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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A GÊNESE - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA (VIII)

CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA (VIII)

               Se se tirar ao homem o Espírito livre e independente, sobrevivente à matéria far-se-á dele uma simples máquina organizada, sem finalidade, nem responsabilidade; sem qualquer outro freio além da lei civil, máquina essa própria a ser explorada como um animal inteligente. Se o homem, pois, nada esperar depois da morte, não terá nenhum impedimento para procurar aumentar os gozos do presente, pois que, se sofre, só tem a perspectiva do desespero e o nada como refúgio. Já com a certeza do futuro, com a certeza de encontrar novamente aqueles a quem amou e com o temor de tornar a ver aqueles a quem ofendeu, todas as suas idéias mudam. Por essa razão, ainda que o Espiritismo só fizesse impedir que o homem tenha dúvida quanto a vida futura, teria feito mais pelo seu aperfeiçoamento moral do que todas as leis disciplinares que apenas o detêm, mas que não o transformam.

               É também pela preexistência da alma e pela pluralidade dos renascimentos que se podem conciliar não só a idéia da Justiça Divina com as diferenças e disparidades existentes entre os homens como também a doutrina do chamado pecado original, que sem a preexistência seria inconciliável com a Justiça de Deus pois que essa crença tornaria todos os homens responsáveis pela falta de um só, seria também um contra-senso, tanto menos justificável quanto, segundo essa doutrina, a alma não existia na época em que se pretende fazer com que a sua responsabilidade remonte.

               O verdadeiro pecado original do homem é o gérmen que traz, ao renascer, das sua imperfeições, de seus defeitos, dos quais não se corrigiu e que se traduzem, pelos instintos naturais e pelos seus pendores para tal ou tal vício. E as conseqüências desse pecado o homem as sofre naturalmente, mas com a diferença capital de que sofre a pena de suas próprias faltas e não as de outrem; e com a diferença, ao mesmo tempo consoladora e animadora e soberanamente eqüitativa de que cada existência lhe oferece meios de se redimir pela reparação e de progredir, quer despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos e assim, sucessivamente até que, suficientemente purificado não necessite mais da vida corporal e possa viver a vida exclusivamente espiritual, eterna e bem-aventurada. Pela mesma razão, aquele que progrediu moralmente traz, ao renascer, qualidades naturais, como o que progrediu intelectualmente traz ideais inatas; já estando identificado com o bem, pratica-o sem esforço, sem cálculo e por assim dizer, sem pensar. Aquele que é obrigado a combater as suas mas tendências vive ainda em luta; um já venceu, o outro procura ainda vencer. Existe, pois,a virtude original, como existe o saber originale o pecado, ou antes, o vício original.

Denizart Castaldeli 

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