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terça-feira, 11 de novembro de 2008

40 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

ITENS 8 a 10: CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES

      Como vimos, em geral, as causas das aflições deste mundo podem estar na vida atual e nas vidas anteriores, visto que todos os Espíritos estão sujeitos às leis divinas, não havendo ninguém que escape à justiça divina.

      Através da vidas sucessivas, em mundos materiais, vai o Espírito, no seu desenvolvimento, fazendo escolhas que contrariam as leis divinas e, como tem qualificações para ser responsável pelas suas ações, sofre as sanções implícitas nessas leis, afim de corrigir as falhas e suas conseqüências, aprender com elas e continuar sua evolução.

      As reencarnações na Terra, mundo de expiações e provas, têm pois, como finalidades sofrer as conseqüências das faltas cometidas, repará-las e aprender com elas, evitando-se as causas que lhes deram origem, e assim, continuar evoluindo com menos sofrimentos e mais segurança.

      Existe pois, um planejamento de vida a cada reencarne. Enquanto Espírito ainda embrutecido, a reencarnação lhe é imposta, e Espíritos mais adiantados, escolhem o gênero de experiências mais adequadas ao seu crescimento espiritual.

      A partir porém, de um certo grau de entendimento, os que se arrependem e desejam corrigir suas faltas, aproveitar melhor uma nova reencarnação, amparados e aconselhados por Espíritos especializados e amigos seus, escolhem e aceitam o gênero de experiências pelas quais devem passar, a fim de expiar suas faltas, ressarci-las, para poder continuar sua evolução.

      É assim que a justiça e a misericórdia de Deus se manifestam nas suas leis, dando a todos as oportunidades de aprendizado nos acertos e nas falhas, porque "Assim pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos." ( Mateus, 18:14)

      Mas será que essas explicações valem para todas as atribulações do viver na Terra? Elas são sempre conseqüências de faltas cometidas nesta ou em outras existências anteriores?

Não. Kardec explica que muitas dessas aflições são provas escolhidas por Espíritos que as pedem para apressar seu adiantamento ou para terminar sua purificação.

      O conhecimento desse fato é importante para não julgarmos todo sofrimento como resultado de faltas, como expiação.

      Que é expiação? É sofrer as conseqüências de faltas cometidas. É passar pelos mesmos sofrimentos causados a si e/ou aos outros, na infringência da lei do Bem. Tem por objetivo, despertar no espírito culpado a consciência do sofrimento que provocou com suas ações, reparar os males causados por elas, perceber o porquê dessas ações, corrigir-se na eliminação dos sentimentos e emoções negativas que as originaram, prosseguindo sua evolução em melhores condições.

      Provações são testes de avaliação do aprendido. Passar pelas mesmas dificuldades, que deram origem às ações negativas, para resolvê-las, sem ferir a ninguém, usando-as para o desenvolvimento das suas qualificações intelectuais e morais.

      Por isso, Kardec informa que "a expiação serve sempre de provas, mas a prova nem sempre é uma expiação. Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não precisa ser provado."

      Um Espírito pode portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto mais recompensado se sair vitorioso, quanto mais penosa tiver sido a luta. Esses são, mais especialmente, os casos das pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de sentimentos nobres inatos, que parecem nada trazer de mau de sua precedente existência e que sofrem com resignação cristã as maiores dores, pedindo forças a Deus para suportá-las sem reclamar.

      "Podem-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam reclamações e levam o homem à revolta contra Deus."

      Desse modo, entende-se que as existências expiatórias podem também ser de provações se quem as sofre, aceita - as como necessárias e não se revoltam contra elas.

"Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira como o suportamos é a prova." *

"As misérias daqui são pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento." *

      Sempre presente a ação do livre arbítrio na escolha das reações às vicissitudes da vida. Compreendidas assim, essas vicissitudes se constituem no tratamento adequado a espíritos rebeldes às leis do bem.

      Se agora queremos alcançar nosso aperfeiçoamento, como rebeldes que ainda somos, temos de considerá-las como benéficas, necessárias e indispensáveis, pois sem elas não despertaríamos para o esforço do aprendizado no bem. Permaneceríamos embrutecidos, estacionados no orgulho, no egoísmo e a Terra seria, constantemente, um só campo de batalha.

      Quanto mais entendemos os mecanismos das leis divinas, mais vai fortalecendo dentro de nós a certeza da existência de Deus, absoluto em seus atributos de Amor, Justiça e Sabedoria e mais cresce em nós a confiança em nós e na humanidade, permitindo-nos entender o presente, mesmo o mais dificultoso, como necessário à aquisição da perfeição e da felicidade, destino glorioso de todos nós, e que vale o esforço de viver de acordo com essas leis!

      O mesmo acontece com nossos estudos dos livros de Kardec. Quanto mais os estudamos e os compreendemos, mais cresce em nós admiração e a gratidão por ele, por sua capacidade intelectual, pela sua sensibilidade na codificação desta doutrina bendita que nos abre a mente e o coração para o entendimento da vida, do existir, não deixando vazios de raciocínios nas suas lições.

      Feliz quem já compreendeu e aceitou a lei da reencarnação, porque só ela explica as causas de determinados sofrimentos, aparentemente injustos e, portanto difíceis de serem aceitos e só ela nos mostra a perfeita justiça de Deus.

* Revista Espírita de Allan Kardec, Setembro/1863, pag 268 Edicel

Leda de Almeida Rezende Ebner

Setembro / 2004

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