COMUNICAÇÃO - INFORMAÇÃO ESPÍRITA
SÉRIE ENCONTRO COM CHICO E
DIVALDO
*VII - CAUSA E EFEITO*
Tema dos mais instigantes dentre
os tratados pelo Espiritismo, a Lei de Causa e Efeito merecerá algumas
considerações dentro desta série.
Os leitores vão se situar ante a
possibilidade de alguém responder pelos equívocos de outrem, a respeito da
relação entre a visão espírita e o Carma, a relação de Causa e Efeito e as
cirurgias espirituais, entre outros.
Com a palavra, nossos dois
ilustres convidados: Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco.
Se uma pessoa inocente foi
condenada, os verdadeiros culpados entrarão na lei de causa e efeito?
Chico — Sem dúvida que sim. Porque, por muito que queiramos negar
a vida espiritual, ela sempre está presente. Temos um ponto a considerar. Há
tempos alguém nos perguntou: Por que você crê nos Espíritos, qual a
demonstração que você pode me oferecer para eu compreender o seu ponto de vista?
Então o Espírito de Emmanuel me disse: — *Diga ao nosso companheiro, que uma
das provas maiores da existência dos Espíritos é o chamado complexo de culpa.*
Porque se não fôssemos portadores de uma vida espiritual
intensa, uma vida espiritual genuína, por que tínhamos que sofrer dores, que se
manifestam em nossa própria consciência? A criatura responderá pelo desequilíbrio
que ela criou ou venha a provocar. E quanto a isto ouvimos os nossos amigos cantando com tanta beleza esta canção que
ficou como um hino, quase que uma religiosa homenagem a Jesus Cristo, como
sendo dentro de nossa evolução cultural nos tempos de hoje aquele homem maravilhoso
de Nazaré, na canção que nossos amigos cantaram trazendo lágrimas aos nossos
olhos. Jesus no capítulo 9, versículos 42 e 49, do Evangelho de São Mateus, nos
diz: Tudo indica que Jesus falava mais para os Espíritos que iriam reencarnar
do que propriamente para nós que estamos encarnados.
— “Se tua mão é
motivo de desequilíbrio, de mal para os outros, é melhor que entres na vida de
mãos cortadas. Se teus olhos se tornaram motivo de mal ou desequilíbrio para
com os outros é melhor que entres na vida com um olho
apenas, para que teus próprios
impulsos sejam controlados”.
Então nós vemos que quando partimos da Terra, levamos as
nossas culpas, muitas vezes, somos portadores de culpas resguardadas. Culpas
que ficarão dentro de nosso coração, sem nunca ter chegado à tona. Mas esses
resíduos de nossa personalidade ficarão dentro de nós, e quando partimos deste
mundo esses resíduos vem à tona, então sofremos o processo de nossa própria
recuperação, nos tornamos reeducandos com muito mais dificuldades, do que os
reeducandos internados neste mundo. Padecemos em nossa vida íntima. E o melhor
remédio para nós é a reencarnação. Então pedimos:
Senhor, se eu tenho de assinar decretos que vão ferir os
meus semelhantes, se eu tenho que escrever cartas caluniosas, e tenho que apresentar
denúncias que vão ferir os nossos companheiros da Terra... Se eu tenho que,
em louvor da delinqüência espalhar o mal, então não me
permita Senhor, voltar com os meus braços. Então voltamos mutilados, às vezes
nascemos sem os braços, às vezes sem as pernas, ou renascemos cegos. Às vezes o
nosso problema de culpa é o suicídio, então sabemos que o suicídio é maior, e
tem a dor do tamanho de nosso conhecimento.
Porque nós nos sentimos como criaturas que estamos lesando
a Misericórdia Divina. Chegamos então no Além com o problema do suicídio. E, às
vezes não pedimos verbalmente, mas desejamos voltar com os recursos necessários
à nossa própria regeneração, de modo que quando temos as nossas culpas, nós
respondemos por elas, ainda mesmo que levemos os nossos irmãos para
determinadas áreas de dificuldades maiores, com as leis penalógicas que nos governam,
e ficamos impunes em nosso meio social. Mas a impunidade é transitória, não é impunidade
do ponto de vista de um castigo, mas sim a impunidade que aplicamos em nós mesmos.
