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segunda-feira, 31 de maio de 2010

PALAVRAS DA VIDA ETERNA - Estudo 22

PALAVRAS DA VIDA ETERNA - Estudo 22

Francisco Cândido Xavier - pelo Espírito Emmanuel

NA PALAVRA E NA AÇÃO

"E tudo o que fizerdes seja na palavra, seja na ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." Paulo (Colossenses 3:17).

No capítulo três dessa epístola o Apóstolo Paulo exorta a comunidade cristã de Colossos a permanecer em Cristo traçando um roteiro de ação: "(...) deixai a ira, a maledicência, a palavra torpe da vossa boca, não mintais uns para os outros despojando-vos do homem velho com todas as suas obras (...), revesti-vos de entranhas de misericórdia, de benignidade, de humildade, de modéstia, de paciência (...), perdoando-vos mutuamente (...). Mas sobretudo tende caridade que é o vínculo da perfeição (...). A palavra do Cristo habite em vós abundantemente em toda a sabedoria (...)". E conclui: "E tudo o que fizerdes seja na palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai".

Sobre esse texto e no mesmo sentido Emmanuel reflete que não basta dizer-se cristão, afirmar-se cultor do Evangelho; isso pouco vale já que o simples falar ou a compreensão intelectual da proposta não implica na respectiva prática. O cristão se identifica pela vivência no exemplo dos princípios superiores contidos no Evangelho. Agindo assim torna-se elemento de transformação onde estiver, é luz disseminando, pela forma como vive, posicionamentos cristãos. Como tal torna-se anúncio vivo da bondade e do amor de Jesus. Ao aceitar o Cristo o cristão assume compromissos devendo agora agir como seu representante fiel.
As exortações do apóstolo tornam-se atuais uma vez que ainda somos "cristãos sem Cristo", isto é, nosso proceder em nada ou em quase nada reflete o Mestre.
Qual a dificuldade maior para a vivência evangélica?

Consiste principalmente na dificuldade que se encontra para se despojar das imperfeições entre as quais o ódio, a avareza, a vingança, as más inclinações, aspectos estes em que a maioria dos homens se detém, pois que ainda se compraz neles.
Contudo é do nosso interesse buscar os ideais superiores através da progressiva depuração espiritual. Para isso é necessário o exame minucioso, a auto-análise do comportamento, observando nossos passos, avaliando ações de modo a aplicar-lhes as diretrizes evangélicas, libertando-nos das sombras, renovando-nos para melhor. Nesse trabalho estabelece-se integração entre o ensino e a prática, sentindo no íntimo tudo quanto o Evangelho preceitua como orientação que estabelece trajetória segura ao Espírito Imortal. Sem isso dificilmente ou até mesmo impossível raciocinar e servir com Jesus.

Assim:
 Se já pregamos o amor, devemos praticá-lo na forma de caridade;
 Se anunciamos a misericórdia, a piedade deve ser a tônica de nossas ações;
 Se falamos de integridade moral, a honestidade deve ser o sentido de nossos passos;
 Se lembrarmos o Evangelho, a nossa palavra deve ser boa e justa, transmitindo segurança e certeza.
Seja onde e com quem for, buscar o lado luminoso das criaturas. A natureza inferior do homem terreno leva-o, por similitude, a destacar o lado sombrio das pessoas, as coisas más. Nesse trabalho de renovação é dever exercitar-se na procura do melhor e do Bem nas várias situações, a fim de que não sejamos enganados pela malícia que nos é própria.

Diante de situação infeliz, se não houver possibilidade de ação mais direta, contribuamos com vibrações salutares da prece de forma a construir entendimento, paz, harmonia, alívio, esperança, etc..., naturalmente tal comportamento não exclui a análise do fato que funcionará como busca da aprendizagem de lições valiosas e importantes, não incidindo jamais em julgamento.

O exercício das lições evangélicas incorporadas à vida nos mais diferentes aspectos é uma necessidade para capacitar e dar segurança ao Espírito em trajetória de crescimento.

Os ensinos do Mestre, neste sentido, foram inúmeros:
• "E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que digo". (Lc. 6:46).
• "Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes". (Jo. 13:17).

Paulo entendendo o convite e a importância dele aconselhava a que se retificassem as atividades do plano exterior, renovando palavras e ações, exortando igualmente para a elevação dos sentimentos, uma vez que ter apenas atitudes externas, melhoradas pelo verniz da educação, não significa expressão elevada de posição espiritual; a elevação dos sentimentos sim trata de mudança profunda, íntima, aquisição de valores imperecíveis do Espírito.

O cristão deve pelo trabalho contínuo que faz consigo estruturar-se em conduta espontânea, natural; para isso necessita cuidar mais do Espírito do que das aparências.

Nos dias atuais como identificamos o Mestre em nossos sentimentos, pensamentos e ações?

O Espiritismo que é o "Cristianismo Redivivo" tem levado a reformulação do nosso modo de ser?

Continuamos alimentar vícios, paixões degradantes, pensamentos de ordem inferior, ódios, vinganças, melindres, etc..., vivendo descomprometidos com a Doutrina escolhida?

Nossa vida é a de quem vive em Cristo?

"Brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus". (Mt. 5:16).

O estudo é claro: - Se Jesus é modelo e guia as atitudes têm que ser coerentes. Cabe portanto viver como filhos da luz, iluminando caminhos, afastando as sombras que ainda há em nós e ao nosso redor.

Sejamos de fato cristãos com Cristo saindo da preguiça, da inércia moral para uma vida plena de espiritualidade. Iluminados pelas bênçãos do Evangelho, promovamos o Espírito Imortal, valorizando todas as oportunidades de fazer o Bem, o melhor onde e com quem estivermos.

Não basta nos dizermos cristãos, é preciso patenteá-lo na vivência.

Bibliografia.
• Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: na Palavra e na Ação". Ditada pelo
• Espírito Emmanuel, 17ª ed. Uberaba, MG. CEC, 1992.
• Allan Kardec. "O Evangelho segundo o Espiritismo: cap. XVIII, item 6".
• Godoy, Paulo A. "Evangelho de Redenção: Padrões para a Vivência do Espiritismo". São Paulo, SP. FEESP, 1996.
• Palhano Jr., L. "A Carta de Tiago". Niterói, RJ. Editora Fráter, 1992.
• Novo Testamento: Paulo (Colossenses 3:1 a 17).

Iracema Linhares Giorgini
Março / 2003

Estudo 21: O LIVRO DOS MÉDIUNS

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO VI
MANIFESTAÇÕES VISUAIS

Estudo 35 - Item 100 (itens 12 a 18) - Perguntas sobre as Aparições
Continuando nossa análise das questões apresentadas por Allan Kardec aos Espíritos, identificamos a objetividade e simplicidade com que foram tratados assuntos que ainda hoje nos chegam revestidos do "sobrenatural e maravilhoso", o que mostra a necessidade de estudá-los à luz da Doutrina Espírita.
12ª Os Espíritos que aparecem com asas, realmente as têm ou essas asas são apenas uma aparência simbólica?
— Os Espíritos não têm asas. Não precisam delas, pois podem transportar-se por toda parte como Espíritos. Aparecem da maneira por que querem impressionar a pessoa a que se mostram. Uns aparecerão em trajes comuns, outros envoltos em amplas roupagens, alguns com asas, como atributo da categoria espiritual a que pertencem.
13ª As pessoas que vemos em sonho são sempre as que parecem ser?
— São quase sempre as mesmas pessoas que o teu Espírito vai encontrar ou que vêm te encontrar.
14ª Não poderiam os Espíritos zombeteiros tomar as aparências das pessoas que nos são caras e nos iludirem?
— Tomam aparências fantasiosas para se divertirem à vossa custa, mas há coisas com as quais não lhes é permitido.
15ª Como o pensamento é uma espécie de evocação , compreende-se que possa atrair Espíritos. Mas por que, quase sempre, as pessoas em que pensamos, que ardentemente desejamos rever, jamais aparecem nos sonhos, enquanto vemos outras que não nos interessam e nas quais nunca pensamos?
— Os Espíritos nem sempre podem manifestar-se visivelmente, mesmo em sonho e apesar do desejo que tenhamos de vê-los. Causas independentes da sua vontade podem impedi-los. Freqüentemente é também uma prova que o mais ardente desejo não pode afastar. Quanto às pessoas que não interessam, se é certo que não pensais nelas, é possível que pensem em vós. Aliás, não podeis fazer idéia das relações no mundo dos Espíritos. Lá tendes uma multidão de conhecidos íntimos, antigos e novos, de que não suspeitais quando acordados.
NOTA - Quando nenhum meio tenhamos de verificar a realidade das visões ou aparições, podemos sem dúvida lançá-las à conta da alucinação. Quando, porém, os sucessos as confirmam ninguém tem o direito de atribuí-las à imaginação. Tais, por exemplo, as aparições, que temos em sonho ou em estado de vigília, de pessoas em quem absolutamente não pensávamos e que, produzindo-as no momento em que morrem, vem, por meio de sinais diversos, revelar as circunstâncias totalmente ignoradas em que faleceram. Têm-se visto cavalos empinarem e recusarem caminhar para a frente, por motivo de aparições que assustam os cavaleiros que os montam. Embora se admita que a imaginação desempenhe aí algum papel, quando o fato se passa com os homens, ninguém, certamente, negará que ela nada tem que ver com o caso, quando este se dá com os animais. Acresce que, se fosse exato que as imagens que vemos em sonho são sempre efeito das nossas preocupações quando acordados, não haveria como explicar que nunca sonhemos, conforme se verifica freqüentemente, com aquilo em que mais pensamos (Allan Kardec).
16ª Por que razão certas visões ocorrem com mais freqüência quando se está doente?
— Elas ocorrem do mesmo modo no estado de perfeita saúde. Simplesmente, no estado de doença, os laços materiais se afrouxam; a fraqueza do corpo permite maior liberdade ao Espírito, que, então, se põe mais facilmente em comunicação com os outros Espíritos.
17ª As aparições espontâneas parecem mais freqüentes em certos países. Será que alguns povos estão mais bem dotados do que outros para receberem esta espécie de manifestações?
— Fizestes um registro histórico de cada aparição? As aparições, como os ruídos e todas as manifestações, produzem-se igualmente em todos os pontos da Terra; apresentam, porém, caracteres distintos, de conformidade com o povo em cujo seio se verificam. Entre estes, por exemplo, a escrita é pouco desenvolvida e não há médiuns escreventes; entre outros eles abundam; além disso, observam-se mais os ruídos e os movimentos de objetos do que as manifestações inteligentes, por serem estas menos apreciadas e procuradas.
18ª Por que as aparições se verificam mais à noite?
— Pela mesma razão que vês as estrelas à noite e não em pleno dia.. A claridade intensa pode ofuscar uma aparição delicada. Mas é errôneo supor que a noite tenha algo de espacial para isso. Interroga os que as viram e constatarás que a maioria ocorre de dia.
Concluímos nosso estudo com nota de Allan Kardec colocada após o item 18:
— Os fenômenos de aparição são muito mais freqüentes e gerais do que se pensa, porém, muitas pessoas não os revelam por medo do ridículo e outras os atribuem à ilusão. Se parecem mais numerosas entre alguns povos, é porque esses conservam com mais cuidado as tradições verdadeiras ou falsas, quase sempre ampliadas pelo poder do maravilhoso, a que mais ou menos se preste o aspecto das localidades. A credulidade então faz que se vejam efeitos sobrenaturais nos mais vulgares fenômenos: o silêncio da solidão, o íngreme caminho, o rumorejar da floresta, as rajadas da tempestade, o eco das montanhas, a forma fantástica das nuvens, as sombras, as miragens, tudo enfim se presta à ilusão das imaginações simples e ingênuas, que de boa-fé narram o que viram, ou julgaram ver. Porém, ao lado da ficção, há a realidade, que o estudo sério do Espiritismo consegue livrar dos acessórios das superstições ridículas.

BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan - Revista Espírita, 1861 - Julho: Brasília: EDICEL. Ensaio sobre a teoria da alucinação; Variedades - As visões do Sr. O.

Tereza Cristina D'Alessandro
Junho / 2004

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O LIVRO DOS MÉDIUNS 18

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO 1

AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA

Estudo 18: item 57

- Formação do Perispírito: Os Fluidos

Em estudo anterior relembramos que Allan Kardec ao analisar a ação dos Espíritos sobre a matéria, concluiu que essa ação só é possível porque o Espírito não é uma abstração, mas um ser definido, limitado e circunscrito.Acrescenta que o Espírito encarnado é a alma do corpo; quando o deixa pela morte, não sai desprovido de qualquer envoltório, e apresenta a forma humana.
Na questão 88 de O Livro dos Espíritos, os instrutores espirituais responderam a Kardec que os Espíritos “(...) são, se o quiserdes, uma flama, um clarão ou uma centelha etérea.”. Isto se aplica ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, ao qual não saberíamos dar uma forma determinada. Mas, em qualquer de seus graus, ele está sempre revestido de um invólucro ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se purifica e se eleva na hierarquia. Dessa maneira, a idéia de forma é para nós inseparável da idéia de Espírito, a ponto de não concebermos esta sem aquela. O perispírito, portanto, faz parte integrante do Espírito como o corpo faz parte integrante do homem.
Portanto, conforme definição contida em O Livro dos Médiuns, cap. 32 - Vocabulário Espírita; do grego "peri: em torno, o Perispírito é o envoltório semimaterial do Espírito. Nos encarnados, serve de intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes (desencarnados sujeitos à reencarnação), constitui o corpo fluídico do Espírito".
Ainda em O Livro dos Médiuns, 1ª parte, cap I,
Item 54 - O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
1ª - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2ª - a alma, Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3ª - O perispírito, princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

Formação do Perispírito
Explica Kardec no item 57 que, embora fluídico, o perispírito se constitui de uma espécie de matéria como se observa nos casos de aparições tangíveis. Sob a ação de certos médiuns verificou–se a aparição de mãos, com todas as propriedades das mãos vivas, dotadas de calor, podendo ser apalpadas, oferecendo a resistência de corpos sólidos, pegando as pessoas, e que de repente se esvaneciam como sombras. A ação inteligente dessas mãos prova que elas são a parte visível de um ser inteligente invisível. Sua tangibilidade, sua temperatura, a impressão sensorial que produzem, chegando mesmo a deixar marcas na pele, a dar pancadas dolorosas, a acariciar delicadamente, provam que são materialmente constituídas. Sua desaparição instantânea prova, entretanto, que essa matéria é extremamente sutil e se comporta como algumas substâncias que podem, alternativamente, passa do estado sólido ao fluídico e vice-versa.
Para entender a formação do perispírito é preciso estudar os elementos fluídicos que constituem o mundo que percebemos e aquele que escapa aos nossos sentidos, formando o mundo espiritual.
Os Fluidos
O fluido cósmico universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (Ver A Gênese, cap. IV, nº10 e seguintes.)
Cada um desses dois estados dá origem, naturalmente, a fenômenos especiais:
• Fenômenos materiais: pertencem ao mundo visível e resultam do estado de materialização ou ponderabilidade; são da alçada da Ciência propriamente dita.
• Fenômenos espirituais ou psíquicos: pertencem ao mundo invisível e resultam do estado de eterização ou imponderabilidade; ligam-se de modo especial à existência dos Espíritos e são estudados pelo Espiritismo.
Explica Kardec que, como a vida espiritual e a corporal se acham em constante relação, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. Encarnado, o homem só pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.
No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme e sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo espiritual. Para os Espíritos, esses fluidos tem uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados, e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo material.
Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e aos nossos sentidos, feitos para sentirem a matéria tangível e não a matéria etérea.
Continuando, o Codificador explica que, a pureza absoluta, da qual não temos idéia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar de atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à manutenção de suas existências.
Desse meio fluídico, do meio onde se encontra, é que o Espírito retira os elementos fluídicos que constituirão o seu perispírito; esse envoltório é, então, formado dos fluidos ambientes, resultando daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os mundos.
Em nosso próximo estudo continuaremos estudando a formação do perispírito, mas relembramos com Allan Kardec,
“É essencial o estudo sobre os fluidos, porque nele está a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria”.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:FEESP, 1989 - Cap. I
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo:EME, 1997 - Cap. I e II
KARDEC, Allan - A Gênese: 26.ed.Brasília: FEB,1984 - cap X e XIV

Elisabeth Maciel / Tereza Cristina D’Alessandro
Janeiro / 2003

O Livro dos Espíritos Estudo 10

Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
O processo da comunicação
Desenvolvimento da Psicografia
No decorrer dos estudos, percebemos, no desenvolvimento do contexto do Homem, uma contínua eclosão da sua independência, através da constante afirmação da individualidade. Como entidade autônoma, descobre a possibilidade de destacar-se na estrutura social, sendo aí ponto imprescindível, capaz de superar a natureza, renovando a própria Humanidade.
Identificamos nessa série, o comentário de Allan Kardec quando escreve "Assim, a diversidade de aptidões do Homem não se relaciona com a natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento a que ele tenha chegado, como Espírito. Deus não criou, portanto, a desigualdade das faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento se mantivessem em contato, a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar os mais atrasados a progredir. E também a fim de que os Homens, necessitando uns dos outros, compreendam a lei de caridade que os deve unir."
Assim "vivos", "mortos", homens em todos os tempos, Espíritos comprometidos, incumbidos de tarefas iniciais, das que se seguiriam tudo no tempo e no lugar certos, dentro de um trabalho, que não poderia ficar na dependência de dois ou três, por maiores que fossem.
Cuidados extremos onde até para eventuais falhas, haveria soluções opcionais, num plano de trabalho que não poderia ficar comprometido por atitudes dúbias.
Allan Kardec, estando nesse contexto, poderia falhar e se isso acontecesse ou recusasse a tarefa, outro o substituiria.
Dentro de respeito tão grande, diante do processo histórico, da capacidade de perceber tanta beleza, precisão, encadeamento lógico, as constantes retomadas, onde sem vaidade, sem apropriação o que segue, ampara-se no que o precede e deixa em campo, o melhor de si para que outros prossigam.
Frente a essas deduções, outros pesquisadores analisando--as, obtiveram outras condições de sucesso que diferem profundamente dessas apontadas pelo Dr. Andée; e que resumidamente afirmam que:
1- Gerais
• O fenômeno da comunicação independe de condições físicas, meteorológicas, fisiológicas e morais;
• Todos os corpos podem ser postos em movimento, havendo porém, alguns mais sensíveis e outros mais refratários à ação desse agente desconhecido;
• Há circunstâncias que aceleram ou neutralizam a impressionabilidade dos corpos submetidos à experimentação.
2- Circunstâncias relativas aos objetos:
• nem a eletricidade, nem o calor, nem o magnetismo terrestre serve como elemento de comparação com o novo fluido que penetra imperfeitamente os corpos;
• a forma desse corpo não exerce nenhuma ação material sobre a manifestação do fenômeno Corpos quadrados, redondos, ovais, ocos, placas maciças de mogno, etc. em nada facilitam ou dificultam;
• superfície e largura (excluído o peso) não requerem aumento de fluido. O peso entretanto, desempenha parte importante. Quanto mais pesado o corpo a ser posto em movimento, maior quantidade de fluido requererá;
• uma circunstância física que pode impedir o fenômeno é a resistência, isto é, quando as mãos postas sobre a mesa, o chapéu, etc. apoiam-se com muito peso e por assim dizer, prendem os objetos onde eles estão;
• se além das mãos, os pés, tocarem a peça ou a mesa, em nada afetará a experiência. O mesmo em relação a roupas que se encostem.
3- Circunstâncias relativas aos Experimentadores:
São divididas em duas séries -
a. Fisiológicas - (qualidades físicas como constituição, sexo, estado de saúde e uma predisposição adquirida).
b. Moral - (temperamento, antipatias, sentimentos de ódio, afeição, educação, etc.).
3 - A) Circunstâncias físicas
3: a:a) - Constituição - é um estado de saúde em que um
sistema de economia predomina sobre os outros, influenciando--os. Os fluidos examinados têm sua origem no sistema nervoso, portanto, teoricamente, nas pessoas em que este predomina fornecerão fluido mais enérgico e abundante que indivíduos de outra constituição (não se confundir constituição nervosa com desordens nervosas). Uma constituição nervosa coincide com um perfeito estado de saúde e é portanto, o mais favorável agente para o movimento das mesas.
3: a:b) - Idade - O fluido que envolve extremamente os objetos deriva da ação de alguns dos nossos órgãos e o poder resultante está necessariamente em relação direta com a manifestação e funções desses mesmos órgãos. Os dois extremos da vida - infância e velhice - não contam em suas funções com a energia plena que caracteriza (em tese) a idade adulta - uma porque não se acham inteiramente desenvolvidas e a outra, porque estão em declínio. Consequentemente, exercerão ação menos nítida e explícita do que um homem no vigor da vida "...deduzo que a idade mais favorável varia entre os vinte e cinco e os quarenta anos". Mas repito - nem esta conclusão nem qualquer outra pode ser aceita de modo absoluto no estado atual das coisas, uma vez que a boa ou má influência da idade pode ser contrabalançada, ou mesmo anulada, por outras causas físicas ou morais.
3: a:c) - Sexo - Os primeiros experimentadores, concluíram sem nenhuma prova positiva, que a organização mais delicada e nervosa da mulher, tornava-a mais apta do que os homens para produzir os fenômenos.
O fluido, porém, necessário ao fato, tem sua origem e sede no sistema nervoso, mas, ele depende inteiramente da vontade. A energia do temperamento e a tenacidade da vontade exercem sobre o movimento das mesas ação decisiva, mais intensa do que uma constituição nervosa. Nesse ponto, a mulher por sua impressionabilidade e variação de temperamento podem ser preteridas pelos homens, cuja sensibilidade mais grosseira poderá ter maior firmeza de vontade. Essa seria uma tese. Experiências repetidas várias vezes com grupo idêntico de rapazes e moças, em circunstâncias semelhantes ofereceram sempre os mesmos resultados - o fenômeno acontecia mais rápido no grupo dos homens, demonstrando que o sexo masculino fornece fluido mais prontamente abundante ou mais rico de energia que o feminino.
• A rara sensibilidade da mulher, aliada à força de vontade do homem constituirá o equilíbrio ideal para rápida manifestação do fenômeno. Três mesas ocupadas e próximas umas das outras -
• A 1º por mulheres
• A 2º por homens
• A 3º por mulheres e homens, todas com o mesmo número de pessoas, será sempre a terceira que se mexerá primeiro.
Recordemos porém que "...estamos ainda no escuro..."
3: a:d) - Estado de saúde - Sem dúvida em homens ou mulheres, qualquer desequilíbrio neste campo influenciará na emissão de fluidos muitas vezes chegando mesmo a comprometer a experiência.
3: a:e) - Predisposição adquirida - Toda pessoa que tenha doado fluidos torna-se capaz de emiti-los mais rápido, abundante e por maior ou menor tempo. É isso que chamaram de predisposição adquirida uma vez que não se origina da constituição, idade sexo ou qualquer circunstância da vida moral. Pode ser adquirida pela prática e quanto mais sobre- excitado tenha sido o sistema nervoso pela repetição da experimentação mais aumenta a predisposição.
Essa predisposição adquirida é a condição mais favorável para produzir o fenômeno com prontidão e energia.
Bibliografia
• Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Introdução - q. 805 com.
• Allan Kardec - "O Livro dos Médiuns" - cap. V - IV - XIV - X - XVI
• Allan Kardec - "Revista Espírita" - outubro e agosto 1859 - junho e agosto 1958 maio e junho 1863
• Arthur C. Doyle - "A História do Espiritismo"- V - VIII
• Hermínio C. Miranda - Nas Fronteiras do Além 1 a 4
Leda Marques Bighetti
Março / 2002

