A PRECE
Renato Costa – rsncosta@terra.com.br
Gostaríamos de apresentar algumas considerações sobre a
PRECE, a forma que usamos para falar com Deus. É importante registrar, antes de
mais nada, que Allan Kardec dedicou considerável atenção à Prece, podendo ser
encontrados seus comentários e exemplos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,
Capítulo XXVII, sob o Título “Pedi e Obtereis”.
Trata-se de instruções de grande valor deixadas por
orientação dos bons Espíritos e que não poderiam, portanto, deixar de ter sido
uma de nossas fontes de consulta.
COMO e ONDE ORAR
Os Espíritos recomendaram a Allan Kardec que iniciasse a
relação de Preces Gerais que constam de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
pela Prece Dominical, aquela que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos.
Nosso estudo se desenvolverá, igualmente, a partir dessa
linda e profunda prece que chamamos, também, de “O Pai Nosso”.
Relata o evangelista Mateus que o Mestre, quando
ensinava a seus discípulos e ao povo como orar, durante o Sermão da Montanha,
assim falou:
Mt VI, 5-15
“5 Quando orardes, não façais como os hipócritas,
que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem
vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa.
6 Quando orares, entra no teu quarto, fecha a
porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.”
A PRECE, para ser ouvida por Deus, deve ser proferida dentro do mais puro santuário, que é o nosso
próprio coração. Quem reza apenas com a razão, não
se dirige ao Pai. Quem ora para exibir virtudes ou erudição já tem a sua
recompensa na admiração que pode despertar nos homens.
Quanto mais certos estivermos de que ninguém escuta
nossa oração, mais certeza poderemos ter de que o Pai a escuta, porque somente com
ele estaremos a falar.
Prossegue o amado Mestre:
“7 Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras,
como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.
8 Não os imiteis, porque o vosso Pai sabe o que
vos é necessário antes que
peçais.”
A oração deve ser simples nas palavras e profunda na
convicção.
Cada palavra da prece deve ser entendida com a mente e
sentida com o coração. Nossa prece não deve ter a pretensão dos vaidosos que
acreditam poder forçar Deus a uma resposta utilizando fórmulas e rituais.
Tampouco devemos nos comportar como alguém pedindo um favor a um amigo, nem como
um comerciante pedindo crédito a um banco e menos ainda como um mendigo pedindo
uma esmola a um estranho. Somos
filhos de Deus.... Ele é nosso Pai... O Pai, sentindo a convicção e a boa
fé do filho, jamais o deixa sem resposta. A resposta do Pai pode não ser o
que o filho espera, mas sempre será o que ele necessita.
É bom que tenhamos bem em mente, ao rezar, as palavras
do Divino Mestre: “porque o vosso Pai sabe o
que vos é necessário antes que peçais”. O Pai sabe o que é bom para seus
filhos. Não devemos pedir resultados objetivos como se nós soubéssemos a melhor solução para todos os problemas. Devemos
pedir que o Pai nos conceda aquilo que, em sua infinita sabedoria e bondade, Ele sabe que nós necessitamos para nós ou para quem mais estejamos
pedindo.
Paramahansa Yogananda, um iluminado mestre indiano que
viveu nos Estados Unidos ensinando a verdade comum existente por trás de todas as
grandes religiões, muito escreveu sobre a ciência e a arte de falar com Deus,
me ocorrendo neste ponto a seguinte advertência que ele fazia a quem pede
alguma coisa ao Pai: “Não fique procurando o resultado. Se você planta uma semente
na terra e fica a toda hora desenterrando-a para ver se ela cresceu, ela nunca
brotará. Da mesma forma, se toda vez que você reza você fica procurando um
sinal de que o Senhor está atendendo ao seu desejo, nada acontecerá.”
