Livre-arbítrio e Destino
José Reis Chaves
Livre-arbítrio e destino são questões filosóficas e teológicas
que mais polêmicas têm trazido para os espiritualistas de todos os credos e de
todos os tempos. E, se essas duas questões forem aceitas com base em certas
doutrinas, então é que elas ficam mais polêmicas, ainda.
Santo Agostinho ensinou a verdade de que nosso livre-arbítrio
não é pleno. Mas enganou-se por afirmar que a sua causa seja o pecado original,
que é bíblico, mas também antibíblico (Ezequiel 18,20; Jeremias 31, 29-30; e
Deuteronômio 24,16).
Também para Spinoza o nosso livre-arbítrio é incompleto. Para
ele, temos duas
naturezas: uma divina ou espiritual (“natura naturans”)
determinante e outra humana ou egóica (“natura naturata”), que é determinada.
Isso faz-nos lembrar do que disse o apóstolo Paulo, ou seja, que ele queria
fazer o bem, mas acabava fazendo o mal que não queria (Romanos 7,19).
Temos que estudar muito esses assuntos, para não dizermos
tolices sobre eles. Alguns acham que, por Deus saber o nosso futuro, o nosso
destino já está determinado para nós, e que, portanto, não há livre-arbítrio. E
chegam até a dizer que quem acredita em livre arbítrio, não pode acreditar em
Deus. Isso é um absurdo, pois, por Deus saber o nosso futuro, isso não
significa que Ele quer o que acontecerá conosco. Deus quer que façamos o bem,
mas, justamente porque temos livre-arbítrio, que Ele respeita muito, Ele deixa
que façamos o mal. E é verdade que existe um destino para nós. Mas ele é feito por
nós mesmos, já que colhemos o que plantamos. A colheita é, pois, o nosso
destino ou carma bom ou mau, e que é conhecido por Deus, sim.
Mas mesmo sendo o nosso livre-arbítrio prejudicado pela nossa “natura
naturata” ou ego, com ele nós podemos alterar nosso destino ou carma, com o
amor e as boas ações, que encobrem uma multidão de pecados ou carmas (1 Pedro
4,8; Tiago 5,20; e Provérbios 10,12).
Artigo recebido do autor com autorização de reprodução
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