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domingo, 30 de novembro de 2008

Aprendendo a amar

MARLENE FAGUNDES CARVALHO GONÇALVES 
de Ribeirão Preto, SP 

"O amor (…), esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". ¹ 

Temos aprendido na Doutrina Espírita que todos nós trazemos, no fundo de nossas almas, o amor, talvez de forma ainda incipiente, mas já presente, como legado de Deus para nós, seus filhos. Fenélon, no Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que "O amor é essência divina. Desde o mais elevado até o mais humilde, todos vós possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado." ²

Falta-nos, então, saber como alimentar tal centelha, como transformá-la naquele sol interior que nos aproxima de nossos semelhantes, permitindo-nos sentir uma felicidade e a sensação de proximidade com Deus. Como transformar aquele amor egoísta por nossos filhos e familiares, ou até mesmo por nossas coisas materiais, num amor poderoso, capaz de transformar o mundo?

Humberto de Campos, no maravilhoso livro Boa Nova ³, traz algumas lições que ele próprio diz ter aprendido em uma das Escolas do Evangelho, no plano espiritual. Dos milhares de episódios que por lá circulam, sobre a passagem de Jesus na Terra, ele apresenta trinta casos, repletos de ensinamentos. A síntese de todos eles: o amor.

Mas vamos refletir sobre um episódio especial, que traz essa lição de amor com extrema beleza: Maria.

O autor conta que Maria estava ao pé de Jesus, na cruz, no momento extremo de sua agonia. Ela relembrava todos os momentos por que passara junto àquele que deu à vida por todos nós: lembrava do seu nascimento, de sua infância, do amor infinito que ele trazia a todos. Embora resignada e aceitando a vontade de Deus, em seu íntimo sofria ao ver tal agonia. João, o apóstolo, junto a ela, buscava também a luz do olhar do Mestre querido, ambos em profundo desalento. "– Meu filho! Meu amado filho!… – exclamou a mártir, em aflição diante da serenidade daquele olhar de melancolia intraduzível. O Cristo pareceu meditar no auge de suas dores, mas, como se quisesse demonstrar, no instante derradeiro, a grandeza de sua coragem e a sua perfeita comunhão com Deus, replicou com significativo movimento dos olhos vigilantes: – Mãe, eis aí teu filho!… – E dirigindo-se, de modo especial, com um leve aceno, ao apóstolo, disse: – Filho, eis aí tua mãe!" (Boa Nova, pág. 198) ³.

Maria põe-se a chorar, e João entendeu ali, naquele momento, a lição de Jesus: o amor não deveria restringir-se ao círculo familiar, mas expandir-se para toda humanidade, como amor universal.

Algum tempo depois, sem esquecer daquele momento mágico, João e Maria, como filho e mãe, juntos em Éfeso desenvolveram um trabalho belíssimo. Maria contava a todos suas lembranças da vivência com Jesus, seus exemplos e atitudes. João comentava as lições do evangelho.

Mas, mais que isso, era o amor que estava sendo expandido. Maria era vista como mãe de todos, e assim a chamavam: mãe santíssima. Cada criatura que a procurava com dores, sofrimentos, doenças ou desespero era recebida por ela, que sempre tinha um bálsamo para todos. Aquela confiança filial que lhe dedicavam era um tesouro do coração, trazendo-lhe paz e felicidade. Maria conseguiu ampliar aquele sentimento que nutria por seu filho, alcançando todos aqueles irmãos necessitados que a buscavam.

Ela punha em prática a lição do Evangelho, na qual Fenélon ensina: "para praticar a lei do amor, como Deus a quer, é necessário que chegueis a amar, pouco a pouco, e indistintamente, a todos os vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas será realizada. Deus o quer". ²

E nós, que estamos longe ainda de tal modelo de ação e renúncia? Podemos começar devagar, construindo esse amor, através de pequenos atos para com aqueles que não nos são caros ainda, mas que convivem de alguma forma conosco: proporcionando a eles alguma alegria, buscando compreender as razões das suas ações, deixando de ser tão intransigente, e, claro, tentar atender aquela máxima: fazer aos outros aquilo que gostaria que fizessem a você!

