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quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Livro dos Espíritos Estudo 28

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA


XIV - AS QUESTÕES DE ORTOGRAFIA
Entre tantas acusações e controvérsias, habituais e normais nesse início, a objeção - ortografia isto é - a escrita correta das palavras - não se constitui com tantos fundamentos ou gravidade.
Estabelecido que:
• Os Espíritos são as almas daqueles que um dia estiveram encarnados
• Constituem população imensa, incalculável, em meios físicos e hiper-físico que se interpenetram
• cada qual conserva sua individualidade e se exteriora segundo a bagagem que lhe é própria, há que se entender, ser impossível, que todos se expressem através da escrita, da palavra ou qualquer outro meio, com a correção e perfeição desejadas.
Necessariamente, nem todos possuem a elegância da frase, o purismo no encadear das palavras para que se expresse a idéia. A grande maioria, não só dos Espíritos, como médiuns também não têm noção ou freqüentaram cursos de gramática que lhes ensinou escrever corretamente ou expressar o pensamento de forma mais clara, simples e correta.
Sob esses raciocínios percebe-se, que os adversários, detêm-se a detalhes primários, insignificâncias não convincentes, onde a grande causa do engano está em crer que o Espiritismo emana de uma só fonte ou da opinião de um só homem. Não percebe que está ele por toda parte, uma vez que não há lugar onde os Espíritos não possam se manifestar.
A causa, portanto, está na própria natureza do Espiritismo, cuja força não provindo de uma só fonte, permite a cada qual receber diretamente comunicações dos Espíritos e certificar-se através delas, na comprovação dos fatos, a veracidade ou não da proposta.
Essa universalidade das manifestações confere os princípios da Doutrina... "segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns”...
É uma força que não podem explicar aqueles que desconhecem o mundo invisível, assim como os que desconhecem as leis da eletricidade não compreendem a rapidez com que se transmite por exemplo um telegrama, um e-mail.
Entende-se portanto, ser normal nem sempre se receber uma mensagem com grafia e estilo impecáveis.
Funciona aqui, o mesmo critério da linguagem, onde o que se deve buscar é o conteúdo, a proposta moral contida na instrução, no trecho, na mensagem, no livro etc. Se procedem de Espíritos elevados, a idéia será a mesma em qualquer tempo e lugar, independendo-se da forma, da grafia certa ou errada, da construção da frase, da caligrafia fluente, fina ou grosseira e tosca.
Não julgar portanto, a qualidade do Espírito pela forma material na incorreção do estilo. Sondar-lhe o íntimo, analisar, pesar friamente sem prevenção.
Qualquer divergência, distanciamento, inovação, ofensa à lógica, à razão, à ponderação ao bom senso, não deixarão dúvida quanto à procedência, sejam quais forem as palavras bonitas ditadas, a grafia perfeita ou o nome sob o qual se apresente o Espírito.
O teor de uma mensagem inferior aborda e discorre sobre tudo com desassombro, uma vez que não há preocupação com a verdade. Predizem o futuro, explicam o passado, fixam acontecimentos em datas e circunstâncias. Ao escrever e falar, são pomposos, ostensivos, bombásticos, justamente meio que, empolgando, oculta o vazio das suas idéias. Essa linguagem pretensiosa, ridícula ou obscura tem o objetivo de querer parecer profunda, filosófica, séria. Mescla-se em meio a palavras bonitas onde a imposição é velada nas ordens que dão e que querem ser obedecidas. Elogiam, estimulam o orgulho, a vaidade, exaltam a importância pessoal, fazem promessas e tratos, pactos e acordos em meio às suas pregações de humildade, desapego, fraternidade...
Os bons, os comprometidos com a Verdade nas propostas de renovação moral, ao contrário, só dizem o que sabe; calam-se ou confessam ignorância sobre o que desconhecem. Não determinam datas em previsões. Não direcionam a mensagem, especificando que é para este ou aquele. Abordam o assunto de tal forma generalizando-o, que cada ouvinte ou leitor, sente-se como destinatário único.
Exprimem-se com simplicidade, em estilo sucinto, resumido, breve, exato, sem exigir muito esforço para sua compreensão. Dizem muito em poucas palavras, porque exatamente cada uma delas é empregada com exatidão e com o sentido que têm e não a que o homem queira dar-lhe. Não ordenam, não impõem, mostram utilidade, objetivos, ideal a ser alcançado, benefícios que de modo geral atraem esta ou aquela atitude, deixam o ser em liberdade. Se não são aceitos, entendidos, escutados, retiram-se. Não lisonjeiam, aprovam o bem feito, com reservas, sem estardalhaço, sem elogios. Objetivam sempre fim sério e eminentemente útil - em todas as circunstâncias - só prescrevem o Bem e tudo o que passarem estará estritamente conforme com a pura caridade evangélica.
Esse conhecimento é essencial para se aferir, para se ter presente quando do recebimento de uma mensagem, da leitura de um livro que se qualifica como espírita, como de mensagens psicofônicas, tanto em relação à sua procedência, como em relação à pureza da Doutrina.

Bibliografia

Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução XIV

Kardec, Allan - "O que é o Espiritismo" - 1o dialogo

Kardec, Allan - "O Livro dos Médiuns" - cap. XXIV

Leda Marques Bighetti
Outubro / 2003

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 40

LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

ENQUANTO PODES


"Tu, porém, por que julgas teu irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o Tribunal de Cristo." - Paulo. (Romanos, 14:10.)
O questionamento apostólico tem como objetivo fazer com que cada um reflita nas próprias condições.
Da mesma forma que outrora, é comum ao homem moderno deter-se destacando as imperfeições alheias. Estamos sempre prontos a apontar, a ressaltar, a divulgar as mazelas, os aspectos ruins de todos e de tudo. "Sempre encontramos motivos para a ofensa, a recriminação, a transferência de culpas, para depreciar a movimentação alheia, para rebaixar o outro".
Destacando este aspecto, não estamos criticando ou desconsiderando a capacidade do ser humano de analisar, perquirir, identificar o erro quando e onde ele exista, uma vez que essa habilidade, desenvolvida ao longo das oportunidades reencarnatórias, não é um mal, pelo contrário, é uma ferramenta e como tal precisa ser bem utilizada para que traga proveito, benefício.
Como pode ser isso?
Toda vez que uso o discernimento e analiso as atitudes do outro, seus desacertos, desequilíbrios e tiro disso experiências para as recomposições pessoais, saio do simples julgar, para os aprendizados em que cresço analisando as repercussões das variadas respostas que o outro colha. Tal atitude representa a ação de Espíritos amadurecidos. Na juventude, não acontece tal ação. Imaturo, a duras penas paga-se o preço da inexperiência que ensinará na dor, a que se aprenda mais tarde analisando a semeadura e a colheita do próximo, lendo ali lições, convites para que o mesmo engano não nos surpreenda em vigilante. Desse modo aplica-se o engano alheio como instrumento de correção pessoal a fim de não estimular a negligência, a conivência com o erro, e não unicamente para ressaltar o lado sombrio e difícil de pessoas e coisas.
Emmanuel reflete que cada um deve perceber-se como criatura que também caminha de mãos dadas com erros e dificuldades pois "almas imaculadas não povoam ainda a Terra"; faz-nos ver a necessidade e urgência do trabalho pessoal em desenvolver qualidades essenciais à convivência em sociedade, à própria paz e ao progresso geral. Quais são essas qualidades? A indulgência, o entendimento, a paciência e a bondade para com todos "que se enganaram sob a neblina do erro, para que te não faltem a paciência e a bondade (...) a que te arrimarás no dia em que a sombra te ameace o campo das horas." Dentro desse programa educativo, mesmo percebendo os enganos nos quais o outro se detém e usando-os para crescimento pessoal o grande desafio (segundo Ermance Dufaux) consiste em "estarmos afetivamente focados no "lado" bom, nas qualidades, nos instantes bem sucedidos de alguém, conquanto tenhamos (...) possibilidades de perceber-lhe as imperfeições e mazela. Continua dizendo que "Compreender, estimular, perdoar, reconhecer valores alheios, dividir responsabilidades, apoiar, ser afetuoso (...) é muito mais trabalhoso". Conquanto seja trabalhoso é preciso investir nas qualidades necessárias ao progresso e elevação, que em síntese representarão a libertação de cada um.
Jesus é o padrão. Onde O vemos em destaque ao mal?
Conclui Emmanuel:
"Auxilia, enquanto podes.
Ampara, quanto possas.
Socorre, quanto possível.
Alivia, quanto puderes.
Procure o bem, seja onde for.
E, sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá ao exato julgamento na Eterna Lei."
Bibliografia:
 Oliveira,Wanderley S. "Laços de Afeto: Caminhos do Amor na Convivência". Ditado pelo Espírito Ermance Dufaux. 3a ed. Belo Horizonte - MG - Editora INEDE. 2002.
 Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Enquanto Podes". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC . 1992.

