Adésio Alves Machado
Crer que pode fugir da dor, libertar-se da dor,
esquecer-se da dor é uma manifestação atavicamente entendida na vida da grande
maioria da humanidade. Porque, também, é uma atitude por demais simplista,
acomodatícia que não oferece solução ao magno problema que assinala o ser
humano.
Orando, preceituam muitas das religiões vigentes no
Cristianismo, encontrar-se-iam a liberação das águas tempestuosas do
sofrimento. Na prece seria encontrada a liberação pura e simples da tumultuosa
dor, como se a Providência Divina exercesse o papel de acumular solicitações
para de imediato atendê-las indiscriminadamente, longe de analisar a questão
profunda do mérito e do demérito.
Há, ainda, os vinculados às correntes materialistas ou
científicas, cujo caráter se acha entorpecido pela descrença na vida imortal, e
assim, julgam-se capacitados a anular o passado culposo e suficientemente
fortes para libertar os infratores, dispensando-lhes de responder pelos delitos
contra a Perfeita Lei.
Por esses o prazer é buscado avidamente, sem que, no
entanto, logrem atender a sede do gozo, fugindo, então, para os escorregadios
labirintos das drogas enlouquecedoras, procurando, através delas, a exaltação
da felicidade a que se julgam merecedores usufruir.
Contudo, a dor continua imperturbável, ela que é a
servidora da alma, sacudindo e despertando as mentes, no afã de realizar aquilo
que é divino - a manutenção do equilíbrio da Lei.
Emerge ela aqui e ali, com mil aparências, mas sempre
mostrada numa identidade que muitos poucos ousam escutá-la e procuram
entendê-la.
Para encará-la surgiu em épocas remotas o estoicismo,
tendo como ponto básico de apoio o desprezo pelos bens terrenos, o qual, aliado
ao culto das virtudes promoveria o equilíbrio do homem, valorizando-o e
potencializando-o para vencer a dor, pois desta forma, poderia enfrentá-la com
nobreza e fé.
Sócrates foi um exemplo de estoicismo, quando
encarcerado após vil julgamento, preconizava, mesmo da prisão, o cultivo da
moral e da virtude como únicos meios para se transpor o acúleo da dor.
O pobrezinho de Assis, Francisco, experimentou zombaria,
humilhações mil, porém manteve a força pulsante do amor em seus atos e palavras
exercitando as virtudes cristãs, nunca deixando de bendizer a dor.
As Vozes encarceraram Joana D’Arc, e ela, estimulada
pelos Veneráveis amigos espirituais, que nunca deixaram de conduzi-la
pacientemente, suportou a dor do cárcere, o opróbrio e após infamante
julgamento, foi mais uma a morrer queimada, mas chamando por JESUS, crendo
nEle, com isso superando a dor.
Afirma soberana Joanna de Ângelis que a dor é moeda de
resgate, exercício para fixação do bem e alta concessão divina.
Vivesse o homem ausente da dor ignoraria a paz, não
levaria em consideração a necessidade da alegria e maldiria a saúde, perdendo,
desta maneira, a inestimável oportunidade de exercitar lições para que o bem
fizesse morada definitiva em sua tela mental.
Estejamos onde estivermos, na cadeira de rodas; nos
tormentos morais; nas limitações dos objetivos; nas sombrias convivências
familiares, sociais e trabalhistas; diante da dor no corpo, na mente e na alma,
onde queime a brasa da dor, esforcemo-nos por agradecer a DEUS o ensejo de
reaprender e reparar.
Não deixemos nunca de considerar que, enquanto a dor nos
queima, milhares, milhões de irmãos em humanidade lançam-se desabridamente
pelos estreitos caminhos da irresponsabilidade, conduzidos pela loucura do gozo
insaciável. Acalmemo-nos, mesmo que a dor esteja nos vergastando.
O Amigo Incondicional de todas as horas, JESUS, elegeu a
dor como a companheira de seus dias terrenais e aproveitou, através dela a nos
deixar um precioso ensino, sem nunca recorrer ao verbalismo nem à retórica,
mostrando que se pode ser feliz em todos os instantes, sem nunca deixar de
exaltar o amor e a bondade como roteiro de iluminação.
Amesquinhado, com o céu particular carregado de nuvens
sombrias, carregando preocupações, diante de angústias ultrizes levantemos a
cabeça e tornemos nossas mãos em asas de amor e paz e com elas, através do
trabalho no bem, louvemos ao Senhor da Vida, para que, assim, um dia alcemos
vôo às Regiões da libertação plena após resgatarmos as nossas dívidas na
contabilidade divina.
Recebamos, pois, a dor com alegria, com amor e nunca
descoraçoemos nem entremos em desvario.
Apoio Joanna de Ângelis - livro “Dimensões da Verdade”,
psicografia de Divaldo Pereira Franco.
(Artigo publicado originalmente no Jornal
Espírita de Pernambuco – maio de 1999)
GRUPOS UNIVERSO ESPÍRITA - WHATSAPP E TELEGRAM
16 9 97935920 - 31 8786-7389
Nenhum comentário:
Postar um comentário