PALAVRAS DE VIDA ETERNA – Estudo 21

Francisco Cândido Xavier – pelo Espírito Emmanuel
VIGIANDO
“Se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
Paulo (Felipenses, 4:8).
Nesse estudo Emmanuel reflete sobre a necessidade de vigilância, cuidado, atenção com os pensamentos.
- O que é vigilância?
- Qual sua importância?
- Porque vigiar os pensamentos?
Vigilância é procedimento valioso, fundamento importante de que ninguém pode prescindir para êxito de qualquer empreendimento; através dela seleciona-se os passos, supera-se obstáculos e dificuldades, evitando-se possíveis desvios que poderiam comprometer os objetivos propostos, a obra.
Assim também deve ocorrer na vida moral, onde a vigilância regular e constante dos pensamentos é de vital importância uma vez que eles são o princípio de toda realização de ordem moral.
Diz Emmanuel que o pensamento é a substância com a qual construímos a própria vida. O mal e o bem, o feio e o belo, vieram, antes de tudo, na fonte mental que os produziu. O pensamento é o início de tudo e o início é o fundamento, a base que sustenta o projeto, a obra.
Vejamos o que diz Eurípedes Barsanulfo a esse respeito:
A vigilância é necessária porque "... a mente, pela facilidade de manter-se em polivalência de idéias, tende a constantes mudanças de comportamento, aceitando induções que lhe chegam, alterando o plano de realizações".
No torvelinho das preocupações, na horizontalidade do pensamento vinculado aos interesses imediatistas, surgem com muita freqüência interesses atraentes, que dizem respeito às necessidades do cotidiano, dando lugar a alterações de anseios e de valores que antes recebiam considerações acuradas. Nesses momentos tem início vacilações quanto às metas elegidas, por se tornarem mais agradáveis aquelas que dão imediatas respostas de prazer, que afetam os sentidos, proporcionando alegria inconseqüente.
Todo pensamento impõe responsabilidade aquele que o manifesta. Pensar é criar, e toda a criação tem vida e movimento, ainda que breves. Os pensamentos que emitimos, por lei, buscam os seus semelhantes, consubstanciando valores e harmonia ou atormentando e desequilibrando dependendo da natureza de sua formação no íntimo do ser. Se persistirmos nas esferas mais baixas da experiência humana, aqueles que ainda estagiam nos mesmos níveis nos procuram atraídos pela similitude de nossos pensamentos. Por esse princípio de permutas a que estamos vinculados quem apenas mentalize angústias, crimes, miséria, perturbação, refletirá desarmonia, sofrimento, imobilizando-se conforme exemplifica Emmanuel.
"É a nuvem da incompreensão conturbando o ambiente doméstico...
É a injúria nascida na palavra inconsciente dos desafetos.
É a acusação indébita de permeio com a calúnia...
É a maledicência convidando à mentira e à leviandade...".
Da mesma forma o otimismo, a superação de receios infundados, o exercício de idéias edificantes proporcionarão o ajuste do ambiente, tornando-o fraterno para uma convivência sadia, aflorando do ser essencial o amor que ilumina a razão orientando-a no sentido do Bem.
“... Se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento estabelece o programa de vigilância para a mente moralmente sadia operar em corpo sadio".
Vigiar o pensamento, impedindo a perniciosa convivência com idéias negativas, constitui meta primeira para quem deseja acertar, progredir e ser feliz. Pensar de maneira salutar é compromisso valioso para gerar otimismo e paz, iniciando o programa das ações corretas, indispensáveis à caminhada evolutiva.
Por isso ensinou-nos Jesus “vigiai o coração – fonte dos sentimentos” porque daí procedem os maus pensamentos que comprometem e infelicitam a criatura, como também as idéias de engrandecimento e progresso. Esse cuidado permitirá observar as qualidades dos pensamentos bem antes da formação das idéias, por percebê-las na intimidade do ser, ocasião em que poderão ser modificadas e orientadas no sentido das boas idéias, que fortalecem, revigoram estendendo as bênçãos do Bem.
Caminhando ao influxo de nossas próprias criações, convém ajuizar quanto a natureza de nossos pensamentos, buscando renovação íntima, com acréscimo de visão, seguindo à frente, minimizando perturbações e dores.
O Evangelho de Jesus é o roteiro generoso para que a mente humana atenda a necessária renovação, único meio de recuperação e manutenção da harmonia, e a vigilância deve arregimentar todas as forças possíveis nessa busca que somente termina na pureza espiritual, para começar outras tarefas em níveis que não podemos nem imaginar. Naturalmente que a desincumbência de tais labores exige esforço, luta, persistência para romper as algemas dos vícios que predominam na natureza humana como decorrência do passado delituoso e equivocado.
É de nosso interesse colaborar na execução dos propósitos elevados, iluminando a mente e clareando a vida.
Concluiu Emmanuel:
"...não te prendas às teias da perturbação e da sombra. Em todas as situações e em todos os assuntos, guardemos a alma nos ângulos em que algo surja digno de louvor, fixando o bem e procurando realizá-lo com todas as energias ao nosso alcance".
E ocupando o nosso pensamento com os valores autênticos da vida, aprenderemos a sorrir para as dificuldades, quaisquer que sejam, construindo gradativamente, em nós mesmos, o templo vivo de luz para a comunhão constante com o nosso Mestre e Senhor.
Bibliografia.
Franco, Divaldo Pereira. “Terapêutica de Emergência: Vigiar o Pensamento”. Ditado por Espíritos Diversos, 3a ed. Salvador – Ba. Livraria Espírita Alvorada Editora, 1995.
Franco, Divaldo Pereira. “Cristo e o Mundo”. Ditado pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo, Viena – Áustria, 1998.
Xavier, Francisco Cândido. “Nos domínios da Mediunidade: Pensamento e Mediunidade”. Ditado pelo Espírito André Luiz, 17a ed. Rio de Janeiro. FEB, 1988.
Xavier, Francisco Cândido. “Palavras de Vida Eterna: Vigiando”. Ditada pelo Espírito Emmanuel, 17a ed. Uberaba- MG. CEC, 1992.
Iracema Linhares Giorgini
Fevereiro / 2003

Estudo 20: O LIVRO DOS MÉDIUNS

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO VI
MANIFESTAÇÕES VISUAIS
Estudo 34 - Item 100 (itens 1 a 11) - Perguntas sobre as Aparições
De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes são sem dúvida aquelas pelas quais os Espíritos podem se tornar visíveis. Estes fenômenos são chamados Aparições. Pela explicação dos mesmos, veremos que, assim como os outros, nada têm de sobrenatural.
Buscando estudos anteriores recordamos que o perispírito, no seu estado normal, é invisível; mas, como é formado de sustância etérea, o Espírito, em certos casos, pode, por sua vontade, fazê-lo passar por uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que não se dão, do mesmo modo que outros fenômenos, fora das leis da Natureza.
Conforme o grau de condensação do fluido perispiritual, a aparição é às vezes vaga e vaporosa; de outra, mais nitidamente definida; em outras, enfim, com todas as aparências da matéria tangível. Pode mesmo chegar à tangibilidade real, ao ponto do observador se enganar com relação à natureza do ser que tem diante de si.
Através de uma seqüência de perguntas feitas por Allan Kardec aos Espíritos, vamos compreender melhor o fenômeno chamado aparição.
1ª Os Espíritos podem se tornar visíveis?
— Podem, sobretudo, durante o sono. Entretanto algumas pessoas os vêem quando acordadas, porém, isso é mais raro.
NOTA. Enquanto o corpo repousa, o Espírito se desprende dos laços materiais; fica mais livre e pode mais facilmente ver os outros Espíritos, entrando com eles em comunicação. O sonho não é senão a recordação desse estado. Quando de nada nos lembramos, diz-se que não sonhamos, mas, nem por isso a alma deixou de ver e de gozar da sua liberdade. Aqui nos ocupamos especialmente com as aparições no estado de vigília. (Ver O Livro dos Espíritos, cap "Da emancipação da alma" n. 409) (Allan Kardec).
2ª Os Espíritos, que se manifestam pela visão, pertencem a uma determinada categoria?
— Não; podem pertencer a todas as categorias, das mais elevadas, às mais inferiores.
3ª É permitido a todos os Espíritos se manifestarem livremente?
— Todos o podem; mas nem sempre têm a permissão nem o desejo de fazê-lo.
4ª Com que fim os Espíritos que se manifestam visivelmente?
— Isso depende; de acordo com sua natureza, o fim pode ser bom ou mau.
5ª Como pode ser permitido, quando o fim é mau?
— É então para por à prova aqueles que os vêem. A intenção do Espírito pode ser má, mas o resultado pode ser bom.
6ª Qual o objetivo dos Espíritos que se fazem ver com má intenção?
— Amedrontar e muitas vezes vingar-se.
a) Qual o objetivo dos Espíritos que aparecem com boa intenção?
— Consolar as pessoas que deles guardam saudades, provar-lhes que existem e estão perto delas; dar conselhos e, algumas vezes, pedir assistência para si mesmos.
7ª Que inconveniente haveria em ser permanente e geral a possibilidade de ver os Espíritos? Não seria esse um meio de tirar a dúvida aos mais incrédulos?
— Estando o homem constantemente cercado de Espíritos, o fato de vê-los sem cessar o perturbaria, constrangendo-o nas suas atividades, e lhe tiraria a iniciativa na maioria dos casos, enquanto que, julgando-se só, pode agir com mais liberdade. Quanto aos incrédulos, dispõem de muitos meios para se convencerem, caso queiram aproveitá-los e se não estiverem cegos pelo orgulho. Sabes de pessoas que viram e nem por isso acreditam, pois dizem que se trata de ilusões. Não te inquietes por essa gente, de que deus se encarrega.
NOTA. Tantos inconvenientes haveria em vermos constantemente os Espíritos, como em vermos o ar que nos cerca e as miríades de animais microscópicos que pululam ao nosso redor. Do que devemos concluir que o que Deus faz é bem feito e que Ele sabe melhor do que nós o que nos convém (Allan Kardec).
8ª Se a visão dos Espíritos tem inconvenientes, porque é permitida em alguns casos?
— Para dar ao homem uma prova de que nem tudo morre com o corpo, que a alma conserva a sua individualidade após a morte. A visão passageira basta para essa prova e para atestar a presença de amigos ao vosso lado e não oferece os inconvenientes da visão constante.
9ª Nos mundos mais adiantados que o nosso, os Espíritos são vistos com mais freqüência do que entre nós?
— Quanto mais o homem se aproxima da natureza espiritual, mais facilmente entra em relação com os Espíritos. A grosseria do vosso envoltório é que dificulta e torna rara a percepção dos seres etéreos.
10ª É racional assustar-se com a aparição de um Espírito?
— Quem refletir deverá compreender que um Espírito, qualquer que seja, é menos perigoso do que um vivo. Os Espíritos, aliás, estão por toda parte e não tens a necessidade de vê-los para saber que podem estar ao teu lado.. O Espírito que queira causar dano pode fazê-lo, e até com mais segurança, sem se visto. Ele não é perigoso por ser Espírito, mas pela influência que pode exercer no pensamento do homem, desviando-o do bem e impelindo-o ao mal.
NOTA. As pessoas que têm medo da solidão e do escuro, raramente compreendem a causa do seu pavor. Elas não saberiam dizer do que têm mais medo, mas certamente deveriam recear-se mais de encontrar homens do que espíritos, porque um malfeitor é mais perigoso em vida do que após a morte. Uma senhora de nosso conhecimento teve uma noite, em seu quarto, uma aparição tão bem definida que acreditou estar na presença de alguém e sua primeira sensação foi de pavor. Certificando-se de que ali não havia nenhuma pessoa, disse a si mesma: Parece que se trata apenas de um Espírito; posso dormir tranqüila (Allan Kardec).
11ª Aquele que vê um Espírito poderia com ele conversar?
— Perfeitamente. E é o que se deve fazer nesse caso, perguntando quem é o Espírito, o que deseja e o que se pode fazer por ele. Se o Espírito for infeliz e sofredor, o testemunho de comiseração o aliviará. Se for um Espírito bondoso, pode acontecer que traga a intenção de dar bons conselhos.
a) Como o Espírito poderia responder?
— Às vezes falando, como uma pessoa viva; a maioria das vezes por uma transmissão de pensamentos.
Continuaremos no próximo estudo refletindo sobre as perguntas e respostas contidas em O Livro dos Médiuns, questão 100, através das quais compreendemos que a Vida continua e que o fato dos Espíritos não mais possuírem o corpo material, não os impede de continuar entre nós, os encarnados, de estabelecerem relações, se comunicarem, influenciando e sendo influenciados, em constante processo de sintonia, em que semelhantes se atraem e dessemelhantes se repelem.

BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan - A Gênese: 26.ed. Brasília: FEB, 1984 - Cap XIV - item 35

Consultar Estudos Anteriores:
estudo 18: item 57 - Formação do Perispírito: Os Fluidos
estudo 19: item 57 - Formação do Perispírito
estudo 20: item 56 - Propriedades do Perispírito
estudo 21: item 56 - Funções do Perispírito

Tereza Cristina D'Alessandro
Maio / 2004

terça-feira, 25 de maio de 2010

A NOVA ERA

D.Villela

O conhecimento de que o homem dispõe acerca da Criação e das Leis Divinas é, naturalmente, progressivo e diferenciado variando em função de tempo e local, podendo encontrar-se na atualidade pessoas cujas idéias, nesse terreno, aproximam-nas das comunidades primitivas com seus conceitos toscos e fantasiosos.

A apresentação das questões centrais da religião: Deus Criador, nossa natureza espiritual e um mecanismo de justiça que nos devolve a consequência de nossos atos tem-se aprimorado – tornando-se mais simples e coerente – nas diferentes escolas de fé, que abandonaram também, gradualmente, as formas mais materializadas de culto.

Deve-se reconhecer, por outro lado, que a par das diferenças que decorrem das características culturais dos povos em que surgiram, há também, dentro de cada corrente religiosa, níveis variados de entendimento e comprometimento quanto ao seu próprio conteúdo, aí incluídas suas diretrizes morais.

Até época historicamente recente, o isolamento quase que completo entre as diferentes manifestações de crença permitiu que se acentuasse uma atitude de desconfiança e até de hostilidade entre elas, situação que somente começou a modificar-se a partir do século XIX, com as primeiras afirmações de respeito pela liberdade de consciência, quando também a ampliação do intercâmbio comercial e cultural entre os diversos continentes permitiu um melhor conhecimento dos costumes e tradições, inclusive religiosas, entre todos os povos. É interessante lembrar-se, a propósito, que nos contatos e até na convivência que assim se estabeleceu houve permuta de informações e experiências, processo esse pelo qual a tecnologia e o governo representativo, surgidos no ocidente cristão, foram levados a outras partes
por oferecerem benefícios concretos aos que passaram a adotá-los, sem esquecermos
as composições dos grandes gênios da música, hoje universalmente conhecidas e admiradas.

Com o Espiritismo, também surgido no âmbito da cultura ocidental, tornou-se possível abordar com objetividade a temática religiosa, que deixou de constituir-se de artigos de fé passando a referir-se a fatos observáveis e a informações submetidas ao controle da razão, beneficiada, além disso, a prática religiosa, pela ausência de distorções habitualmente impostas pela institucionalização, graças ao modelo organizacional não-hierarquizado e não profissional por ele adotado.

A nova era a que os orientadores espirituais se referem desde a Codificação não significa, por certo, a conversão de toda a Humanidade ao Espiritismo tal como o praticamos, mas a generalização, que ele favorece, do conhecimento acerca da vida
espiritual, da reencarnação e do progresso como disposições naturais, inscritas na própria vida, como as da biologia e da astronomia, com a consequente alteração que
a certeza de tais realidades produz no comportamento individual e coletivo, levando
os homens a sentirem-se membros da grande família humana em marcha para a vivência cada vez mais completa das Leis Divinas.

“O Evangelho segundo o Espiritismo”
(capítulo 1, item 9).


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Sábado, 4/4/2009 – no 2140

FAZER DA MELHOR MANEIRA COMO O MESTRE ENSINOU

Francisco Rebouças

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” –
Paulo (Filipenses, 2:5).

Na vida somos levados a fazer a todo instante alguma coisa, mas raros são aqueles dentre nós que não precisam ter nova oportunidade de reencarnar sem a obrigação de voltar à vida física para desfazer ou mesmo refazer o que não realizou corretamente. Isso sem falar nas inúmeras outras oportunidades em que desperdiçamos as horas do dia de forma ociosa, indiferente e irresponsável.

Sem o senso moral adequadamente desenvolvido, nos mantivemos escravos da preguiça, movimentando-nos na inutilidade, o que nos candidata ao retorno à vida material com sérios comprometimentos, e com a difícil tarefa de atender, na presente existência, não só aos deveres de hoje, mas também à responsabilidade de desfazer as teias da inércia que tecemos outrora.

É preciso que entendamos, desde já, que somente estarão dispensados da necessidade de reparação ou corrigenda aqueles que se inspirarem nas lições e nos exemplos deixados por Jesus, no constante exercício de burilamento individual que precisamos imediatamente empreender, contribuindo com nossa efetiva e importante
parcela de trabalho que nos compete realizar na implantação e desenvolvimento do bem e da paz entre os homens.

Quem realiza algo tendo por base as instruções contidas no Evangelho do Cristo, estará fazendo da melhor forma em proveito de todos, pois agirá sem a expectativa
de remuneração, sem impor exigências, sem preocupação de evidência e sem exibir superioridade, agindo como o Mestre de Nazaré, que em todas as suas ações nos exemplificou o verdadeiro sentimento de fraternidade e de caridade que tinha pelo indivíduo e pela coletividade.

Mostrou-nos o seu devotamento e respeito às instruções daquele que o enviou, fazendo o bem sem outra paga além da alegria de estar executando a Vontade do Pai: valorizando a iniciativa caridosa da viúva; transformando Maria de Magdala; dando toda atenção às criancinhas, exaltando a pureza de que são portadoras; multiplicando o pão para milhares de pessoas; reerguendo Lázaro do sepulcro; e caminhando para o cárcere com a atenção centralizada nos Desígnios Celestes, sem deixar, em nenhum momento, de se mostrar sereno, pacificado e confiante.

Assim sendo, precisamos aprender com Jesus a agir com mãos operosas, de forma decisiva para a felicidade comum, na oportunidade que ora estamos tendo, para que a ilusão dos tempos passados não mais nos influencie com o desânimo no trabalho que precisamos operar, para que mais tarde não sejamos visitados pelo fel do desencanto e da amargura. Que sigamos resolutos, buscando, acima de qualquer outro objetivo, ser úteis, de modo que possamos sentir a alegria de seguir e viver sob as bênçãos e a companhia de Jesus Cristo em nossos corações.

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LIVRO É NOTÍCIA

LIBERTAÇÃO DO SOFRIMENTO
Mais que um livro de autoajuda, a nova publicação de Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, é um roteiro para aqueles que querem superar as dificuldades do mundo, com resignação e fé. Nesse trabalho, a conhecida benfeitora tece valiosos apontamentos acerca de uma série de posturas que em muito podem contribuir para a conquista desse intento. E ressalta desde o papel do pensamento voltado para o bem, como agente gerador de felicidade e equilíbrio, até a influência dos Espíritos desencarnados na vida, como potencializadores da felicidade ou da desdita, segundo o padrão vibratório alimentado por cada indivíduo no mundo.

“Conforme pensas, assim viverás. Se te permites o pessimismo contumaz, permanecerás na angústia, a um passo da depressão. Se anelas a felicidade, já te encontras fruindo as bênçãos que dela decorrem, como prenúncio do que alcançarás
mais tarde. Se delineas sofrimentos para a existência, sob o conceito da aflição que agasalhas, a jornada terrestre ser-te-á assinalada pelo sofrimento” – esclarece Joanna.

A autora aproveita para falar também de como pais e educadores podem auxiliar, através da educação, na felicidade dos que estão sob sua tutela. “O labor da educação
começa no berço e prossegue sempre, sendo fundamental na infância e na juventude,
quando há mais receptividade do educando, em face das suas despreocupações e facilidade de registro dos ensinos e hábitos que aformoseiam o caráter e iluminam a consciência” – diz ela, que não deixa de ressaltar a força do exemplo nesse processo.

O livro toca ainda numa questão bastante delicada, a dor causada pela morte de entes queridos, um fator de sofrimento para milhares de criaturas. Esse quadro, no entanto, como esclarece a autora, pode ser atenuado à medida que a pessoa vai adquirindo informações sobre a imortalidade do espírito e a transitoriedade da vida. “Quando se adquire a consciência perfeita dos valores terrenos e daqueles espirituais, pode-se viver com mais alegria e intensidade, em face da certeza de que nada se destroi, nem os amores deixam de existir somente porque se romperam os laços materiais”.

“Heroísmo incomparável”, “Efeitos da fé religiosa”, “A crença em Deus”, “Curas aparentes e curas reais”, “Respeito à juventude”, “A nobre sinfonia do serviço”, “Viver com estoicismo”, “Conquistando a humildade”, “As lutas abençoadas” e “Tolerância e convivência” são alguns dos outros temas abordados no livro, que tem ao todo 30 mensagens, que, como se pode observar, também serão muito úteis aos que estão ingressando agora no Espiritismo, tal a apresentação didática dos temas.

“Libertação do sofrimento” é um lançamento da Livraria Espírita Alvorada Editora, que atende a pedidos de todas as partes. Endereço: Rua Jayme Vieira Lima, 104 – Pau da Lima – CEP 41235-000 Salvador, BA – telefax (71) 3409-8310, correio eletrônico leal@mansaodocaminho.com.br e página www.mansaodocaminho.com.br. Preço: R$22,00.

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SINTONIA MENTAL

Quando dois músicos tocam juntos uma mesma música, não são apenas os seus instrumentos que se sincronizam, suas ondas cerebrais também. É o que revelou estudo inédito da Universidade de Berlim, recentemente publicado na revista “BM Neuroscience”.

O estudo observou oito duplas de guitarristas, que foram submetidos a uma eletroencefalografia a fim de registrar a atividade cerebral.

As regiões frontal e central do cérebro envolvidas no processamento da música mostraram sincronização mais intensa, como os pesquisadores já esperavam. A surpresa foi observar o mesmo efeito nas regiões temporal e parietal em pelo menos
metade dos pares. Segundo os estudiosos, essas áreas podem ter alguma participação,
ainda desconhecida, na coordenação da ação entre indivíduos ou na apreciação da música.

“Nossos resultados mostram que ações coordenadas entre instrumentistas são precedidas e acompanhadas por acoplamentos oscilatórios entre cérebros” – diz Ulman Lindenberg, um dos responsáveis pelo estudo.

Da mesma forma que o cérebro pode sincronizar-se com outro quando da execução de uma melodia, também o pensamento pode estabelecer seus vínculos com as mentes próximas através da sintonia mental, conforme esclarece a Espiritualidade através de inúmeras páginas mediúnicas. Uma dessas mensagens está no capítulo intitulado “Finalidades”, do livro “Roteiro” (ed. FEB), de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.

“A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir. Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo imperceptível, ‘ingerimos pensamentos’, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.

Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite a vontade para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição do meio em que se localiza. Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que nos cercam” – esclarece o conhecido benfeitor espiritual.

Emmanuel também chama a atenção para o fato de como os pensamentos de baixo teor vibratório podem levar a criatura a quadros de enfermidade, inclusive, fomentando processos obsessivos, uma vez que muitos Espíritos em situação de sofrimento se sentem atraídos, por uma lei natural de afinidade, para junto das pessoas que não cuidam do bem-pensar.

