Conforme as
narrativas bíblicas, há cerca de 5.000 anos Abraão e seus familiares deixaram a
cidade de Ur, na Caldéia, atendendo a uma determinação de Deus, que aquele
patriarca passou a reconhecer como única Divindade verdadeira e que lhe
prometeu, em troca, proteção para ele e para os seus, além de uma posteridade “numerosa
como as areias do deserto”. Abraão, contudo, teve somente dois filhos: Isac, de
seu casamento com Sara, e Ismael, fruto de sua ligação com Agar, uma escrava,
consoante os hábitos da época. Isac, por sua vez, teve também apenas dois
filhos, Esaú e Jacó, este último o sucessor do pai (pois comprou do irmão o
direito de primogenitura) e que teve 12 filhos cujos descendentes constituíram o
povo hebreu ou judeu.
Ao longo de
sua história cheia de lutas e vicissitudes, a coletividade judaica sofreu dois
longos cativeiros, inicialmente no Egito (séculos XVI a XIII a.C.), e mais
tarde na Babilônia (século VIII a.C.). Foi durante aquele primeiro período que
nasceu, na terra dos Faraós e recebendo um nome egípcio, o grande legislador
Moisés, que foi o consolidador do culto ao Deus único, em nível popular. Para
tanto, ele conseguiu libertar seus compatriotas da servidão, conferindo-lhes
também, por meio de leis e costumes próprios, uma identidade nacional tão vigorosa
que lhes possibilitou sobreviver a dificuldades e perseguições cruéis chegando como
nação aos nossos dias, apesar de despojados durante 19 séculos de seu próprio
território, do qual foram expulsos pelos dirigentes romanos a partir do ano 70
de nossa era.
É
extremamente difícil apreciarmos a tarefa de Moisés em toda a sua complexidade pois,
como é sabido, a escravidão destrói a auto-estima e corrompe moralmente as suas
vítimas, e era toda uma população assinalada por tais marcas que, sob sua direção,
deixou a Terra do Nilo, percorrendo regiões desérticas durante cerca de 40 anos
até fixar-se na Palestina. Foi durante esse período que ele recebeu da
Espiritualidade Superior as determinações que compõem o Decálogo, além de
outras, dentre as quais “o amor a Deus acima de todas as coisas” (Deut. 6: 5) e
“o amor ao próximo como a si mesmo” (Lev. 19: 18), destacadas por Jesus como
síntese de nossos deveres para com o Criador e com nossos semelhantes, e que
vieram a se constituir na essência do pensamento judaico-cristão, suporte moral
de nossa civilização ocidental. Nesse constante deslocamento, elaborou ele
ainda uma detalhada legislação penal e civil atribuindo-a, como era hábito
naquela época, à autoridade divina. Devemos reconhecer, por outro lado, a
finalidade providencial dessa peregrinação de quatro décadas, durante a qual
nasceu uma geração nova, que substituiu em grande parte a antiga, já em regime
de liberdade e responsabilidade próprias. A consideração desse contexto nos
permite igualmente compreender certas atitudes extremamente enérgicas do grande
dirigente bem como a severidade de algumas de suas leis.
A mensagem
mosaica prossegue na atualidade alimentando espiritualmente a extensa
comunidade que com ela se identifica, com as noções da governança divina e da
fraternidade universal, vigorosamente afirmadas por profetas e rabinos.
Quanto à
promessa feita a Abraão de uma descendência extremamente numerosa, observamos
que ela foi integralmente cumprida, pois os monoteístas do ocidente descendemos
todos – em sentido espiritual – do velho patriarca, reconhecendo, como ele fez,
a existência de um Poder Soberano que governa o Universo, acerca do qual Jesus
acrescentou outras características, definindo-o como nosso Pai.
“O Evangelho
segundo o Espiritismo” (capítulo 1, item 2).
D.Villela
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