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domingo, 16 de novembro de 2008

44 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

ÍTEM 18: BEM SOFRER E MAL SOFRER

           Jean Baptiste Henri Dominique Lacordaire nasceu em 12 de maio de 1802, perto de Dijon, na França, filho de pais muito católicos, e desencarnou em 1861. Na juventude declara-se ateu até que uma experiência religiosa o faz abandonar uma carreira de jurista pela religião. Vai para o seminário, após o qual, foi lecionar, tendo se horrorizado com a pouca religiosidade de seus alunos.

           Para reavivar o interesse do público pelo catolicismo, sustenta a tese da liberdade religiosa e da separação da Igreja e do Estado no jornal liberal L' Avenir (O Futuro).Contrariamente às suas esperanças, houve uma forte oposição em Roma, provocando duas encíclicas condenando o Liberalismo.

           Decepcionado, Lacordaire abandona a causa do liberalismo e aceita, mais tarde, ir para a Catedral Notre Dame de Paris, onde sua oratória atraia milhares de pessoas.

           Restaura, na França, a Ordem dos Dominicanos, que havia sido suprimida e exilada, durante a Revolução.

           Dedicou-se ao trabalho de conciliar as idéias dos revolucionários em relação à igreja católica, considerando não ser possível uma ordem social sem a presença de Deus. *

           Na Revista Espírita de fevereiro de 1867, Kardec publica uma carta desse padre dirigida à sra. Swetchine, datada de Flavigny, 20 de junho de 1853, antes, pois da codificação espirita, publicada em 1865, na qual, entre outra coisas, diz da sua certeza na comunicação dos Espíritos, considerando muito vulgar e pobre o método das mesas girantes; " há dois mundos incluídos um no outro: o mundo dos corpos e o mundo dos Espíritos."

           Vimos, pelo estudo deste capítulo, feito até agora, que o sofrimento em si, não purifica ninguém, não eleva o homem a planos mais altos. O que isso faz, é a forma como ele aceita e reage às atribulações da vida na Terra.

           As aflições, os sofrimentos fazem parte do viver do Espírito mais próximo à animalidade do que da angelitude, pela sua imperfeição, ainda preso aos valores materiais, aos seus instintos. Todos os que vivem em mundos de expiações e provas passam pela dor e pelo sofrimento, pela sua própria condição de imperfeição moral, muito aquém do seu desenvolvimento intelectual.

           A maneira como o Espírito vive essas naturais atribulações - assim podemos dizer - é que faz a diferença. Daí, o bem sofrer e o mal sofrer.

           Bem sofre aquele que, confiando em Deus e nas Suas leis, compreende e aceita a justiça e a necessidade dessas atribulações, não se rebelando, não se desesperando; mantendo-se equilibrado, espiritualmente falando, sentindo e fazendo o melhor que pode para superar as dificuldades, colabora para amenizá-las ou eliminá-las mais depressa.

           Resignar-se, na compreensão da justiça e amor de Deus nas aflições, é diminui-las na sua intensidade, é manter-se equilibrado para reagir no bem, apesar delas; é compreendê-las como oportunidades do exercício da paciência, da tolerância, da humildade, da coragem, da confiança em Deus e em si, na superação e aproveitamento dessas atribulações.

           Foi para esses que Jesus disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus."

           Saber sofrer é demonstrar seu amor e confiança em Deus e nas Suas leis; é ser humilde, considerando-se igual a todos os seus irmãos de humanidade, sujeitos à mesmas vicissitudes; é confiar na justiça divina, que não mantém privilégios, mas dá a cada um segundo suas obras.

           É agradecer a oportunidade de ressarcir débitos do passado distante ou próximo, libertando-se das conseqüências dolorosas que permanecem impressas no perispírito, incomodando o Espírito, que quer libertar-se dessas amarras que o prendem à vida material, para, mais facilmente, alçar vôos mais altos em direção a planos mais elevados.

           Assim, provas bem suportadas são aquelas que fazem a pessoa crescer, que servem de aprendizado, que quando termina, o ex- sofredor diz; "Sou outra pessoa; cresci e amadureci; percebo a vida sob outra forma."

           De modo geral, o homem já percebeu que as aflições do viver na Terra são proporcionais ao que ele pode suportar, como vemos em ditados antigos e populares: " Deus dá o frio conforme a coberta." "O fardo é proporcional às forças." Sábios os que assim aceitam.

           Por que o fardo é sempre proporcional às forças do homem?

           Porque na lei divina, não é o sofrimento pelo sofrimento, não é o "olho por olho, dente por dente", não é a vingança. Os sofrimentos, as atribulações próprias da Terra, devem libertar o Espírito de suas mazelas espirituais, oferecendo lições a serem aprendidas, pelo raciocínio e pela sensibilidade, a fim de que ocorram mudanças internas, no desenvolvimento das qualificações divinas que todos trazem em si.

           Se têm de servir de instrumento de evolução, necessário que ocorram quando o Espírito imortal tenha condições intelectuais e morais para aproveitá-los.

           É assim que funciona a justiça e a misericórdia de Deus: proporcionando ao Espírito rebelde um viver em mundos materiais de expiações e provas, onde as vicissitudes, frutos da sua rebeldia, levando-o à melhoria, se bem sofridas, se bem suportadas, podem fazê-lo transcender-se, isto é superar seus "supostos" limites, suas imperfeições, levando-o à perfeição possível e à felicidade.

           Por isso, Lacordaire escreve: "Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: - Eu fui o mais forte.

          Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra e após o trabalho virá o repouso."

* Dados tirados da Internet

Leda de Almeida Rezende Ebner

Janeiro / 2005

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