Não é o mesmo que tem os nossos Juizes que respeitamos muito, que são criaturas
muito dignas, sábios da ciência jurídica que nos ajudam, e muito mais que isso
é o julgamento de nossa própria consciência dentro de nós. De modo que não adianta
falar com nossos irmãos, como alguém que não erra, como alguém que não tem
muitos erros, pois tenho também. Estou falando de mim mesmo, eu me irmano aos meus
irmãos, aos meus companheiros, para dizer que tenho um grau de periculosidade muito
alto, e que vou controlando essa periculosidade com a oração, a oração de todos
os dias mas eu responderei por essa periculosidade, porque ela diz respeito a
mim e minha consciência e estará julgando a mim mesmo, embora ainda eu não
tenha entrado na área do julgamento de nossas leis penalógicas. Não sei se me
expliquei bem.
Estou aqui como um amigo que está abraçando os seus
companheiros. Estou
com eles, como se estivesse com a minha própria família e
eu lhes digo: eu também erro, eu também tenho errado, vocês me ajudam e que nos
demos as mãos porque sei que a vida é eterna e que eu preciso controlar a mim mesmo.
Não sei se estou falando, ou se estou bancando um pregador de falsa moral, o
que eu não desejo.
*Como se encaram as cirurgias
astrais?*
*Divaldo* - Acreditamos que as cirurgias astrais são válidas, desde
que o paciente esteja com o seu carma liberado. Daí, constatar-se que nem toda
interferência de ordem espiritual, no campo cirúrgico, dá o resultado que seria
de esperar-se. Aliás, mesmo no Evangelho, encontramos uma referência: nem todos
aqueles que buscaram Jesus foram curados, porque tinham dívidas, e essas
dívidas não estando resgatadas, é óbvio que a cura não se poderia dar.
*Em conseqüência de quais erros
um Espírito recebe como prova a reencarnação dentro de uma família, que vive em
constante desarmonia?*
Chico — Se há complacência bancária nas reformas de nossos
títulos, de nossas duplicatas, se o comércio nos favorece com novas
oportunidades porque a Misericórdia Divina, não havia de nos favorecer? Muitos
de nós temos dívidas acumuladas e adiadas, mas se temos o espírito de
perseverança no esforço de nosso esforço e surjam para nós ensejos novos,
pagaremos de qualquer modo, ou a rigor, ou pagaremos em serviço. Às vezes é
muito melhor pagar em serviço, e é o que acontece quando reencarnamos em famílias
que já estão em serviço na Terra.
Os irmãos me permitem eu quero dizer de mim mesmo porque
muitas vezes eu peço: Senhor tenha compaixão de mim, permita-me que eu pague em
serviço, porque é muito melhor pagar em serviço do que pagar em cima de uma
cama sofrendo dores terríveis, sem rendimentos no Bem para os outros ou para
mim mesmo.
Portanto é muito melhor pagar em serviço, porque em
serviço compreendemos os outros e guardamos a calma, e com isso se processa o
nosso burilamento.
“Um grande incêndio. Em tragédias
assim, em datas assim, como se comporta o Espiritismo na explicação do fato?