Iracema Linhares Giorgini
Outubro / 2004
ROMANOS 14
10 Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus

sexta-feira, 23 de julho de 2010

92 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – ALLAN KARDEC


CAPÍTULO X: BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A INDULGÊNCIA- ITEM 18

Dufétre, bispo de Nevers, do qual não encontramos referências, traz a terceira e última mensagem deste capítulo, sobre a indulgência, iniciando-a com a mesma recomendação das duas anteriores: “sede severos para vós mesmos e indulgentes para as fraquezas alheias.”
A insistência do conselho nos mostra a importância da prática dessa ação em nossas vidas, neste planeta de expiações e de provas, como condição sine-qua-non de nossa evolução espiritual, de nossa paz interna e externa.
Para que possamos conseguir vivenciar no cotidiano essa recomendação, parece-me, indispensável, a aceitação de que somos todos iguais em potencialidades, desde a nossa criação, e que estamos todos fazendo nossa caminhada evolutiva para atingir a perfeição e a felicidade. Para isso há necessidade da aceitação da continuidade da vida do Espírito.
Essa certeza acaba com o orgulho e o egoísmo, desenvolve a humildade, que leva o homem a sentir-se igual ao outro, nem superior, nem inferior, tornando-o indulgente para as fraquezas alheias, e exigente consigo, porque compreende o que pode exigir de si mesmo.
Enquanto os homens viverem com a idéia de uma vida única, vivendo-a guiados pelo orgulho e egoísmo, não vendo senão seus próprios interesses, julgando-se mais merecedores do que os outros, as lutas entre pessoas e entre nações continuarão trazendo dores e sofrimentos, além de atrasar o progresso geral.
O autor dessa mensagem escreve que seguir a recomendação acima é fazer “a santa caridade”, visto que todos nós, os habitantes da Terra, encarnados e desencarnados, temos “más tendências a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar”. Temos um fardo mais ou menos pesado para alijar, ou seja, para livrarmo-nos, para retirar de nós, a fim de que possamos atingir o “cume da montanha do progresso”.
Por que, então, enxergarmos com tanta clareza as falhas alheias, sendo tão cegos com as nossas? Por que faltar com essa caridade?
“O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não se verem superficialmente os defeitos alheios, mas em procurar destacar o que há de bom e virtuoso no próximo. Porque, se o coração humano é um abismo de corrupção, existem sempre, nos seus mais ocultos refolhos, os germes de alguns bons sentimentos, centelhas ardentes da essência espiritual”.
Escreve sobre o espiritismo, considerando felizes os que o conhecem e põem em prática seus claros ensinos, que lhes ensinam que a caridade em relação ao próximo tem de ser praticada como para si mesmo.
“Caridade para com todos e amor a Deus sobre todas as coisas, porque o amor a Deus resume todos os deveres, e porque é impossível amar a Deus sem praticar a caridade, da qual Ele fez uma lei para todas as criaturas”.
Enquanto não nos libertarmos do hábito de destacar as imperfeições alheias, por muito que façamos em atividades de beneficência, não estamos sendo caridosos, estamos amparando necessitados, mas não estamos aproveitando essas atividades para nossa transformação moral, visto que estamos sendo malévolos para com nossos irmãos e orgulhosos em não vermos ou camuflarmos as nossas próprias mazelas.

Bibliografia:
“KARDEC, Allan - ”O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner
Fevereiro / 2009

O Livro dos Espíritos Estudo 27


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

XIII - AS DIVERGÊNCIAS DE LINGUAGEM

Recorde-se que o mundo espiritual é constituído por individualidades onde, cada qual mantém suas características, sua personalidade, modo de ser e pensar diferentes umas das outras em tudo: conhecimento, moralidade, sábios, brincalhões, ignorantes etc. etc.... Entende-se, por conseguinte, que emitam sobre os variados assuntos opiniões diferentes, pois sentem, pensam, buscam a Verdade sob objetivos diferentes, pessoais.
1 — Como entender, porém, o desacordo, a discordância que leva Espíritos a se expressar, sobre um mesmo assunto, de forma diferente?
Esse é mais um dos pontos que enfatiza a necessidade do estudo contínuo, pois só através da observação profunda é que se conseguirá perceber que a discordância nem sempre é tão real quanto possa parecer num primeiro momento - a idéia fundamental permanece - as definições divergem, na forma da construção da frase, no estilo mais rebuscado ou sintético. Muitas vezes, a diferença se estabelece, decorrente do modo como a pergunta é feita onde, sobre um mesmo assunto, poderá ser enfocado outro ângulo de uma mesma questão. Observados estes pontos, quase sempre onde, num primeiro momento se observa contradição, o que realmente existe são as diferenças de palavras, nas quais os Espíritos superiores não se detêm - a forma em si não lhes importa e sim - a essência do pensamento no estímulo ao Bem.
Livres da matéria, o pensamento rápido constrói frases que levam muito mais que um simples encadear de palavras formando a oração ou o texto.
Ao se comunicar com os encarnados, o processo deve-lhes ser altamente embaraçoso, limitativo, pois não conseguem exprimir a realidade, a amplitude de suas idéias. Somem-se, os limites e incapacidades do médium, as formas ou termos disponíveis na escrita, na linguagem humana, na lentidão no passar e no captar da idéia, da mensagem. Daí, por compreenderem, saberem de tudo isso, não se atêm as divergências ortográficas.
Ao tratar dos profundos e sérios ensinamentos dos quais se ocupam, detêm-se na idéia, no objetivo, na proposta, exprimindo-a em todas as línguas e a todas compreendendo.
Conhecem a correção da linguagem, a forma correta das construções, mas não se agastam, se o médium não a percebe, tanto que, ao ditar, por exemplo, uma poesia - o estilo, a métrica é perfeita, apesar da ignorância ou desconhecimento do médium.
O mesmo acontece em relação ao significado das palavras: - o texto em estudo, exemplifica com a palavra alma, que, não tendo uma definição única, poderá, para quem lê, entender haver divergência.
Exemplo:
— um Espírito poderá usar o termo, afirmando que ela é o princípio da vida;
— outro refere-se a ela, como centelha anímica;
— um terceiro dirá que é interna;
— um quarto, que é externa etc. etc. etc.
Na realidade, todos falam de um mesmo assunto, sob objetivos, propostas e enfoques diferentes.
O mesmo acontecerá, se a idéia a ser trabalhada referir-se a Deus:
— alguns falarão Dele, como princípio de todas as coisas
— outros o apresentarão sob a face da misericórdia, justiça, inteligência, previdência, providência etc. etc.
Em relação aos Espíritos, a mesma situação:
— sabemos de sua existência em incontáveis graus de perfeição ou imperfeição - estabelecer uma escala em classes que sintetizem as qualidades boas ou não, classificá-las, dividi-las em três, cinco ou vinte sub classes, é arbítrio de quem está voltado a esse trabalho, sem que por isso, se coloque em erro, tanto frente a realidade, como em relação aos outros ou fale de algo diferente que colide, contraria, infringe ou diverge do todo.
Na Ciência humana, encontramos vários sistemas sobre um mesmo objeto em estudo. Normalmente, levam o nome do pesquisador que apresentou, descobriu ou defende aquela idéia ou aquela faceta da verdade. Linneu, Jussieu, Tournefort etc., são sistemas em teses defendidas por esses cientistas e que em Botânica conserva-lhes o nome, que referencia a idéia, a pesquisa por eles feita ou defendida.
A ênfase, entretanto insiste, no sentido, de que é possível que tenha havido sobre um mesmo ponto, discordâncias.
Alertam os Espíritos, a que não se faça dessa aparência motivo de inquietação que podem levar a que se duvide da unidade da crença. Nesse momento, Espiritismo, como que, desabrocha, ajusta-se seu estudo em método, isto é, a ordem lógica a ser seguida na investigação; a precisão das leis que regem, ainda não está completa, o que faz com que esses desvios sejam normais.
A princípio, a Ciência espírita pareceu muito simples, pois, muitos se detiveram no mover das mesas. A observação atenta porém, veio mais tarde revelar ramificações e conseqüências muito mais complexas do que se pudera imaginar
... "as mesas girantes são como a maçã de Newton: na sua queda encerra o sistema do mundo"...
Na realidade, aconteceu o que normalmente se passa com o que é novo: por não se ver o todo, cada um se detém, percebe um lado e comunica ou se atém ao que vê sob seu ponto de vista, suas idéias e preconceitos.
Em relação aos Espíritos são eles julgados, descritos, segundo a natureza das relações com eles estabelecidas, onde alguns são transformados em demônios; outros em anjos - afirmações estas decorrentes da apreciação daqueles que se detém na parte. Sem a visão, sem a busca do todo, cada qual estaciona naquilo que se consiste em objeto de suas preocupações.
Nesse caso, as divergências são decorrentes dos diferentes ângulos, sob os quais o pesquisador se fixa, sem interagir com as demais faces, também em estudos e pesquisas, afastando-se assim, do todo.
Esse estado de discordância ou parcialidade é comum nos sistemas prematuros fechados ou que se fixam em observações pessoais. A tendência é que, pesquisadores idôneos, cada um com suas observações, se unam na busca de uma origem comum.
As várias teorias espíritas, portanto, têm duas fontes:
— uma nascida do cérebro humano, onde o homem, crendo possuir todo o conhecimento daquilo que procura, se compromete, afastando-se do ponto central.
— a segunda, Espíritos ensinando coisas diferentes sob uma mesma idéia que se inter-relacionando, agindo umas sobre outras, abre-se na descoberta, digamos assim, da causa.
Conhecer a "Escala Espírita" favorece entender melhor essa aparente anomalia de linguagem dos Espíritos.
Conforme a classe em que se situe, tal será a qualidade e abrangência de suas apreciações.
Perceberemos que alguns são incapazes de informações exatas sobre o mundo que habitam ou o lugar em que estão. Considere-se ainda, que essas apreciações poderão provir de um leviano, inconseqüente, zombeteiro, mau, vicioso, mentiroso etc., que oferecerá detalhes segundo seus preconceitos e objetivos, sob os quais acobertam seus verdadeiros fins. Divertir-se, induzir ao erro, afirmar o que não sabem, dar conselhos indicando o que se deve ou não fazer, enganar a boa fé etc. etc., sempre segundo o ponto de vista pessoal descompromissado com os objetivos maiores da Verdade.
Destaque-se que hoje, este estudo e conhecimento de detalhes, tem especial importância. Pelo fato de já termos a Doutrina firma em seus princípios e leis, dispomos de pontos seguros para aferição, que responsabiliza a cada um, no sentido de que a idéia seja buscada, mantida, preservada na sua pureza para que possa ser vivida sem desvirtuamentos, onde a grande fonte de controvérsias passa a ser o desenvolvimento intelectual e moral dos Espíritos encarnados e desencarnados.
Bibliografia
Kardec, Allan — "O Livro dos Espíritos" - Introdução XIII
Kardec, Allan — "Revista Espírita" - Agosto 1858

Leda Marques Bighetti
Setembro / 2003

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 39

LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

"No auxílio a todos"

"Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida justa e sossegada em toda a piedade e honestidade”
Paulo (I Timóteo, 2:2)
É comum, vermos boa parte de pessoas preocupar-se, segundo seu entendimento, com os que considera menos afortunados, menos felizes. Oram a Deus, pedindo por eles e procuram mobilizar recursos para ajudar de alguma forma objetivando que a sua situação possa melhorar.
Nas catástrofes, vemos o sentimento de solidariedade abrindo-se, até mesmo com povos de outras nações. O êxito das campanhas para arrecadar recursos que são enviados, confirmam que não temos dificuldade em apiedarmo-nos dos que estão em desespero ou vitimados por flagelos.
É uma preocupação legítima, mas, essas não são as únicas pessoas que precisam das nossas orações, do nosso apoio moral ou material. Equivocadamente, achamos que aqueles que estão em posição de destaque, não precisam que nos preocupemos com eles, pois, devem ter uma vida sem problemas.
O Apóstolo Paulo, na 1a. carta que escreveu a Timóteo, em suas recomendações lembra o auxílio espiritual que devemos a todos que ocupam cargos de autoridade, de comando, seja dirigindo, orientando, esclarecendo e instruindo.
São Espíritos que reencarnam com a difícil tarefa do poder, da riqueza, da administração, que carregam tentações e provas de toda espécie e que quase sempre desconhecemos.
Essas pessoas são formadoras de opinião e nem sempre sob formas desejáveis influenciam coletividades negativamente, quando não se compenetram dos deveres que lhe são próprios, quando não têm noção da extensão da sua responsabilidade sobre pessoas ou povos.
Esses companheiros, que deveriam com a sua atuação levar o progresso material e moral para as populações, criam calamidades morais e moléstias coletivas de longa duração, que atrasam a evolução.
O estudo, portanto, desperta-nos para que nas nossas preces e vibrações lembremo-nos de dirigentes, responsáveis em pequena ou grande escala, por percebermos que temos para com esses companheiros responsabilidades, não ao que se refere aos seus atos em si, mas, em relação à sustentação espiritual que podemos e devemos oferecer a eles, pois, não desconhecemos o poder do pensamento, das vibrações que emitimos.
"Não nos esqueçamos, pois, da oração pelos que dirigem, auxiliando-os com a benção da simpatia e da compaixão, não só para que se desincumbam zelosamente dos compromissos que lhes selam a rota, mas, também, para que vivamos com o sadio exemplo deles, na verdadeira caridade uns para com os outros, sob a inspiração da honestidade, que é base de segurança em nosso caminho".

Maria Aparecida Ferreira Lovo
Setembro / 2004

I TIMÓTEO 2
2 pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade.

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 30


SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Estudo 30 - Itens 87 a 91 - Lançamento de Objetos

No capítulo que estamos estudando, Allan Kardec explica que tais fenômenos, cuja manifestação se poderia considerar como de prática espírita natural, são muito importantes, porque excluem as suspeitas de conivência. Afirma ainda, que as manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. Também disse que os Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem dos Espíritos mais imperfeitos para produzi-las. Atingida a finalidade acima indicada, cessa a manifestação. A seguir estudaremos o lançamento de objetos.
Lançamento de objetos
As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e batidas. Degeneram, às vezes, em verdadeira barulheira e em perturbações. Móveis e objetos diversos são revirados, projéteis são atirados de fora para dentro, portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças são quebradas, o que não se pode levar à conta da ilusão.
Toda essa desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se gritarias num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se quebra. Corre-se para ver e encontra-se tudo calmo e em ordem. Mal sai do local, recomeça o tumulto.
Essas manifestações não são raras nem novas. É comum se ouvir histórias desta natureza. O medo tem exagerado muitos fatos que, passando de boca em boca, assumiram proporções gigantescamente ridículas. Com o auxílio da superstição, as casas onde eles ocorrem foram tidas como assombradas pelo diabo e daí todos os maravilhosos ou terríveis contos de fantasmas. Compreende-se ainda a impressão que fatos desta espécie, mesmo reduzidos à realidade, podem produzir em pessoas de caracteres fracos e predispostas, pela educação, a alimentar idéias supersticiosas. O meio mais seguro de prevenir os inconvenientes que possam acarretar, pois não se pode impedi-los, consiste em tornar conhecida a verdade. As coisas mais simples se tornam assustadoras quando ignoramos as causas. Ninguém mais terá medo dos Espíritos, quando todos estiverem familiarizados com eles.
Na Revista Espírita se encontram narrados muitos fatos autênticos deste gênero, entre outros a história do Espírito batedor de Bergzabern, cuja ação durou oito anos (números de maio, junho e julho de 1858); o de Dibbelsdorf (agosto de 1858); o do Padeiro das Grandes Vendas, perto de Dieppe (março de 1860); o da Rua Des Noyers, em Paris (agosto de 1860); o do Espírito de Castelnaudary, sob o título de História de um Danado (fevereiro de 1860); o do fabricante de São Petersburgo (abril de 1860) e muitas outras.
Essas manifestações frequentemente assumem o caráter de verdadeira perseguição. Muitas pessoas têm suas roupas esparramadas e às vezes rasgadas, apesar da precaução que tomam , guardando-as à chave; outras vezes, pessoas estão deitadas, mas perfeitamente acordadas, e vêem sacudir as cortinas, arrancarem-lhes violentamente as cobertas e os travesseiros, que são erguidos no ar e até mesmo atiradas fora do leito. Esses fatos são mais freqüentes do que se pensa, mas a maioria das vítimas não os contam por medo do ridículo. Muitos que vivem essas experiências,consideradas alucinações, são submetidos ao tratamento dos alienados,o que pode leva-las realmente à loucura. Os casos de obsessão, de possessão e de simples perturbação por Espíritos, quando tratados como loucura, geralmente se agravam, porém, quando recebem tratamento espírita, são passíveis de cura.
É possível também que alguns casos sejam obra da malícia ou da malvadez. Porém, se tudo bem averiguado, ficar provado que não resultam da ação do homem, temos de convir que são, para uns, obra do diabo, e para nós, dos Espíritos. Mas de que Espíritos?
Os Espíritos superiores, como os homens sérios entre nós, não gostam de fazer travessura. Quando interpelados sobre o motivo de perturbarem assim a tranqüilidade dos outros, a maioria quer apenas se divertir. São antes levianos do que maus. Riem dos sustos que causam e do trabalho que dão para se descobrir a causa do tumulto. Muitas vezes apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De outras vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes, também, se trata de uma vingança. Em alguns casos, a intenção é mais louvável: procuram chamar a atenção e estabelecer comunicação, seja para transmitir um aviso útil, seja para fazer um pedido. Muitos pedem preces; outros que solicitam o cumprimento, em nome deles, de votos que não puderam realizar, e outros quererem, para o seu próprio sossego, reparar uma maldade praticada em vida. Em geral, pode ser um erro amedrontar-se com sua presença, que pode ser importuna, mas não perigosa.
É natural querer livrar-se deles, mas é necessário faze-lo da maneira mais eficaz, que é não se intimidar perante suas ações, até que desistam. Caso estejam agindo por motivo menos frívolo, será necessário identificar suas necessidades, e aqui novamente recomendamos o auxílio de uma casa espírita bem estrutura , onde poderão ser atendidos e esclarecidos em suas necessidades. Através das preces podemos ajuda-los sempre, porém, as solenidades das fórmulas de exorcismo não os intimida, e sim os divertem. Se for possível entrar em comunicação com eles, recomenda-se prudência e bom senso para avaliar a essência de suas mensagens, pois muitas vezes querem se divertir com a credulidade dos ouvintes.
Nos capítulos IX e XXIII, referentes aos lugares assombrados e às obsessões, Allan Kardec trata com pormenores este assunto e as causas da ineficácia das preces em muitos casos.
Embora produzidos por Espíritos bastante imperfeitos, esses fenômenos são freqüentemente provocados por Espíritos de ordem mais elevada, com o objetivo de demonstrar a existência dos seres incorpóreos, dotados de poderes superiores aos dos encarnados. A repercussão que alcançam e o medo que provocam, despertam a atenção para esse assunto e acabam por abrir os olhos dos mais incrédulos.
O desconhecimento do assunto e a negação sistemática da existência dos espíritos, são responsáveis por gerar superstições, criar neuroses e perturbações mentais, agravando o preconceito cultural contra a realidade do Espírito. A divulgação da Doutrina Espírita, através da prática que decorre dos estudos vivenciados, é a única maneira possível de evitar todos esses inconvenientes, familiarizando os homens com esse aspecto inegável das leis divinas: o mundo espiritual existe e os Espíritos estão entre nós.
No próximo estudo trataremos das causas desses fenômenos.

BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. V - 2ª Parte

Tereza Cristina D'Alessandro
Janeiro / 2004

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 38


LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

SALVAR-SE

"Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores...¨ - Paulo. (I Timóteo, 1:15.)
Esta epístola a Timóteo foi escrita na Macedônia; é a primeira das chamadas Pastorais - duas a Timóteo e uma a Tito - porque se destinam a pastores de almas. Nela o apóstolo orienta Timóteo sobre suas obrigações.
Falando da própria conversão e da eficácia do Evangelho em sua vida, lembra do objetivo da vinda de Jesus ao Planeta: "Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores... ¨ - Paulo. (I Timóteo, 1:15.)
A afirmativa apostólica merece cuidadosa ponderação uma vez que, a inferioridade humana, de modo geral, só interpreta a palavra “salvação” por benefício, por vantagem imediata.
Assim como no versículo em estudo, outros trechos do Velho e do Novo Testamento afirmam que Jesus veio ao mundo a fim de imolar-se pelos nossos pecados.
 Porque as iniqüidades deles levará sobre si. (Isaias, 53:11)
 Cristo morreu por nossos pecados, segundo as escrituras. (I Cor. 15:3)
 O qual se deu a si mesmo por nossos pecados para nos livrar do presente século mau. (Gálatas, 1:4)
 Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados. (Hebreus, 1:3)
 Assim também Cristo oferecendo-se uma vez para tirar o pecado de muitos (Hebreus, 9:28
 Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (João, 1:29)
A interpretação apressada e superficial dessas assertivas tem conduzido a muitos equívocos, o que levou P. A. Godoy refletir que: “Caso tivesse Jesus sido investido da prerrogativa de salvar os homens de seus pecados, duas situações teriam ocorrido: a humanidade teria ficado livre de todos os males, uma vez que a maior parte deles é herança do pecado e as religiões não poderiam falar mais em pecado original, uma vez que o Cristo teria removido dos ombros dos homens esse tremendo fardo (...)”.
Corroborando com esses raciocínios, Hermínio C. Miranda questiona, referindo-se em especial aos textos do apóstolo Paulo, que se assim fosse porque ele insiste na prática das boas obras, no procedimento correto, na caridade, no amor ao próximo? “Se Cristo nos salvou para sempre com sua dor, nada disso faz sentido e o que seria simplesmente inaceitável, primeiro porque o inocente não é destinado a assumir a responsabilidade pela falta alheia, lavando-lhe a mancha do erro. Onde ficaria o preceito de que a cada um (é dado) segundo suas obras? Que mérito ou necessidade teriam as obras ou a fé se estivéssemos já resgatado pelo sofrimento do Cristo? E que sentido teria o próprio pecado, como falta pessoal, se alguém acaba resgatando-o por nós?¨.
Pondera Emmanuel que “após a passagem do Mestre no mundo, a fisionomia íntima dos homens, (...) era a mesma do tempo que lhe antecedera (...)”:
• Os romanos mantinham-se na conquista do poder;
• Os judeus permaneciam algemados a racismo infeliz;
• Os egípcios desciam à decadência;
• Os gregos demoravam-se sorridentes e impassíveis, em sua filosofia recamada de dúvidas e prazeres;
• Os senhores continuavam senhores, os escravos prosseguiam escravos...
“Todavia o espírito humano sofrera profundas alterações”.
As palavras e os exemplos do Mestre “acordavam para a verdadeira fraternidade, e a redenção, (...) começava a clarear os obscuros caminhos da Terra, renovando o semblante moral dos povos...”
“Jesus Cristo não veio como Salvador”, para tomar sobre si os pecados da Humanidade. Ele veio na condição de Redentor da Humanidade. Veio ensinar o caminho da libertação espiritual, pelo conhecimento da verdade, no esforço pessoal de melhoria íntima, na vivência dos preceitos evangélicos.
Isto não se realiza de forma miraculosa mas gradativamente no curso eterno da vida, ou seja, “Deus nos concede todos os recursos para realizarmos em nós o trabalho da redenção espiritual que acabou ficando com o rótulo inadequado de salvação; não, porém, realizando-a por nós e sim conosco. Possibilidades e potencialidades são colocadas a nossa disposição, mas o trabalho é pessoal, intransferível”.
Jesus trouxe-nos a Verdade, ensinamentos que cabe a cada um dinamizar, “fazer a sua parte, entrar na posse dessa verdade, dessa luz que ilumina a mente, consolida o caráter e aperfeiçoa os sentimentos”. Cada um há que agir, lutar, realizar, sem o que a redenção não acontece. “Ninguém tem poder para salvar pecadores de forma indiscriminada”. Estes devem resgatar suas infrações às leis divinas através do conhecimento da verdade, da iluminação íntima, vivendo os ensinamentos evangélicos.
Eis porque Emmanuel, no texto em estudo, usa o termo salvar-se reconhecendo que “salvar não significa arrebatar os filhos de Deus à lama da Terra para que fulgure, de imediato, entre os anjos do Céu”.
Salvar-se é educar-se. Não é o batismo, a filiação a qualquer escola religiosa, a observância de rituais e práticas exteriores que redimem o Espírito mas, “o trabalho, longo e porfiado, de auto-educação” nas vidas físicas e fora delas.
“A sentença de Jesus: a cada um será dado segundo suas obras, (...), reflete a extensão do amor que Deus dispensa a todos (...), anulando qualquer idéia de que um Espírito possa elevar-se aos paramos sublimados da Espiritualidade, por caminhos dúbios, sem o esforço em favor do aprimoramento próprio”.
Bibliografia:
Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Salvar-se". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC. 1992.
Godoy, Paulo Alves. "Casos Controvertidos do Evangelho: Redenção ou Salvação - Pela Graça ou Pelas Obras?” SP - FEESP. 1993.
Godoy, Paulo Alves. "Crônicas Evangélicas: Salvador ou Redentor?". 3a ed. São Paulo - SP - FEESP. 1990.
Miranda, Hermínio Correa. “Cristianismo: A Mensagem Esquecida: Salvação”. Matão - SP - Casa Editora O Clarim. 1988.

Iracema Linhares Giorgini
Agosto / 2005

Citações bíblicas

I TIMÓTEO 1
15 Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal;

ISAÍAS 53
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si.

I Corintios
3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;

GÁLATAS 1
4 o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,

HEBREUS 1
3 sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,

HEBREUS 9
28 assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.

JOÃO 1
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

O Livro dos Espíritos Estudo 26


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA


XII - DA IDENTIFICAÇÃO DOS ESPÍRITOS

As reflexões iniciadas nos estudos anteriores, (X e XI) prosseguem neste item. Enfatizam, reforçam os cuidados e precauções necessárias, para que com mais segurança, se conheça a espécie ou categoria dos Espíritos com que se está tratando. Vimos que assim como os bons Espíritos podem se apresentar sob o nome de personalidades conhecidas, querendo com isso fixar uma idéia comum ao todo coletivo, deixando belas exortações, os inferiores também se apresentam sob nomes respeitáveis. Daí a ênfase dada a que se analise, como meio identificador, a linguagem e o conteúdo, isto é, a qualidade da proposta.
Ainda assim, adeptos leais da Doutrina, sentem-se confusos e insistem em meios mais precisos visando identificá-los. Afirmam que, muitas vezes, a inferioridade se insere tão veladamente que o controle fica muito difícil.
Realmente, a sutileza, a forma em belas palavras, dificulta descobrir dubiedade no engodo da proposta. Pode-se entretanto, acrescentar outros cuidados que certamente facilitarão:
1. Quando se manifesta o Espírito de alguém conhecido, parente ou amigo, sobretudo se desencarnado há pouco tempo - geralmente sua linguagem é característica, idêntica à que lhe era comum quando encarnado, e isso é indício identificador. A dúvida diminui à medida que esse Espírito, fala de situações particulares, casos, detalhes familiares que somente o interlocutor conhece.
2. Mais ou menos o mesmo se passa em relação a Espíritos contemporâneos, cujas características e hábitos são conhecidos e que, por não terem ainda se despojado deles, mais facilmente se fazem reconhecidos.
3. Semelhança da caligrafia ou da assinatura. Esse indício pode ser dificultado, uma vez que nem todos os médiuns obtém esse resultado com perfeição em reproduções exatas. Há casos porém, em que são perfeitamente idênticas. Como há o perigo dessa variável ela consta mais como registro ao conhecimento e não como regra segura de identificação, permanecendo a linguagem, o conteúdo e as circunstâncias pessoais identificadoras.

Há casos portanto, em que a identidade do Espírito evocado pode até certo ponto, ser estabelecida e em outros, não; os elementos fornecidos não conferem. Será sempre critério saber em certeza que o Espírito de um homem bom, jamais falará ou se expressará como o faria um perverso, irresponsável ou imoral.
1:1 - Causa ainda, entre as dúvidas, alguma estranheza, que Espíritos bons usem ou assinem o nome de outro. Como entender?
Possuem esses bons Espíritos, mais ou menos, o mesmo caráter, o mesmo grau; são animados dos mesmos sentimentos, reunidos em grupos e em famílias. O número deles é incalculável; a maioria deles não tem nome para nós... ... "um Espírito da categoria de um Fénelon, pode, portanto, vir em seu lugar, às vezes mesmo com o seu nome, porque é idêntico a ele e pode substituí-lo e porque necessitamos de um nome para fixar as nossas idéias. Mas que importa, na verdade, que um Espíritos seja realmente o de Fénelon? Desde que só diga coisas boas e não fale senão como o faria o próprio Fénelon, é um bom Espírito; o nome sob o qual se apresenta é indiferente e nada mais é, freqüentemente, do que um meio para fixação de nossas idéias ...".
Conclui-se que:
 A identidade dos Espíritos, se em alguns casos é facilmente estabelecida, haverá aqueles em que essa facilidade inexiste, principalmente dificultada naqueles em cuja morte remota não oferece meios seguros de controle. Ater-se à linguagem, à forma, ao caráter.
 A identidade absoluta, a certeza plena não tem importância. O grande destaque é a distinção a ser feita entre os bons e os maus Espíritos - a individualidade pode ser diferente - a qualidade nunca.
Ao relacionar-se com desencarnados, portanto, qualquer que seja a confiança que nos inspirem, parar, pesar, meditar, usar razão severa, pedir explicações necessárias e só aceitar depois de formar opinião segura, sem que nenhum ponto pareça suspeito, duvidoso ou obscuro.

Bibliografia
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução XII
Kardec, Allan - "O Livro dos Médiuns" - Cap XXIV

Leda Marques Bighetti
Agosto / 2003

91 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


CAPÍTULO X: BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A INDULGÊNCIA – ITEM 17