Ao provocar essas mudanças, nossas relações com essas pessoas vão se alterando, os nossos sentimentos vão se depurando, o amor vai crescendo e se instalando, nos aquecendo e transformando-se ele próprio naquele foco ardente, capaz de alcançar todos à nossa volta.

Toda mudança exige um tempo, persistência, e trabalho. Por que essa, a mais importante, seria diferente?

Essa tentativa já seria um bom começo para o trabalho de desenvolver aquele germe de amor, depositado em nosso coração. Seria também um primeiro passo para um mundo melhor, pois, como dizia Fenélon ²: "Os efeitos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrena (…) Este é um imã a que ele não poderá resistir, e o seu contato vivifica e fecunda os germes dessa virtude, que estão latentes em vossos corações".

Fenélon termina sua mensagem fazendo um apelo: "Queridos irmãos, utilizai como proveito essas lições: sua prática é difícil, mas delas retira a alma imenso benefício. Crede-me, fazei o sublime esforço que vos peço: 'Amai-vos', e vereis, muito em breve, a Terra modificada tornar-se um novo Eliseu, em quem as almas dos justos virão gozar o merecido repouso". ² 

Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XI, item 8.

2. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XI, item 9.

3. XAVIER, Francisco. C., pelo Espírito Humberto de Campos. Boa Nova. FEB. Cap. 30. 

Janeiro de 2006, edição n°. 240

Jornal Eletrônico Verdade e Luz

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A Missão de Allan Kardec

O Consolador prometido por Jesus em sua última ceia (João, XIV, 15,16,17 e 26) veio, na época oportuna, inaugurar uma nova era para a Humanidade: a era de sua regeneração. "Somente após a conquista, pelos próprios homens, das liberdades essenciais – liberdade de pensamento, de expressão, de reunião – que a Revolução Francesa conquistou à custa de muito sacrifício… seria possível a vinda e permanência da Doutrina Consoladora."(1) Acrescente-se a esse momento histórico o surgimento, na Europa, de algumas filosofias materialistas" que as religiões tradicionais, com seus desvios e dogmas impróprios"(1) não estavam aptas a combater e ficará claro por que o século XIX foi a época oportuna para o advento do Espiritismo.

O missionário do Cristo Jesus que haveria de cumprir-LHE a promessa, reencarnou na França, em 03 de outubro de 1804, recebendo o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail, hoje mundialmente conhecido como Allan Kardec, pseudônimo com que assinou as obras básicas da Codificação Espírita.

Em verdade, o Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos, pois foram estes que, espontaneamente, vieram mostrar a outra face da vida, depois da morte do corpo. Sim, os espíritos, "que são as vozes do céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários."(2) A missão de Allan Kardec foi definir a teoria a partir da fenomenologia e colocá-la pedagogicamente ao alcance de todos, visando à transformação moral da Humanidade.

Hoje, "quando as nações confundem supremacia tecnológica com evolução espiritual"(1), é oportuno lembrar Kardec e agradecer-lhe a grande esperança de regeneração que a Doutrina Espírita representa para a Humanidade. 

(1) REFORMADOR abril/2005 – artigo de Juvanir Borges de Souza

(2) Evangelho Segundo o Espiritismo

Setembro de 2005, edição n°. 236

Jornal Eletrônico Verdade e Luz

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A faxina nossa de cada dia

ADEILSON SILVA SALLES
de Guarujá, SP

O asseio pessoal é fator importante para nossa apresentação onde quer que estejamos.

A apresentação conta muito em todos os setores da atividade humana. Na busca de um emprego, na escola, no trabalho, etc…

Não podemos descurar dos cuidados que o corpo físico necessita, afinal, nosso corpo é nossa primeira habitação no mundo.

O que aconteceria se um centro cirúrgico não apresentasse as condições de assepsia adequadas?

Quais as conseqüências para um restaurante, se sua cozinha não fosse limpa quotidianamente?

Como iríamos transitar nas ruas se a coleta de lixo não acontecesse?

Se nossa casa não passasse pela faxina semanal, certamente não apresentaria condições de habitação.

Tudo isso é verdade, mas, precisamos atentar para um outro tipo de limpeza que temos muita dificuldade em realizar.

Trata-se da faxina mental, a limpeza psíquica, o cuidado com a mente.

