária e sua finalidade providencial é o nosso
progresso pela compreensão e vivência, em escala crescente, das leis divinas.
“O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo II da Introdução).
“Se caíste em serviço, levanta-te e caminha.
Por nada te envergonhes começar outra vez.”
“O Essencial” Emmanuel
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