DOS CONFRADES
*MULHERES*
André Marinho
Jesus, em sua vida pública, percorria as diversas cidades da
Galiléia, a fim de pregar o Reino de Deus, que iniciava a sua instauração na
Terra, naqueles dias.
Realizando curas notáveis e expulsando os Espíritos malignos
(Mt. 4: 23-25) era alvo de atenção em todos os vilarejos e cidades que
percorria.
Seguido, especialmente, por doze homens escolhidos, chamados
discípulos, Jesus fazia seus percursos, acompanhado por outras pessoas.
Os Evangelhos são unânimes ao afirmarem que mulheres os
acompanhavam (Mc. 15: 40-41; Lc. 23: 49; Jo 19: 25). Citam nomes como Maria
Madalena, Joana de Cuza, Susana e vários outros.
Há, porém, uma distinção entre as mulheres e os discípulos.
Todos ali estavam para servi-Lo (Mt. 27: 55). No entanto, os
homens foram chamados por Jesus, em convites claros e firmes.
Elas acreditaram na mensagem, por iniciativa pessoal, o que
demonstra a busca espiritual que já realizavam.
O judaísmo era muito severo com as mulheres. Por
classificá-las, desde a Criação (Gn. 1: 27), inferiorizadas e dependentes do
homem, nunca podiam assumir uma posição de destaque na religião. A poligamia masculina
era grande, também, tudo possibilitando ao sexo masculino e negando ao
feminino.
Jesus rompe com estas práticas judaicas, que afasta as
mulheres dos assuntos religiosos. Há, no Novo Testamento, 201 verbetes do
substantivo “mulher”.
Algumas serviam a Jesus com as suas riquezas, como Joana de
Cuza e Susana, o que equivale dizer que conseguiram romper com o status social
que possuíam, não se intimidando com os preconceitos da sociedade e
acompanhando Jesus em suas viagens.
As mulheres não guardavam dúvidas sobre aquele Reino
anunciado por Jesus.
Conquistaram certezas que a pregação evangélica ia dar certo
e, por isso, confiaram plenamente, e conseguiram forças para enfrentar todas as
diversidades.
No episódio da crucificação, quando o abandono ao Cristo é
máximo e seus adeptos escassos, eis que a solidão do Messias é quebrada por
mulheres corajosas que, não longe, acompanham a morte do Cordeiro de Deus.
Elas creram que Ele era o Mensageiro Divino, justo em todos
os tempos. O Rei que guarda todo um reino para seus súditos.
O Messias libertador das consciências oprimidas. O Grandioso
Filho de Deus que vem representá-Lo na Terra.
O valor moral das piedosas mulheres garantiu para elas a
primeira aparição de Jesus, após a crucificação, na ressurreição (Jo. 20:
14-17). Embora os discípulos escolhidos neguem esta alvissareira notícia que elas
levavam para eles, as mulheres, com fé inabalável, continuavam a crer que o
Mestre
era realmente o Pão Verdadeiro (Lc. 24: 10-11).
Jesus era o mesmo no auge das pregações, na cruz e na
ressurreição. E dignou se a aparecer para elas, dando notícia da imortalidade
gloriosa.
As seguidoras, inigualáveis, tornaram se testemunhas e,
embora algumas vezes, à distância, continuaram o que Jesus começou.
Testificaram a todos o que uma sociedade injusta faz com o
inocente.
É por isso que Paulo, o apóstolo, vivendo em uma sociedade
machista, em algumas de suas epístolas, expressando a cultura da época, bem
consciente do valor da mulher na nova ordem que surgia com o Cristianismo,
afirmou: “Diante do Senhor, a mulher não existe sem o homem e o homem não
existe sem a mulher. Pois, como a mulher provém do homem, assim também o homem
nasce pela mulher e tudo vem de Deus” (I Cor. 11: 11-12).
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