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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

47- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO V: BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

 

ÍTEM 21: PERDA DE PESSOAS AMADAS E MORTES PREMATURAS

           Antes de entrarmos no estudo desse item, parece-me importante escrever algo sobre o autor, Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris.

           No livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, iniciando o capítulo II da Segunda Parte, intitulado Espíritos Felizes, Kardec transcreve uma carta escrita por J. Sansão ao Presidente da referida sociedade, na qual pede seja evocado o mais breve possível, após seu desencarne (seu último ano na Terra foi de "atrozes sofrimentos") "a fim de, como membro muito inútil da nossa sociedade, poder prestar-lhe para alguma coisa depois de morto..."

           Lembremo-nos de que Kardec estava codificando uma doutrina, a partir das revelações dos Espíritos que se comunicavam, e, por isso evocava, pelo nome, Espíritos de pessoas conhecidas, para melhor conhecer o mundo espiritual e
seu relacionamento com o material.

           Kardec publica também, em seqüência da carta, duas comunicações, sendo uma delas, obtida na câmara mortuária e uma terceira de outro Espírito, Georges sobre Sansão, intitulada A Morte do Justo, que, juntamente com a carta, considero de muito proveito sua leitura.

           Nesta mensagem, objeto de nosso estudo, Sansão, apresenta argumentos humanos sobre a injustiça da morte prematura de pessoas amadas, porque se assim não fora, não seriam choradas, e apresenta outros argumentos que a justificam, pois, “não se pode medir a justiça de Deus pela justiça dos homens.”

           Deus é O Absoluto, A Perfeição, O Criador; o homem é o Espírito encarnado, criado simples e ignorante, com o determinismo de desenvolver-se para a perfeição relativa, possível de ser alcançada. É o filho que jamais alcança o Pai na Perfeição e Atributos.

           Assim, tem o homem de procurar compreender as leis que regem o universo, leis físicas e morais, adequar-se a elas, no desenvolvimento da sua inteligência e moralidade, entendendo que seus raciocínios são sempre de um ser em evolução, portanto, sujeitos a serem modificados na medida de novos entendimentos e novos conhecimentos, enquanto as leis naturais ou divinas são imutáveis e eternas.

           ”A morte prematura é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que se vai, sendo assim preservado das misérias da vida ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é uma vítima da fatalidade, pois Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra."

           Viver na Terra, sempre corre-se o risco de cair de novo nos mesmos erros e equívocos do passado, e é por isso que é sempre grande a possibilidade de novos débitos. Aquele, pois, que parte mais cedo, já cumpriu o que deveria e poderia nessa existência, segundo as leis sábias do Pai. Parte para, no plano espiritual, continuar seu aprendizado para novas experiências existenciais, mais adequadas às suas necessidades.

           Estamos todos sujeitos às leis perfeitas e sábias que nos dão, exatamente, o que precisamos e podemos receber para nosso progresso espiritual: uma longa ou curta existência, maiores ou menores desafios, mais ou menos dores, sempre de acordo com nossas necessidades e possibilidades de enfrentar e vencer.

           O objetivo de cada existência é sempre o progresso do Espírito, que continuará sendo feito também no plano espiritual. Encarnar-se ou desencarnar-se é o mesmo fato que se repete infinitas vezes durante o desenvolvimento do Espírito. No primeiro, renasce-se no plano material, no segundo, renasce-se no plano espiritual.

           Em ambos os planos, podemos nos encontrar com os que amamos.

           Por que lamentar tanto a partida de entes queridos jovens, se eles já não têm a necessidade de aqui permanecer mais tempo nesta existência? Quem somos nós para julgarmos a lei divina? Que sabemos nós do que seja melhor para eles?

           Sintamos saudade, esse sentimento doce, que nos faz ter sempre presente, na mente e no coração, o ser amado que partiu e nos espera em nova dimensão; continuemos procurando fazer o melhor para os que convivem conosco, amando-os, servindo-os, auxiliando-os a aproveitarem o mais e melhor possível as experiências do viver na Terra, certos de que, um dia, estaremos libertos da dor da separação, porque, então, não haverá limitações físicas e espirituais entre os que se amam.

          Aquele que não conseguiu ainda enxergar a vida após a morte do corpo físico, que não consegue ver Deus em si e ao seu redor, que vê somente a vida orgânica e material, esse pode ver a morte como uma separação eterna e sofrer com ela.

           O espiritualista, principalmente o espírita, que sabe que a alma vive melhor, liberta do corpo físico, que a separação é apenas material, que pelo sentimento e pelo pensamento estamos ligados aos habitantes do plano espiritual, esse, não pode entregar-se ao sofrimento da morte e, se o faz, demonstra a si próprio, que sua fé em Deus e nas Suas leis é frágil e superficial, necessitando estudos e reflexões sobre a vida e os seres.

           Assim, não lamentemos os que partem jovens, resignemo-nos às leis de Deus, que quer o melhor para seus filhos. Não pensemos no que eles poderiam fazer na Terra, visto que nossa visão ainda é muito estreita, geralmente ditada pelos sucessos materiais e entreguemo-los ao Pai, de onde vieram.

           Pensemos nos jovens que partiram, com amor, com saudade saudável, desejando a eles tudo que necessitam para sentirem-se felizes onde estiverem, confiantes de que somos todos filhos de Deus e ninguém está jamais só e desamparado.

Leda de Almeida Rezende Ebner

Abril / 2005

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