“Sede indulgentes para as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações, e o Senhor usará de indulgência para convosco, como usastes para com os outros.”
Assim inicia sua mensagem João, bispo de Bordeaux.
Novamente, a mesma recomendação da mensagem anterior, levando-nos à importância do entendimento de que, perante Deus e suas leis, somos todos iguais e nossa conduta em relação aos outros determina a maneira como essas leis serão aplicadas a nós.
Na prece do Pai Nosso que milhões e milhões de pessoas dizem, diariamente, na frase: “Perdoai-nos, Senhor, assim como perdoamos aos nossos devedores”, está-se assumindo, com Deus, o compromisso do esforço de perdoar aos que ofendem, mas, poucos se dão conta de que esse compromisso, não é o do pensamento ou da palavra, mas sim o da ação.
No exercício de sermos severos para com nossas falhas, estamos exigindo de nós o que devemos e podemos fazer, pois se já somos capazes de perceber nossos erros, já temos evolução suficiente para evitá-los.
O contrário se dá, quando julgamos o outro, do qual nada sabemos, por mais que o conheçamos. Não sabemos das suas experiências anteriores, dos seus sonhos, das suas angústias, frustrações e sofrimentos, das suas necessidades, dos motivos que o levam a agir dessa ou de outra forma.
Para julgar alguém precisaríamos conhecê-lo como nos conhecemos.
Daí a necessidade de sermos severos para conosco e indulgentes para com os outros, se queremos ter paz interior, evitando maiores sofrimentos para nós mesmos.
Perdoar não é só o esquecimento das faltas, pois se as leis divinas se esquecerem das faltas, esquecerão também das conseqüências das ações boas, dos méritos. Sendo as leis divinas sábias e justas, nada pode ser simplesmente apagado, esquecido.
O perdão de Deus não pode suspender as conseqüências de suas leis, visto que Ele, AMOR e SABEDORIA, não iria infringi-las.
Quando pedimos perdão a Deus por nossas faltas, estamos ou deveríamos estar pedindo que Ele nos faculte os meios de repará-las da melhor maneira possível. Que Ele nos dê forças para não recairmos nos mesmos erros, proteção para libertarmo-nos das imperfeições que lhes dão origem e auxílio para entrarmos nesse novo caminho de arrependimento, de reparação, de submissão e de amor.
Assim, devemos perdoar aos que nos ofendem. Esquecer as ações ofensivas, mas ir além, procurar ter para com ele pensamentos e sentimentos bons, fazendo por ele o que faríamos para com um amigo, assim como queremos que Deus faça conosco.
Esse é o perdão que vem do coração esclarecido pela razão. É o amor em ação, é a caridade ativa e infatigável!
“Substituí a cólera que mancha, pelo amor que purifica. Pregai pelo exemplo essa caridade ativa, infatigável, que Jesus ensinou. Pregai-a como ele mesmo o fez por todo o tempo em que viveu na Terra, visível para os olhos de corpo, e como ainda prega sem cessar, depois que se fez visível apenas para os olhos do Espírito. Segui esse divino modelo, marchai sobre as suas pegadas: elas vos conduzirão ao refúgio onde encontrareis o descanso após a luta. Como ele, tomai a vossa cruz e subi, penosamente, mas corajosamente, o vosso calvário: no seu cume está a glorificação.”

Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner
Janeiro / 2009

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 30

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO V

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS


Estudo 30 - Itens 87 a 91 - Lançamento de Objetos
No capítulo que estamos estudando, Allan Kardec explica que tais fenômenos, cuja manifestação se poderia considerar como de prática espírita natural, são muito importantes, porque excluem as suspeitas de conivência. Afirma ainda, que as manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. Também disse que os Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem dos Espíritos mais imperfeitos para produzi-las. Atingida a finalidade acima indicada, cessa a manifestação. A seguir estudaremos o lançamento de objetos.
Lançamento de objetos
As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e batidas. Degeneram, às vezes, em verdadeira barulheira e em perturbações. Móveis e objetos diversos são revirados, projéteis são atirados de fora para dentro, portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças são quebradas, o que não se pode levar à conta da ilusão.
Toda essa desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se gritarias num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se quebra. Corre-se para ver e encontra-se tudo calmo e em ordem. Mal sai do local, recomeça o tumulto.
Essas manifestações não são raras nem novas. É comum se ouvir histórias desta natureza. O medo tem exagerado muitos fatos que, passando de boca em boca, assumiram proporções gigantescamente ridículas. Com o auxílio da superstição, as casas onde eles ocorrem foram tidas como assombradas pelo diabo e daí todos os maravilhosos ou terríveis contos de fantasmas. Compreende-se ainda a impressão que fatos desta espécie, mesmo reduzidos à realidade, podem produzir em pessoas de caracteres fracos e predispostas, pela educação, a alimentar idéias supersticiosas. O meio mais seguro de prevenir os inconvenientes que possam acarretar, pois não se pode impedi-los, consiste em tornar conhecida a verdade. As coisas mais simples se tornam assustadoras quando ignoramos as causas. Ninguém mais terá medo dos Espíritos, quando todos estiverem familiarizados com eles.
Na Revista Espírita se encontram narrados muitos fatos autênticos deste gênero, entre outros a história do Espírito batedor de Bergzabern, cuja ação durou oito anos (números de maio, junho e julho de 1858); o de Dibbelsdorf (agosto de 1858); o do Padeiro das Grandes Vendas, perto de Dieppe (março de 1860); o da Rua Des Noyers, em Paris (agosto de 1860); o do Espírito de Castelnaudary, sob o título de História de um Danado (fevereiro de 1860); o do fabricante de São Petersburgo (abril de 1860) e muitas outras.
Essas manifestações frequentemente assumem o caráter de verdadeira perseguição. Muitas pessoas têm suas roupas esparramadas e às vezes rasgadas, apesar da precaução que tomam , guardando-as à chave; outras vezes, pessoas estão deitadas, mas perfeitamente acordadas, e vêem sacudir as cortinas, arrancarem-lhes violentamente as cobertas e os travesseiros, que são erguidos no ar e até mesmo atiradas fora do leito. Esses fatos são mais freqüentes do que se pensa, mas a maioria das vítimas não os contam por medo do ridículo. Muitos que vivem essas experiências,consideradas alucinações, são submetidos ao tratamento dos alienados,o que pode leva-las realmente à loucura. Os casos de obsessão, de possessão e de simples perturbação por Espíritos, quando tratados como loucura, geralmente se agravam, porém, quando recebem tratamento espírita, são passíveis de cura.
É possível também que alguns casos sejam obra da malícia ou da malvadez. Porém, se tudo bem averiguado, ficar provado que não resultam da ação do homem, temos de convir que são, para uns, obra do diabo, e para nós, dos Espíritos. Mas de que Espíritos?
Os Espíritos superiores, como os homens sérios entre nós, não gostam de fazer travessura. Quando interpelados sobre o motivo de perturbarem assim a tranqüilidade dos outros, a maioria quer apenas se divertir. São antes levianos do que maus. Riem dos sustos que causam e do trabalho que dão para se descobrir a causa do tumulto. Muitas vezes apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De outras vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes, também, se trata de uma vingança. Em alguns casos, a intenção é mais louvável: procuram chamar a atenção e estabelecer comunicação, seja para transmitir um aviso útil, seja para fazer um pedido. Muitos pedem preces; outros que solicitam o cumprimento, em nome deles, de votos que não puderam realizar, e outros quererem, para o seu próprio sossego, reparar uma maldade praticada em vida. Em geral, pode ser um erro amedrontar-se com sua presença, que pode ser importuna, mas não perigosa.
É natural querer livrar-se deles, mas é necessário faze-lo da maneira mais eficaz, que é não se intimidar perante suas ações, até que desistam. Caso estejam agindo por motivo menos frívolo, será necessário identificar suas necessidades, e aqui novamente recomendamos o auxílio de uma casa espírita bem estrutura , onde poderão ser atendidos e esclarecidos em suas necessidades. Através das preces podemos ajuda-los sempre, porém, as solenidades das fórmulas de exorcismo não os intimida, e sim os divertem. Se for possível entrar em comunicação com eles, recomenda-se prudência e bom senso para avaliar a essência de suas mensagens, pois muitas vezes querem se divertir com a credulidade dos ouvintes.
Nos capítulos IX e XXIII, referentes aos lugares assombrados e às obsessões, Allan Kardec trata com pormenores este assunto e as causas da ineficácia das preces em muitos casos.
Embora produzidos por Espíritos bastante imperfeitos, esses fenômenos são freqüentemente provocados por Espíritos de ordem mais elevada, com o objetivo de demonstrar a existência dos seres incorpóreos, dotados de poderes superiores aos dos encarnados. A repercussão que alcançam e o medo que provocam, despertam a atenção para esse assunto e acabam por abrir os olhos dos mais incrédulos.
O desconhecimento do assunto e a negação sistemática da existência dos espíritos, são responsáveis por gerar superstições, criar neuroses e perturbações mentais, agravando o preconceito cultural contra a realidade do Espírito. A divulgação da Doutrina Espírita, através da prática que decorre dos estudos vivenciados, é a única maneira possível de evitar todos esses inconvenientes, familiarizando os homens com esse aspecto inegável das leis divinas: o mundo espiritual existe e os Espíritos estão entre nós.
No próximo estudo trataremos das causas desses fenômenos.

BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. V - 2ª Parte
Tereza Cristina D'Alessandro
Janeiro / 2004

