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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O LIVRO DOS ESPIRITOS - Estudo 43


O Livro dos Espíritos
Livro Primeiro
As Causas Primárias
Capítulo I
Deus
I. Deus e o Infinito
II. Provas da Existência de Deus
III. Atributos da Divindade
IV. Panteísmo

III - Atributos da Divindade - 10 a 13

"(...) 10 - O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?

—Não. Falta-lhe para tanto um sentido.1
  
           Conhecer a natureza de Deus, pressuporia conhecer condições anteriores, espécie, índole, caráter e nesse caso Allan Kardec teria perguntado na questão numero um quem e não que, conforme o já estudado.

           Estes detalhes constitutivos, estruturais do ser, o homem nesse momento evolutivo, não traz em si registros, não dispõe de conhecimentos que lhe permitam penetrar, comparar, estabelecer sínteses racionais para explicar como Deus surgiu,, do que é feito, questionamentos sem condições de serem aclaradas.

           Situações mais próximas de nós, como por exemplo, a origem do homem organicamente falando, ainda giram no campo da especulação com teorias altamente aceitáveis e ainda assim, defrontando-se com correntes que se não rechaçam, questionam.

           Como, envoltos no bom senso, poderíamos penetrar nesse entender claro da natureza de Deus?

           No decorrer desses estudos, destacou-se que a idéia que o homem faz de Deus, é relativa ao grau intelectual do momento evolutivo dos povos sendo diferentes nas diversas raças e regiões que refletiam em si, segundo a idéia aceita, o grau espiritual desse povo, região ou raça.

           Tal fato, identificando em todas as eras da Humanidade, seu estágio de desenvolvimento intelectual falam da idéia relativa que difere do absoluto único e que mostram exatamente ser impossível conceber, definir a personalidade divina.

"(...) Nosso Deus e um Deus ainda desconhecido, qual o era para os Vedas e para os sábios do Areópago em Atenas. A noção de alguns eminentes pais da Igreja cristã e de alguns esclarecidos teólogos modernos, aproxima-se, mais que outras quaisquer, desse Deus Desconhecido. Mas como compreendê-lo, quando nenhum Espírito criado, nem mesmo os anjos (se é que existem) poderiam fazê-lo?".2

           A Doutrina Espírita atem-se à presença de uma Causa Inteligente que dá razão à Vida dinâmica, envolvente, inalienável e permanente do Espírito. Este é o ser inteligente, imortal no qual a presença Dele é força positiva, oferecendo continuamente espaços para o crescimento e desabrochar desse Espírito. A justiça se exerce, não no arbítrio das condenações, privilégios ou intercessões, mas na misericórdia que sustenta a Vida sob ação das leis de Justiça, Amor e Caridade.

"(...) 11 - Será um dia permitido ao homem compreender o mistério da Divindade?

— Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria, e pela sua perfeição tiver se aproximado dela, então a verá e compreenderá. 1

Comenta Allan Kardec:

"(...) A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que o seu senso moral se desenvolve, seu pensamento penetra melhor o fundo das coisas, e ele faz então a seu respeito, uma idéia mais justa e mais conforme com a boa razão, embora sempre incompleta". 1

"(...) 12 - Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma idéia de algumas de suas perfeições?

—Sim, de algumas. O homem as compreende melhor, à medida que se eleva sobre a matéria; ele as entrevê pelo pensamento". 1

           Se nesse momento não se consegue definir, descrever, circunscrever Deus por não dispor de elementos para configurá-lo, tem, entretanto o homem condições para imaginar como não pode ser e com as qualidades que deve possuir. Nesse sentido, dá atributos, características qualitativas que lhe fornecem subsídios para formar idéias sobre Seu caráter essencial.

"(...) Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação".3

           O homem assim, atribui qualificações, condições propriedades, que numa escala de valores permite-lhe distinguir, avaliar, imaginar dotes, dons, virtudes, disposição moral, intelectual, aspectos sensíveis enfim que não podem ser medidos. Usa para isso, vocábulos, expressões, superlativos que exprimem uma qualidade na significação elevada ao mais alto grau.

Bibliografia:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - q. 10
2. FLAMMARION , Camille. Deus na Natureza - cap. IV
3. KARDEC, Allan. A Gênese - cap. II – 8

Leda Marques Bighetti
Janeiro / 2005

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