Continuando os seus ensinamentos Divinos, disse o
Mestre:
9 Eis como deveis rezar: “Pai nosso, que estais no céu”
Já sabemos que somos um filho ou uma filha nos dirigindo
ao nosso Pai. E quem é o nosso Pai? Onde é esse céu onde Ele está? Essas
dúvidas, que ainda atormentam a tantos Espíritos encarnados e desencarnados, foram
respondidas há milênios pelos mensageiros que vem encarnando na Terra desde os
primórdios da humanidade, trabalhando em sintonia com nosso Mestre Jesus para
conduzir seu rebanho de volta ao aprisco.
Na inspirada “Encontro com Jesus”, que faz parte do CD “Visualizações
Terapêuticas – Saúde”, publicado pelo Centro Espírita Caminho da Redenção, o
médium Divaldo Franco diz, a dado momento, “Deus ... que preenche o Universo ... e está além dele”.
Perguntados por Kardec sobre “Que é Deus?” (LE QE 1), os veneráveis Espíritos que ditaram a Codificação
responderam:
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas
as coisas”.
Mais adiante, quando Kardec perguntou “Pode o homem compreender a natureza íntima de
Deus?” (LE QE 10), responderam:
“Não; falta-lhe para isso o sentido.”
Deus não é uma pessoa, não é uma criatura. Para a
sabedoria Hindu, Deus (Brahman) é o Absoluto, o Onipotente, o Onisciente, o Onipresente, o Incognoscível. Deus é a centelha divina existente dentro de cada uma
das suas criaturas: este é o aspecto imanente de Deus. Mas como Criador, Ele é,
também, além de toda a criação: este é o aspecto transcendente de Deus. Assim,
Deus é pessoal e, ao mesmo tempo, impessoal. Como podemos ver, o milenar
conceito de Brahman é resumido com poucas e significativas palavras nas
respostas que os Espíritos deram a Kardec.
Diz São João em seu Evangelho (I, 18): “Ninguém jamais viu Deus”. Como poderia, afinal, a limitada visão do homem ver o
Infinito, o Onipresente?
Mas, através do Senhor Jesus, o Pai se revelou. Relata o
mesmo São João (XIV, 8-11): “8 Disse-Lhe Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.’ 9
Respondeu-lhe Jesus: ‘Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste,
Filipe! Aquele que me viu, viu tambémo Pai... Como, pois, dizes: Mostra-nos o
Pai...
10 Não credes que estou no Pai, e que o Pai
está em mim ? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que
permanece em mim, é que realiza as Suas próprias obras. 11 Crede-me: estou no
Pai, e o Pai em mim.’”
Para que o homem, utilizando seus limitados sentidos,
possa vê-Lo, Deus se exprime no aspecto que cada devoto visualiza ao orar. Um ocidental
visualiza Jesus, como um indiano pode visualizar Krishna, um japonês, Buda, um
Chinês, Lao Tsu ou um árabe, Maomé.
“santificado seja o Vosso nome;
O nome de Deus é sagrado, não importa como o chame esta
ou aquela religião. Como, de forma apaixonada e poética, disse Rochester no romance
“O Sinal da Vitória”, todo aquele que, em qualquer época e qualquer região,
qualquer que seja sua cultura, profissão de fé ou grau de instrução, deposita
aos pés da divindade em que acredita, com respeito e adoração, o que de mais
puro tem em seu coração e o que de mais nobre tem em sua mente, está se
dirigindo ao mesmo e único Deus. Ao Deus de toda a humanidade, Deus do nosso e
de todos os universos, e assim está santificando o Seu Divino nome.
Ex 7 “Não pronunciarás o nome de Javé, teu Deus, em
prova de falsidade”
diz o terceiro Mandamento. Esse mandamento pode ser
entendido exatamente como o “santificado seja o Vosso nome” que o Mestre nos ensinou,
pois santificar o nome de Deus significa pronunciá-lo sempre com respeito e
adoração, jamais de forma leviana ou com objetivos falsos.
Acho importante considerar aqui uma questão importante:
o tom que usamos a falar, a emoção que colocamos em nossas palavras. Não há
nada de errado, em princípio, no uso de certas expressões como “Se Deus quiser”;
“Graças a Deus”, “Só Deus sabe” ou “Deus me livre”. Basta que experimentemos
dizê-las com respeito e adoração para que qualquer conotação leviana
desapareça. Já há outras expressões que, mesmo ditas com respeito, não fazem
sentido, como “Até Deus duvida”. Afinal, Deus não tem dúvidas, Deus tudo sabe.
