PALAVRAS DA VIDA ETERNA - Estudo 22
Francisco Cândido Xavier - pelo Espírito Emmanuel
NA PALAVRA E NA AÇÃO
"E tudo o que fizerdes seja na palavra, seja na ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." Paulo (Colossenses 3:17).
No capítulo três dessa epístola o Apóstolo Paulo exorta a comunidade cristã de Colossos a permanecer em Cristo traçando um roteiro de ação: "(...) deixai a ira, a maledicência, a palavra torpe da vossa boca, não mintais uns para os outros despojando-vos do homem velho com todas as suas obras (...), revesti-vos de entranhas de misericórdia, de benignidade, de humildade, de modéstia, de paciência (...), perdoando-vos mutuamente (...). Mas sobretudo tende caridade que é o vínculo da perfeição (...). A palavra do Cristo habite em vós abundantemente em toda a sabedoria (...)". E conclui: "E tudo o que fizerdes seja na palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai".
Sobre esse texto e no mesmo sentido Emmanuel reflete que não basta dizer-se cristão, afirmar-se cultor do Evangelho; isso pouco vale já que o simples falar ou a compreensão intelectual da proposta não implica na respectiva prática. O cristão se identifica pela vivência no exemplo dos princípios superiores contidos no Evangelho. Agindo assim torna-se elemento de transformação onde estiver, é luz disseminando, pela forma como vive, posicionamentos cristãos. Como tal torna-se anúncio vivo da bondade e do amor de Jesus. Ao aceitar o Cristo o cristão assume compromissos devendo agora agir como seu representante fiel.
As exortações do apóstolo tornam-se atuais uma vez que ainda somos "cristãos sem Cristo", isto é, nosso proceder em nada ou em quase nada reflete o Mestre.
Qual a dificuldade maior para a vivência evangélica?
Consiste principalmente na dificuldade que se encontra para se despojar das imperfeições entre as quais o ódio, a avareza, a vingança, as más inclinações, aspectos estes em que a maioria dos homens se detém, pois que ainda se compraz neles.
Contudo é do nosso interesse buscar os ideais superiores através da progressiva depuração espiritual. Para isso é necessário o exame minucioso, a auto-análise do comportamento, observando nossos passos, avaliando ações de modo a aplicar-lhes as diretrizes evangélicas, libertando-nos das sombras, renovando-nos para melhor. Nesse trabalho estabelece-se integração entre o ensino e a prática, sentindo no íntimo tudo quanto o Evangelho preceitua como orientação que estabelece trajetória segura ao Espírito Imortal. Sem isso dificilmente ou até mesmo impossível raciocinar e servir com Jesus.
Assim:
Se já pregamos o amor, devemos praticá-lo na forma de caridade;
Se anunciamos a misericórdia, a piedade deve ser a tônica de nossas ações;
Se falamos de integridade moral, a honestidade deve ser o sentido de nossos passos;
Se lembrarmos o Evangelho, a nossa palavra deve ser boa e justa, transmitindo segurança e certeza.
Seja onde e com quem for, buscar o lado luminoso das criaturas. A natureza inferior do homem terreno leva-o, por similitude, a destacar o lado sombrio das pessoas, as coisas más. Nesse trabalho de renovação é dever exercitar-se na procura do melhor e do Bem nas várias situações, a fim de que não sejamos enganados pela malícia que nos é própria.
Diante de situação infeliz, se não houver possibilidade de ação mais direta, contribuamos com vibrações salutares da prece de forma a construir entendimento, paz, harmonia, alívio, esperança, etc..., naturalmente tal comportamento não exclui a análise do fato que funcionará como busca da aprendizagem de lições valiosas e importantes, não incidindo jamais em julgamento.
O exercício das lições evangélicas incorporadas à vida nos mais diferentes aspectos é uma necessidade para capacitar e dar segurança ao Espírito em trajetória de crescimento.
Os ensinos do Mestre, neste sentido, foram inúmeros:
• "E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que digo". (Lc. 6:46).
• "Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes". (Jo. 13:17).
Paulo entendendo o convite e a importância dele aconselhava a que se retificassem as atividades do plano exterior, renovando palavras e ações, exortando igualmente para a elevação dos sentimentos, uma vez que ter apenas atitudes externas, melhoradas pelo verniz da educação, não significa expressão elevada de posição espiritual; a elevação dos sentimentos sim trata de mudança profunda, íntima, aquisição de valores imperecíveis do Espírito.
O cristão deve pelo trabalho contínuo que faz consigo estruturar-se em conduta espontânea, natural; para isso necessita cuidar mais do Espírito do que das aparências.
Nos dias atuais como identificamos o Mestre em nossos sentimentos, pensamentos e ações?
O Espiritismo que é o "Cristianismo Redivivo" tem levado a reformulação do nosso modo de ser?
Continuamos alimentar vícios, paixões degradantes, pensamentos de ordem inferior, ódios, vinganças, melindres, etc..., vivendo descomprometidos com a Doutrina escolhida?
Nossa vida é a de quem vive em Cristo?
"Brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus". (Mt. 5:16).
O estudo é claro: - Se Jesus é modelo e guia as atitudes têm que ser coerentes. Cabe portanto viver como filhos da luz, iluminando caminhos, afastando as sombras que ainda há em nós e ao nosso redor.
Sejamos de fato cristãos com Cristo saindo da preguiça, da inércia moral para uma vida plena de espiritualidade. Iluminados pelas bênçãos do Evangelho, promovamos o Espírito Imortal, valorizando todas as oportunidades de fazer o Bem, o melhor onde e com quem estivermos.
Não basta nos dizermos cristãos, é preciso patenteá-lo na vivência.
Bibliografia.
• Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: na Palavra e na Ação". Ditada pelo
• Espírito Emmanuel, 17ª ed. Uberaba, MG. CEC, 1992.
• Allan Kardec. "O Evangelho segundo o Espiritismo: cap. XVIII, item 6".
• Godoy, Paulo A. "Evangelho de Redenção: Padrões para a Vivência do Espiritismo". São Paulo, SP. FEESP, 1996.
• Palhano Jr., L. "A Carta de Tiago". Niterói, RJ. Editora Fráter, 1992.
• Novo Testamento: Paulo (Colossenses 3:1 a 17).
Iracema Linhares Giorgini
Março / 2003
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