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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A HUMANIDADE E A RELIGIÃO

Claudio C. Conti

Carl G. Jung compara a psique humana com uma ilha cercada pelo oceano. A ilha representaria o consciente e o oceano o inconsciente. Deste ponto de vista, pode-se perceber que somos muito mais inconsciente do que consciente. Assim, conclui-se que muito pouco sabemos a nosso próprio respeito.

Ainda sob a visão de Jung, o inconsciente seria subdivido em “pessoal” e “coletivo”.

O inconsciente pessoal seria a região da psique em que seriam armazenados os acontecimentos que não são registrados pelo consciente e se localizaria logo abaixo deste.

A idéia de um inconsciente coletivo surgiu ao observar pacientes que apresentavam manifestações psíquicas correlacionadas com acontecimentos específicos ocorridos em épocas e locais diversos. Na grande maioria das vezes, os fatos que reportavam estavam além do conhecimento do indivíduo em questão. Tais fenômenos, sob uma ótica não reencarnacionista, somente poderiam gerar a idéia de que, de alguma forma, a informação sobre todas as ocorrências da humanidade, em todos os tempos, deveria permanecer disponível em um local qualquer, sendo possível ser acessado quando em alguns estados da consciência.

Joanna de Ângelis nos informa, reconhecendo o grande legado deixado por Jung, que o denominado “inconsciente coletivo” seria o acervo conquistado ao longo de sua existência como espírito imortal que é, armazenando em seu arquivo extra-cerebral, isto é, nos fulcros energéticos do espírito.

Sob este prisma, é possível compreender que o ser humano possui inerentemente a idéia da existência de algo além do mundo material ao qual se tem um contato mais imediato, enquanto em estado de vigília, e que, pelos mecanismos da mente, são registrados no consciente e, por isso, de mais fácil percepção.

Portanto, desde tempos imemoriais a humanidade procura estabelecer procedimentos religiosos. Estes procedimentos consistem, na grande maioria das vezes, em rituais para satisfazer as necessidades do consciente, que precisa ser sensibilizado através da matéria e de dogmas, para tentar satisfazer, mesmo que precariamente, a necessidade de explicações por parte do inconsciente.

Nos séculos XVII e XVIII, no mundo ocidental, houve um crescimento do culto da razão em detrimento do culto da religião. Talvez tal comportamento seja decorrente da inabilidade das religiões vigentes na época de responderem ou saciarem as necessidades de um inconsciente que, embora permaneça sem ser visto, age sobre o indivíduo. Tal acontecimento pode ter gerado o atual preconceito de considerar a psique como produtos ilusórios e, por isso, não necessitando de dedicação. Tal posicionamento leva muitos pais a crerem que apenas a satisfação das necessidades materiais de seus filhos seja suficiente para que cresçam saudavelmente, o que, infelizmente, é o responsável por tantos desatinos atuais.

A Doutrina Espírita veio mostrar que, em se tratando de assuntos relativos ao espírito, não existe a necessidade de rituais, além de apresentar explicações claras para as questões espirituais, suprimindo a necessidade de dogmas.

Esclarece, ainda, que a perfeição é a única fatalidade a que o indivíduo está sujeito. Assim, os desajustes e faltas deverão ser reparados, para que o espírito possa atingir estados mais elevados, expurgando-se das tendências mais primitivas para alcançar a felicidade. Tudo isto foi dito por Jesus há mais de dois mil anos e é de tão difícil compreensão para nós.

Nos últimos anos, é possível verificar uma transformação na mentalidade humana. A busca por conhecimentos que transcendem o cotidiano vem crescendo gradativamente, o que pode ser facilmente verificado pelo crescimento da seção de livros religiosos e de auto-ajuda nas livrarias e pela freqüência cada vez maior nos templos religiosos.

Apesar disso, ainda impera um frenesi descabido por saciar o que se acredita serem necessidades materiais e gozos dos mais variados matizes, causando desarmonias para o espírito, acumulando desequilíbrios que, cedo ou tarde, deverão ser sanados.

Vivemos momentos difíceis, quando a incoerência de atos e de pensamentos oriunda de mentes em desalinho tenta frear a transformação. Mas, aqueles que já possuem o discernimento e que sentem a existência de Deus velando por todos devem permanecer firmes em seus propósitos de transformação para, gradativamente, através do exemplo, influenciarem beneficamente aqueles que estejam em volta.

Nos momentos mais difíceis, lembremos sempre de Jesus, que disse:

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (MATEUS,cap. XI, vv. 28 a 30.)”.

 

O jornal O APRENDIZ é uma publicação bimestral do CEMA - Centro Espírita Maria Angélica

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5.000 exemplares - Jornalista responsável: Gustavo Poli - DRT/RJ: 9019198

Ano 2 Nº 8 novembro/dezembro 2003

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