Tampouco se deve usar o nome de Deus, dizendo, após uma briga “Eu entrego a
Deus”, como se a pedir e esperar que Deus castigue nosso desafeto. Afinal, como
pode Deus, sendo todo Amor, fazer mal a alguém? Quem faz mal às criaturas são
as próprias criaturas, encarnadas ou não, nunca Deus.
“10 venha a nós o Vosso Reino;
Relata-nos São Lucas (Lc 17, 20-21): “Tendo-lhe feito os fariseus esta pergunta:
Quando virá o Reino de Deus? Respondendo-lhes Jesus, disse: ‘O Reino de Deus
não virá com mostras exteriores. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: ei-lo acolá. Porque
eis aqui está o Reino de Deus dentro de vós.” Quando pedimos ao Pai que venha a nós o Seu Reino, estamos,
na verdade, pedindo que todos os homens, a começar por nós mesmos, passemos a
viver em concordância com a Sua vontade, respeitando as Suas leis, amando a
Deus e a nossos irmãos. Agindo dessa forma, cada um de nós estará preenchendo
seu coração e seu espírito com o Reino de Deus, expulsando, ao mesmo tempo, a
Mamon, o rei deste mundo, Satã dos desejos e das paixões materiais.
“seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como
no Céu.
Da forma como aparecem as palavras de Jesus nas
traduções do Evangelho em língua portuguesa, pode haver uma interpretação
errônea de que estamos pedindo a Deus que a Sua vontade seja feita no Céu e na Terra,
quando não pode haver dúvida de que a vontade de Deus é sempre feita no Céu
pelos Espíritos que se elevaram para junto do Pai. Entendo que essa frase seja
melhor entendida como consta da versão “King James” da Bíblia em língua
inglesa: “Seja feita a vossa
vontade na Terra, como é no Céu”. Porque na Terra, somos Espíritos
imperfeitos em evolução. Se já fizéssemos todos a vontade de Deus, não
estaríamos encarnados, neste mundo de provas e expiações. Para sermos fiéis a
essas palavras que dizemos ao Pai em oração, devemos perseverar, a cada dia, em
fazer apenas a Vontade do Pai. Para termos sucesso, ninguém melhor que o próprio
Pai para nos ajudar. A cada dia, então, ao acordar, podemos fechar os olhos em
silenciosa prece, dizendo: “Senhor Deus, meu Pai, eu Vos peço que me ilumine e
guie para que eu possa, neste dia, fazer somente aquilo que for do Vosso
agrado, de acordo com a Vossa vontade”.
“11 O pão nosso de cada dia nós dai hoje;
Com o aconselhamento e assistência dos Espíritos, Allan
Kardec esclarece em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Dá-nos o alimento indispensável
à sustentação das forças do corpo; mas dá-nos, também, o alimento espiritual
para o desenvolvimento do nosso Espírito.... Dá-nos, pois, Senhor, o pão de
cada dia, isto é, os meios de adquirirmos, pelo trabalho, as coisas necessárias
à vida, porquanto ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo. Se trabalhar
nos é impossível, à tua divina providência nos confiamos.”
“12 perdoai as nossas ofensas, assim como nós
perdoamos aos que nos ofenderam;
É importante que saibamos que somente teremos direito ao
perdão de Deus quando soubermos perdoar a nossos irmãos. Mais que isso, devemos
aprender a não precisar perdoar: aquele que nunca se sente ofendido, a quem
nenhum mal recebido causa rancor, simplesmente não precisa perdoar.
No sacrifício supremo do calvário disse o Senhor Jesus,
(Lc XXIII, 34): “Pai,
perdoa-lhes: porque não sabem o que fazem”. O Senhor Jesus, como tantas vezes fizera, falou ao Pai para
ensinar. Como filho de Deus, uno com o Pai, Ele não contraíra rancor algum nem
dos seus algozes nem dos discípulos que o haviam desertado.