Atordoado pela vida moderna, o homem permite que vários detritos psíquicos se amontoem não restando espaço para a paz, tão necessária para uma vida mais feliz.

Esquecemo-nos que o corpo sempre repercute, o estado de lucidez ou enfermidade do espírito que está domiciliado temporariamente nele.

Todo pensamento edificante aciona células neuro-transmissoras que produzem enzimas benfazejas, capazes de proporcionar o bem estar físico.

Pensamentos tormentosos desejos angustiantes, ao contrário, levam o homem a intoxicar-se de enzimas que provocam o desconforto emocional e a conseqüente infelicidade.

A dona de casa operosa sempre lança mão de produtos de limpeza que lhe permitem manter o lar higienizado para que a família desfrute de uma vida mais saudável.

O produto para limpeza mental, mais eficaz contra as bactérias e microrganismos energéticos criados por nosso pensamento invigilante sem dúvida nenhuma é a oração.

Não aquela fórmula repetitiva ditada por muitos religiosos. Precisamos desmistificar a oração, a prece é, acima de tudo, silêncio em nós mesmos, para que possamos tirar o lixo psíquico de baixo do tapete e varrê-lo para fora de nossa mente.

A prece é antes de tudo, abrir a alma para o divino.

É a conversa intima que todos podemos ter com o Criador, sem a necessidade de nenhum religioso como representante.

Orar é mudar de canal, deixar a tormenta e experimentar a calmaria.

Para isso, quando em oração, não precisamos de demonstrações exteriores, se não silenciarmos nossa alma não conseguiremos o êxito anelado.

Assim como nos higienizamos fisicamente para as lutas de cada dia, é fundamental que façamos a assepsia nas horas mais difíceis através de um estado mental mais elevado; orando.

Existe um brocardo popular que diz: "Por fora bela viola, por dentro, pão bolorento".

Esqueça-se dos faxineiros contratados, essa é uma casa que só nós possuímos a chave.

Ore, trabalhe e seja feliz!

Setembro de 2005, edição n°. 236

Jornal Eletrônico Verdade e Luz

USE de Ribeirão Preto

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A Importância da Caridade

JORGE JOSSI WAGNER
de Ribeirão Preto, SP

A Caridade é uma qualidade que faz do seu portador uma pessoa mais feliz, compreensiva e benevolente. A caridade é uma virtude que traz enormes benefícios para quem a pratica. Ao ser caridoso, a pessoa se aproxima da máxima ensinada por Jesus de amor ao próximo, de ver em todas as criaturas irmãos em busca do caminho para a evolução e o crescimento moral. A caridade está muito acima da esmola. A verdadeira caridade está em procurar compreender o que se passa ao nosso redor. É respeitar opiniões diferentes da nossa. É saber ouvir respeitosamente o que estão nos contando. É participar da vida da família, estando presente em todos os momentos, sejam eles positivos ou negativos. É não se furtar a ceder quando ninguém está disposto a isso.

No Livro dos Espíritos, questão 886, Allan Kardec elucida que "A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. O verdadeiro homem de bem procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos".

A caridade deve estar presente em todos os atos de nossa vida. Como somos seres sociais, toda a nossa vida estará atrelada à convivência com os nossos semelhantes, surgindo então, em todos os nossos atos a oportunidade valiosa de praticarmos a caridade, seja estendendo benefícios materiais, seja espalhando amor e compreensão.

Muitas vezes as pessoas por não compreenderem o verdadeiro significado das palavras perdem valiosas oportunidades de crescimento. Em relação à caridade, quantos dizem que não a praticam por serem muito pobres, portanto sem recursos financeiros para ajudar o próximo. Esperam então ganhar um prêmio para então praticar a caridade. Ora, ser caridoso é muito mais simples do que geralmente se pensa. Não precisamos nem sair de nossa casa para isso. Estar presente, dialogando com nossos familiares é uma forma de praticar a caridade. Compreender as falhas alheias ou não fazer julgamentos também é ser caridoso. Falar com doçura, usando palavras carinhosas e com um tom de voz equilibrado, também é praticar a caridade. No trabalho, cumprindo as regras estabelecidas, tais como: ser pontual, honesto e correto em todas as atitudes, tanto em relação aos colegas de trabalho quanto ao uso adequado das ferramentas ao seu dispor, também é ser caridoso.

