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quinta-feira, 23 de maio de 2013

VIII- PROBLEMAS SOCIAIS, POLÍTICA, ETC. (FINAL)


ENCONTRO COM DIVALDO FRANCO

Há no mundo igrejas ricas em bens materiais conclamando as nações prósperas da Terra a amenizarem o problema da fome que se abate sobre grande parte da Humanidade. 
Quem, em que hora, tempo e lugar deve praticar a caridade?

Divaldo: - Vamos relatar um episódio que vivenciamos alguns anos atrás.
Certo dia deparamo-nos com uma alma muito sofrida, presa de extrema miséria. Dispunhamo-nos a refletir acerca do que faríamos com a desventurada criatura, caída em plena via pública, febril e tiritando de frio.
Racionalizamos: amanhã voltaremos aqui para levá-lo a um hospital, ou pediremos a ajuda de um médico. Ao mesmo tempo passamos a conjeturar: poderíamos, agora, arranjar-lhe um caldo quente; quem sabe poderíamos levá-lo para casa. Levá-lo para casa?
Onde iremos acomodá-lo? Que fazer?
Com a mente fervilhante de interrogações perturbadoras, eis que nos surge à frente nossa querida Joanna de Ângelis, falando mais ou menos nestes termos: “Ao tempo dos Czares, certa noite estava sendo representada uma célebre peça no teatro de Moscou, que se refertava com as dependências totalmente tomadas pelos membros da realeza. O enredo girava em torno dos sofrimentos de um soberano místico que, em meio a cruéis sofrimentos, sacrificou-se pela fé cristã. A música enleava os corações da nobreza assistente, todos se identificando com as agonias cristãs da personagem, que de alguma forma traduzia um pouco do íntimo de cada um. Findo o colorido espetáculo, à saída do teatro, deitado sob a marquise, delirava um mendigo tiritante de frio em meio à nevasca da noite. Uma das damas da corte, ao descer as escadarias que a levariam à sua carruagem, movida por um impulso natural de bondade, tomou do casaco de peles que a agasalhava, propondo-se a cobrir o homem que parecia moribundo. A dama que lhe fazia companhia, porém, sustou-lhe o gesto nobre dizendo: ‘Não faças isso.
De que adiantaria a esse miserável uma peça de vestuário de tal valor?
Amanhã envias por um dos teus servos agasalhos quentes para ele’.
‘Sim, tens razão’ - respondeu a dama do casaco de alto preço, movida agora por sentido utilitarista da vida.
‘Demandaram, assim, ao luxuoso castelo, alimentaram-se frugalmente, esquecidas já da agonia do desconhecido tombado sob a marquise enregelante. No dia seguinte, despertando já manhã alta, a dama lembrou-se do homem tiritante de frio.
Chamou então um de seus servos e ordenou que levasse agasalho ao pobre homem. Lá chegando, o serviçal deparou-se com o desconhecido já morto, sendo removido pela polícia’.
Finalizou, então, Joanna de Ângelis:
‘Sempre que a caridade recebe a interferência de polêmicas ou racionalizações, discussões ou debate, invariavelmente o socorro chega atrasado. É necessário que cada um de nós faça o bem hoje, aqui e agora’. Tratamos então de auxiliar o homem abandonado à intempérie da noite, sem mais cogitações que não as do socorro imediato.
No que se refere às igrejas fartamente providas de bens materiais concitando os governos de mais largos recursos a minimizar o sério problema da fome e da desnutrição na face da Terra, com todo o respeito queremos lembrar que a riqueza de nada nos valerá se não tivermos no cofre do coração o pão da caridade e a palavra consoladora da misericórdia que nos compete distribuir. Jesus Cristo, que foi a encarnação da pobreza material, disse: ‘As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça’.”

Qual o posicionamento do Espiritismo com relação ao pobre, à vida miserável que leva. Até quando o senhor acha que no mundo continuará havendo, essas desigualdades sociais, esses contrastes gritantes que nós vemos e estamos assistindo em várias regiões do país e várias regiões do mundo?