Se ainda nos é difícil perdoar, se guardamos rancor com
facilidade, podemos, com toda a nossa fé, pedir, do fundo do coração: “perdoai as nossas ofensas e ensinai-nos a perdoar
aos que nos ofenderam”. Deus é
Pai e, como Pai, Ele escuta o filho que a Ele se dirige com devoção. A repetição
diária dessa variação, aliada a um esforço sincero e constante, surtirá o
efeito desejado.
“13 e não nos deixeis cair em tentação,
São de duas naturezas as tentações a que estamos
sujeitos a cair: as que nos atraem pelas nossas próprias fraquezas aos prazeres
mundanos e as em que somos induzidos a cair pela ação de Espíritos inferiores
que se apegam a nós devido às nossas baixas defesas espirituais. Os Espíritos desencarnados
de baixa vibração se sentem apegados aos vícios e aos prazeres e necessitam da
colaboração de algum encarnado para terem seus desejos satisfeitos. Devemos,
por isso, evitar sempre os vícios de qualquer natureza, assim como assistir a
filmes violentos, e andar em más companhias. Se nosso trabalho ou nosso esforço
de caridade nos levam a lugares freqüentados por encarnados – e desencarnados –
de baixa vibração, devemos primeiro elevar nossa própria vibração, através de
bons hábitos comportamentais e, sobretudo, da Prece, para, somente então, desempenharmos
o nosso dever profissional ou de caridade.
“mas livrai-nos do mal.”
Os homens moram atrás de muros, com vigias, cães e
alarmes para se protegerem dos males do próprio homem. Os homens tomam
remédios, vitaminas, fazem exercício físico, para se protegerem das doenças.
Mas todos esses males são apenas provas a que estamos sujeitos nesta vida para
que possamos exercitar nossa vontade e a nossa fé para nosso melhor progresso
espiritual. Se assustam a nosso corpo, não têm como assustar ao nosso espírito.
O verdadeiro mal que domina e corrói o nosso espírito,
origem de todos os outros males, é a nossa ignorância de Deus. Como os
Espíritos nos instruíram através de Kardec (ESE Cap. XXVIII, 2, VI): “O mal não é obra tua, Senhor, porquanto o
manancial de todo o bem nada de mau pode gerar. Somos nós mesmos que criamos o
mal, infringindo as tuas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos outorgaste.
Quando os homens as cumprirmos, o mal desaparecerá da Terra, como já
desapareceu de mundos mais adiantados que o nosso.”
QUANDO ORAR
Muitas pessoas somente se lembram de falar com Deus
quando estão infelizes ou em estado de sofrimento físico ou moral. Não é que
Deus não as escute nesses instantes, mas é certo que Ele responde mais
prontamente aos filhos que estão habituados a falar com Ele, o que explica os
santos e os
assim chamados milagres que realizam.
Os Espíritos evoluídos estão em contínua união com Deus,
em permanente estado de oração. Em nossa condição de Espíritos em evolução devemos
orar todas as vezes que possível. Há alguns momentos, entretanto, quando a
Prece é particularmente importante: a cada momento de dúvida, a cada tentação,
a cada ofensa recebida, a cada instante de repouso e a intervalos regulares
durante o trabalho ou o lazer.
A EFICÁCIA DA PRECE: A CERTEZA DA RESPOSTA DE DEUS
Em outro ponto do magnífico Sermão da Montanha, que se
estende pelos Capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus, o evangelista relata as seguintes
palavras do Mestre:
Mt 7, 7-11
“Pedi e se vos dará. Buscai e vos será
aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. Quem dentre vós
dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á
uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos
filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.”
Que testemunho melhor que o do próprio Senhor Jesus para
que tenhamos a certeza de que o Pai irá nos atender? O Pai nos atende sempre nos
dando aquilo de que necessitamos, “coisas boas”, como
disse Jesus.
Coisas boas para a evolução do nosso espírito.
