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sábado, 8 de novembro de 2008

A FÉ E A RAZÃO

Édo Mariani

Jesus nos ensinou: “Pois em verdade vos digo, se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transplanta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível” (Mateus, 17:20).

Comentando o tema sobre a fé, Kardec conclui que ela se manifesta no homem sob dois aspectos: a fé humana, que é a confiança nas próprias forças, e a fé divina, a confiança no poder e na proteção de Deus através da sua justiça perfeita e do seu amor a todos os seus filhos.

Exaltando a qualidade da fé, ele ensina:

“Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade”.

O Espiritismo nos mostra, em seu tríplice aspecto, que a fé como graça especial, concedida por Deus, não existe. Podemos afirmar que a fé é um dom dado por Deus, Pai de infinita misericórdia e amor a todos os filhos, dom esse colocado no íntimo de cada um como gérmen à semelhança do amor que todos trazemos e que uma vez existente é necessário ser cultivado à luz da razão e da lógica universal. Podemos, assim, comparar a fé como uma semente que plantada no solo precisa ser cultivada e desenvolvida. É uma conquista de cada ser humano. A fé não pode ser vendida, nem doada e muito menos emprestada.

A cada um de nós cabem as ações conscientes no sentido de desenvolvê-la com esforço próprio. É uma faculdade da alma.

Não é assim que aprendemos na parábola das Virgens Néscias e Prudentes (Mateus, 25: 1 a 13) contada por Jesus?

Segundo Ele ensina na parábola, entendemos que o azeite armazenado pelas Virgens Prudentes representa as conquistas adquiridas pelo espírito através do esforço no trabalho construtivo, munido da boa-vontade em estudar para conhecer e colocar em prática os sublimes princípios trazidos pela Doutrina Espírita.

Essa é a maneira pela qual faremos o armazenamento em nossas candeias – o íntimo – do azeite indispensável, com o qual iluminaremos nossos caminhos, pela força do querer e disposição para mudanças na busca do bem.

Só assim, convidados para as bodas quando o “noivo” chegar – na alusão de Jesus interpretado como sendo o momento em que necessitamos vencer dificuldades e obstáculos –, seremos merecedores de contarmos com o nosso consórcio com o mundo espiritual, de onde receberemos o apoio indispensável na jornada terrena.

É dessa forma que a fé se alicerça em nosso ser espiritual e com ela nos será possível transportar as montanhas das mazelas, dificuldades e incertezas que ainda carregamos.

Tal conquista, portanto, está na dependência de cada um, pois, segundo aprendemos com Kardec, a fé para ser inabalável precisa ser racional. Não é possível conquistá-la apenas por ouvir dizer; é preciso saber para ter certeza; é preciso compreender, pois aquele que não compreende é o mesmo que o ateu. A fé alicerçada à luz da razão é semelhante à luz do Sol, fará germinar e crescer o seu poder em nossos corações.

 

De “O Espírita Fluminense”, informativo do Instituto Espírita Bezerra de Menezes (Rua Coronel Gomes Machado, 140 – Centro – CEP 24020-062 Niterói, RJ – página www.iebm.org.br).

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