Estudos diversos comprovaram a consequência favorável que a prece
produz. O médico e pensador Alexis Carrel (1) dizia frequentemente que o
importante não é acrescentar anos à sua vida, mas vida aos seus anos. Em 1942,
Carrel escreveu o artigo intitulado A Prece é Força, afirmando “que a oração é
uma força tão real como a gravidade terrestre”. (2) E acrescentou: “no meu
caráter de médico, tenho visto enfermos que, depois de tentarem, sem resultado,
os outros meios terapêuticos, conseguiram libertar-se da melancolia e da
doença, pelo sereno esforço da prece” (3). Naquela tumultuada década dos anos
40 do século XX(4), sobretudo para os médicos, era uma grande ousadia admitir
as implicações da “prece” sobre a saúde.
Todavia, o médico filósofo, contrariando seus colegas, proclamou a
força da oração.
Sabe-se hoje que a prece realmente atua sobre os doentes, influenciando
o sistema imunológico, segundo estudo realizado no ano de 1988, no Hospital
Geral de São Francisco, na Califórnia. “Nesse hospital foi possível comprovar
que os pacientes que foram alvos de preces apresentaram significativas
melhoras, necessitando inclusive de menor quantidade de medicamentos.” (5)
A prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar a ela é
ignorar a bondade de Deus; é rejeitar para si mesmo a sua assistência; e para
os outros, o bem que se poderia fazer. (6) O Espírito André Luiz, que foi
médico em sua última reencarnação terrena, disse: “Ah! se os médicos orassem”.
A exclamação consta no capítulo intitulado “Em aprendizado”, que revela o apoio
que os benfeitores espirituais dão aos médicos que se disponham a abrir os seus
canais de sensibilidade. “Todos os médicos, ainda mesmo quando materialistas de
mente impermeável à fé religiosa, contam com amigos espirituais que os auxiliam”
(7).
Alexis Carrel, sob a luz da inspiração, certificou que “quando
oramos, ligamo-nos, nós mesmos, à inexaurível força motriz que aciona o
universo. Pedimos que uma parcela desta força se aplique na devida proporção
das nossas necessidades. Com o próprio ato de pedir, nossas deficiências
humanas são supridas, e erguemo-nos fortalecidos e restaurados”. (8)
Os médicos americanos William Reed (9) e Roger Youmanas, quebrando
os paradigmas e axiomas acadêmicos, defendem a necessidade da oração na hora da
cirurgia. Para Reed o poder da oração pode garantir o sucesso de uma cirurgia,
na atmosfera tensa de uma sala de operação. Quando uma enfermeira lhe passa um instrumento,
o médico diz que faz sempre uma prece. Pede a Deus que o guie, de acordo com os
seus desígnios. Para o cirurgião, a oração cria o clima de calma, necessário para
o trabalho.
William Reed e Youmanas citam o caso de hemorragias subitamente
controladas ou paradas cardíacas prontamente resolvidas. E o próprio Reed teve
prova disso com seu filho de dois anos. A criança estava com pneumonia e de repente
parecia que ia morrer. Salvou-o com respiração artificial, depois que pediu a
Deus para que não tirasse a vida de seu filhinho. Roger Youmanas, cirurgião da Califórnia,
confirma que sempre reza durante 30 segundos quando se vê diante de um caso
difícil. Acredita que a prece em favor de um doente pode ajudar. E acredita que
um cirurgião possa fazer uma operação melhor se tiver inspiração divina. ”(10)
O Cristo disse: “por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes
orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão.” (11) Para nós,
espíritas, a prece se reveste de características especiais, pois a par da
medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o
poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na
mediunidade curadora e a influência da oração. Allan Kardec, ao emitir seus comentários
na questão 662 de O Livro dos Espíritos, afirma que “o pensamento e a vontade
representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa
esfera corporal. A rigor, a eletricidade é energia dinâmica; o magnetismo é
energia estática; o pensamento é força eletromagnética.”(12)
Há pessoas que negam a Eficácia da Prece com o argumento de que,
se Deus conhece as nossas necessidades, desnecessário se torna expô-las.
