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domingo, 5 de fevereiro de 2012

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – ESTUDO 105


CAPÍTULO XII; AMAI OS VOSSOS INIMIGOS


ITENS: 1 e 2: PAGAR O MAL COM O BEM

“Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo.
Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos Céus, o qual fez nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. 
   Porque, se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter?
Não fazem os publicanos também assim? E se saudares somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?
Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.“ (Mateus, V: 43 a 47 e 20).
             “E se vós amais somente aos que vos amam, que merecimento é o que tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que merecimento é o que vós tereis? Porque isso mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. 
             Amai, pois, os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. 
             Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. (Lucas: VI: 32 a 36)
             Publicanos eram os funcionários encarregados da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, em Roma e nas outras partes do Império Romano. Os riscos a que estavam sujeitos, faziam as autoridades fecharem os olhos para seu enriquecimento. 
             Os judeus tinham horror aos impostos e, por conseqüência, odiavam os encarregados de recebê-los.
             Gentios, entre os hebreus, eram todos os estrangeiros ou os que não professavam a religião judaica.
             Escribas eram os encarregados de escrever a lei e explicá-la e também certos intendentes do exército judeu. Mais tarde, essa designação era dada também aos doutores da lei, que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Por isso, Jesus os envolve na mesma reprovação.
             Fariseus eram os participantes da seita mais importante dos judeus, fundada nos anos de 180 a 200 antes de Cristo, por Hilel, doutor judeu nascido na Babilônia, que ensinava que a fé só era dada pelas Escrituras. Eram observadores rigorosos das práticas exteriores do culto e das cerimônias, inimigo das inovações; afetavam grande severidade de costumes, exerciam grande influência sobre o povo. A religião para eles era mais um meio de subir no poder do que objeto de uma fé sincera. (1)
             Sempre que Jesus expressa a idéia: “Tendes ouvido... mas eu vos digo...” está, claramente, comprovando que a Verdade vai sendo revelada de acordo com a evolução do Espírito imortal , razão pela qual, não se tem ainda, todas as respostas para as indagações feitas pela inteligência humana.
             Reafirma, contudo, que, na medida do desenvolvimento intelectual e moral, todos chegarão à Verdade, promessa feita por Jesus quando disse: “Bem-Aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.” (Mateus, V: 8) e” Conhecereis a verdade e ela vos libertará.” (João, 8 : 32). Deus é a Verdade Absoluta, pois, tudo vem d’Ele.
             Nos textos que iniciam este estudo, Jesus conclama o amor aos inimigos, algo difícil para Espíritos em desenvolvimento, mais próximos da animalidade do que da angelitude, como disse Emmanuel.
             A humanidade terrena, com exceções, ainda não aprendeu a amar seus próximos mais próximos e Jesus diz que se deve também amar os inimigos.
             Mas quem são esses inimigos? Podem ser os nossos próximos mais próximos, as pessoas com as quais não nos simpatizamos, às vezes até sem saber porque, com as quais temos relacionamentos difíceis, às vezes uma mescla de amor e animosidade, num antagonismo de sentimentos e de emoções. Podem fazer parte da família, do grupo de trabalho, da vizinhança, do clube de recreação...
             Muitas vezes, são adversários do passado, que estão conosco para que transformemos a antipatia em simpatia, a aversão em amizade, o desamor em amor, através da boa vontade em uma convivência ou relacionamento mais agradável, na busca das qualidades boas nossas e dos outros, e na tolerância aos defeitos e imperfeições alheias.
             Esses textos demonstram também, com clareza, que o que tem mais entendimento das leis divinas, tem por dever, ser melhor do que aquele que tem menos. “A todo aquele a quem muito foi dado, muito será pedido.” (Lucas, XII: 48).
             Assim, o espírita, que tem maiores e melhores conhecimentos sobre a realidade do Espírito, sobre o mundo espiritual, sobre a evolução contínua de tudo, tem de expressar um comportamento diferenciado no relacionamento com todas as pessoas.
             Tem de esforçar-se para desenvolver, em si, as qualificações nobres que lhe permitirão, um dia, amar a todos, incondicionalmente, como irmãos, filhos de um mesmo Pai, não importando quem sejam, o que sentem, o que pensam e como agem, assim como Deus e Jesus nos amam.
             Absurdo? Não. Possível? Sim. Na própria Terra, existem exemplos de pessoas que se doaram, por amor, que se esqueceram de si por amor ao próximo, sem preocupar-se quem e como ele é.
             A misericórdia divina criou o recurso da lei das reencarnações para que todos os seus filhos alcançassem a perfeição e a felicidade, que todos trazem como meta maior dentro de si, equivocando-se muitas e muitas vezes no caminho a seguir, mas sempre impulsionados ao progresso contínuo, desenvolvendo todo o seu potencial intelectual e moral.
             Nesse viver em mundos materiais, tantas vezes quantas forem necessárias, os sentimentos e as emoções negativos, frutos dos equívocos, são eliminados, e os sentimentos nobres se firmarão, tornando todos esses filhos de Deus sábios e bons.
             Aproveitemos esta existência para compreender esses ensinos de Jesus, aceitá-los e tê-los como alvo, nos relacionamentos e convivências atuais, fazendo crescer nossa família espiritual, para um dia, amarmos a todos, indistinta e incondicionalmente.
             Importante no texto de Lucas: “... e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus.” Deus não deixa de amar os filhos rebeldes, que não seguem Suas leis, visto que Seu amor é incondicional, é perfeito. Dá a todos as mesmas oportunidades de desenvolvimento do amor em si, dá a todos o mesmo potencial de qualificações nobres, e espera que no uso do livre-arbítrio, no atendimento à voz da consciência, cada um chegue, um dia, ao desenvolvimento do Seu reino dentro de si. 

Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”

  
Leda de Almeida Rezende Ebner
Março / 2010



Citações bíblicas

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

MATEUS 5
20 Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.

MATEUS 5
43 Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?

LUCAS 6
32 Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
34 E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus.
36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

LUCAS 12
48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.

JOÃO 8
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

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