Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo, Ceepa,
Mirassol, SP
Seja você espírita ou não, provavelmente, já se viu em
determinada situação em que alguém lhe transmitiu alguma "mensagem",
recebida por algum médium, adivinho ou "sensitivo", tendo você como
especial destinatário.
É muito provável, também, você conhecer pessoas que andam
consultando e recebendo instruções de espíritos por aí, na intenção de obter
soluções rápidas para seus problemas ou aflições. Há também o caso daquele seu
vizinho que "recebe" tal e qual entidade e "trabalha" em
casa mesmo.
Pois bem, você deve ter ficado em dúvida, sem saber
discernir o conteúdo dessas mensagens. Teria sido proveniente de um espírito
mesmo? Ou então, no mínimo, teria esse espírito uma índole moral superior capaz
de merecer a sua confiança?
Levando ainda essa questão para o campo estritamente
psíquico, da influenciação espiritual, a que todos estamos sujeitos e que
ocorre inconscientemente, na rotina de nossas vidas, podemos observar a
natureza de nossas próprias cogitações mentais. O que estamos cogitando? Seja o
que for, será algo digno de alguém preocupado com a auto-educação espiritual?
Respostas para dúvidas mediúnicas estão na obra de Allan
Kardec O codificador do espiritismo, Allan Kardec, em sua obra O Livro dos
Médiuns, deixou tudo isso muito bem claro e, para os estudiosos da doutrina, o
que falamos aqui não é nenhuma novidade. Mas, para quem está chegando agora e
para os que se interessam em recapitular o aprendido, aqui vão 26 maneiras de
identificar se uma comunicação é proveniente de um espírito superior ou não:
1.- Não há outro critério para discernir o valor dos
espíritos senão o bom-senso.
2.- Conhecemos os espíritos pela sua linguagem e pelos
seus conselhos, ou seja, pelos sentimentos que inspiram e os conselhos que dão.
3.- Uma vez admitido que os bons espíritos não podem dizer
e fazer senão o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito.
4.- A linguagem dos espíritos superiores é sempre digna,
nobre e elevada, sem mistura de trivialidades. Dizem tudo com simplicidade e
modéstia, não se gabam jamais, não exibem seu saber nem a sua posição entre os
outros.
A linguagem dos espíritos inferiores ou vulgares tem
sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que indique baixeza,
presunção, arrogância, fanfarrice, acrimônia, é indício característico de
inferioridade, ou de fraude se o espírito se apresenta sob um nome respeitável
e venerado.
5.- Não é pela forma material e nem pela correção do
estilo que se julga um espírito mas, sim, sondando-lhe o íntimo, esquadrinhando
suas palavras, pesando-as friamente, maduramente e sem prevenção. Todo desvio
de lógica, razão e de sabedoria, não pode deixar dúvida quanto à sua origem,
qualquer que seja o nome com o qual se vista a entidade espiritual comunicante.
6.- A linguagem dos espíritos elevados é sempre idêntica,
senão quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo. Não são contraditórios.
7.- Os bons espíritos não dizem senão o que sabem,
calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem.
Os maus falam de tudo com segurança, sem se preocuparem
com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o
bom-senso, mostra a fraude se o espírito se diz esclarecido.
8.- É fácil reconhecer os espíritos levianos pela
facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é
dado conhecer. Os bons espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras
quando esse conhecimento for útil, mas não precisam jamais as datas: todo
anúncio de acontecimento com época fixada é indício de uma mistificação.
9.- Os espíritos elevados se exprimem de maneira simples,
sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia de idéias, de
expressões sempre inteligíveis e ao alcance de todos, sem exigir esforço para
ser compreendido. Têm a arte de dizerem muitas coisas com poucas palavras,
porque cada palavra tem sua importância.
Os espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a
presunção e ênfase o vazio dos pensamentos. Sua linguagem, freqüentemente, é
pretensiosa, ridícula, ou obscura à força de querer parecer profunda. Mas não
é.
10.- Os bons espíritos jamais ordenam: não se impõem,
aconselham e, se não são escutados, se retiram. Os maus são imperiosos, dão
ordens, querem ser obedecidos e permanecem mesmo assim. Todo espírito que se
impõe, trai sua origem. São exclusivos e absolutos em suas opiniões, e
pretender ter, só eles, o privilégio da verdade. Exigem uma crença cega e não
apelam à razão, porque sabem que a razão os desmascariam.
11.- Os bons espíritos não lisonjeiam. Aprovam quando se
faz o bem, mas sempre com reservas. Os maus dão elogios exagerados, estimulam o
orgulho e a vaidade, pregando a humildade, e procuram exaltar a importância
pessoal daqueles a quem desejam captar.
12.- Os espíritos superiores estão acima das puerilidades
da forma e em todas as coisas. Só os espíritos vulgares podem dar importância a
detalhes mesquinhos, incompatíveis com as idéias verdadeiramente elevadas. Toda
prescrição meticulosa é um sinal certo de inferioridade e de fraude da parte de
um espírito que toma um nome importante.