Na rua, respeitando as leis de trânsito, os direitos dos pedestres não sujando as vias públicas, significa estar de acordo com os ensinamentos da caridade.

A vida, em todas as suas circunstâncias, nos apresenta as oportunidades certas para praticarmos a caridade. Para sermos caridosos é preciso vencer o orgulho e o egoísmo, dois vícios contrários à caridade. A caridade exige boa vontade sempre, e isso depende da determinação de cada um. Respeitando os direitos dos semelhantes, já é um bom início para nos tornarmos, a cada dia, um pouco mais caridosos. 

Bibliografia:

O Evangelho segundo o espiritismo – Allan Kardec 

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec 

Pérolas do Além – Emmanuel

Julho de 2005, edição n°. 234

Jornal Eletrônico Verdade e Luz

Sempre Jesus

JORGE JOSSI WAGNER
de Ribeirão Preto, SP
jorgewa@estadao.com.br

Final de ano, época em que os corações estão mais suaves, as mentes voltadas para o próximo com as lembranças de presentes, de festas e reuniões com amigos e familiares. É tempo de trabalhar ainda mais, recuperar-se dos percalços do ano, se preparar para o ano novo que se aproxima. As lembranças de Jesus são mais fortes, mais emocionantes, nos sentimos mais perto dele e também o sentimos mais próximo de nós. Falar de Jesus enche os corações de luz, paz, calma e amor. O nosso grande mestre fala mais suavemente dentro de nós. Seus exemplos se tornam mais vivos, sua presença é mais forte. Por que nos sentimos assim? Na verdade, o tempo nos faz entender um pouco mais o que verdadeiramente Jesus representa para todos nós. Somente a chegada da maturidade nos faz enxergar com mais clareza o quanto Jesus é importante para todos.

O espiritismo resgatou para a humanidade este nosso irmão, maior exemplo que Deus nos enviou para nos servir de guia e modelo. Demoramos muito para compreender a grandeza do mestre, ainda assim, estamos muito longe de perceber ou entender a sua envergadura moral na sua inteireza. Jesus, com seus ensinamentos transformou o mundo, se bem que, poucos ainda o perceberam. Graças a Jesus pudemos compreender que Deus é um Pai de amor, justo e amoroso. Quer o nosso bem em todas as circunstâncias e nos dará todas as oportunidades para o nosso progresso.

Este é Jesus, o mestre que é a porta de entrada para a nossa mudança e progresso. É a luz do mundo, dissipando as trevas causadas pelas nossas imperfeições. Com Jesus aprendemos que é preciso amar ao próximo como a nós mesmos. Isso quer dizer que é necessário respeitar o nosso semelhante, vendo nele alguém que, como nós busca também encontrar o caminho para o crescimento. E este caminho são os exemplos de Jesus, que aqui veio falar e mostrar como se faz para viver em paz na sociedade. Jesus encontrou obstáculos pelo caminho, mas, os retirou usando de bom senso, perseverança e amor. Quando Judas o entregou aos soldados, chamou-o de irmão; quando Pedro disse que jamais o abandonaria, sorriu; enquanto expirava na cruz, pedia ao Pai que nos perdoasse e que em Suas mãos entregava-se.

Assim é Jesus: amoroso, amigo, compreensivo, paciente, terno, inteligente, pronto a nos ajudar, seja em que ocasião for.

Que benção para nós que podemos entender cada vez mais, um pouco do que Jesus representa para a humanidade. Ele que foi o primeiro a falar da vida futura, que todos nós alcançaríamos o progresso, uns mais cedo outros mais tarde, mas que pela bondade de Deus e através dos nossos esforços seremos felizes.

Compreendemos um pouco mais que Jesus continua entre nós, como prometera. Que permanece firme na direção da Terra. Que o seu amor inesgotável está em nós. E, amando, trabalhando e servindo, são as melhores formas de mostrar ao nosso irmão maior que as suas lições foram ouvidas. Que a sua contribuição para a nossa vida é cada vez mais importante.

Lembrando das palavras de Cairbar Schutel, dizemos amorosamente: "Recebe, Senhor e Mestre, o mais intenso tributo de gratidão e amor".

