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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

PROGRESSO INTELECTUAL

Espírito Pascal - Revista Espírita 1865 - EDICEL

Compilado por: Ivan Iapell

 

Nada se perde neste mundo, não só na matéria, onde tudo se renova incessantemente, aperfeiçoando-se segundo as leis imutáveis, aplicadas a todas as coisas pelo Criador, mas também no domínio da inteligência. A humanidade é como um só homem, que vivesse eternamente, e adquirisse incessantemente novos conhecimentos.

Isto não é uma imagem, mas uma realidade, porque o Espírito é imortal; só o corpo, envoltório ou vestimenta do Espírito, cai quando gasto e é substituído por outro. Esta mesma matéria sofre modificações. À medida que o Espírito se depura adquire novas riquezas e merece, se assim me posso exprimir, uma vestimenta mais luxuosa, mais agradável, mais cômoda, para empregar vossa linguagem terrena.

A matéria se sublima e torna-se cada vez mais leve, sem jamais desaparecer completamente, pelo menos nas regiões médias; seja como corpo, seja como perispírito, ela acompanha sempre a inteligência e lhe permite, por este ponto de contato, comunicações com seus inferiores, seus iguais e seus superiores para instruir, meditar e aprender.

Dissemos que nada se perde na natureza. Acrescentamos: nada é inútil. Tudo, até as mais perigosas criaturas e os mais sutis venenos, tem a sua razão de ser. Quantas coisas que tinham sido julgadas inúteis ou prejudiciais e cujas vantagens foram reconhecidas mais tarde!

Assim, umas há que não compreendeis. Sem tratar a questão a fundo, apenas direi que as coisas nocivas vos obrigam a atenção e a vigilância que exercitam a inteligência, ao passo que se o homem nada tivesse a temer, abandonar-se-ia à preguiça, em prejuízo de seu desenvolvimento. Se a necessidade é a mãe da indústria, a indústria também é filha da inteligência.

Sem dúvida Deus, como objetam alguns, tivesse podido poupar-vos provações e dificuldades, que vos parecem supérfluas; mas se os obstáculos vos são opostos é para despertar em vós os recursos adormecidos; é para dar impulso aos tesouros da inteligência, que ficariam enterrados no vosso cérebro, se uma necessidade, um perigo a evitar, não viessem vos forçar a velar por vossa conservação.

O instinto nasce; a inteligência o segue, as idéias se encadeiam e está inventado o raciocínio.

Se raciocino, julgo, bem ou mal, é verdade, mas é raciocinando errado que se aprende a reconhecer a verdade; quando se é enganado várias vezes, acaba-se acertando; e esta verdade, essa inteligência, obtido por tantos trabalhos, adquirem um preço infinito e vos faz considerar a sua posse como um bem inestimável. Temeis ver se perderem descobertas que fizestes. Que fazeis, então? Instruís vossos filhos, vossos amigos; desenvolveis sua inteligência, a fim de nela semear e fazer frutificar o que adquiristes a preço de esforços intelectuais. É assim que tudo se encadeia, que o progresso é uma lei natural e que os conhecimentos humanos, acrescidos pouco a pouco, se transmitem de geração em geração.

Depois disto que vos venham dizer que tudo é matéria! Os materialistas não repelem a espiritualidade, na sua maioria, senão porque, sem isto, ser-lhes-ia necessário mudar o gênero de vida, atacar os seus erros, renunciar aos seus hábitos. Seria muito penoso e, por isso acham mais cômodo tudo negar.

Nota do compilador

Blaise Pascal (1623-1662)

matemático, físico, filósofo e escritor francês.

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