Divaldo: - A resposta está no Evangelho de Jesus. Quando a mulher arrependida levou-lhe bálsamo e o ungiu, Judas, preocupado com a despesa que ela fazia, já que a substância era de alto preço, lamentou que fosse desperdiçada com Ele.
Chegou mesmo a considerar que aquela substância poderia ser vendida e revertida a benefício dos pobres.
Jesus redargüiu: Ela agiu muito bem, porque “os pobres sempre os tereis, mas a mim nem sempre.” E aqui, vale dizer que sempre haverá pobres, enquanto o homem em gozo e no exercício das suas aptidões, da fortuna, faça delas mau uso. Dentro do conceito da reencarnação, aquele que hoje experimenta limites, dificuldades e problemas, foi o mesmo que abusou, em existência próxima, transata ou remota, dos valores com que a vida o aquinhoou. Dentro da mesma questão, vemos que a Humanidade está num período de trânsito. Enquanto vigir o egoísmo no coração dos homens, haverá, inevitavelmente, a miséria, porque a ambição desmedida de alguns poucos engedra a miséria de muitos. O Espiritismo levanta a questão de forma otimista, convidando os que possuem a repartir, a criarem empregos, a darem oportunidades, a favorecerem os que se encontrem em situações de precariedade, com ensejos mais felizes, e acreditamos que dia virá, não muito longe, em que esta paisagem erma e triste da miséria sócio-econômica cederá lugar a uma situação menos penosa, mesmo porque,consideramos que o grande drama da atualidade não tem sua gênese, exclusivamente na problemática da miséria econômica, senão na grande problemática da miséria moral. Para nós, é a questão moral, de valor transcendente, que engendra aquela miséria de natureza econômica.

A miséria é superior e mais grave que a própria miséria humana, a miséria financeira, a miséria dos famintos?

Divaldo: - Indubitavelmente. Porque nos países onde se apresentam um ótimo nível de salários e produção “per capita”, a miséria moral é tão lamentável que não deu felicidade a esses povos, embora a situação econômica elevada de que desfrutam, com ausência de problemas inéditos, tais como a Suécia, a Holanda, a Suíça, o índice de suicídio,de loucura, de neurose, de agressividade é, igualmente, muito alto, demonstrando que a miséria econômica, embora muito dolorosa, que nos assalta é menor. Mas a miséria moral, a ausência do amor no coração, o predomínio do egoísmo são mais terríveis do que aquela outra condição da chamada miséria do Terceiro Mundo, do chamado mundo em desenvolvimento...

Há quem diga que a Doutrina Espírita, que vem pregando a reencarnação, aliena o homem da realidade social em que ele vive, porque a criatura humana pensa: bom, se eu voltarei à Terra, eu deixarei para amanhã. Ou outra encarnação, o que me compete fazer hoje, poderei pagar amanhã. Então, dizem, afirmam várias pessoas que a Doutrina Espírita estaria alienando o homem da realidade social em que vive. Não apenas em pregando a reencarnação, mas também promovendo a caridade, porque o homem recebendo o pão, não trabalharia, ficaria de braços cruzados, não produziria e não sairia da miséria. Que você diria a respeito disso tudo?

Divaldo: - Que as pessoas não estão bem informadas em torno da tônica da reencarnação. A reencarnação é uma colocação dinâmica que promove o homem. Podemos considerar a Terra como sendo uma Universidade, com todos nós freqüentando os vários cursos aqui administrados. Sabemos que temos a oportunidade de, ao não fazermos uma aprendizagem correta, repetir o ano. Mas não é por isto que o indivíduo inteligente deixará de promover-se, de conquistar o valor intelectivo, para ficar numa situação parasitária, a repetir as experiências até que seja banido da escola. Através da reencarnação, o indivíduo tem a ensanha de reparar, numa etapa, aquilo que noutra, anterior, ele não haja realizado bem. A reencarnação é uma metodologia evolutiva que dignifica o homem, demonstrando a justiça de Deus, que a ninguém condena em caráter de perpetuidade.
Oferecendo o ensejo de o indivíduo auto-perdoar-se, isto é, concedendo-lhe a oportunidade de reparar os seus erros para progredir, a Divindade faculta-lhe o retorno à Terra, tantas vezes quantas se façam mister para o seu processo evolutivo de sublimação. Quanto à colocação de que a caridade mantém o homem estacionário, esta é igualmente uma forma de observar a caridade do ponto de vista material exclusivamente.
O apóstolo Paulo, na sua célebre Epístola aos Coríntios, quando se reporta à caridade, vai muito além da tônica sobre a doação; fala sobre o aspecto fundamental de o indivíduo auto-doar-se, de iluminar consciências, de dar o pão a quem tem fome e depois dignificá-lo, a fim de que ele vá adquirir o seu próprio pão. É a velha estória da “vara de pescar”, da tradição chinesa. Não lhe damos apenas o peixe, ensinamo-lo a pescar, oferecendo-lhe a vara e o anzol. Não podemos, porém, pedir a uma pessoa paralítica, a um enfermo a alguém sem mais amplas possibilidades que vá pescar, se não ajudarmos a que chegue, ao menos, à borda do rio. A função da caridade dando coisas, que os espíritas fazemos, é relevante pelo que enobrece o homem.
Não apenas o fazemos, nós, os espíritas. Fazem-no ou fizeram, Madre Teresa de Calcutá, esse símbolo da fraternidade universal; o extraordinário Albert Schweitzer, em Labarené, na África, no antigo Congo Belga, a santificante tarefa realizada por Vicente de Paulo e que hoje é imitada por homens notáveis como Fouleraux, o apóstolo da Lepra, na atualidade, ou como no passado, George Dominique Pire, prêmio Nobel da Paz, que concebeu e realizou as célebres aldeias européias para as vítimas da guerra. São todos estes trabalhos de promoção humana. A alguém que está com uma forte dor de cabeça, não adianta ministrar-lhe lições de civilidade; dando-lhe, porém, um analgésico e retirando-lhe, temporariamente embora, o mal-estar, poderemos prepará-lo para que ele encontre a causa desse mal que o aflige e a erradique. É o que o Espiritismo faz, bem como outras doutrinas filantrópicas baseadas no amor, oferecendo ao indivíduo a oportunidade de este liberar-se do mal imediato pela cura de urgência, para que possa fazer a terapia de profundidade e as futuras terapêuticas preventivas. A reencarnação é uma metodologia de amor que dignifica o homem.”