Dezembro de 2005, edição n°. 239

Jornal Eletrônico Verdade e Luz

USE de Ribeirão Preto

Intermunicipal de Ribeirão Preto - Caixa Postal, 827 - 14001-970 - Ribeirão Preto, SP        

HÁBITOS INFELIZES

Usar pornografia ou palavrões, ainda que estejam supostamente na moda.

Pespegar tapinhas ou cutucões a quem se dirija a palavra.

Comentar desfavoravelmente a situação de qualquer pessoa.

Estender boatos e entretecer conversações negativas.

Falar aos gritos.

Rir descontroladamente.

Aplicar franqueza impiedosa a pretexto de honorificar a verdade.

Escavar o passado alheio, prejudicando ou ferindo os outros.

Comparar comunidades e pessoas, espalhando pessimismo e desprestígio.

Fugir da limpeza.

Queixar-se, por sistema, a propósito de tudo e de todos.

Ignorar conveniências e direitos alheios.

Fixar intencionalmente defeitos e cicatrizes do próximo.

Irritar-se por bagatelas.

Indagar de situações e ligações, cujo sentido não possamos penetrar.

Desrespeitar as pessoas com perguntas desnecessárias.

Contar piadas suscetíveis de machucar os sentimentos de quem ouve.

Zombar dos circunstantes ou chicotear os ausentes.

Analisar os problemas sexuais seja de quem seja.

Deitar conhecimentos fora de lugar e condição, pelo prazer de exibir cultura e competência.

Desprestigiar compromissos e horários.

Viver sem método.

Agitar-se a todo instante, comprometendo o serviço alheio e dificultando a execução dos deveres próprios.

Contar vantagens, sob a desculpa de ser melhor que os demais.

Gastar mais do que se dispõe.

Aguardar honrarias e privilégios.

Não querer sofrer.

Exigir o bem sem trabalho.

Não saber agüentar injúrias ou críticas.

Não procurar dominar-se, explodindo nos menores contratempos.

Desacreditar serviços e instituições.

Fugir de estudar.

Deixar sempre para amanhã a obrigação que se pode cumprir hoje.

Dramatizar doenças e dissabores.

Discutir sem racionar.

Desprezar adversários e endeusar amigos.

Reclamar dos outros aquilo que nós próprios ainda não conseguimos fazer.

Pedir apoio sem dar cooperação.

Condenar os que não possam pensar por nossa cabeça.

Aceitar deveres e largá-los sem consideração nos ombros alheios.

Livro Sinal Verde – Espírito André Luiz
Psicografia – Francisco Candido Xavier       

2 - CURSO DE NO MUNDO MAIOR

RESUMO DO CAPÍTULO 1 (ENTRE DOIS PLANOS):

 

1 – A MEDITAÇÃO POÉTICA DE ANDRÉ LUIZ: (13/14)

 

·         A DESCRIÇÃO DA PAISAGEM

·         A SOLIDÃO IMPONENTE DA LUA CHEIA INFUNDIA-LHE UMA GRANDE MELANCOLIA, POR SUA MAJESTOSA BELEZA

·         A IDÉIA DE DEUS ENVOLVIA-ME O PENSAMENTO

·         O AMBIENTE ACOMPANHARA A EVOLUÇÃO TERRENA E SUAS CIVILIZAÇÕES

·         A LUA, SOLITÁRIA E DE BRANCURA, TRAZIA-NOS A IDÉIA DA TRANQUILIDADE DA LEI DIVINA

 

2 – O ASSISTENTE CALDERARO DISSEMINAVA OS OBJETIVOS DO TRABALHO: (14)

 

·         ANÚNCIO DOS TRABALHOS DO INSTRUTOR EUSÉBIO

 

3 – A DESCRIÇÃO DE EUSÉBIO: (14/15)

 

·         ABNEGADO DEFENSOR DO AMOR CRISTÃO, EM SERVIÇO DE AUXÍLIO A COMPANHEIROS NECESSITADOS

·         COM VASTÍSSIMOS CRÉDITOS PELA SUA DEDICAÇÃO NO MINISTÉRIO DO SOCORRO ESPIRITUAL

·         CONSAGRADO INTEIRAMENTE AOS FAMINTOS DE LUZ

·         SUPERINTENDENTE DE ORGANIZAÇÂO DE ASSISTÊNCIA EM ZONA INTERMEDIÁRIA

·         ORGANIZAÇÃO CHEIA DE ALMAS SITUADAS ENTRE AS ESFERAS INFERIORES E AS SUPERIORES, COM IMENSIDÃO DE PROBLEMAS E DE INDAGAÇÕES DE TODA A ESPÉCIE, A REQUERER PACIÊNCIA E SABEDORIA

