Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Alma:
4.1. A Alma para os Materialistas; 4.2. A Alma para os Panteístas; 4.3. A Alma
para os Espiritualistas. 5. Morte: 5.1. Experiência Universal; 5.2. Questões
para Reflexão; 5.3. O Temor da Morte. 6. Vida Futura: 6.1. O Nada; 6.2.
Absorção no Todo; 6.3. O Céu e o Inferno; 6.4. Progresso Ininterrupto do
Espírito. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
Tudo acaba com a morte ou existe algo que sobrevive à
decomposição do corpo físico? Se existe, para onde vai? Qual o seu destino?
Para responder a essas questões, dividimos este estudo em três tópicos, que
são: a alma, a morte e a vida futura.
2. CONCEITO
Alma – Do latim anima,
semelhante à palavra grega anemos (vento) significa ser imaterial e
individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Para o Espiritismo, a alma é
um Espírito encarnado, sendo o corpo o seu envoltório. Imortalidade -
Sob a forma negativa (prefixo negativo – i), o termo exprime a noção
essencialmente positiva, de vida-sem-fim, daquilo que não é submetido à morte.
Excetuando-se o seu uso metafórico, a imortalidade é antes de tudo uma hipótese
metafísica – de origem religiosa –, que concerne à alma, sustentada pelo
conjunto da filosofia espiritualista desde a antiguidade.
3. HISTÓRICO
Não se sabe exatamente quando entrou no espírito do homem a
idéia de sobrevivência depois da morte. No período paleolítico (2.500.000 a.C a
12.000 a.C.) não há prova de sua existência. Somente a partir do período
neolítico (12.000 a.C. a 4.000 a.C.) é que se encontram vestígios,
principalmente pelos ornamentos, armas e alimentos deixados perto dos mortos.
No antigo Egito, a convicção da existência de uma vida
futura era categórica, principalmente para os que eram embalsamados. Na índia,
desenvolveu-se a doutrina da metempsicose, a possibilidade da alma voltar num
corpo de animal.
O Budismo ofereceu socorro com sua esperança no Nirvana. Na
Pérsia, o mazdeísmo proclamou, desde 3.º século a.C., a doutrina da
ressurreição. A concepção da ressurreição apresenta-se pela primeira vez, na
literatura judaica, no livro de Daniel, escrito cerca de 165 a.C.
Os argumentos de Sócrates e de Platão, tão difundidos no
âmbito da filosofia, não foram os primeiros; apenas mostraram a tendência
crítica de dar base racional a uma idéia admitida por muitos.
Grande parte do êxito do cristianismo foi sem dúvida a
crença na vida futura,
que oferecia salvação a todos os homens, independentemente
de cor, sexo ou posição social.
Na época do Renascimento e do desenvolvimento das ciências
naturais, começaram a exprimir-se dúvida quanto à idéia da imortalidade da
alma.
Hoje convivemos com essas duas crenças: de um lado o
materialismo que nega a existência da alma após a morte e do outro o
espiritualismo que a corrobora. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
4. ALMA
Allan Kardec analisa o termo sob três aspectos:
4.1. ALMA PARA OS MATERIALISTAS
"Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica
material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro
materialismo. Neste sentido, e por comparação, dizem de um instrumento
quebrado, que não produz mais som, que ele não tem alma. De acordo com esta
opinião, a alma seria um efeito e não uma causa". (Kardec, 1995, p. 16)
4.2. A ALMA PARA OS PANTEÍSTAS
"Outros pensam que a alma é o princípio da
inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção. Segundo
estes, não haveria em todo o Universo senão uma única alma, distribuindo
fagulhas para os diversos seres inteligentes durante a vida; após a morte, cada
fagulha volta à fonte comum, confundindo-se no todo, como os córregos e os rios
retornam ao mar de onde
saíram". (Kardec, 1995, p. 16)
4.3. A ALMA PARA OS ESPIRITUALISTAS
"Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral,
distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a
morte. Esta concepção é incontestavelmente a mais comum, porque sob um nome ou
outro a idéia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de crença
instintiva, e independente de qualquer ensinamento, entre todos os povos,
qualquer que seja os eu grau de civilização. Essa doutrina, para qual a alma é
causa e não efeito, é dos espiritualistas". (Kardec, 1995, p. 16)
Haveria necessidade de três palavras diferentes para
expressar cada uma das idéias.
Assim, Allan Kardec acha que o mais lógico é tomá-la na sua
significação mais vulgar, e por isso chamamos alma ao ser imaterial e
individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.
5. MORTE
5.1. EXPERIÊNCIA UNIVERSAL
A morte é uma experiência universal. Todo o ser humano
nasce, cresce, luta, sonha, traça planos, constrói para o futuro para,
finalmente, ceder à morte.
Para muitos é uma hora de tristeza, de melancolia; para
outros, é como um alívio pelo cumprimento dos pesados deveres de sua
existência. As diversas culturas e religiões dão suas contribuições para a
compreensão do tema. O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da
Universidade do Havaí, por exemplo, mostrou a diferença entre a cultura
americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Enquanto os americanos
negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico)
ratificam-na. Em termos religiosos, o Hinduismo afirma que a alma ou
essência espiritual (atman) do indivíduo é eterna: o Budismo, que a vida
depois da morte é um problema sobre o qual nada pode ser dito; o Catolicismo,
que a vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e
de um Purgatório.
5.2. QUESTÕES PARA REFLEXÃO
Quem deixa quem: é o Espírito que deixa o corpo ou o corpo
que deixa o Espírito? É doloroso o instante da morte? A morte do homem justo
difere da do injusto? Deve-se cremar o cadáver ou enterrá-lo naturalmente? O
que leva uma pessoa temer a morte? Por que o Espírita não deve temer a morte?
5.3. O TEMOR DA MORTE
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata
exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da
noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver
e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não
teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou
seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência
da vestimenta física.
6. VIDA FUTURA
Baseando-nos nas concepções de alma dada por Allan Kardec,
podemos esperar as seguintes perspectivas para a vida futura:
6.1. O NADA
O Niilismo - do lat. nihil, nada, fruto da
doutrina materialista - significa ausência de toda a crença. Como a matéria é a
única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Os adeptos do
materialismo incentivam o gozo dos bens materiais, dizendo que quanto mais usufruirmos
deles, mais felizes seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo é a corrida
em busca do dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.
6.2. ABSORÇÃO NO TODO
O Panteísmo – do grego pan, o todo, e Theos,
Deus – significa absorção no todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao
encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a
vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa
doutrina são semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem
individualidade e sem consciência de si, é como não existir.
6.3. CÉU E INFERNO
O Dogmatismo Religioso afirma que a alma,
independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e
conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os
que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o
céu, gozar as delícias do paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de
anomalias que acompanham a humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a
idiotia.
6.4. PROGRESSO ININTERRUPTO DO ESPÍRITO
Para o Espiritismo, a vida espiritual é a vida normal; a
vida corpórea é uma fase temporária em que o Espírito se reveste de um
envoltório material e de que se despe por ocasião da morte. O Espiritismo mostra-nos
que o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos
partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o
bem evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos
"arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal recebem
novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. Importa
salientar que uma vez no mundo dos Espíritos, eles continuam com sua
individualidade, sujeita a um ininterrupto progresso.
7. CONCLUSÃO
A imortalidade da alma é um fato concreto. Cabe-nos, assim,
com o auxílio das explicações racionais e convincentes do Espiritismo, pautar a
nossa vida segundo os ensinamentos morais deixados por Jesus.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo:
Feesp, 1995.
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1975.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro:
Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
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