Para ele, a morte perdera o seu sentido de imobilidade e o
seu aspecto aterrador, como senhora absoluta do desconhecido além da fronteira
física. Vivesse ele em nosso tempo e é certo que teria empregado a conclusiva frase
do nosso saudoso amigo e professor Deolindo Amorim (1906-1984), afirmativa esta
que repetia sempre: “O Espiritismo decretou a morte da morte”.
Assim, ciente da sobrevivência da alma, e de que estas estão
continuamente conosco, segundo a Lei de afinidades, Liszt resolve render uma
homenagem póstuma ao amigo Richard Wagner através de uma Ode. Um conhecido, sabedor
da intenção do músico, pergunta se não lhe trazia pesar a lembrança do dedicado
amigo, uma leve amargura ou sentimento similar. Liszt, possuído de uma lúcida
serenidade, observa:
“Não se justificam o temor, a amargura e, por isso, quero
dar à morte um sentido de doce esperança”. Com mais esta valiosa interpretação
sobre o fenômeno evolutivo, determinismo do qual ninguém escapa, Liszt divulga
o princípio da imortalidade, da continuidade da vida.
Viver, para ele, era como fazer um curso preparatório para
morrer, para transpor a grande barreira vibratória que divide os dois mundos.
Era sentir-se como um hóspede em trânsito por este mundo rumando para um outro
ainda melhor, e é isto que se depreende de suas palavras quando dialogava com
uma amiga: “Estou preparado para a grande viagem. Estou disposto a subir no vagão
do céu quando Deus assim o quiser”. Vale destacar que Liszt fez esta declaração
em plena lucidez e gozando de perfeita saúde, e mais ainda: estava no auge da fama,
com todos os ventos favoráveis a uma vida feliz. Um depoimento oportuno e valioso
feito por quem não se deixava dominar pela influência da matéria, uma prova do
seu desapego aos tesouros perecíveis que o ladrão rouba e a traça corrói.
E por falar em bens materiais, que nunca entraram no quadro
de interesses do grande compositor, relatamos pequena ocorrência que teve lugar
num teatro lírico de Paris, numa fria noite de inverno. Liszt, em companhia de
amigos, fora prestigiar a estréia de uma determinada Ópera e para se sentir mais
à vontade deixou o seu belo casaco de veludo em determinado local destinado à guarda
de objetos para depois pegá-lo.
Terminado o espetáculo, vai em busca do valioso casaco e não
o encontra. Os amigos o observam, aguardando uma reação contrária, uma explosão
de raiva, de descontentamento. E qual não foi a surpresa ao ouvirem do
prejudicado, sem qualquer revolta ou indignação, esta explicação para o
ocorrido: “Passarei frio por alguns instantes, pois retorno a casa onde me
agasalharei devidamente e onde me espera uma cálida lareira. Mas, quem levou o
casaco, vinha sofrendo frio há bastante tempo. Agora está bem agasalhado e
livre da pneumonia”. Esta atitude cristã nos lembra a recomendação do Mestre
Jesus quando disse: “Se alguém te tomar a túnica, da-lhe também o manto”. E,
assim, colhemos mais uma preciosidade, mais uma jóia de fino valor no garimpo
da fraternidade onde trabalhou Liszt.
Logo estaremos com Franz Liszt, ouvindo suas ponderações,
seus motivos para estudar teologia e tornar-se sacerdote católico, pendor que
ele trazia desde vidas passadas.
Giovanni Scognamillo
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