O Livro dos Espíritos Estudo 25


XI - GRANDES E PEQUENOS
Outra situação usada como dúvida, contestação, crítica, divergência, deve-se ao fato de que muitas vezes, Espíritos se apresentam sob nomes importantes, principalmente o de personalidades conhecidas que se destacaram nos vários ramos do conhecimento.
O estudo anterior (X) nos ofereceu subsídios que permitem perceber se a ação provém de Espíritos comprometidos com a Verdade ou não. Nesse caso, em que impostores, usando nomes respeitáveis tentam passar ou impor absurdos, procedem os mesmos cuidados, de análise do conteúdo, da proposta, da mensagem que de alguma forma, em algum detalhe, por menor que seja, denunciará a procedência: - a forma e o conteúdo referenciam o teor evolutivo do emitente.
O expressar-se, a linguagem do Espírito superior é digna e em harmonia com a sublimidade de sentimentos, jamais entrando ou se detendo em trivialidades.
Esse item, essa afirmação, bastaria para que se aferisse ser o Espírito aquele que diz ser.
Sob essa premissa, perceber que a grande maioria dos Espíritos que se comunicam, são desconhecidos. Designam-se por qualquer nome, muitas vezes alegóricos ou característicos. Quanto aos evocados, desde que não sejam familiares ou amigos, como identificá-los, quando se assinam ou dizem ser este ou aquele?
Permanecerá a análise da forma e do conteúdo, uma vez que o nome em si, nada assegura ou referencia.
1:1 - Caso realmente seja o Espíritos de alguém que teve alguma projeção quando encarnado. Não é estranho que atendam ao chamado, ocupando-se de coisas insignificantes, em relação ao que faziam antes?
Não. A supremacia que desfrutavam na Terra não é recíproca na vida espiritual. Aquele que foi notável na Terra, pode encontrar-se entre medianos ou últimos, pois na vida espírita os valores morais é que classificam, digamos assim, a posição de maior ou menor destaque.
1:2 - Quanto a um Espírito que ao se comunicar, usa o nome de um personagem do passado, geralmente há poucas provas que identificariam seu estilo, sua forma de pensar, falar, seus hábitos etc. Permanecerá o critério já estudado.
1:3 - Muitas vezes, um nome é usado apenas como meio de fixar ou ressaltar uma idéia. Será sinal de analogia, de identificação com determinada forma de pensar. Ainda aí, dar-se-á importância secundaria, pois, o que se considerará, acima de tudo é o ensinamento, a bondade, a racionalidade do ensino.
Se em nada desmentir o caráter do Espírito cujo nome toma, se estiver à sua altura moral, isso é essencial.
Lembrar que se apreciam os Espíritos com os mesmos valores que se usam para os homens - se o modo de se expressar, se os comentários e apreciações são triviais, pueris, grosseiras ou elegantes, elevadas, sérias, referenciarão individualidades infantis, amadurecidas, irresponsáveis, levianas ou comprometidas com o Bem, a caridade e o amor.
A prova, portanto, estará na linguagem e nas circunstâncias fortuitas percebíveis através do exame escrupuloso que examina o pensamento e as expressões como quando se trata de julgar uma obra literária em que se rejeita sem hesitação, tudo quanto seja contra a lógica, o bom senso; tudo quanto desminta o caráter do Espírito que diz ser ou que se supõe que seja.
Esse trabalho que há que ser contínuo, permanente, minucioso, leva ao desânimo os Espíritos mentirosos, que se acabam por retirar, por percebem que não conseguirão iludir uma vez que não há comunicação má que resista a uma crítica, a um exame rigoroso.
1:4 - Os bons Espíritos - caso sejam eles que se apresentem usando um nome conhecido - nunca se ofendem com estes cuidados, uma vez que eles próprios aconselham tal proceder, visto nada terem a temer com esse exame.
Os maus entretanto, evitam e desaconselham.
Lembrar que os Espíritos Superiores formam por assim dizer, um todo coletivo cujas individualidades, com raras exceções são desconhecidas.
Não é portanto, a pessoa, o nome que deve interessar, mas o ensino que proporcionam. Se este é bom - pouco importa o nome - o julgamento para aceite será sempre pela qualidade e não pela insígnia, título ou nome.

Bibliografia
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução XI
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - Julho 1858
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - Maio 1861
Kardec, Allan - "O Livro dos Médiuns" - Cap XXIV

Leda Marques Bighetti
Julho / 2003

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 37

Livro: Palavras de Vida Eterna
Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

"Reparemos nossas mãos"


"E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: quero;
sê limpo".
(Mateus, 8:3)

A citação acima refere-se a passagem, onde um leproso pede para ser curado, e Jesus com a imposição das mãos, cura aquele homem da lepra, que naquele tempo era calamidade, pois, os leprosos eram obrigados a viver isolados, longe da convivência com os familiares.
Esse ensinamento deixa claro o quanto as mãos são importantes, a responsabilidade que representam, e o quanto podem ser úteis, quando bem direcionadas.
Devemos ter a preocupação de estender as mãos para fazer o bem, pois, já as estendemos muitas vezes para praticar o mal.
Se estendendo para o mal, já sabemos qual será o efeito, estendendo-as para o bem o resultado será de auxílio, bênçãos para quem oferta e para quem recebe.
Se acreditamos na imortalidade, não há como ficarmos parados, lamentando dores pessoais.
Busquemos a renovação através do trabalho ao próximo utilizando as mãos, deixando que elas enxuguem o pranto dos que sofrem mais do que nós; que ofereçam o remédio ao que está enfermo; o passe salutar, a mão estendida em oferecimentos de amparo, ajuda, na proposta de caminhar juntos, detalhes que se não realizam as curas como Jesus, constituem-se como maneiras de despertar o outro na ternura, no gesto que anima e sustenta.
Forças do bem e do mal se manifestam através de nossas mãos. Temos no mundo, as mãos iluminadas que estendem o amor, paz, trabalho e alegria.
Há mãos que sustentam a lavoura e o jardim, produzindo alimentos e felicidade; mãos que honram a indústria e realizam o progresso; que ajudam na Educação; mãos que curam na Medicina, muitas são as mãos que se abrem generosas possibilitando o progresso, o reconforto, tranqüilidade e alegria, enquanto há aquelas espinhosas, que espargem ódio e desespero, a preguiça e o sofrimento, que se entregam à miséria e ao vício, ao lado daquelas primeiras que acariciam, que levantam escolas e hospitais, templos e lares.
Jesus deu o exemplo para que nossas mãos aprendam a servir à luz do bem, construindo na nossa própria felicidade, a paz e o bem estar do outro.
Com as d'Ele curou os doentes, socorreu os fracos, amparou os tristes, limpou os leprosos, restituiu visão aos cegos, levantou os paralíticos, afagou os idosos e deserdados, abençoou a todos.
Nas civilizações primitivas, a agilidade das mãos em fazer e desfazer coisas fez com que acreditassem que elas tinham poderes misteriosos. Só mais tarde elas serão entendidas como meios através dos quais, as energias do Espírito são através delas projetadas em energias de constrangimento ou bênçãos pelas ações do dia-a-dia, quando acalmam a dor, nas fricções; a pressão dos dedos estancando o sangue; ou retirando um espinho, o veneno de uma cobra, ou simplesmente acalmando, transferindo ao outro o bem que porventura já resida em nós.
Desde os tempos primitivos até hoje, a mão é o símbolo do fazer que nos leva ao saber, se soubermos dar boa direção a elas.
Reparemos, pois, que direção estamos dando às nossas mãos.

Bibliografia:
Obsessão, O passe, A doutrinação - J. H. Pires, pág. 40.

Maria Aparecida F. Lovo
Julho / 2004

MATEUS 8
3 Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Prece


Há dois tipos de pessoas que não oram: as que não sabem e as que não querem. Esta crônica é endereçada de preferência às primeiras, mas sem a exclusão das demais, porque tanto umas como outras estão desligadas das forças superiores que sustentam o Universo. Falando ao que não aprenderam a orar, é de esperar-se que também alcancemos os indiferentes. Bem pensado, aliás, creio que poderíamos colocar mais um grupo: o daqueles que oram mecanicamente, recitando fórmulas que a repetição infindável esvaziou de todo o seu conteúdo inicial. Muitos ainda não descobriram que o valor e a eficácia da prece não estão na quantidade de fórmulas que recitamos e sim no que sente o espírito ao pronunciá-las.
Por isso, aqueles a quem não mais satisfaz a prece repetitiva, ficam sem saber o que dizer a Deus. Sim, porque a prece é uma conversa com Deus, um diálogo entre a criatura e o seu Criador. De modo geral, a prece representa um pedido. Pouco temos nós, pobres seres imperfeitos, a oferecer a Deus; é mais certo que tenhamos muito a pedir. A própria palavra prece já revela essa condição, pois deriva da palavra latina prex, isto é, súplica. A Enciclopédia Britânica, que andei consultando para esta conversa, é muito erudita e técnica no exame da prece. Divide-a em três tipos, segundo seja dirigida a um ser superior àquele que ora, a um ser do mesmo nível ou a um ser inferior, ou que pelo menos o suplicante assim julgue. A Deus se pede com humildade e confiança. A um santo com o qual se tenham tomado certas liberdades, muita gente propõe uma barganha, isto é, uma promessa, mais ou menos nos seguintes termos: “Você me dá isto que eu te prometo fazer aquiloutro”. O terceiro tipo: - ainda segundo a Britânica – é uma verdadeira ameaça: “Você me arranja isto, ou te quebro a cara”. Não é preciso dizer que estes dois últimos tipos de “prece” são formalmente condenados pelo Espiritismo. Também não adotamos preces decoradas, repetitivas.
Se a prece é um entendimento entre o homem e Deus, ou entre o homem e um Espírito Superior, em quem confia, basta “abrir o coração”, como se diz, e deixá-lo falar, numa conversa franca, leal, respeitosa e recolhida. Não é preciso procurar palavras difíceis, expressões rebuscadas que quase sempre são insinceras. Não se envergonhe da sua linguagem com Deus; Ele a entenderá perfeitamente e, quanto mais singela e humilde, melhor, porque é o sentimento que a impulsiona que vale, não as “palavras bonitas”.
Jesus não se preocupou em ensinar preces específicas: a única que nos deixou em palavras suas foi a chamada “oração dominical”, ou melhor, o “Pai Nosso”. Quanto ao mais, que disse? Que quando tivéssemos de orar, entrássemos para o nosso quarto e, em segredo, nos dirigíssemos a Deus. Disse mais: que valia a prece do publicano sincero e humilde e de nada servia a oração pomposa do fariseu hipócrita.
Declarou também que precisávamos bater para que se abrissem para nós as portas. “Pedi e dar-se-vos-á”.
O Espiritismo não é partidário de preces pré-fabricadas. Mesmo os Espíritos que transmitiram seus ensinos a Kardec raramente ditaram preces. Sempre insistiram em que deixássemos correr livremente e com o máximo respeito, humildade e confiança o nosso pensamento elevado a Deus. Se conseguimos ou não o que pedimos, é outra coisa. Nem sempre aquilo que pedimos é o que mais nos convém. Segundo o Cristo, Deus não nos dará pedra se pedirmos pão, mas como pai prudente, “recusa ao filho o que seja contrário ao interesse deste” (Kardec).
O leitor interessado procure adquirir um livrinho chamado “A Prece”, edição da Federação Espírita Brasileira. Ali estão as instruções dos Espíritos sobre o assunto e uma ou outra prece que eles sugeriram, mais como orientação do que como fórmula para ser repetida incessantemente, apenas como exemplo de como se deve orar.
De todas as preces que conheço, a minha predileta é assinada por um Espírito chamado Agar e foi psicografada pelo querido amigo Chico Xavier. Diz o seguinte:
“Pai de Infinita Bondade, sustenta-nos o coração no caminho que nos assinalaste. Infunde-nos o desejo de ajudar àqueles que nos cercam, dando-lhes das migalhas que possuímos para que a felicidade se multiplique entre nós. Dá-nos a força de lutar pela nossa própria regeneração, nos círculos de trabalho em que fomos situados, por Teus sábios desígnios. Auxilia-nos a conter nossas próprias fraquezas, para que não venhamos a cair nas trevas, vitimados pela violência. Pai, não deixes que a alegria nos enfraqueça e nem permitas que a dor nos sufoque. Ensina-nos a reconhecer Tua bondade em todos os acontecimentos e em todas as coisas. Nos dias de aflição, faze-nos contemplar a Tua luz, através de nossas lágrimas, e nas horas de reconforto auxilia-nos a estender Tuas bênçãos com os nossos semelhantes. Dá-nos conformação no sofrimento, paciência no trabalho e socorro nas tarefas difíceis. Concede-nos, sobretudo, a graça de compreender a Tua vontade seja como for, onde estivermos, a fim de que saibamos servir em Teu nome e para que sejamos filhos dignos de Teu infinito amor. Assim seja!”

