segunda-feira, 12 de julho de 2010
O Livro dos Espíritos Estudo 24
X - A LINGUAGEM DOS ESPÍRITOS E O PODER DIABÓLICO
Nesses primeiros tempos de Espiritismo, a objeção quanto a forma de se expressar dos Espíritos, causava certo desconforto, merecia atenção inclusive de pessoas sérias, dedicadas à Doutrina. Era-lhes inexplicável ou estranho, certos Espíritos expressarem-se de forma pouco elevada.
Esqueciam-se ou não sabiam ainda que os desencarnados, constituindo imensa população, não são iguais em conhecimentos, em qualidades e tudo quanto dizem, não pode ser tomado como lei. Falam daquilo que lhes vai no íntimo, das idéias que têm sobre variadas coisas, refletindo essas apreciações, opiniões pessoais. Às pessoas sensatas cabe analisar, perceber, separar o que é bom, exortativo, real do que não o é.
Comunicações inferiores necessariamente não referenciam a qualidade geral que leve a se afirmar que o mundo espiritual é povoado por Espíritos malvados, inferiores, levianos. Reflita-se que há as comunicações elevadas e uma ou outra acontecerá segundo a necessidade ou a simpatia emitida pelo encarnado. Se os princípios deste não são bastante firmes para preservá-lo do mal; se por qualquer motivo mantiver-se em clima de curiosidade ou qualquer outra leviandade, os Espíritos inferiores, mentirosos, malfazejos, mistificadores etc., aproximam-se enquanto os bons se afastam.
As comunicações portanto, não se referenciam como ação de um poder inferior assim como o mundo espiritual não é constituído pelo domínio de um poder diabólico. Há nesse plano, todas classes e variações sociais. Admitir a comunicação tanto dos melhores como dos piores, dos bons ou dos maus é reconhecer o princípio das manifestações. O que se faz necessário é o homem habituar-se analisar, perceber o teor da mensagem para distinguir o verdadeiro do falso. Qualidades e imperfeições do Espírito, se revelam no seu linguajar, nas palavras, na forma de expressão e que demonstram, revelam a qualidade espiritual do mensageiro - superior ou impostor.
Os inferiores não têm escrúpulos: adotam nomes respeitáveis e a despeito do verniz que apresentam não conseguem de todo manter, sustentar a dignidade própria de um Espírito comprometido com a Verdade. Caberá portanto, ao observador, conhecer essa Verdade, para poder aferir.
Normalmente, dizem tudo quanto o ouvinte quer escutar: lisonjeiam o gosto e as inclinações das pessoas cujo caráter bastante fraco, as mantém crédulas, ávidas de cada vez mais os escutar. Estas por sua vez, tornam-se ecos dos preconceitos e superstições uma vez que esses Espíritos aí se detém pela simpatia, pela afinidade desses que os chamam e os escutam com prazer. Irritação, azedume, violência, dureza de linguagem, ainda que para dizer coisas boas, jamais indicarão superioridade. Os Espíritos realmente bons, jamais se zangam ou se exaltam: colocam a Verdade de forma firme, segura porém, sem ferir ou humilhar.
Se não são escutados, afastam-se.
1:1 - Os Espíritos Superiores, expressam-se sempre do mesmo modo?
Não. Terão ou usarão linguajar diferente conforme as pessoas a que se dirigem. A mensagem, o conteúdo, a proposta pode até ser a mesma mas a forma, será adequada à compreensão do grupo. ..."eis porque, não falamos a um chinês ou a um maometano como a um cristão ou a um homem civilizado: não seríamos escutados. Algumas vezes pois, podemos parecer entrar na maneira de ver das pessoas, a fim de pouco a pouco conduzi-las ao ponto que desejamos, quando possível, sem alterar as verdades essenciais."
Levar o homem a que desperte para o Bem, destruir o egoísmo, o ódio, a inveja, o crime, ensinar a praticar a caridade - esse é o principal, o objetivo dos bons Espíritos - o resto virá em tempo próprio. Ensinam pela palavra, pela escrita, pelo exemplo - desde que sejam verdadeiramente bons e superiores, tudo o que passam, tudo o que vem deles exterioriza-se em coerência, precisão, síntese, segurança, doçura e benevolência. Refletem, mostram, exortam sem ameaças, compromissos, pactos, ordens, etc.
Esse conhecimento fornecendo pontos para aferição são imprescindíveis uma vez que há permissão para que tanto bons como maus se comuniquem, cabendo ao receptor oferecer elementos nos quais se compraz e que serão o ponto básico para a sintonia. Há a disposição a inspiração, a ação dos bons Espíritos; há os objetivos e também ação dos inferiores - oferecer campo a um ou outro é opção.
Tal realidade é própria de um mundo, que embora invisível, é povoado à semelhança dos humanos, dos mais variados estágios evolutivos, que se expressam segundo o grau em que se encontram. Ligar-se, permanecer, deixar-se influenciar ou dominar por um ou outro, é arbítrio.
Bibliografia
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução X
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - 1858 - Julho e Agosto
Leda Marques Bighetti
Junho / 2003
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