“Somos obsidiados por amigos desencarnados ou não e auxiliados por benfeitores, em qualquer plano da vida, de conformidade com a nossa condição mental.

Daí o imperativo de nossa constante renovação para o bem infinito.

Trabalhar incessantemente é dever.

Servir é elevar-se.

Aprender é conquistar novos horizontes.
Amar é engrandecer-se.

Trabalhando e servindo, aprendendo e amando, a nossa vida íntima se ilumina e se aperfeiçoa, entrando gradativamente em contato com os grandes gênios da imortalidade gloriosa” – conclui.

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AUTOCONHECIMENTO

D. Villela
Desde a Antiguidade, o autoconhecimento é apresentado como valioso método de aprimoramento pessoal, contribuindo igualmente para a conquista da felicidade a que todos almejamos.

Não deixa de ser surpreendente, à primeira vista, essa recomendação, pois sugere que a individualidade – ou seja, o próprio centro que registra e elabora percepções e conceitos – não esteja consciente quanto a si própria, sua natureza e características, o que, no entanto, é o que ocorre com a grande maioria, que dirige seu poder de observação e capacidade de avaliação para fora, para os acontecimentos externos e seus agentes e só muito raramente para si mesma, suas ações, emoções e motivações.

Os benefícios dessa auto-observação são evidentes, pois dispondo, já há muito tempo, da possibilidade de apreciar ocorrências e atitudes alheias sob o ponto de vista moral, consoante os seus efeitos e até as intenções de seus responsáveis, é claro que podemos fazer o mesmo com nosso próprio ser, cujos traços, bons ou maus, nos aparecerão com maior clareza, o que, por si só, já constitui fator predisponente à melhoria, de vez que, por inclinação natural, apreciamos o bem que nos fazem e até mesmo aquele que dirigimos aos outros e deploramos os prejuízos que nos são impostos bem como o mal que praticamos, cuja lembrança nos incomoda e procuramos evitar. Perceber com maior nitidez nossa realidade íntima já é, assim, um recurso de mudança para melhor, a ser sistematicamente empregado com o auxílio de nossa vontade. Sabemos, por outro lado, que algumas dificuldades, todas de caráter pessoal, se opõem à obtenção dessa imagem mais precisa, pois o orgulho, a superficialidade e a vaidade tendem a mascarar nossas motivações, colorindo nossos atos com justificativas diversas, em geral inconsistentes, de vez que habitualmente não
são as que aceitamos quando no julgamento de atos alheios.

O autoexame, associado ao propósito de melhoria, constitui, segundo as entidades venerandas responsáveis pela Codificação, o recurso mais eficaz para o nosso progresso, lembrando ainda aqueles benfeitores que poderemos sempre, com essa finalidade, rogar auxílio aos nossos protetores espirituais, que jamais deixarão de apoiar nossos esforços, oferecendo-nos sugestões, suplementando nossas forças e até articulando condições para a efetivação das mudanças que nos melhorem e facilitem. É oportuno frisar, contudo, a importância, decisiva, de nossa vontade nesse processo, pois aqueles amigos, apesar de todo o desejo de nos ajudarem, não podem nos substituir na tomada de decisões e jamais nos impõem qualquer atitude, pois têm absoluto respeito pela nossa liberdade. Convidando-nos a adotar aquela prática, a Doutrina Espírita nos descortina aspectos novos acerca dela, mostrando sua efetividade como fator de progresso, que é uma Lei Divina, e constitui o objetivo essencial de nossa vinda ao plano material, sendo oportuno, assim, finalizarmos com a
observação que, a esse respeito, nos deixou Santo Agostinho em “O Livro dos Espíritos”: “Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo
se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para se queixar de mim.

Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.

Aquele que, todas as noites, recordasse todas as ações que praticara durante o dia e perguntasse a si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu
anjo da guarda que o esclarecessem, adquiriria grande força para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria.”

“O Livro dos Espíritos” (questões 919 e 919 a).


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O LIVRO DOS MÉDIUNS 15

Capítulo I Ação dos Espíritos sobre a matéria
Capítulo I
Ação dos Espíritos sobre a matéria
Ao buscar entender como deve ser ação dos Espíritos sobre a matéria, podemos pensar em um conjunto manifestações e comunicações que apresentam uma causa inteligente, isto é, podem ser provocadas por espíritos encarnados ou desencarnados.
Todos os fenômenos espíritas têm como princípio a existência da alma, sua sobrevivência à morte do corpo e suas manifestações.
Os fenômenos espíritas têm por alicerce as leis da natureza, que são leis divinas, reveladas e demonstradas pelo Espiritismo, sendo explicadas de forma racional; portanto, nada tem de sobrenatural ou miraculoso.
A realização dos fenômenos espíritas é possível graças às propriedades do perispírito, flexibilidade, expansibilidade, penetrabilidade, tangibilidade , etc.
Dessa forma, o Espírito retira “parte do fluido que desprende do médium apto para isso”.
Os fenômenos espíritas dividem-se em manifestações físicas e manifestações inteligentes e em toda manifestação acham-se em jogo várias influências: a do médium, a do meio e a dos Espíritos.
As comunicações serão sérias ou levianas de acordo com a intenção mais ou menos nobre dos integrantes que compõem o grupo. Os fenômenos espíritas não são fatos para exibir em espetáculos, nem para divertir curiosos.
As manifestações nas suas mais diferentes formas sempre estiveram presentes na história dos povos, em todos os tempos, podendo se efetuar espontaneamente ou através de evocação; portanto, elas consistem na manifestação de efeitos sensíveis como os ruídos, os movimentos, a deslocação de corpos sólidos e são percebidas pelos sentidos, podendo ocorrer de forma espontânea ou provocada.
Quando espontânea, sua realização independe da vontade do médium e torna-se bastante desagradável, assumindo às vezes , caráter de constrangimento, outras vezes pode ser autorizados por Espíritos Superiores, embora produzida por espíritos imperfeitos, com a finalidade de chamar a atenção e convencer os incrédulos.
Essas manifestações não são raras e as mais comuns se apresentam sob a forma de ruídos e pancadas, só possíveis com a presença de médiuns dotados para isso, embora alguns médiuns desconheçam a própria faculdade.
A ação dos espíritos sobre os fluidos pode chegar a produzir, movimentar ou modificar coisas no campo da matéria terrena. A força que serve para produzi-los presta-se a todas as combinações, penetra todos os corpos, atravessa todos os obstáculos, transpõe todas as distâncias.
A aquisição de conhecimentos relativos a ação dos Espíritos sobre a matéria só pode ser conseguida através de um estudo sério do assunto.
Aproveitamos a oportunidade e convidamos o leitor para estudar conosco o ensino especial dos Espíritos sobre as manifestações e os meios de comunicação com o Mundo Invisível.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns
Kardec, Allan – Revista Espírita, 1858, Janeiro
Kardec, Allan – Revista Espírita, 1859, Janeiro e Fevereiro

Elisabeth Maciel
Outubro / 2002

O Livro dos Espíritos Estudo 7

Introdução do Estudo da Doutrina Espírita
IV. Manifestações Inteligentes
Manifestações - expressão – esclarecimento – demonstração – revelação dar-se a conhecer (um Espírito) por meio de sinais físicos
Inteligentes - revela inteligência, e uma intenção, um objetivo, um fim.
As contradições ou objeções mais evidenciadas, lançadas contra o Espiritismo e estudadas na página anterior (novembro 2001) encontrarão nas reflexões contidas neste item, seu fecho.
Se os fenômenos se restringissem dos movimentos e barulhos dos objetos, ter-se-ia que permanecer no campo das Ciências Físicas.
Não era entretanto dessa forma que os fatos se desenvolviam. Essas manifestações ostensivas, batiam o pé, respondiam ao que se havia convencionado por um sim ou não, às questões propostas. Demonstravam pensar, refletiam, opinavam demonstrando não acaso,
fortuito mas ação inteligente.
Esse "código" prossegue. Passa apresentar respostas mais desenvolvidas. Por meio das letras do alfabeto que recebia determinado número na quantidade das batidas a serem dadas, chegava-se a formar palavras e frases, que respondiam às questões propostas.
A clareza das respostas demonstrava compreensão do que lhe fora perguntado provocando surpresa e admiração.
Quem dava essas respostas?
Interpelado a respeito, o ser misterioso declarou ser um Espírito, identificou-se como sendo a essência de alguém que em outro tempo já tivera um corpo de carne, material, físico. Deixara-o pela morte, continuando a viver, em corpo semelhante, mas de natureza diferente.
Estava aí circunstância inusitada. Não se havia pensado, até então, em causa não física para explicar os acontecimentos. O próprio fenômeno é que se revela como ser "concreto" e circunscrito. Tão aquilo ou como eram quando encarnados, a individualidade preservado ; estão por toda a parte; são atraídos por sentimentos afins. Em tudo semelhantes aos homens, apenas com um corpo fluídico invisível no estado normal, mas que em dadas circunstâncias podem se fazer vistos.
Em meio a tantas revelações, a um campo amplo que se abria, a correspondência, ou seja, a forma de comunicação, não só era lenta, demorada como incômoda.
O próprio Espírito sugere adaptar um lápis a uma cesta ou a outro objeto. Este ou esta, colocado sobre uma folha de papel é movimentada pela mesma potência oculta que faz girar a mesa. O lápis agora, escreve por si mesmo, formando, palavras, frases, discursos inteiros de muitas páginas, tratando de variados assuntos. Questões de Filosofia, Moral, Metafísica, Psicologia etc se desenvolviam com rapidez, como se mão comum guiasse o lápis.
Esse método simultaneamente foi sugerido na América, França e diversos outros países. Em Paris, o "recado" acontece no dia 10 de julho de 1853, a um pesquisador fervoroso dos fenômenos, e que desde 1849, se dedicava ao estudo, buscando a causa: - "Vá buscar no quarto ao lado a cestinha; prenda nela um lápis, coloque-a sobre o papel e ponha-lhe os dedos na borda". Feito isso, depois de alguns instantes a cesta se põe em movimento e escreve: "Isto que eu vos disse, proíbo-vos expressamente de o dizer a alguém: da primeira vez que escrever, escreverei melhor".
O objeto que se adapta ao lápis é apenas um instrumento, sua forma ou natureza não importa; procurava-se uma disposição mais cômoda e rápida do que as batidas. Muitas pessoas passaram a usar a prancheta.
Cesta, prancheta ou qualquer outro objeto só eram porém, postos em movimento sob a influencia de "certas pessoas" (médiuns) que intermediavam a ação entre os Espíritos e os homens.
Essa ação pode dar-se com o indivíduo (médium) tendo consciência de suas possibilidades, isto é, ele deliberadamente se doa, se abandona para produzir fluidos que serão usados nos fenômenos materiais como os que estamos estudando: movimentos dos corpos inertes, ruídos, deslocamentos etc. A vontade, portanto, será elemento de alta contribuição facilitando, digamos assim, o trabalho dos Espíritos.
Há também, os chamados médiuns involuntários, isto é, não tem consciência, de que exteriorizam fluidos e o que acontece ao seu lado, nada vem ou percebem como extraordinário.
São chamados de médiuns de efeitos físicos facultativos os primeiros, involuntários os seguidos; ambos fornecem energias, que os Espíritos se servem, combinam com energias do mundo espiritual, revestem o objeto que passa a ser vida factícia. Assim quando um objeto é posto em movimento, levantado, atirado para o ar, não é que o Espírito o toma, empurra ou suspenda como fazemos com as mãos. Ele "satura" o objeto com um misto de fluidos e o objeto momentaneamente, move-se porém, não tem vontade própria; segue o impulso que lhe dá a vontade do Espírito.
Se em vez da mesa, esculpimos uma estátua de madeira e sobre ela atuar-se como sobre a mesa, a estátua se moverá, baterá, ou responderá com movimentos e pancadas, obedecendo à vontade, ao pensamento do Espírito – Frise-se que essa "vida" é momentânea e a única prova de intervenção dos Espíritos é o caráter inteligente das comunicações. Se não houver este caráter, não há fundamento para atribui-las a Espíritos, mas sim, a causas puramente físicas.
Esse caráter inteligente, revelando a causa inteligente vai se evidenciar nos médiuns aptos para receber e transmitir comunicações inteligentes onde há a ligação mental que possibilita a troca de idéias em verdadeiras comunicações onde o bom médium caracteriza – se - á por ser sério, isto é, usar a faculdade só para o bem. Será modesto, devotado, seguro, abandonando-se ao servir para que os Espíritos amigos através dele, consolem, ajudem, balsamizem, despertem, ajudando tantos desencarnados detidos em momentos cruciais do existir.
Essas duas divisões, com todas as nuance que sem dúvida encontraremos, mesclam-se, misturam-se sendo praticamente impossível afirmar que uma comunicação enquadra-se só nesta ou naquela faixa: em toda manifestação física haverá o componente inteligente, como nesta o componente físico.
O importante é firmar-se que a única prova da intervenção do Espírito é o caráter inteligente da manifestação.
Resume-se abaixo a síntese do estudado:
1. Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações.
2. Fundando-se numa lei da Natureza, esses fenômenos nada tem de "maravilhoso" ou "sobrenatural", no sentido vulgar do termo.
3. Muitos fatos são tidos como sobrenaturais por que não se lhes conhece a causa; atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os repõe no domínio dos fenômenos naturais.
4. Entre os fatos qualificados de sobrenaturais muitos há que o Espiritismo demonstra, incluindo-os no número das crenças supersticiosas.
5. Se bem reconheça fundo de verdade em muitas crenças populares, o Espiritismo de modo algum, dá sua solidariedade, a todas as histórias fantásticas que a imaginação há criado.
6. Julgar do Espiritismo pelo fato que ele não admite é dar prova de ignorância e tirar todo valor à opinião emitida.
7. A explicação dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais forma toda uma ciência, toda uma filosofia que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado.
8. O Espiritismo não pode considerar critico sério, senão aquele que tudo tenha visto estudado e aprofundado com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso:
o Que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído
o Que haja por conseguinte haurido seus conhecimentos não em romances
o Aquele a quem não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido; nenhum argumento de que já não tenha cogitado e cuja refutação faça, não por mera negação mas por meio de outros argumentos mais decisivos
o Aquele que possa finalmente, indicar para os fatos averiguados causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo.
Nesse encadear das reflexões, a razão vem ressaltar a conseqüência moral desse intercâmbio, dessas manifestações. Hoje, na vida além – túmulos trazem aos homens de modo patente, as revelações do mundo invisível, reafirmando, dando provas de que somos Espíritos imortais; a vida continua e lá seremos o que cada um faz de si agora. Certamente, nesse constante aprendizado, tendo Jesus como modelo e guia viverá o homem buscando renovar-se moralmente, na certeza do futuro onde a solidariedade, o amor, a fraternidade liga e une a todos num sempre “até breve”!
Nossa próxima pagina:
Introdução V – "Desenvolvimento da Psicologia"
Bibliografia
"O Livro dos Espíritos" – Allan Kardec – Introdução IV
"Revista Espírita" – Allan Kardec – Agosto 1858
"O Livro dos Médiuns" – Allan Kardec – Cap.IV – 77 XIV – 160 e 163 X – 133 e seguintes XXVI – 197
Leda Marques Bighetti
Dezembro / 2001