Autor:
Luciano dos Anjos e Hermínio Corrêa de Miranda
Fonte:
Livro: De Kennedy ao Homem Artificial

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 29


LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

"No Estudo da Salvação"

"E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se encontravam em salvação" (ATOS, 2: 47)
“Designados por Jesus para a Obra Divina, não se forraram à dor”.
Muitos acreditam que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, livrando as criaturas de suas responsabilidades com favor gratuito e imediato.
É necessário que se elimine a idéia de que o sofrimento do Cristo resgata por si mesmo, como se apagasse com uma esponja todos os nossos erros.
Como, também, não basta dizer simplesmente, eu creio, eu tenho fé, para que todos os nossos compromissos em desajustes fiquem quitados.
A definição da palavra "salvar", de acordo com o dicionário, é livrar, pôr a salvo de perigo ou ruína. Por isso, muitas pessoas acreditam que o ato da salvação será feito por algum fator externo que o tirará de uma situação difícil ou aflitiva, livrando-o de todos os perigos e riscos, conquistando-lhe a tranqüilidade total.
Entretanto, analisando o texto, de acordo com os ensinamentos da Doutrina Espírita, entendemos que salvar-se é livrar-se dos perigos das inferioridades, que impedem o nosso aperfeiçoamento como espíritos imortais que somos. Por isso, podemos traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesmo, no caminho da perfeição.
As almas em processo de salvação são aquelas que estão buscando através do esforço próprio com muito trabalho no bem, testemunho incessante no sacrifício, a sua iluminação interior.
Diz Emmanuel, em seus comentários: "Muitos daqueles que foram acrescentados, ao serviço da Igreja nascente, conheceram aflição e martírio, lapidação e morte".
Deus concede todos os recursos para realizarmos em nós o trabalho de libertação espiritual, que acabou ficando com o nome inadequado de "salvação", mas, não o realiza por nós e sim conosco.
Colocou à disposição de todos possibilidades e potencialidades, mas o trabalho é de cada um, pessoal, intransferível, ainda, que adiável no tempo, isto é, que adiemos por nossa conta, subordinados à vontade pessoal, a própria iluminação.
Os Espíritos amigos, com referência à iluminação pessoal, colaboram como irmãos mais velhos, mais experientes, estimulando a todos, mas jamais, em hipótese alguma poderão afastar-nos do trabalho que nos compete.
"Consoante o ensinamento do próprio Cristo, que não isentou a si mesmo do selo infamante da cruz, salvar é, sobretudo, regenerar, instruir, educar e aperfeiçoar para a Vida Eterna".

Bibliografia:
Palavras de V. Eterna - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier - lição 29
Cristianismo: A mensagem esquecida - H .C. Miranda, cap. 11-II

Maria Aparecida Ferreira Lovo
Novembro / 2003

ATOS 2
47 louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.

90 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


CAPÍTULO X: BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A INDULGÊNCIA – ITEM 16

“Espíritas, queremos hoje falar-vos da indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que todo homem deve ter para com seus irmãos, mas que tão poucos praticam.”
Com essas palavras, inicia José, Espírito Protetor, sua sublime mensagem sobre a indulgência, sentimento que leva o homem a perdoar culpas, usar de clemência, ter misericórdia, ser tolerantes com as atitudes que lhe pareçam estranhas ou são negativas.
Seu antônimo é a malevolência, que leva a perceber as falhas alheias, criticá-las e comentá-las.
“A indulgência não vê os defeitos alheios, ou se os vê evita comentá-los e divulgá-los. Oculta-os, pelo contrário, evitando que se propaguem, e se a malevolência os descobre, tem sempre uma desculpa à mão para os disfarçar, mas uma desculpa plausível, séria, e não daquelas que, fingindo atenuar a falta, a fazem ressaltar com pérfida astúcia.”
Quem lê essas palavras, penetrando-lhes no seu profundo significado, vai esforçar-se para vivenciá-las. Vai falhar muitas vezes, vai pegar-se, em flagrante, na malevolência, outras muitas vezes, porque muito mais difícil do que adquirir um hábito novo é perder hábitos antigos, e comentar falhas e erros alheios é um hábito muito arraigado no Espírito humano, que aparece sempre nas conversas entre pessoas, um mau hábito social, como se fora algo sem importância, inocente.
Como o homem aprende e fixa o aprendizado pelo exercício, quanto mais pratica o hábito da malevolência, da maledicência, mais se distancia da indulgência.
Sentir indulgência para com os outros, procurando não destacar seus defeitos, mas exaltar suas boas qualidades é uma excelente atitude para estimular o outro a querer ser melhor do que é, sem que se sinta ferido no seu orgulho.
Todos nós poderíamos evoluir com menos dores e sofrimentos, se eliminássemos esse mau hábito de ver, apontar, criticar, comentar os erros alheios, principalmente, na ausência dos mesmos, como se não errássemos nunca; se fôssemos mais indulgentes com os outros e mais severos conosco; se buscássemos entender as dificuldades alheias tanto quanto enxergamos as nossas; se ao percebermos uma falha em alguém, procurássemos evitá-la em nós ao invés de a ressaltarmos no outro; se tentássemos auxiliar o que erra, com benevolência, com discrição, com humildade.
Quantas situações de grandes dores são criadas com esse hábito horrível de destacarmos, com malevolência, os defeitos alheios!
Mas se houver perseverança e vontade nesse esforço, um dia iremos conseguir ser indulgentes para com os erros dos outros, como queremos que os outros o sejam para com os nossos erros.
“Ó homens! Quando passareis a julgar os vossos próprios atos sem vos ocupardes do que fazem os vossos irmãos? Quando fitareis os vossos olhos severos somente sobre vós mesmos?
“Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros”.
No Livro da Esperança, Emmanuel, no capítulo 27, destaca que Deus “espera as criaturas, no transcurso do tempo, tolerando-lhes as faltas, e encorajando-lhes as esperanças, embora lhes corrija todos os erros, através de leis eficientes e claras”.
Diz que se toda obra de bem, exige responsabilidade e disciplina, dentre outras coisas, “é imperioso considerar que toda boa obra roga auxílio, a fim de aperfeiçoar-se”.
Daí a necessidade de se compreender que “o bem exigido pela força da violência, gera males inúmeros em torno, e desaparece da área luminosa do bem para converter-se no mal maior”.
Estudemos bem essa mensagem de José, Espírito Protetor, tão atual, como se ela fosse escrita hoje, para nós, e reflitamos bastante na frase final: “Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita”.

Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner
Dezembro / 2008

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 29


SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS


Estudo 29: itens 82 a 86 - Ruídos, Barulhos e Perturbações
Os fenômenos tratados no capítulo IV são provocados. Sucede, porém, às vezes, produzirem-se espontaneamente, sem intervenção da vontade, até mesmo contra a vontade, pois que freqüentemente se tornam muito importunos. Além disso, para excluir a suposição de que possam ser efeito de imaginação superexcitada pelas idéias espíritas é que se produzem entre pessoas que nunca ouviram falar disso e quando menos elas podiam esperar.
No capítulo que estamos estudando, Allan Kardec explica que tais fenômenos, cuja manifestação se poderia considerar como de prática espírita natural, são muito importantes, porque excluem as suspeitas de conivência. Por isso mesmo, recomenda, às pessoas que se ocupam com os fatos Espíritas, que registrem todos os desse gênero, que lhes cheguem ao conhecimento, mas, sobretudo, que lhes verifiquem cuidadosamente a realidade, através de minucioso estudo das circunstâncias, a fim de adquirirem a certeza de que não são joguetes de uma ilusão, ou de uma mistificação.
Ruídos, barulhos e perturbações.
De todas as manifestações espíritas, as mais simples e mais freqüentes são os ruídos e as pancadas. Neste caso, principalmente, é que se deve temer a ilusão, porquanto uma infinidade de causas naturais pode produzi-los: o vento que assobia ou que agita um objeto, algo que a gente mesmo está movendo sem perceber, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto, etc., até mesmo, brincadeiras de mau gosto. Aliás, os ruídos espíritas apresentam um caráter especial, revelando intensidade e timbre muito variado, que os tornam facilmente reconhecíveis e não permitem sejam confundidos com os estalidos da madeira, com as crepitações do fogo, ou com o tique-taque monótono do relógio. São pancadas secas, ora surdas, fracas e leves, ora claras, distintas, às vezes retumbantes, que mudam de lugar e se repetem sem nenhuma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, o mais eficaz e que não deixa dúvida quanto à origem, é submete-los à nossa vontade. Se as pancadas se fizerem ouvir do lado que se indicar, se responderem ao pensamento de alguém, dando o número pedido, aumentando ou diminuindo sua intensidade, não se pode negar a presença de uma causa inteligente, porém, a falta de resposta nem sempre prova o contrário.
Uma vez comprovado que as manifestações são reais, seria racional teme-las? Só podem ser afetadas as pessoas que acreditam tratar-se do diabo, como as crianças que temem o lobisomem ou o bicho-papão. Essas manifestações, em certas circunstâncias, aumentam e adquirem persistência desagradável. É necessária uma explicação a respeito, pois é natural que então se queira afasta-las.
Afirmou Kardec, que as manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao do homem. Também disse que os Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem dos Espíritos mais imperfeitos para produzi-las. Atingida a finalidade acima indicada, cessa a manifestação.
Acrescenta exemplos que tornarão a questão mais compreensível.
Transcrevemos a seguir, relato que o Codificador faz: "... quando iniciava meus estudos de Espiritismo, trabalhando uma noite nesse assunto, ouvi golpes que soaram ao meu redor durante quatro horas consecutivas. Era a primeira vez que tal coisa me acontecia. Verifiquei que não tinham nenhuma causa acidental, mas no momento não pude saber nada mais. Nessa época, trabalhava com um excelente médium escrevente e, no dia seguinte, perguntei ao Espírito, que por seu intermédio se comunicava, qual a causa daquelas pancadas.
Respondeu-me ele, Era, o teu Espírito Familiar que queria falar-te. - O que queria dizer-me? Resposta: Ele está aqui, pergunta-lhe. - Tendo-o interrogado, aquele Espírito se deu a conhecer sob um nome alegórico. (Vim a saber depois, por outros Espíritos, que pertence a uma categoria muito elevada e que desempenhou na Terra importante papel.) Apontou erros no meu trabalho, indicando-me as linhas onde se encontravam; deu-me úteis e sábios conselhos e acrescentou que estaria sempre comigo e atenderia ao meu chamado todas as vezes que o quisesse interrogar. A partir de então, com efeito, esse Espírito nunca mais me abandonou.
Dele recebi muitas provas de grande superioridade e sua intervençãobenévola e eficaz socorreu-me tanto nos problemas de vida material quanto nos metafísicos. Desde a nossa primeira conversa, as pancadas cessaram.
De fato, o que desejava ele? Estabelecer comunicação regular comigo; mas, para isso, precisava me avisar. Dado o aviso, explicada a sua razão e estabelecidas as relações regulares, as pancadas se tornaram inúteis. Não se toca o tambor para acordar os soldados, quando eles já se levantaram".
Acrescenta Kardec, fato quase semelhante que sucedeu a um dos seus amigos. Havia algum tempo, no seu quarto se ouviam ruídos diversos, que já se iam tornando fatigantes. Apresentando-lhe ocasião de interrogar o Espírito de seu pai, por um médium escrevente, soube o que queriam dele, fez o que foi recomendado e daí em diante nada mais ouviu. Deve-se notar que as manifestações deste gênero são mais raras para as pessoas que dispõem de meio regular e fácil de comunicação com os Espíritos.
Concluindo nossos estudos sobre os itens indicados, relembramos que são comuns os relatos dessas manifestações de Espíritos que se comunicam através de pancadas, ruídos e perturbações, objetivando chamar a atenção para alguma necessidade que apresentam, e que a melhor maneira de atende-los, é através da prece, e também buscando a orientação de uma casa espírita, onde todos os envolvidos podem ser adequadamente esclarecidos e atendidos.
Em nosso próximo estudo, trataremos do lançamento de objetos.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. V - 2ª Parte