·         ENCONTRAVA TEMPO PARA DESCER, SEMANALMENTE, À CROSTA, SATISFAZENDO INTERESSES IMEDIATOS DE APRENDIZES QUE SE CONDIDATAVAM AO DISCIPULADO, SEM RECURSOS DE ELEVAÇÃO PARA VIR AO ENCONTRO DE SEU VERBO ILUMINADO, NA SEDE SUPERIOR.

 

4 – O PAPEL DE CALDERARO: (15)

 

·         PRESTAVA SERVIÇO ATIVO NA CROSTA, ATENDENDO, DE MODO DIRETO, AOS IRMÃOS ENCARNADOS

·         ESPECIALIZARA-SE NA CIÊNCIA DO SOCORRO ESPIRITUAL = “PSIQUIATRIA ILUMINADA”

 

5 – AS RAZÕES DE ANDRÉ LUIZ: (15)

 

·         DISPUNHA DE UMA SEMANA SEM OBRIGAÇÕES DEFINIDAS

·         SOLICITOU INGRESSO NA TURMA DE ADESTRAMENTO

 

6 – OS CASOS ATINENTES AO TRABALHO DE CALDERARO: (16)

 

·         NÃO APRESENTAVAM CONTINUIDADE

·         CONSTITUIAM OBRA DE IMPROVISO

·         OBEDECIAM AO INOPINADO DE SERVIÇO OU DAS SITUAÇÕES

·         AS NORMAS DIFERIAM EM CADA CASO

·         SEM PROGRAMAS TRAÇADOS PREVIAMENTE

·         EXECUTAVA OS DEVERES QUE LHE COMPETIAM<>

·         SOCORRO IMEDIATO AOS INFELIZES, EVITANDO-SE A LOUCURA, O SUICÍDIO E OS EXTREMOS DESASTRES MORAIS

 

7 – QUALIFICAÇÕES EXIGIDAS DE CALDERARO: (16)

 

·         CONHECER PROFUNDAMENTE O JOGO DAS FORÇAS PSÍQUICAS

·         ACENDRADO DEVOTAMENTO AO BEM DO PRÓXIMO

·         A BONDADE ESPONTÂNEA LHE ERA INDÍCIO DA VIRTUDE

·         A INQUEBRANDÁVEL SERENIDADE REVELAVA-LHE A SABEDORIA

 

8 – IDENTIFICAÇÃO ENTRE ANDRÉ LUIZ E CALDERARO: (16)

 

·         GRANDE AFINIDADE – ESTABELECEU-SE UMA SADIA INTIMIDADE

·         PERMUTAVAM IMPRESSÕES COMO VELHOS AMIGOS

 

9 – O AMBIENTE DO TRABALHO: (16/17/18)

 

·         UM EXTENSO PARQUE, EM PLENA NATUREZA TERRESTRE

·         ALGUMAS CENTENAS DE COMPANHEIROS, TEMPORARIAMENTE AFASTADOS DO CORPO FÍSICO PELO SONO

·         CRIATURAS RECÉM-LIBERTAS DA ZONA FÍSICA

·         APROXIMADAMENTE 1.200 PESSOAS – OITENTA POR CENTO DE APRENDIZES DE CASAS ESPÍRITAS, AINDA INAPTOS AOS GRANDES VOOS DO COINHECIMENTO – COM ELEVADO POTENCIAL DE VIRTUDES – AINDA PADECEM DESARMONIAS E ANGÚSTIAS

·         OS DEMAIS SÃO COLABORADORES DO PLANO ESPIRITUAL

 

10 – DÚVIDAS DE ANDRÉ LUIZ: (18/19)

 

·         QUE TERIA ANDRÉ LUIZ REALIZADO NO MUNDO FÍSICO SE RECEBESSE, EM OUTRO TEMPO, AQUELA BENDITA OPORTUNIDADE?