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - Estudo 17

LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”- EMMANUEL/F. C. XAVIER
TEMA: “NA EXALTAÇÃO DO REINO DIVINO” ( estudo n. 17)
“Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto e assim tornar-vos-eis meus discípulos . “_ Jesus

(João, 15:8)

A citação que Emmanuel propõe ao estudo é tirada de momentos em que Jesus, antes de sua volta conforta os discípulos exortando, fortalecendo, prometendo que não os deixaria sós.
Reflete sobre a necessidade de estar o crente, o cristão unido a Deus. Faz analogia de Deus como sendo um agricultor, Ele, Jesus, a vide, e os cristãos os ramos, devendo estes serem vivos, atuantes, unidos ao tronco, para que, absorvendo a seiva, os nutrientes, produzam frutos. Os ramos que se desprenderem da videira, secarão e não produzindo mais devem ser podados, cortados.
Assim “Eu sou a videira, vós os ramos. O que permanece em mim e Eu nele, esse produz copioso fruto”...
...”mas se alguém não permanece em mim, será lançado fora como um ramo inútil”...
... “se permanecerdes em mim e as minhas palavras em vós podereis pedir tudo o que quiserdes... Nisto meu Pai é glorificado para que deis muito fruto e sejais meus discípulos”...
Esses ensinamentos foram passados aos discípulos naquela época, ontem. Como hoje serviria a cada um?
Como proceder para glorificar a Deus?
Será que é dizer orações primorosas, fazer discursos admiráveis, louvores e cânticos?
Com referência a esse ensinamento, Jesus convida para o trabalho da renovação interior e consequentemente para o trabalho no bem, na construção das boas obras no serviço ao próximo.
Jesus ensinava, exemplificava, vivia o Bem e convoca seus seguidores a demonstrar através das ações, que realmente aproveitam a oportunidade oferecida, e isso, só poderá ser demonstrado através dos bons frutos, que só as boas obras podem produzir.
Qual o valor de exaltar, glorificar a Deus, com cultos externos? Isso não significa ligação com o Pai. Somente estaremos ligados a Ele, quando servimos ao semelhante, exercitando o amor ao próximo; quando construímos não apenas obras materiais, necessárias e importantes, como escolas, hospitais, incentivo ao desenvolvimento científico, etc., mas, principalmente, aquelas que estão relacionadas ao sentimento, como a fraternidade, a caridade, enfim o amor ao próximo. Quando combatemos com energia e perseverança as imperfeições morais, também, glorificamos o Pai, pois, estamos demonstrando fé, confiança, na perfeição e justiça de sua Leis.
O valor das obras não está no seu vulto maior ou menor, mas, na pureza de intenção com que são executadas e no esforço que se empregou para a sua execução, pois, cada Espírito está em um degrau na escada da evolução, portanto, cada um dará de acordo com a sua possibilidade uma vez, que o que conta é o esforço despendido.
A sinceridade com que se age, é que determina o valor dos feitos. Há muita gente, cujas obras o mundo ignora, de alto merecimento aos olhos de Deus, enquanto há outras que o mundo homenageia e que tem pouco peso para a justiça divina. O valor das ações não está na quantidade e sim na qualidade, no esforço despendido para realizar.
Trabalhando na reforma interior e para a edificação do bem na Terra, pratica-se os ensinamentos de Jesus, naturalmente se glorifica, exaltando a Deus, Nosso Pai.
Não podemos ignorar que a reino de Deus, é construção interior, que deve ser feita diariamente, nas pequeninas coisas que constituem o dia a dia de cada um.
Demonstramos gratidão ao Pai, quando clareamos o caminho das outras pessoas, com palavras de consolo, quando ouvimos, aceitamos o outro como ele é. Não será, portanto, por demonstrar conhecimento profundo dos ensinamentos do Cristo ou da doutrina espírita, por fazer longos discursos comoventes, por freqüentar assiduamente os locais designados aos cultos ou aos estudos, mas seguindo os passos de Jesus, estendendo atos de Amor visando o bem de todos.
Seguidores de Jesus, sigam-lhe os passos, ajudando, amparando, consolando, instruindo, edificando e servindo sempre.
“Não se limitou a Senhor a simples glorificação de Deus nos Paços Divinos, quanto à edificação dos homens. Por amar infinitamente a Deus, na sublime tarefa que lhe foi cometida, desceu à esfera dos homens e entregou-se à obra do amor infatigável, levantando-nos da sombra terrestre para a Luz Espiritual.”

Bibliografia:
Em torno do Mestre - Vinícius, pág. 297
Pal. De V. Eterna – Emmanuel/F.C.Xavier, lição 5

Maria Aparecida Ferreira Lovo

Novembro / 2002

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O LIVRO DOS MÉDIUNS Estudo 14:

Estudo 14: Capítulo IV - Sistemas
Doravante, deixaremos de observar os sistemas de negação absoluta.
Pedimos notar que faremos apenas um registro dos sistemas, sem delongarmos em raciocínios a seu respeito, para que possamos seguir a seqüência do livro.
Sistemas das causas físicas:
Após a verificação dos fenômenos, a primeira conclusão a que se chegou foi a de atribuir os movimentos ao magnetismo, à eletricidade ou à ação de um fluido qualquer, em uma palavra, a uma causa exclusivamente física, material.
Sistema do Reflexo:
Percebida e reconhecida a ação inteligente, falta saber agora qual seria a fonte dessa inteligência. Pensou-se que poderia ser a do médium ou dos assistentes, que se refletiria como a luz ou as ondas sonoras.
A experiência poderia dar a palavra final a respeito e foi efetivamente comprovado que esta teoria é falsa.
Sistema da alma coletiva:
Segundo este sistema, somente a alma do médium se manifesta, mas identificando-se com a de muitas outras pessoas presentes ou ausentes, para formar um todo coletivo que reuniria aptidões, a inteligência e os conhecimentos de cada uma delas.
Esses dados foram reunidos em uma brochura chamada Luz, mas apesar do nome tinha uma conotação obscura.
Este sistema foi pouco compreendido, inclusive na sua época.
Sistema sonambúlico:
Admite que todas as comunicações inteligentes precedem da alma ou Espírito do médium, porém para explicar como o médium pode tratar de assuntos que estão fora do seu conhecimento, em vez de considerá-lo como dotado de uma alma coletiva, atribui essa aptidão a uma superexcitação momentânea de suas faculdades mentais, a um estado sonambúlico ou extático que exalta e desenvolve a sua inteligência.
Sistema pessimista, diabólico ou demoníaco:
Constatada a intervenção de uma inteligência estranha, tratava-se de saber de que natureza era essa inteligência.
O meio mais usado era perguntar, mas algumas pessoas não viam nisso uma garantia suficiente.
A crença na comunicação exclusiva dos demônios, por mais irracional que seja, não pareceria impossível quando se consideravam os Espíritos como seres criados fora da Humanidade. Mas desde que sabemos que os Espíritos são apenas as almas dos que já viveram, ela perdeu todo o seu prestígio e podemos dizer toda a verossimilhança.
Sistema otimista:
Diferente daqueles que só vêem nos fenômenos comunicações diabólicas, há aqueles que só vêem a dos Espíritos bons.
Partem do princípio que a alma liberta da matéria, está livre de qualquer véu e deve possuir a soberana ciência e a soberana sabedoria.
As pessoas tiveram que aprender por si mesmas a desconfiar dos Espíritos, tanto como desconfiavam dos homens.
Sistema uniespírito ou monoespírito:
É a crença de que um único Espírito se comunica com os homens e esse Espírito é o Cristo, protetor da terra.
Ainda se poderia admitir essa ilusão, se os que assim crêem só tivessem obtido comunicações excelentes, porém admite-se também terem recebido comunicações más atribuindo-as ao Diabo.
Entre essas duas opiniões tão diversas quem decidirá?
Este sistema foi considerado irracional e sem condições de resistir a um sistema sério.
Sistema da alma material:
Consiste apenas numa opinião particular sobre a natureza íntima da alma, segunda a qual a alma e o perispírito não seriam distintos, ou melhor, o perispírito seria a própria alma em depuração por meio das transmigrações, como o álcool se depura nas destilações.
Este princípio não invalida nenhum dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita, pois nada modifica em relação ao destino da alma.
O tema perispírito será estudado em estudos posteriores.
Sistema multiespírita ou poliespírita:
Indicamos os resultados gerais a que se chegou através de uma observação completa e que hoje formam a crença, podemos dizer, da universalidade dos Espíritos, porque os sistemas restritivos não passam de opiniões isoladas:

1. Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas, ou seja, pelos Espíritos.
2. Os Espíritos constituem o mundo invisível e estão por toda parte, povoam os espaços até o infinito, estão ao nosso redor e estamos em constante contato.
3. Os Espíritos agem constantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral, sendo uma das potências da natureza.
4. Os Espíritos não são entidades à parte da Criação: são as almas dos que viveram na Terra ou em outros mundos, desprovidos do seu envoltório corporal; do que segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que ao morrer nos tornamos Espíritos desencarnados.
5. Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e ignorância.
6. Estão submetidos à lei do progresso e todos podem chegar à perfeição, mas como dispõem do livre-arbítrio alcançam-na dentro de um tempo mais ou menos longo, segundo os seus esforços e sua vontade.
7. São felizes ou infelizes, conforme o bem ou mal que fizeram durante a vida e o grau de desenvolvimento a que chegaram; a felicidade perfeita e sem nuvens só é alcançada pelos que chegaram ao supremo grau de perfeição.
8. Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens e o número dos que podem comunicar-se é indefinido.
9. Os Espíritos se comunicam por meio de médiuns, que lhes servem de instrumento e de instrumentos e intérpretes.
10. Reconhecem-se a superioridade e a inferioridade dos Espíritos pela linguagem: os bons só aconselham o bem e só dizem coisas boas; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.
Os diversos graus porque passam os Espíritos constam da Escala Espírita e o estudo dessa classificação é indispensável para se avaliar a natureza dos Espíritos que se manifestam e suas boas e más qualidades.
Encerramos assim, as indicações dos sistemas utilizados, buscando apenas um esboço de registro, uma vez serem estes sistemas motivo de observação e pesquisa válidos somente em sua época.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns
Kardec, Allan - O que é o Espiritismo.
Elisabeth Maciel
Setembro / 2002

O Livro dos Espíritos Estudo 6

Allan Kardec
"Contendo os Princípios a Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos, suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da Humanidade"
Segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec.
Introdução do Estudo da Doutrina Espírita
III. A Doutrina e seus contraditores
1. Definição e Conceitos
Afirmações e Refutações
Doutrina - conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso – político
ou científico.
Contraditor - que ou aquele que se opõe, que contesta impugna, faz oposição dizer
o contrário do que antes se afirmara.

Estudamos nas páginas passadas (junho e julho 2001) a característica de um tempo onde surgiu a Doutrina Espírita.

Mesmo se apresentando esse momento como propício, constituía-se essa sistematização, na procura, na busca, no estabelecer condições e normas para que o fenômeno ocorresse dentro do controle da razão, com objetivos e conseqüências. Tal proposta constituía-se como algo novo que, se por um lado despertava sincero interesse dos adeptos, por outro, fez ou fazia opositores.

Recorda o Codificador, que toda Ciência, em seus primórdios, convive com essa situação, que, são úteis, necessárias, pois será pela comparação dos fatos, analogia, disparidades, contrários, refutações etc., que pouco a pouco se estabelecerão regras, leis, classificações, princípios: numa palavra, constitui-se a Ciência.

O Espiritismo está a desabrochar. É natural que até ajustar-se , seu estudo, os fatos, suscitem objeções.

Lembra Kardec que os Espíritos o alertaram em relação a elas; não se inquietasse. Pouco a pouco, a unidade da crença se estruturaria.

Diariamente, vê tal predição se realizar. À medida que mais e mais penetra nas causas; que as leis vão explicando, as divergências diminuem, podendo-se dizer que "atualmente" não passam de posições isoladas.

Embora o fenômeno, desde a Antigüidade estivesse no ar, o comum das pessoas, o povo, não participava do conhecimento. O campo do "misterioso" era mantido, explorado em proveito deste ou daquele objetivo, crença ou interesse pessoal.

"Nesse século", esse estado latente, recebe impulso incessante onde os fatos observados atentamente, encadeiam-se formando uma Ciência nova que pouco a pouco irá se equilibrando até ocupar posição oficial.

Nesse item da "Introdução", Allan Kardec se dispõe refletir sobre essas contestações e o faz ressaltando que:
1. não tenta convencer a todos
2. dirige-se àqueles que de boa fé, sem posições pré-concebidas, desejam estudar as próprias dúvidas, observando, refletindo melhor, tendo mais dados que, facilitem a retomada de opiniões, elaboradas com precipitação ou sem aprofundamento maior.
A. Qual a principal objeção ?

1. Será em relação ao movimento de objetos, especialmente a que se chamou de "mesas girantes" ou "dança das mesas".

A princípio parecia tudo muito simples. Detendo-se na superfície, constituía-se na arte de mover mesas.

A História antiga relata inúmeros casos nas mesmas circunstâncias, ruídos insólitos, golpes, barulhos, movimento de objetos, sem causa ostensiva conhecida. Modernamente observado na América, propaga-se para Europa.

Provoca curiosidade, incredulidade; torna-se moda distração, onde a multiplicidade das experiências sérias virá permitir que não se duvide da realidade, como se compreenda o como, o porque e em que condições se realizaria ou não.

Reflita-se que: deslocamentos e barulhos poderiam ser explicados por causas físicas. Estamos longe de conhecer todos os agentes e propriedades da natureza. A própria eletricidade modificada ou qualquer outro agente físico desconhecido, poderia ser essa causa.

2. E o movimento circular ? Nada tem ele de extraordinário; pertence à Natureza. Todos os astros se movem circularmente. Poderia agir ai, um pequeno reflexo do movimento geral do Universo, onde uma causa desconhecida poderia acidentalmente, produzir em dadas circunstâncias, corrente análoga à que impulsiona os mundos. Mas, há "acidentais" na Criação?

3. Na realidade e, aprofundando, percebe-se que o movimento não era sempre circular. Ora brusco, sem direção qualquer, desordenado, violentamente sacudido, contrariava leis reguladoras da matéria. Movia-se sem que uma força externa impulsionasse (inércia), suspendia-se no espaço e mantenha-se fixo ou deslocava-se, sem qualquer suporte (gravidade).

Poderia agir alguma lei invisível, desconhecida?

Sem dúvida. Não vemos uma descarga elétrica queimar, derrubar, arrancar, lançar árvores, corpos pesados à distância, atraindo ou repelindo-os?

Os golpes, barulhos e pancadas poderiam ainda ser resultado da dilatação ou concentração da madeira, onde causas circunstanciais, acúmulo de energia, poderiam constituir-se como núcleo emissor. A própria eletricidade produz ruídos violentos, bruscos, intensos ou mais brandos.

4. Surge, porém um fato que não corresponde à ação da Natureza – o fenômeno não se produzia constantemente, à vontade do experimentador. Conclui-se então, pela negação deles.
Pergunta-se: Podemos negar um fato, simplesmente porque ele não se repete de modo idêntico, segundo a vontade e exigência do pesquisador?

Os fenômenos da Eletricidade e da Química se processam cada um em seu campo, sob determinadas condições. Sem o estabelecimento delas, nada acontece. Podemos negá-los?

Os chamados cientistas de então, tendo fixado seu ponto de vista ao conhecido, não se abriam às possibilidades. Sujeitavam as explicações ao estabelecido, sem considerar que para fatos novos muito trabalho, observação, perseverança, atenção, será exigida para que se perceba condições orientadoras e propiciadoras.

5. Objetam ainda que, freqüentemente há fraudes visíveis. Mas, pode-se rotular fraude, o efeito de uma ação que não se consegue apreender ? Um homem simples pode tomar como sábio professor de Física, um simples prestidigitador.

Suponhamos, porém que realmente é fraude – como negar conclusivamente o fato, sem provas experimentais, cabais, amplas que caracterizem o "impossível”? A Ciência fecha-se nessa afirmativa?

No próprio exemplo acima há a resposta. Se há hábeis prestidigitadores, que produzem efeitos maravilhosos, não podemos dar-lhes o nome de Físicos, nem se deduzir ou afirmar que a Física (Ciência) se ocupa do sensacional.
Necessário ainda, analisar o caráter das pessoas que lidam com os fatos, bem como o interesse que teriam em enganar.

Só lendo, estudando, observando, se adquire o conhecimento de uma Ciência, o que de modo algum, poderá acontecer em algumas horas, no superficial, no que se ouviu dizer.

O Espiritismo não está detido nas mesas girantes, nos barulhos e pancadas, mas através desse ostensivo, deduziu leis, que despertariam no homem a consciência de que é um ser imortal, onde a existência lhe propicia todos os meios, para que no trabalho pessoal, desenvolva sua perfectibilidade rumo a Perfeição.
Nota: Nossa próxima página (IV) estudará o caráter- síntese que refuta essas objeções todas.
Bibliografia
• "O Livro dos Espíritos" – Allan Kardec – "Introdução" III
• "Dicionário da Língua Portuguesa" – Aurélio pág. 230-174
• "Revista Espirita" – Allan Kardec - Agosto 1858
• "O que é o Espiritismo" – Allan Kardec
• "O Livro dos Médiuns" – Allan Kardec Cap. II
Leda Marques Bighetti
Novembro / 2

LIVRO: PALAVRAS DE VIDA ETERNA (estudo n. 15)

EMMANUEL / F. C. XAVIER
TEMA: “NO ROTEIRO DA FÉ” (estudo n. 15)
"Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.”
Jesus (Lucas, 9:23 )
Não podemos esquecer que há muita diferença entre seguir Jesus e seguir aos cristãos.
Se alguém que seguir Jesus, se elegeu Seus ensinamentos como roteiro para vida, deverá renunciar a muitas coisas, começando a trabalhar as próprias imperfeições, como o egoísmo, o orgulho, que são base dos outros males.
Esforçar-se, perseverar no trabalho da renovação intelectual e moral, e fazer todo o bem possível.
O caminho para a evolução é árduo, áspero, nele carregamos as dificuldades, as provas as expiações, geradas pelas ações livremente praticadas.
O convite de Jesus não deixa dúvidas.
"Segue-me" _ diz o Mestre.
Por faltar esclarecimentos, julgávamos, antigamente, que as cruzes que devemos carregar para ir ao encontro de Jesus, se constituíam, unicamente, em exercícios de piedade religiosa, que embora louváveis são incompletos.
Passar horas em oração, como se fosse essa a maneira verdadeira de demonstração de fé e confiança no Senhor.
Não sabemos quantas oportunidades nas reencarnações nos detivemos nessa devoção pouco equilibrada. Quantas obras sem construção edificante, para percebermos em seguida que não soubemos aproveitar o tempo de forma útil.
Algumas pessoas se dizem desiludidas em matéria de fé, porque ao buscar Jesus, idolatram, veneram homens, que são os intermediários, se esquecendo que os intermediários humanos do Evangelho, em qualquer crença, não podem jamais substituir o Cristo junto a humanidade, porque, embora, muitos sejam sinceros, caridosos, não possuem todas as virtudes, são, ainda, imperfeitos, passando em geral, seu entender pessoal da proposta desvinculado do sentido da aplicação pessoal. Somente Jesus é o guia real, porque é o único Espírito perfeito que a Terra conhece, o único que viveu integralmente o que ensinou.
Pessoas buscam as casas religiosas, a Casa espírita, esperando encontrar conforto, consolo.
Os ensinamentos que a Doutrina Espírita traz, constituem-se na divina expressão do Consolador Prometido, são consolações para os momentos mais difíceis, justamente porque antes leva a razão a perceber a importância deles frente à imortalidade.
É indispensável, porém, observar, que não é justo alguém querer, ter ou receber conforto, sem esforços para conseguí-lo.
Na casa espírita, na explicação dos ensinamentos de Jesus, percebemos que todo auxílio chegará na proporção em que cada qual buscar entender, equilibrar, dinamizar os potenciais de amor, vencendo o momento difícil, fortalecendo e libertando-se.
Explicando o significado real das palavras do Cristo, ressalta que não bastam fugas, omissões do campo de luta para alcançarmos a superação do problema ou meta, que é a perfeição.
"Afirma Jesus, que se nos dispomos a encontrá-Lo, é preciso renunciar a nós mesmos e tomar nossas cruzes. Essa renúncia, porém, não será improdutiva semelhante à fonte seca. Ë necessário que ela apresente rendimento de valores espirituais em nosso favor e a benefício daqueles que nos cercam, ensinando-nos o desapego ao bem próprio, pelo bem dos outros".
A face disso, nossas cruzes incluem todas as realidades que o mundo oferece, dentro das quais somos convocados a que pessoalmente nos esqueçamos visando a construção da felicidade geral.
Para aquele que segue o itinerário da fé com Jesus, a vida é um caminho pavimentado de esperança e trabalho, alegria e consolo, mas plenamente aberto às surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer ilusão.
"Não desconhecia Jesus que todos nós, os Espíritos encarnados ou desencarnados que suspiramos pela comunhão com Ele, somos portadores de cicatrizes e aflições, dívidas e defeitos muitas vezes escabrosos".
Daí o recomendar-nos: _ "Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me".
Se queremos progredir como espíritos imortais, assumamos nossas responsabilidades perante a vida, com renúncia e coragem, tendo sempre Jesus como modelo e guia real.