Divaldo — Para nós, a Terra é o mundo dos efeitos, enquanto o mundo
das causas é o de natureza espiritual. Naturalmente, a Divindidade dispõe de
recursos por meio dos quais cobra os débitos que contraímos perante a harmonia
das leis superiores, não sendo necessário recorrer a esses impactos cognominados
calamidades, tragédias, infortúnios. No entanto, como somos negligentes e nem
sempre nos submetemos às leis de amor, o Senhor recorre aos efeitos que são
decorrência da nossa própria leviandade a fim de corrigir-nos. Em tragédias que
tais, como aquela do Edifício Joelma, do Andraus (...) no Edifício Renner, em
Porto Alegre, os Espíritos sempre se utilizam de tais dolorosos processos como medida
saneadora dos grandes males transatos que causamos. Digamos, por exemplo, que
as pessoas envolvidas na tragédia em pauta, hajam sido antigos cristãos
partícipes das Cruzadas, que incendiaram cidades inermes, povoados indefesos, e
que, agora, por uma lei de afinidade se aglutinaram em um edifício onde irrompeu
o incêndio, resgatando, coletivamente, o crime que coletivamente praticaram.
Expliquemos melhor: Para nós, espíritas, a noite de São Bartotomeu, de que foi
cenário a França, em 24 de agosto de 1572 gerou um carma, uma dívida que a consciência
francesa acumulou perante as Leis Divinas, vindo a resgatar pouco mais de 200
anos depois,. quando irrompeu a Revolução de 1789...
Aqueles mesmos destruidores de vidas, fizeram-se as
vítimas da intolerância dos novos partidos em lutas aguerridas na comunidade
gaulesa. Desta forma,
acreditamos, que, como os homens nos afinamos pelas
aptidões e interesses, também nos aglutinamos por identidades psicológicas,
cármicas... Somos reunidos onde deveremos atuar no sentido positivo ou resgatar
coletivamente as mazelas que acumulamos por imprevidência.
*O perdão realmente existe?
Então, por que existe o carma?*
*Chico Xavier* - Uma das grandes virtudes buscadas pelo Espírito, o perdão
que parte do coração, manifestado com o completo esquecimento das ofensas, é
digno das almas evoluídas.
A lógica do espírita é simples: a própria pessoa que sofre
pede a Deus a chance de reencarnar na Terra e passar por aquela provação para
assim se livrar de um débito cármico, ou seja, algum mal praticado em vidas
passadas que precisa ser expiado para que o Espírito volte a ter paz. Nessa
linha de entendimento, ensinam-nos os Espíritos* que o arrependimento concorre
para melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.
*O que se faz, é o que se paga?*
*Divaldo* - Exatamente. Há, no entanto, uma forma do indivíduo
liberar-se de um resgate doloroso: pela soma de benefícios que pratique, anula
os males que haja engendrado. Como normalmente não respeitamos esta lei de
amor, mediante a prática do Bem, somos conduzidos,’ às vezes, a grandes
aflições, através das quais ‘nos liberamos do infortúnio produzido antes.
*Sou epilética, sei que se trata
de uma dívida espiritual, mas há possibilidade de cura, pois tomo remédio
controlado e quero muito ficar boa. A caridade poderá curar-me, além da fé em
Deus?*
*Chico Xavier* - Sobre os desígnios Celestes não podemos nada afirmar, pois
sabemos que as Leis Divinas regem nossa evolução. Porém, a caridade, com
certeza, nos auxilia no aprendizado e no resgate de grande parte do nosso
débito.
Essa caridade, aliada à Fé e à reforma íntima, só podem
ajudar a acelerar a passagem pelo processo. E quanto ao aspecto físico, o caminho
está correto, o auxílio médico é essencial. Lembremos que a doença do corpo físico
pode significar a cura do Espírito e procuremos continuar trabalhando com amor na
Seara do Pai.