Como o Espiritismo examina a condição do “trombadinha”? Eles derivam dessa perplexidade do mundo atual, que é cruel, antagônico, cheio de carência por falta de bens materiais ou são pessoas que receberam maus Espíritos ou Espírito ainda em formação?”

Divaldo - Eles são as grandes vítimas do nosso contexto social. É lamentável, mas é preciso dizer, que em relação a eles, a Civilização falhou. Os postulados cristãos, que deviam conduzir o homem, através da esperança, infelizmente não deram a certeza, na forma como foram apresentados pelas religiões, para que crêssemos entendendo, porque o homem é racional. A ética e a educação falharam em face ao desequilíbrio das suas convenções. O “trombadinha” é a síntese de uma sociedade que fracassou nos seus postulados de ética, ora sem rumo. Não se trata de Espíritos infelizes. Eles não tiveram oportunidade melhor, porque a sociedade ainda não compreendeu que a nossa é a felicidade dos outros. O que fizermos ao próximo estaremos fazendo a nós mesmos. Como disse Jesus: “O que fizerdes a um destes, a mim mesmo o fazeis”. Entretanto, eu ainda quero considerar esta colocação: o Espiritismo vê o problema como de emergência e nós, os espíritas, estamos tomando as providências, dentro das nossas possibilidades, através do exercício legal da família. Desejo lembrar que o Espiritismo é a Doutrina que chegou à Terra, há apenas 148 anos; os seus postulados somente agora estão começando a ser aprendidos; encontrou reações de todos os lados, dificuldades, como o Cristianismo primitivo, para poder transmitir as suas lições de fraternidade e de amor. O Espiritismo está ao lado de todos aqueles que trabalham pelo ideal de uma Humanidade melhor, que se esforçam para evitar os dramas lamentáveis.
Nós mesmos, na cidade de Salvador, procuramos diminuir o problema pela vivência dele. É que estamos envolvidos numa obra social, na qual 2.018 crianças recebem assistencial moral, educacional, alimentar. O menor carente, de que se fala, é recolhido em unidades-lares onde reconstruímos as famílias que lhes faltam. O menor que tem pais, nós o recebemos desde zero até 3 anos e o colocamos em nossa Creche; de 3 a 6 anos, no Jardim de Infância, das 7:00 horas às 17:00; de 7 anos aos 14 anos, no 1º Grau, até a 6ª série, por enquanto; e, a partir do próximo ano, teremos as 7ª série e 8ª série.
Simultaneamente, através das Escolas, vem a orientação profissionalizante para que evitemos a deserção dos deveres e a vadiagem. O problema do “trombadinha” é um efeito cujas causas estão no próprio homem, sendo necessária uma medida de emergência, através do amor. O amor que desapareceu dos nossos corações, como diz um pensador inglês: “O homem moderno perdeu o endereço de Deus”. E porque perdeu o endereço de Deus, a sociedade está ameaçada. Há no entanto, perspectivas generosas. Quando todos denunciam um mal é porque já tem sensibilidade para evitar os chamados valores ilusórios. Essa preocupação com o menor carente, que a todos hoje nos envolve, é um sintoma, síndrome de interesse para que todos nos unamos, religiosos ou não, porque esse problema é da Humanidade, e procuremos fazer alguma coisa em favor deles, que serão o futuro da sociedade em favor deles, que serão o futuro da sociedade. Mas isso, em caráter paliativo, por enquanto, para que depois possamos dar ao grupo social o equilíbrio normal de uma educação preventiva, evitando as calamidades que aí estão dominadoras.”


