CAPÍTULO IV: NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO
ITENS 21 A 23: OS LAÇOS DE FAMÍLIA SÃO FORTALECIDOS PELA REENCARNAÇÃO E ROMPIDOS PELA UNICIDADE DE EXISTÊNCIA
A idéia da unicidade da existência pode ser analisada sob o ponto de vista do materialismo, que considera a vida orgânica e a inteligente como conseqüências da matéria, do funcionamento dos órgãos do corpo físico.
Assim, a vida surge com o corpo e desaparece quando ele morre.
Tantos bilhões e bilhões de anos gastou a natureza para o homem ser , hoje o que é , desenvolvendo-se, estudando, aprendendo, trabalhando, sonhando, amando, sendo amado, sofrendo, reproduzindo-se, criando, descobrindo coisas... E desaparecer para sempre?! Essa idéia parece-me ilógica e irracional, mesmo excluindo-se a idéia de um Ser Supremo, causa de tudo.
A unicidade da vida também ser analisada sob o ponto de vista espiritualista, que considera a alma criada por Deus, juntamente com o corpo, não tendo antes disso nenhuma ligação entre ambos e entre familiares. Assim, pais e filhos, irmãos, avós e netos e outros vão se conhecer a partir do nascimento do bebê. Estão ligados pelos laços corporais, pelas leis da hereditariedade, sem nenhuma ligação espiritual, afetiva, que só a partir da constatação da gravidez para alguns ou do nascimento para outros, começa a existir.
As facilidades e/ou as dificuldades de relacionamento entre pais e filhos e entre irmãos são sempre relacionadas com as qualificações herdadas dos pais e/ou dos antepassados. Pode levar o homem a não sentir-se responsável por si e suas ações: "- Nasci assim." "Meu pai era assim."
Em contrapartida, a idéia das vidas sucessivas, antepassados e descendentes podem ter se relacionado antes, ter vividos juntos, amando-se ou não, mas, de modo geral, não estão iniciando relacionamento, apenas continuando o desenvolvimento de cada um, na convivência em conjunto. E assim continuarão, encontrando-se sempre para “estreitar os laços de simpatia".
A unicidade das existências pode romper os laços de família, porque o destino de cada um já está determinado após uma única existência. Cada membro, na dependência de ter vivido bem ou não, do seu arrependimento ou não, já terá seu destino definido e assim, pais e filhos, maridos e mulheres, irmãos podem nunca mais se encontrarem. Talvez, por isso, pela incerteza do reencontro, a morte de entes queridos é sempre tão dolorosa, tão desesperadora para a grande maioria dos homens.
Graças a Deus, à Sua sabedoria, à Sua justiça e ao Seu Amor, existe a lei da reencarnação para todos e, cada vez mais, sua aceitação se expande com mais rapidez, levando às pessoas a certeza de que se retorna à Terra tantas vezes quantas forem necessárias para o desenvolvimento e burilamento espiritual, de cada um. Somente assim, estão as pessoas queridas sempre se reencontrando, aqui ou no além, porque, conservando sua individualidade, os Espíritos sentem-se atraídos pelos que lhe são ligados por laços espirituais.
"Com a reencarnação e o progresso que lhe é conseqüente, todos os que se amam se encontram na Terra e no espaço, e juntos gravitam para Deus.”
Mas, nem todos que se amam caminham juntos na sua evolução. E os amados que fracassam, que não acompanham seus amores?
Os que amam jamais abandonam seus entes queridos, "retardam seu adiantamento e a sua felicidade" e os auxiliam, muitas vezes até reencarnando junto, para melhor ampará-los.
"Com a reencarnação, enfim, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados, do que resulta o estreitamento dos laços de afeição.”
Kardec termina essas considerações, apresentando quatro alternativas existentes na Terra para o futuro do homem no além, após a morte do corpo:
1 : o nada, segundo a doutrina materialista;
2 : a absorção no todo universal, segundo a doutrina panteísta;
3 : a conservação da individualidade com fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina católica e protestante;
4 : a conservação da individualidade, com o progresso infinito, segundo a doutrina espírita.
De acordo com as duas primeiras, os laços de família são rompidos pela morte.Com a terceira, somente poderão se reencontrar os membros da família que estiverem no mesmo lugar, de acordo com seu merecimento em uma só existência.
Com a pluralidade das existências, a progressão se fazendo de forma gradual, há sempre a certeza dos reencontros, da continuidade das relações entre os que se amam e é nesse relacionamento amoroso que se constitui a verdadeira família.( para melhor entendimento, ver no livro que estamos estudando, capítulo XIV: Parentesco corporal e espiritual)
Leda de Almeida Rezende Ebner
Fevereiro / 2004
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