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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

OBSERVAÇÃO CUIDADOSA

Danilo Carvalho Villela

 

Ao tempo da Codificação, em meados do século XIX, não existiam os modernos meios de comunicação eletrônica que, ao lado da informação, colocam também o entretenimento – aliás, nem sempre sadio – à nossa disposição, em qualquer lugar, aeroportos, rodoviárias, hotéis e, sobretudo, em nossos lares.

O lazer era preenchido, não raro, por apresentações, em teatros ou praças, dos mais variados espetáculos, nos quais, a preços módicos, as pessoas podiam distrair-se assistindo a números de música, prestidigitação ou curiosidades as mais diversas, entre as quais figuravam os pássaros educados, capazes de selecionar pequenos cartões que continham respostas a perguntas formuladas pelos assistentes. Ante a novidade, alguns adeptos do Espiritismo, que surgira apenas há alguns anos, se apressaram em ver nisso a prova de que haveria mediunidade nos animais, capazes, à primeira vista, de transmitir-nos, quando mediunizados, as palavras da espiritualidade.

Não escapou à habitual acuidade do Codificador o caráter mecânico, como que automático desses fatos que em mais de uma ocasião ele pôde observar cuidadosamente, o que contrastava com a variação habitual da mediunidade, cujos fatos não se produzem à vontade do medianeiro por dependerem de várias condições, sobretudo a vontade dos desencarnados.

No caso, aqueles pássaros pareciam exercê-la de forma constante e inalterável, o que não acontecia nem mesmo com os melhores médiuns sonâmbulos. Além disso, ele pôde perceber alguns dos sinais com que os donos conduziam aquelas aves para que selecionassem os cartões convenientes.

“Todavia – acrescenta ele –, o fenômeno, mesmo reduzido a estas proporções, não se apresenta menos interessante e há sempre que admirar o talento do instrutor, tanto quanto a inteligência do aluno...”

Pouco tempo depois, recebeu ele carta de um leitor da “Revista Espírita”, o Sr. Mathieu, que em sua companhia assistira a uma dessas apresentações, na qual o missivista detalha o processo de treinamento empregado com os pássaros para que realizassem aquelas demonstrações. Essa carta, instrutiva e interessante, foi integralmente transcrita na revista em seu número de setembro de 1861.

Frisou sempre o Codificador a necessidade de cautela na apreciação de qualquer fenômeno incomum, antes de atribuí-lo à ação dos desencarnados.

Embora os animais, em muitas ocasiões, sejam capazes de perceber o mundo espiritual, não há neles uma faculdade mediúnica, pois esta pressupõe no medianeiro, conforme esclarece o Espiritismo, uma inteligência capaz de conceber e elaborar noções abstratas, indispensáveis à nossa comunicação, o que não ocorre entre os irracionais.

Devemos lembrar, por fim, que, consoante a Doutrina Espírita, os animais não são seres eternamente destinados à inferioridade, mas irmãos nossos que estagiam em degraus inferiores da evolução, a caminho, porém, de conquistas que lhes permitirão o ingresso nos domínios da razão – com a possibilidade de pensar em Deus – e a vivência do amor, que permite que nos reconheçamos como membros da grande família universal.

“O Livro dos Médiuns” (Segunda Parte, item 234).

 

SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES

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Sábado, 15/11/2008 no 2120



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