13.- Desconfie dos nomes bizarros e ridículos que tomam
certos espíritos que querem se impor à credulidade. Seria soberanamente absurdo
tomar esses nomes a sério.
14.- Desconfie também dos espíritos que se apresentam
muito facilmente com nomes extremamente venerados e não aceite suas palavras
senão com a maior reserva.
Neste caso é necessário um controle severo e
indispensável, porque, freqüentemente, é uma máscara que tomam para fazer crer
em pretendidas relações íntimas com os espíritos excepcionais. Por esse meio
afagam a vaidade do médium e dela se aproveitam para induzi-lo, constantemente,
a diligências lamentáveis ou ridículas.
15.- Os bons espíritos são muito escrupulosos sobre as
atitudes que podem aconselhar. Em todos os casos, não aconselham jamais se não
houver um objetivo sério eminentemente útil. Deve-se considerar como suspeitas
todas as que não tiverem esse caráter, ou não estiverem de acordo com a razão.
É ainda necessário refletir maduramente todo conselho recebido para não correr
o risco de expor-se a mistificações desagradáveis.
16.- Os bons espíritos podem também serem reconhecidos
pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que podem comprometer.
Repugna-lhes revelar o mal.
Os espíritos levianos ou malévolos se comprazem em fazê-lo
realçar. Enquanto que os bons procuram suavizar os erros e pregam a
indulgência, os maus os exageram e sopram a cizânia por meio de insinuações
pérfidas.
17.- Os bons espíritos prescrevem unicamente o bem. Toda
máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade
evangélica, não pode ser obra dos bons espíritos.
18.- Os bons espíritos não aconselham jamais senão coisas
perfeitamente racionais.
Toda recomendação que se afaste da reta linha do bom-senso
ou das leis imutáveis da natureza, acusa um espírito limitado e, por
conseqüência, pouco digno de confiança.
19.- Os espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se
traem ainda por sinais materiais ante os quais a ninguém poderiam enganar. Sua
ação sobre o médium é algumas vezes violenta, nele provocando movimentos
bruscos e sacudidos, uma agitação febril e convulsiva, que se choca com a calma
e a doçura dos bons espíritos.
20.- Os espíritos imperfeitos, freqüentemente, aproveitam
os meios de comunicação de que dispõem para dar pérfidos conselhos. Excitam a
desconfiança e animosidade contra aqueles que lhe são antipáticos, os que podem
desmascarar suas imposturas são, sobretudo, o objeto de sua repreensão.
Os homens fracos são seu alvo para os induzir ao mal.
Empregando, sucessivamente, os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até sinais
materiais de seu poder oculto para melhor convencer, procuram desviá-los da
senda da verdade.
21.- O espírito de homens que tiveram, na Terra, uma
preocupação única, material ou moral, se não estão libertos da influência da
matéria, estão ainda sob o império das idéias terrestres, e carregam consigo
uma parte de preconceitos, de predileções e mesmo de manias que tinham neste
mundo. O que é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.
22.- Os conhecimentos com os quais certos espíritos se
adornam, com uma espécie de ostentação, não são um sinal de sua superioridade.
A inalterável pureza dos sentimentos morais é, a esse respeito, a verdadeira
prova de sua superioridade moral.
23.- Não basta interrogar um espírito para conhecer a
verdade. É preciso, antes de tudo, saber a quem se dirige, porque os espíritos
inferiores, ignorantes eles mesmos, tratam com frivolidade as questões mais
sérias.
Também não basta que um espírito tenha tido um grande nome
na Terra, para ter, no mundo espírita, a soberana ciência. Só a virtude pode,
em purificando-o, aproximá-lo de Deus e desenvolver seus conhecimentos.
24.- Da parte dos espíritos superiores, o gracejo,
freqüentemente, é fino e picante, mas jamais é trivial. Entre os espíritos
gracejadores que não são grosseiros, a sátira mordaz é sempre muito oportuna.
25.- Estudando-se com cuidado o caráter dos espíritos que
se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, se reconhece sua natureza e o
grau de confiança que se lhe pode conceder. O bom-senso não poderia enganar.
26.- Para julgar os espíritos, como para julgar os homens,
é preciso saber primeiro julgar a si mesmo. Infelizmente, há muitas pessoas que
tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e
do falso. Tudo o que contradiga sua maneira de ver, suas idéias, o sistema que
conceberam ou adotaram, é mau aos seus olhos. A tais pessoas, evidentemente,
falta a primeira qualidade para uma justa apreciação: a retidão do julgamento.
Mas disso não suspeitam. É o defeito sobre o qual mais nos iludimos.
Acreditamos que tendo essas considerações em mente, fica
bem mais fácil discernirmos a qualidade de nossos próprios pensamentos e também
nos precavermos de tanta charlatanice que anda deturpando a essência
esclarecedora do espiritismo por aí.
Fim.
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