·         TERIAM A NOÇÃO DO SUBLIME ENSEJO QUE LHES APRAZIA?

·         APROVEITARIAM A DÁDIVA COM SUFICIENTE COMPREENSÃO DOS VALORES ETERNOS?

·         MARCHARIAM DESASSOMBRADOS PARA FRENTE OU ESTACIONARIAM AO CONTASTO DOS PRIMEIROS ÓBICES?

 

11 – AS PONDERAÇÕES DE CALDERARO SOBRE AS DÚVIDAS DE ANDRÉ LUIZ: (19)

 

·         ESSA TURMA DE TRABALHO SE DEDICA, ESSENCIALMENTE, À MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO

·         A MODIFICAÇÃO DO PLANO MENTAL DAS CRIATURAS NINGUÉM JAMAIS A IMPÕE: É FRUTO DE TEMPO, DE ESFORÇO E DE EVOLUÇÃO

·         O PROGRESSO MATERIAL ATORDOA A ALMA DO HOMEM DESATENTO – GRANDES MASSAS, HÁ SÉCULOS, PERMANECEM DISTANCIADAS DA LUZ ESPIRITUAL

·         A HUMANIDADE DE AGORA SE DEFRONTA COM IMPLACÁVEL EXIGÊNCIA DE ACELERADO CRESCER MENTAL

·         O ACASO NÃO OPERA PRODÍGIOS

·         PARA QUE O HOMEM FÍSICO SE CONVERTA EM HOMEM ESPIRITUAL, O MILAGRE EXIGE MUITA COLABORAÇÃO DA PARTE DO MUNDO ESPIRITUAL

 

12 – A PRESENÇA DO MISSIONÁRIO EUSÉBIO NO RECINTO: (20)

 

·         LADEADO POR SEIS ACESSORES, TODOS ENVOLTOS EM HALOS DE INTENSA LUZ

·         EUSÉBIO NÃO EXIBIA OS TRAÇOS DE VENERÁVEL VELHICE – MOSTRAVA-SE-NOS COM A FIGURA DOS HOMENS ROBUSTOS – OLHOS ESCUROS E TRANQUILOS (COM IMENSO PODER MAGNÉTICO)

·         OS TRABALHADORES ESPIRITUAIS TECIAM, COM FIOS DE LUZ, EM DERREDOR, ISOLANDO-NOS DE QUALQUER ASSÉDIO EVENTUAL DAS FORÇAS INFERIORES

·         VESTINDO UMA TÚNICA AMPLA, DE TOM VERDE-CLARO, EUSÉBIO EMITIA ESMERALDINAS CINTILAÇÕES, INFUNDINDO VENERAÇÃO E CARINHO, CONFIANÇA E PAZ

 

13 – ORAÇÃO DE EUSÉBIO: (21/22)

 

            COMENTAR O CONTEÚDO DA ORAÇÃO

 

14 – EFEITO DA PRECE DE EUSÉBIO: (22/23)

 

·         UMA CLARIDADE DIFERENTE CAÍA SOBRE NÓS, EM JORROS CRISTALINOS

·         PARTÍCULAS SEMELHANTES A PRATA ETERIZADA CHOVIAM NO RECINTO

·         ANDRÉ LUIZ REPAROU QUE SUAS FORÇAS SERENAVAM GRADUALMENTE EM RECEPTIVIDADE MARAVILHOSA – SUBLIME FELICIDADE INUNDAVA-LHE TODO O SER, MERGULHANDO-O EM INDEFINÍVEL BANHO DE ENERGIAS RENOVADORAS

·         RECONHECIA NA PRECE, MAIS UMA VEZ, NÃO SÓ A MANIFESTAÇÃO DA REVERÊNCIA RELIGIOSA, SENÃO TAMBÉM O RECURSO DE ACESSO AOS INESGOTÁVEIS MANANCIAIS DO DIVINO PODER

 

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20 - A GÊNESE

OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC

O BEM E O MAL


Origem do bem e do mal

 Certo. O mal existe. O mal que observamos, contudo, não pode ter sua origem em Deus. Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele vem há de participar de seus atributos. Sendo infinitamente sábio justo e bom, nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto.

