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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A GÊNESE OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES

OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO

Por ALLAN KARDEC

DEUS

Da natureza Divina

              O homem não pode, porque não consegue, sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire pôr meio da completa depuração do espírito. No entanto, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode deixar de ser sem deixar de ser Deus, deduz, daí, o que ele deve ser, ou seja, não podendo compreender como Deus é, pode compreender como ele não pode deixar de ser.

              É impossível compreender-se a obra da criação sem o conhecimento dos atributos de Deus. Esse o ponto de partida de todas a crenças religiosas e, é pôr não terem se reportado a isso, como ao farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo.

              Deus sé a suprema e soberana inteligência.

              É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer nem compreender tudo quanto existe. A de Deus , abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim pôr diante, até ao infinito.

              Deus é eterno,

              Deus não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não é coisa alguma e portanto coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado pôr outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim pôr diante, ao infinito.

              Deus é imutável.

              Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.

              Deus é imaterial.

              A sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito ás transformações da matéria.

              Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio pôr termo de comparação para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto. Têm o inconveniente de rebaixar o Ente supremo até às mesquinhas proporções da Humanidade. Daí a lhe emprestarem as paixões humanas e fazerem-no um Deus colérico e cioso, não vai mais que um passo.

              Deus é onipotente.

               Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim pôr diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.

              Deus é soberanamente justo e bom.

              A providencial sabedoria das Leis Divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça nem da sua bondade.

              O fato de ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a tornaria menor ou a anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta.

              Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, pôr conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom, ou infinitamente mau. Ora, com suas obras dão o testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom.

              A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade, numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em conseqüência, já não seria soberanamente bom.

              Deus é infinitamente perfeito.

              É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, é preciso que ele seja infinito em tudo.

              Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis bem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrario não seriam infinitos e deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.

              Deus é único. Do fato de serem infinitas as suas perfeições, resulta a unicidade de Deus. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de toda a eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos, assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria autoridade soberana.

              A ignorância do princípio de que são infinitas as perfeições de Deus foi que gerou o politeísmo, parecia acima dos poderes inerentes à Humanidade. Mais tarde, a razão levou-os a reunir essas diversas potências numa só. Depois, à proporção que os homens foram compreendendo a essência dos atributos divinos, retiraram dos símbolos, que haviam criado, a crença que implicava a negação desses atributos.

              Em resumo, Deus não pode ser Deus senão sob a condição de que nenhum outro o ultrapasse, porquanto o ser que o excedesse no que quer que fosse, ainda que apenas na grossura de um cabelo, é que seria o verdadeiro Deus. Para que tal não se dê, indispensável se torna que seja infinito em tudo.

              É assim que, comprovada pelas suas obras a existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar os atributos que o caracterizam.

              Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diferente disso.

              Tal o eixo sobre que repousa o edifício universal. Esse farol cujos raios se estendem pôr sobre o Universo inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se pôr essa luz, ele nunca se tranviará.

              Em filosofia, em psicologia, em moral, em religião, só há de verdadeiro o que não se afaste nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum esteja em oposição àquelas qualidades; aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem.

Denizart Castaldeli

Abril / 2003

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