Acrescentam, tais descrentes, que as nossas súplicas não podem
modificar os designo da Providência, porque todo o Universo está regido por
leis eternas. “Contudo, o Espiritismo nos faz compreender que na oração, sendo
um canal de ligação com o Criador, podemos solicitar, enaltecer e agradecer. As
preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução
dos Seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para
Deus.” (13)
Quando o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no
espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se
estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da
vontade. “É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se
encontrem. “Pela prece, o homem atrai o concurso dos Bons Espíritos, que o vêm
sustentar nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons
pensamentos.” (14)
O mestre de Lyon explana que “a prece do homem de bem tem mais
merecimento aos olhos de Deus, e sempre maior eficácia. Porque o homem vicioso
e mau não pode orar com o fervor e a confiança que só o sentimento da verdadeira
piedade pode dar. Do coração do egoísta, daquele que só ora com os lábios, não
poderiam sair mais do que palavras, e nunca os impulsos da caridade, que dão à
prece toda a sua força.” (15) Porém, quem não se julga suficientemente bom para
exercer uma influência salutar, não deve deixar de orar por outro, por pensar
que não é digno de ser ouvido. “A consciência de sua inferioridade é uma prova
de humildade, sempre agradável a Deus, que leva em conta a sua intenção
caridosa. A prece que é repelida é a do orgulhoso, que só tem fé no seu poder e nos seus
méritos, e julga poder substituir-se à vontade do Eterno.” (16)
Outra questão importante para o tema é a prece coletiva; será que
tem ação mais poderosa? Sim! Quando todos os que a fazem se associam de coração
num mesmo pensamento e têm a mesma finalidade, porque então é como se muitos
clamassem juntos e em uníssono. “Mas que importaria estarem reunidos em grande
número, se cada qual agisse isoladamente e por sua própria conta?
Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou
três, ligadas por uma aspiração comum, orarão como verdadeiros irmãos em Deus,
e sua prece terá mais força do que a daquelas cem.” (17)
"E quando orais, não faleis muito, como os gentios; pois cuidam
que pelo seu muito falar serão ouvidos. Quando orais, não haveis de ser como os
hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas, para serem vistos pelos homens".(18) Por isso que as formas e as fórmulas utilizadas
para a oração se fazem secundárias, sendo indispensável a intenção do
suplicante, cujo propósito estimula o dínamo cerebral a liberar a onda psíquica
vigorosa que lhe conduzirá a vontade. O pensamento, portanto, ligado a Deus, ao
bem, ao amor, ao desejo sincero de ajudar, eis a oração que todos podem e devem
utilizar, a fim de que a paz se instale por definitivo nos corações.
Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
(1) Ganhador do Prêmio Nobel de Medicina por seus trabalhos em
sutura de vasos sanguíneos e autor do livro “O Homem, Esse Desconhecido”
(2) publicado Revista Reader's Digest.Reader's Digest de
fevereiro de 1942
(3) idem
(4) Em 1942 as nações mais ricas da Europa e a própria América,
onde Dr. Carrel vivia, estavam engalfinhadas na Segunda Guerra Mundial
(5) Artigo de Kátia Penteado intitulado Efeitos da Prece na
Saúde : a Ciência confirma a Doutrina Espírita - Nov/2004
(6) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de
Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27
(7) Xavier, Francisco Cândido. Libertação, Rio de Janeiro: Ed
FEB, 1990
(8) publicado Revista Reader's Digest.Reader's Digest de
fevereiro de 1942
(9) William Reed é presidente a Fundação Médica Cristã que
possue mais de 3.000 médicos associados
(10) Publicado na Revista O Espírita setembro / dezembro de
2001, nº 110 Ano XXIII
(11) Mc, XI: 24)
(12) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed.
FEB, 1994, questão 662
(13) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de
Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27
(14) idem
(15) idem
(16) idem
(17) idem
(18) Mt, VI:5
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