BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
ITENS 1, 2 e 3: JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino de Deus. (Mateus, V: 5,6 e 10).
Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis. (Lucas VI: 20 e 21 ).
Mas ai de vós, ricos, porque tendes no mundo a vossa consolação. Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis. (Lucas, VI: 24 e 25 ).
Ser bem-aventurado significa ser feliz. Se pensarmos que a vida termina com a morte do corpo, as palavras de Jesus não têm o menor sentido, são promessas vãs.
Se aceitamos Jesus com o Espírito mais perfeito que veio enviado por Deus para auxiliar os homens na Terra, só podemos entender essas bem-aventuranças, como uma promessa para a vida além da morte.
Assim, uma vez mais, Jesus deixa bem clara a idéia da imortalidade da alma, da vida futura após esta.
Mas se pensarmos em vidas sucessivas, através das quais o Espírito imortal vai evoluindo e se aperfeiçoando, podemos ver nessas palavras, também a lei de causa e efeito, que, juntamente, com a lei da imortalidade da alma, tornam possível o cumprimento dessas promessas.
A lei de causa e efeito, que se cumpre através da lei da reencarnação, é a chave para compreendermos esses ensinos de Jesus, destacando a Justiça de Deus, que funciona sempre, para o ser espiritual, de acordo com seu entendimento, dando a cada um segundo suas obras.
Os que sofrem hoje poderão ser recompensados no além e dispensados em próximas reencarnações de determinados sofrimentos, visto não mais precisarem deles para seu desenvolvimento espiritual. Por exemplo, o Espírito que já aprendeu usar o dinheiro para o progresso da comunidade e dos seus irmãos também em desenvolvimento, não precisa mais passar pela prova da pobreza, a não ser que ele queira, em determinada missão.
No estudo deste capítulo vamos refletir quando, como, porquê, os que sofrem aflições merecem ser bem-aventurados.
Kardec inicia os seus raciocínios, relacionando essas palavras de Jesus com a justiça de Deus.
As desigualdades sócio-econômicas entre os povos, entre os habitantes de um mesmo país ou de uma mesma cidade, mostram-nos a imensa injustiça que vige entre os homens na Terra, dando motivo para eternas perguntas, tais como: "Por que uns nascem na miséria, outros na riqueza? Por que para uns tudo é tão difícil, para outros tão fácil? Por que o mal parece ser mais recompensador do que o bem?"
Não encontrando justificativa para tais situações, muitos concluem que essas situações, praticamente normais na Terra, desmentem a justiça divina. Negam a existência de Deus e a existência do Espírito, considerando que tudo, sentimentos , emoções, inteligência, criatividade, etc., provêm da própria matéria, do cérebro. Por isso são chamados materialistas.
Outros, que consideram existir diferentes formas de adquirir conhecimentos da vida, além da Ciência, que cuida apenas dos fatos físicos e materiais, esses buscam encontrar as diversas causas do sofrimento na Terra. São os espiritualistas, que admitem a existência própria e independente da matéria, do Espírito, e acima de tudo, Deus.
Quem aceita a existência de Deus e n'Ele deposita sua fé e confiança, tem condições de compreender as aparentes injustiças do viver na Terra, lutando para que desapareçam um dia, através da vivência da lei do amor, a única capaz de trazer a paz e a felicidade aos habitantes da Terra.
Quem aceita Deus, como a causa primária de todas as coisas, vendo-O na Sua própria obra, no próprio dinamismo da vida em todos os seres vivos, não pode deixar de considerá-Lo em seus atributos infinitos de perfeição de inteligência, bondade, justiça.
Então, não pode atribuir a Ele a injustiça dos homens. Há que pensar que deve existir causas para as aflições que o homem experimenta na Terra.
Por isso, Kardec escreve neste estudo que “As vicissitudes da vida têm pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que todos devem compenetrar-se. Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinos de Jesus, e hoje, considerando-os suficientemente, maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do espiritismo, ou seja pela voz dos Espíritos."
As causas das aflições da vida são de duas origens: as atuais, desta existência e as anteriores, conseqüências de atos de vidas passadas, sempre pois, originadas por quem sofre as conseqüências, os efeitos. Iniciaremos seu estudo no próximo mês.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Maio / 2004
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