Vejamos o que disse o Senhor Jesus a respeito da força
da fé. São Marcos, após o episódio da figueira que ressecara, relata as
seguintes palavras do Mestre:
Mc 11, 22-24
“22 Respondeu-lhes Jesus: “Tende fé em Deus.
23 Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e
lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas acreditar tudo o que
disser, obterá esse milagre. 24 Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração,
crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado.”
A fé é uma energia poderosíssima que existe à disposição
da nossa vontade. É importante termos em mente, no entanto, que nossa fé deve
ser sempre dirigida para o Bem, para os caminhos que levam ao Pai.
Não podemos nos esquecer, finalmente, a condição que o
Mestre colocou, logo a seguir, para que a prece seja atendida:
Mc 11, 25
“25 E quando vos puserdes de pé para orar,
perdoai se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso
Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados”
São vários os episódios narrados nos Evangelhos
demonstrando o imenso poder da fé. Para que nenhum de nós sinta sua fé
fraquejar frente a uma aparente recusa de Deus em ouvir a nossa prece, São
Mateus relata o episódio da fé de uma mulher pagã.
Mt 15, 21-28
“21 Jesus partiu dali e retirou-se para os
arredores de Tiro e Sidônia. 22 E eis que uma cananéia, originária daquela
terra, gritava:
“Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim!
Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.” 23 Jesus não lhe
respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a Ele e lhe disseram com insistência:
Despede-a, ela nos persegue com seus gritos.” 24 Jesus respondeu-lhes: “Não fui
enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” 25 Mas aquela mulher veio
prostrar-se diante dEle, dizendo:
“Senhor, ajuda-me!” 26 Jesus respondeu-lhe “Não
convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos.” 27 “Certamente, Senhor,
replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos, ao menos, comem as migalhas que caem da mesa
de seus donos...” 28 Disse-lhe, então, Jesus: “Ó mulher, grande é tua fé! Seja
feito como desejas.” E na mesma hora sua filha ficou curada.”
O Senhor Jesus, na sua elevada espiritualidade, sabia
quão grande era a fé daquela mulher e teria atendido seu pedido de imediato. Se
procedeu de outra forma, se esquivando a ouvi-la e demonstrando um preconceito
típico dos judeus pelos pagãos, foi para ensinar aos seus discípulos que a
verdadeira fé supera quaisquer obstáculos e que não depende de raça ou
religião.
Ensinou-nos, também, outra importante lição relativa à
prece. Quando orarmos, devemos persistir na fé por mais que Deus pareça não nos
responder. A resposta sempre virá, como, também, evidencia a parábola do Juiz
Iníquo, narrada pelo Senhor Jesus, segundo o relato de Lucas, com a qual
encerraremos nossas considerações:
Lc 18, 1-8
“1 Propôs-lhes Jesus uma parábola para
mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. 2 “Havia em
certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma. 3 Na
mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença
para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário. 4
Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por
fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens; 5 todavia,
porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça. Senão ela não cessará de me
molestar.” 6 Prosseguiu o Senhor: “Ouvis o que diz esse juiz injusto? 7
Por acaso não fará Deus justiça aos seus
escolhidos, que estão clamando por Ele noite e dia? Porventura tardará a
socorrê-los?
Bibliografia Consultada
1. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, FEB, 105a Ed., 1991.
2. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, 77a Ed., 1997.
3. Sinal da Vitória, John Wilmot Rochester (Espírito), psicografia de Wera
Krijanowski, FEB, 8a Ed. 1996.
4. CD “Visualizações Terapêuticas – Saúde”, Divaldo P. Franco, Centro Espírita Caminho da
Redenção.
5. A Bíblia Sagrada, tradução dos originais mediante a versão dos Monges de Maredsous
(Bélgica). Editora Ave-Maria, Ltda., 12a. ed., São Paulo, 1997.
6. The
New Heritage Reference Bible,King James Version, World Bible Publishers.
7. Como Falar Com Deus, Paramahansa Yogananda, Self
Realization Fellowship, 1993.
(Estudo originalmente apresentado no Grupo
Espírita João de Freitas, Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1998)
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