Bibliografia:
Livro da Esperança - Emmanuel / F.C.Xavier - lição n.80
Caminho, Verdade e Vida - Emmanuel / F.C.Xavier - lição n. 11.

Maria Aparecida Ferreira Lovo
Setembro / 2002

Estudo 17: Mediunidade nos Animais

A questão da mediunidade nos animais apareceu no tempo de Kardec e foi objeto de estudos e debates na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Tanto os Espíritos, quanto Kardec e a Sociedade Espírita consideraram o assunto como sem fundamento.
O animal pode ser considerado como o último elo da cadeia evolutiva que culmina no homem. Depois da Humanidade inicia-se um novo ciclo da evolução com a Angelitude (Reino Espiritual). Não há descontinuidade na evolução. Tudo se encadeia no Universo, como acentuou Kardec.
A teoria doutrinária da criação dos seres, isto é, a Ontogênese Espírita (do grego: onto é ser; logia é estudo) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal.
Léon Denis a divulgou numa sequência poética e naturalista: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem“. Entre cada uma dessas fases existem faixas intermediárias , nas quais o ser guarda características da fase que está deixando, incorporando-se à próxima, sem que esteja plenamente caracterizado. Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução á apresentada como um processo de interação entre esses dois elementos.
Cada fase, definida num dos reinos da Natureza, caracteriza-se por condições próprias, como resultantes do desenvolvimento de potencialidades dos reinos anteriores. Só nas zonas intermediárias, que marcam a passagem de uma fase para a outra, existe misturas das características anteriores com as posteriores.
Por exemplo: entre o reino vegetal e o reino animal, há a zona dos vegetais carnívoros; entre o reino animal e o reino hominal, há a zona dos antropóides. A teoria da evolução se confirma na pesquisa científica por dados evidentes e significativos.
A caracterização específica de cada reino define as possibilidades de cada um deles e limita-os em áreas de desenvolvimento próprio. A pedra não apresenta sinais de vida, embora em seu núcleo estrutural intensa atividade esteja se processando nas forças de atração; o vegetal tem vida e sensibilidade, o animal acrescenta às características da planta a mobilidade e os órgãos sensoriais específicos, com inteligência em processo de desenvolvimento. Somente no homem todas essas características dos reinos naturais se apresentam numa síntese perfeita e equilibrada, com inteligência desenvolvida, razão e pensamento contínuo e criador. Mas a mais refinada conquista da evolução, que marca o homem com o endereço do plano angélico (Reino Espiritual) é a Mediunidade. Função sem órgão, resultante de todas as funções orgânicas e psíquicas da espécie, a Mediunidade é a síntese por excelência, que consubstancia todo o processo evolutivo da Natureza. Querer atribuí-la a outras espécies que não a humana é absurdo, uma vez que mediunidade requer processo de sintonia impossível de acontecer no pensamento fragmentado do animal. Por isso, todos os que querem encontrá-la nos animais a reduzem a um sistema comum de comunicação animal, desconhecendo-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos.
O ponto de máximo absurdo nessa teoria da mediunidade nos animais é a aceitação de “incorporação” de espíritos humanos em animais.
As comunicações mediúnicas são possíveis somente no plano humano. A Natureza emprega os processos das formas no desenvolvimento das espécies animais e no crescimento das criaturas humanas, sempre no âmbito de cada espécie e segundo as leis das lentas variações da formação dos seres. Jamais o Espiritismo admitiu os excessos de imaginação que o fariam perder de vista as regras do bom senso e a firmeza com que avança na conquista dos mais graves conhecimentos de que a Humanidade necessita para prosseguir na sua evolução moral e espiritual.
As pesquisas parapsicológicas atuais demonstram a percepção extra-sensorial no animal que lhes permite perceber (enxergar, ouvir) vibrações de ondas não passíveis de serem captadas pelo sensório humano.
Certas faculdades dos animais são agudas como a visão na águia e no lince, a do olfato e da audição nos cães, a da direção nas aves e animais marinhos; faculdades estas desenvolvidas na medida das necessidades de sobrevivência de certas espécies.
As nossas faculdades correspondentes são menos acentuadas, porque já possuímos outros meios para aferir a realidade, usando faculdades superiores de que temos maior necessidade no campo da evolução espiritual. A percepção extra-sensorial é muito difundida no reino animal, e os espíritos incumbidos de zelar por esse reino, em certos casos podem excitar suas percepções para atender a circunstâncias especiais. Os casos de animais que se recusam a passar num trecho da estrada porque este é assombrado - segundo lendas, nada tem que ver com a mediunidade. Muitas vezes o animal se recusa porque percebeu não um espírito, mas sim a presença de uma serpente no mato.
Na Revista Espírita, Junho de 1860, pg 179, no artigo - O Espírito e o Cãozinho - é relatado o caso de um cão que percebia a presença do Espírito de seu dono, desencarnado havia pouco. É perguntado ao Espírito do rapaz por que meios o cão o reconhece, e ele responde:
“A extrema finura dos sentidos do cão”.
Posteriormente o Espírito Charles comunica-se explicando:
“A vontade humana atinge e adverte o instinto dos animais, sobretudo dos cães, antes que algum sinal exterior o revele. Por suas fibras nervosas o cão é colocado em relação direta conosco, Espíritos, quase tanto quanto com os homens: percebe as aparições; dá-se conta da diferença existente entre elas e as coisas reais ou terrenas, e lhes tem muito medo”.
“(...) Acrescentarei que seu órgão visual é menos desenvolvido do que as suas sensações; ele vê menos do que sente; o fluido elétrico o penetra quase que habitualmente”.
Desse modo, compreendemos que o cão percebe a presença de Espíritos, não através da mediunidade, mas através da percepção peculiar acentuada e por ser, em princípio, constituído do mesmo fluido que os Espíritos.
Outros casos comentados são as aparições de animais - fantasmas. Na Revista Espírita - Maio de 1865, pg 125 a 129, é relatada a aparição de uma cachorra chamada Mika.
Será que o princípio inteligente, que deve sobreviver nos animais como no homem, possuiria, em certo grau, a faculdade de comunicação como o Espírito humano?
Posteriormente, é recebida a seguinte comunicação de um Espírito, sobre o assunto (transcrevemos parte dela):
“(...) Assim, a manifestação pode dar-se, mas é passageira, porque o animal para subir um degrau, necessita de um trabalho latente que aniquila, em todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual, onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços (...)“.
“(...) que o animal, seja qual for, não pode traduzir seu pensamento pela linguagem humana, suas idéias são apenas rudimentares; para ter a possibilidade de exprimir-se como faria o Espírito de um homem, ele necessitaria ter idéias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, nem pode ter. Tende, pois,como certo, que nem o cão, o gato, o burro, o cavalo ou o elefante, podem manifestar-se por via mediúnica. Os Espíritos chegados ao grau da humanidade, e só eles, podem fazê-lo, e ainda em razão do seu adiantamento porque o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado”.
As manifestações de fantasmas-animais não são naturalmente conscientes como as de criaturas humanas, mas são produzidas por entidades espirituais interessadas nessas demonstrações, seja para incentivar o maior respeito pelos animais na Terra, seja por motivos científicos.
Continuando nossa análise, recorremos aos capítulos XIX e XXII de O Livro dos Médiuns e juntos, analisemos fatores que nos permitam compreender o papel dos médiuns nas comunicações, excluindo assim a possibilidade dos animais serem médiuns.
O Livro dos Médiuns,
• cap XIX - Papel dos Médiuns nas Comunicações;
• Cap XXII – Da Mediunidade nos animais, q.236
”(...) que é um Médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja”.
“(...) os semelhantes agem através de seus semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não? (...) o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite aos Espíritos e aos encarnados entrar facilmente em relação. Enfim, o que pertence especificamente aos médiuns, à essência mesma de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que anulam neles toda possibilidade de rejeição, estabelecendo entre eles e nós, uma espécie de corrente ou fusão, que facilita as nossas comunicações. É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns”.
“(. ..) o fogo que anima os irracionais, o sopro que os faz agir, mover, e falar na linguagem que lhes é própria, não tem quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, unir, fundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito em uma palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem (...)“.
“(...) não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. Precisamos sempre do concurso consciente ou inconsciente, de um médium humano, porque precisamos da união de fluidos similares, o que não achamos nem nos animais nem na matéria bruta”.
O Sr. T..., diz-se, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o, porquanto o infeliz animal morreu, depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüência de sua magnetização. Com efeito, saturando de um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza de cão, ele o esmagou, agindo sobre ele, embora mais lentamente, à semelhança do raio. Assim, não havendo nenhuma possibilidade de assimilação entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais, propriamente ditos, nós os esmagaríamos imediatamente ao mediunizá-los.
"(...)sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento a forma sensível e apreensível para vós. É com o auxílio dos seus próprios materiais que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Pois bem: que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Haveria ali palavras, números, letras, alguns sinais semelhantes aos que encontramos no homem, mesmo o mais ignorante? Entretanto, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, chegam mesmo a adivinhá-lo. Sim, os animais amestrados compreendem certos pensamentos, mas já os vistes reproduzi-los? Não. Concluí, pois, que os animais não podem servir-nos de intérpretes".
Resumindo: os fenômenos mediúnicos não podem produzir-se sem o concurso consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espíritos como nós, que encontramos os que podem servir-nos de médiuns. Quanto a ensinar cães, pássaros e outros animais, para fazerem estes ou aqueles serviços, é problema vosso e não nosso. – ERASTO”
Assim concluímos ser a Mediunidade uma faculdade natural do Espírito. Querer encontrá-la nos animais significa não entender seu mecanismo, finalidade e função, ignorando-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos. Os principais elementos que permitem o desabrochar dessa faculdade só apareceram no homem: a sensibilidade aprimorada ao extremo das possibilidades materiais, o psiquismo requintado e sutil, a afetividade elaborada aos impulsos da transcendência, a vontade dirigida por finalidades superiores, a mente racional e perquiridora , a consciência discriminadora e analítica, o juízo disciplinador e avaliador que avalia a si mesmo, a memória arquivada nas profundezas do inconsciente, o pensamento criador e dominador do espaço e do tempo, a intuição inata de Deus como o selo vivo e atuante do Criador na criatura.

BIBLIOGRAFIA:
1. KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XIX e XXII
2. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo:EME, 1997 - Cap. XI q. 592 a 613
3. KARDEC, Allan – Revista Espírita: Sobradinho-DF: EDICEL,
• Junho de 1860 – O Espírito e o Cãozinho
• Julho de 1861 – Papel dos médiuns nas comunicações, Erasto e Timóteo
• Agosto de 1861 – Os animais médiuns, Erasto
• Setembro de 1861 – Carta do Sr Mathieu sobre mediunidade das aves
• Maio de 1865 – Manifestação do Espírito dos animais
4. PIRES, J. Herculano - Mediunidade: 2. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 - Cap XI, Mediunidade Zoológica

Tereza Cristina D'Alessandro
Novembro / 2002