*Como explicar: ventura ou
desventura de um Espírito, na sua primeira reencarnação?*
*Divaldo* - Deus cria os Espíritos, sem nenhuma mácula, “simples e
ignorantes”, disse Allan Kardec. Nesse estágio inicial, o seu livre-arbítrio
elege a forma pela qual deseja evoluir. Ele pode realizar a sua jornada de maneira
segura e direta, e pode realizá-la através da incursão em experiências que lhe trarão
naturalmente as conseqüências. Nos primeiros períodos da encarnação e das primeiras
reencarnações, o Espírito somente tem venturas. Desarmado de mais ressentimentos
e ignorando o lado positivo e negativo da vida, ele é simples, e portanto destituído
de maiores ideais. Ele não tem os sofrimentos que lhe edificam a personalidade idealista
ou a personalidade marcada pelas frustrações. Mas, à medida que o seu livre
arbítrio vai elegendo a forma de progredir, ele vai gerando o carma, palavra
sânscrita, que significa lei de causa e efeito, correspondente, na Física, a
este mesmo princípio — “Todo efeito
provém de uma causa”, que Allan Kardec completaria logo: “Todo efeito inteligente, provém de uma causa inteligente”.
Assim, no princípio, são todos inocentes, sem experiências e sem carma. As dores
e os júbilos vêm depois das conquistas positivas ou negativas realizadas pelo
Ser.
*Ultimamente, tem havido uma
série de desastres, onde perdem a vida muitas pessoas, ou seja, desencarnações
em massa. Como a Doutrina Espírita explica isso?*
*Chico Xavier* - “Acreditamos na Doutrina Espírita, segundo a qual todas
essas ocorrências são subordinadas a leis de causa e efeito. Apesar disso, nós
estamos caminhando cada vez mais para um mundo de tecnologia muito avançada. E
se não iluminarmos as nossas conquistas científicas com o amor que Jesus nos
legou na civilização cristã, sem dúvida seremos obrigados a admitir que a
tecnologia pode nos conduzir a desastres coletivos de maior expressão,
comprometendo o progresso da Humanidade”.
*Diga-nos três coisas a pessoas
que estão sofrendo muito, em certos casos curtindo amargas provas cármicas que as
induziram à desesperança.*
*Divaldo* - Tudo na vida é transitório, só o Espírito é eterno. Disse
Jesus: “O amor apaga a multidão dos nossos pecados”. No amor, no
sofrimento edificante, entrosamo-nos com a Obra da Criação, O amor, sendo o “hálito
de Deus”, é a alma da vida e a vida da alma. Através dele iremos minimizar
nossos padecimentos pela prática das diversas formas de caridade, pulverizando
nossas dívidas acumuladas em vidas passadas.
Tenhamos paciência para com tudo o que, apesar de nossos
esforços, não pôde ou não pode ser modificado, conscientizando-nos sempre mais
de que nossa vida não começou no berço e não findará no túmulo. Peçamos a Deus
discernimento em nossas horas de turvação para que não agravemos nossos males.
Aprendamos a ver na fé e no ato de conviver harmoniosamente com o
próximo, principalmente com nossos familiares e
consangüíneos, uma graça do amparo de Deus. O ato de servir ao nosso semelhante
é, para o que serve, um privilégio ofertado pela Divina Providência.
A estrada é estreita, larga deve ser a nossa fé. Reacendamos
luzes de esperança nos recantos sombreados da alma. Vençamos o desespero com a
prece e a vigilância, reparando mais nas coisas eternas que nas imediatas,
convictos sempre de que não há, não pode haver, injustiça nas Oniscientes Leis Divinas.
A própria dor é nossa amiga fiel e mestra constante. Portanto: Fé, Esperança, Caridade,
eis os três requisitos necessários ao resgate da nossa felicidade verdadeira.
Fonte
MEDIUNIDADE E PAZ, por F. C. Xavier, ed. Didier
O PEREGINO DO SENHOR, por Altiva Glória F. Noronha, ed. Leal
PLANTÃO DE RESPOSTAS, por F. C. Xavier, ed.Cultura Espírita União
A TERRA E O SEMEADOR, por F. C. Xavier e Emmanuel, ed. Difusão Espírita
VIAGENS E ENTREVISTAS, por Divaldo Pereira Franco, ed. Alvorada
MOLDANDO O TERCEIRO MILÊNIO, por Fernando Worm, ed. CECR
GRUPOS UNIVERSO ESPÍRITA - WHATSAPP E TELEGRAM
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