Tereza Cristina D'Alessandro
Dezembro / 2003

O Livro dos Espíritos Estudo 24


X - A LINGUAGEM DOS ESPÍRITOS E O PODER DIABÓLICO

Nesses primeiros tempos de Espiritismo, a objeção quanto a forma de se expressar dos Espíritos, causava certo desconforto, merecia atenção inclusive de pessoas sérias, dedicadas à Doutrina. Era-lhes inexplicável ou estranho, certos Espíritos expressarem-se de forma pouco elevada.
Esqueciam-se ou não sabiam ainda que os desencarnados, constituindo imensa população, não são iguais em conhecimentos, em qualidades e tudo quanto dizem, não pode ser tomado como lei. Falam daquilo que lhes vai no íntimo, das idéias que têm sobre variadas coisas, refletindo essas apreciações, opiniões pessoais. Às pessoas sensatas cabe analisar, perceber, separar o que é bom, exortativo, real do que não o é.
Comunicações inferiores necessariamente não referenciam a qualidade geral que leve a se afirmar que o mundo espiritual é povoado por Espíritos malvados, inferiores, levianos. Reflita-se que há as comunicações elevadas e uma ou outra acontecerá segundo a necessidade ou a simpatia emitida pelo encarnado. Se os princípios deste não são bastante firmes para preservá-lo do mal; se por qualquer motivo mantiver-se em clima de curiosidade ou qualquer outra leviandade, os Espíritos inferiores, mentirosos, malfazejos, mistificadores etc., aproximam-se enquanto os bons se afastam.
As comunicações portanto, não se referenciam como ação de um poder inferior assim como o mundo espiritual não é constituído pelo domínio de um poder diabólico. Há nesse plano, todas classes e variações sociais. Admitir a comunicação tanto dos melhores como dos piores, dos bons ou dos maus é reconhecer o princípio das manifestações. O que se faz necessário é o homem habituar-se analisar, perceber o teor da mensagem para distinguir o verdadeiro do falso. Qualidades e imperfeições do Espírito, se revelam no seu linguajar, nas palavras, na forma de expressão e que demonstram, revelam a qualidade espiritual do mensageiro - superior ou impostor.
Os inferiores não têm escrúpulos: adotam nomes respeitáveis e a despeito do verniz que apresentam não conseguem de todo manter, sustentar a dignidade própria de um Espírito comprometido com a Verdade. Caberá portanto, ao observador, conhecer essa Verdade, para poder aferir.
Normalmente, dizem tudo quanto o ouvinte quer escutar: lisonjeiam o gosto e as inclinações das pessoas cujo caráter bastante fraco, as mantém crédulas, ávidas de cada vez mais os escutar. Estas por sua vez, tornam-se ecos dos preconceitos e superstições uma vez que esses Espíritos aí se detém pela simpatia, pela afinidade desses que os chamam e os escutam com prazer. Irritação, azedume, violência, dureza de linguagem, ainda que para dizer coisas boas, jamais indicarão superioridade. Os Espíritos realmente bons, jamais se zangam ou se exaltam: colocam a Verdade de forma firme, segura porém, sem ferir ou humilhar.
Se não são escutados, afastam-se.
1:1 - Os Espíritos Superiores, expressam-se sempre do mesmo modo?
Não. Terão ou usarão linguajar diferente conforme as pessoas a que se dirigem. A mensagem, o conteúdo, a proposta pode até ser a mesma mas a forma, será adequada à compreensão do grupo. ..."eis porque, não falamos a um chinês ou a um maometano como a um cristão ou a um homem civilizado: não seríamos escutados. Algumas vezes pois, podemos parecer entrar na maneira de ver das pessoas, a fim de pouco a pouco conduzi-las ao ponto que desejamos, quando possível, sem alterar as verdades essenciais."
Levar o homem a que desperte para o Bem, destruir o egoísmo, o ódio, a inveja, o crime, ensinar a praticar a caridade - esse é o principal, o objetivo dos bons Espíritos - o resto virá em tempo próprio. Ensinam pela palavra, pela escrita, pelo exemplo - desde que sejam verdadeiramente bons e superiores, tudo o que passam, tudo o que vem deles exterioriza-se em coerência, precisão, síntese, segurança, doçura e benevolência. Refletem, mostram, exortam sem ameaças, compromissos, pactos, ordens, etc.
Esse conhecimento fornecendo pontos para aferição são imprescindíveis uma vez que há permissão para que tanto bons como maus se comuniquem, cabendo ao receptor oferecer elementos nos quais se compraz e que serão o ponto básico para a sintonia. Há a disposição a inspiração, a ação dos bons Espíritos; há os objetivos e também ação dos inferiores - oferecer campo a um ou outro é opção.
Tal realidade é própria de um mundo, que embora invisível, é povoado à semelhança dos humanos, dos mais variados estágios evolutivos, que se expressam segundo o grau em que se encontram. Ligar-se, permanecer, deixar-se influenciar ou dominar por um ou outro, é arbítrio.

Bibliografia
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução X
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - 1858 - Julho e Agosto

Leda Marques Bighetti
Junho / 2003

domingo, 11 de julho de 2010

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 36


LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA”

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

"Coração Puro"

"Não se turbe o vosso coração... "_ Jesus.
(João, 14:1)

Jesus recomendou: não se inquiete não se aflija, diante das dificuldades, porque todos que habitam o planeta Terra, não estão isentos de problemas, de sofrimentos.

As diversas reencarnações de um Espírito estão interligadas umas às outras, embora em cada uma o espírito encarnado viva uma personalidade diferente, tudo o que fizer, tanto no bem como no mal, através da lei de ação e reação, transfere seus efeitos para a reencarnação seguinte, como desequilíbrios a exigir reacertos.

As diversas vidas estão interligadas como os elos de uma corrente, é por isso, que tudo que criamos, nos acompanhará e os nossos enganos, os nossos desacertos, necessariamente terão que ser transformados em boas ações, para que se restabeleça no ser o reequilíbrio da Lei.

Através do trabalho no bem, podemos resgatar o mal, porque só assim desgasta-se pouco a pouco seus efeitos.

É por isso, que ninguém neste mundo passará sem as tempestades, as provas difíceis, ou mesmo sem as tentações.

Jesus nunca prometeu aos discípulos que estariam livres de dificuldades, ao contrário, freqüentemente chamava-os para a necessidade da confiança.

Na última ceia, procurava animar, estimular os companheiros tímidos, dizendo que não se atemorizassem, que deveriam crer em Deus e Nele, também, porque não os abandonaria.

As palavras de Jesus aos discípulos, naquela ocasião, são para nós também, porque precisamos nos fortalecer na fé em Deus.

Da mesma forma que os discípulos, não estaremos livres das provas e expiações, das dificuldades enfim, porque são elas que aferem o valor de cada um.

Os Espíritos amigos, benfeitores espirituais, como mensageiros do Cristo, amparam, estimulam, mas não fazem aquilo que compete a cada um, não assumem, nem nos livram das responsabilidades que são nossas.

"Lembra-te de que o Mestre a ninguém prometeu avenidas de sonho e horizontes azuis na Terra, mas, sim, convicto de que a tempestade das contradições humanas não poupariam a Ele próprio, advertiu-nos, sensatamente:

_ "Não se vos turbe o coração".

Bibliografia:

Pal. De V. Eterna – Emmanuel / F. C. Xavier, lição 56

Maria Aparecida F. Lovo
Junho / 2004

JOÃO 14

1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.