           Resta saber se o mal está nas atribuições de um ser especial, quer o chamemos de Arimane ou de Satanás. Se o mal estivesse nas atribuições de um ser especial, ou ele seria igual a Deus, e, por conseguinte tão poderoso quanto este, e de toda eternidade como ele, ou lhe seria inferior.

           Na primeira hipótese haveria duas potências rivais, incessantemente em luta, procurando cada uma desfazer o que fizesse a outra, contrariando-se mutuamente, hipótese esta inconcebível com a unidade de vistas que se revela na estrutura do Universo.

           Na segunda hipótese, sendo inferior a Deus, aquele ser estaria a ele subordinado. Não podendo existir de toda a eternidade como Deus, sem ser igual a este, teria tido um começo. Se fora criado, só poderia ter sido por Deus, que, então houvera criado o Espírito do mal, o que implicaria a negação da bondade infinita.


           Entretanto, o mal existe e tem uma causa.

           Os males de toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos que lhe independem da vontade. Entre os males que o homem não pode evitar incluem-se os flagelos naturais.

O homem, cujas faculdades são restritas, não pode penetrar, nem compreender o conjunto dos desígnios do Criador; aprecia as coisas do ponto de vista da sua personalidade, dos interesses decorrentes dos fatos e das convenções que criou para si mesmo e que não constituem a ordem da Natureza. Por isso é que, muitas vezes lhe parece mau e injusto aquilo que consideraria justo o admirável, se lhe conhecesse a causa, o objetivo, o resultado definitivo. Pesquisando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, verificará que tudo traz a marca da sabedoria, mesmo com relação ao que lhe não seja compreensível.

           O Homem recebeu uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível afastar, anular ou, pelo menos, atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Com uma organização sábia e previdente, chegará mesmo a lhes neutralizar as conseqüências, quando não possam ser inteiramente evitados. Assim, com referência, até, aos flagelos ou seja, fenômenos naturais que causam dano no presente mas que têm certa utilidade para a ordem geral da Natureza e para o futuro, facultou Deus ao homem os meios de lhes paralisar os efeitos. 

           Assim é que ele saneia as regiões insalubres, imuniza contra a proliferação das doenças, fertiliza terras áridas e se esforça por preservá-las das inundações; constrói habitações mais salubres, mais sólidas para resistirem aos ventos tão necessários à purificação da atmosfera e se coloca ao abrigo das intempéries. É assim, finalmente, que, pouco a pouco, a necessidade lhe fez criar as ciências, por meio das quais melhora as condições de habitabilidade do globo e aumenta o seu próprio bem-estar.

           Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercícios da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso.

           Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, e da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das discórdias, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.

           As leis de Deus são plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. E em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias, e profetas e de todos os Espíritos encarnados que nada mais são que outros homens em maior grau de adiantamento moral que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder.

           Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhor as condições materiais da sua existência. 

           Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira.

E evitá-la-á o homem, se cumprir as leis divinas. Por exemplo: Deus pôs limite à satisfação das necessidades: desse limite a saciedade adverte o homem; se este o ultrapassa, fá-lo voluntariamente. As doenças, as enfermidades, a morte, que daí podem resultar, provêm da sua imprevidência, não de Deus.

           Decorrendo, o mal, das imperfeições do homem e tendo sido este criado por Deus, dir-se-á, Deus não deixa de ter criado, se não o mal, pelo menos, a causa do mal; se houvesse criado perfeito o homem, o mal não existiria.

Se fora criado perfeito, o homem fatalmente penderia para o bem. Ora, em virtude do seu livre-arbítrio, ele não pende fatalmente nem para o bem, nem para o mal. Quis Deus que ele ficasse sujeito à lei do progresso e que o progresso resulte do seu trabalho, a fim de que lhe pertença o fruto deste, da mesma maneira que lhe cabe a responsabilidade do mal que por sua vontade pratique. A Questão, pois, consiste em saber-se qual é, no homem, a origem da sua propensão para o mal.

           Estudando-se todas as paixões e, mesmo todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximo da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria.

           O Espírito tem por destino a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, somente a exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas, uma vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. Muita coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O mal é pois relativo e a responsabilidade é proporcionada ao grau de adiantamento.

           Todas as paixões têm, portanto, uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal.

Denizart Castaldeli 

Novembro / 2003