Fonte: Baccelli, Carlos A.; “DIVALDO FRANCO EM UBERABA”; Leal.
Worn, Fernando; “MOLDANDO O TERCEIRO MILÊNIO”; Leal.
Franco, Divaldo Pereira; “ELUCIDAÇÕES ESPÍRITAS”; Leal.


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Motivação


Evanise M Zwirtes

“Semeia um pensamento e colherás um desejo; semeia um desejo e colherás a ação; semeia a ação e colherás um hábito; semeia o hábito e colherás o caráter.” (Tihamer Toth)

   Observando a Natureza, notamos que nada é estático; tudo é movimento, apesar de o ser humano buscar a estabilidade permanente, criando necessidades baseadas no ter. Essa estabilidade, que no plano material, não é mais que uma das tantas manifestações da personalidade, construindo uma vida baseada na posse das coisas e pessoas, em detrimento do ser.
Poucas pessoas reconhecem que há necessidades mais transcendentes, que são básicas ao ser humano, que nada tem a ver com o ter ou a posse de bens materiais. São necessidades da alma, do espírito.
Entendemos que a motivação é um estado interno, que ativa um desejo de satisfazer uma necessidade; é o que provoca em nós a necessidade de realização. É um impulso que nos move a efetuar transformações em nossas vidas.
Portanto, motivação é ter um motivo para uma ação.
   Objetivando realizar as transformações em nossas vidas, necessitamos atualizar nossas crenças em relação a hábitos, apegos, ressentimentos, críticas, medos, cobiças, ódios, apatias, fraquezas, indecisões etc. Para propormos uma modificação, é fundamental identificar o condicionamento negativo, o que nem sempre é fácil uma vez que o ego não gosta de ser questionado (os apegos são difíceis de serem retirados, para saudar um inimigo necessitamos humildade, para não criticar necessitamos tolerância etc.). Essa é a razão pela qual necessitamos exercitar a vontade, a disciplina, a perseverança, que são motivos que nos conduzem ao processo do autodomínio.
   A pessoa consciente reconhece seus erros, desenvolve novas estratégias, reorganiza seu plano de vida, tem definido o que deseja conquistar para sua alma.  Não se abala pelas tentativas malsucedidas; ao contrário, demonstra alegria pela oportunidade, no aqui e agora, de realizar-se.
   Motivar é mover, despertar o interesse ou o entusiasmo. Onde você se encontra? Movendo coisas ou determinado a transcendê-las?


Evanise M Zwirtes é Psicoterapeuta e Coordenadora do The
Spiritist Psychological Society, Londres – Uk


Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 8 Janeiro e Fevereiro 2010
The Spiritist Psychological Society 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

106 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


CAPÍTULO XII: AMAI OS VOSSOS INIMIGOS


ITENS 3 E 4: PAGAR O MAL COM O BEM

Iniciando seus comentários sobre os textos evangélicos, nesse capítulo, Kardec escreve; “Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistada sobre o egoísmo e o orgulho.”
             Assim sendo, pode-se compreender o porquê da dificuldade dos homens, Espíritos em evolução, em entender, aceitar e praticar esse preceito da lei divina.
             Kardec escreve baseado na realidade da situação espiritual do homem na Terra, que preciso é analisar esse amor aos inimigos, de forma mais condizente com as possibilidades atuais dos homens.
             Diz que Jesus, o mais perfeito Espírito reencarnado na Terra, sabendo do tamanho da imperfeição humana, não pretendia que se amasse aos inimigos com a mesma ternura que se tem por uma pessoa querida, visto que a ternura pressupõe confiança total, que propicia um abrir-se, integralmente, ao outro, sem medo de ser censurado, sem receio de expor-se como se é, porque confia no amor do outro em relação a si próprio.
             Sobre essa base de confiança é que a simpatia, a amizade, a ternura estabelecem os laços, crescendo nos relacionamentos diversos.
             Como, então, sentir alegria em encontrar um inimigo, como se fora um amigo?
             Lembra Kardec da lei física de assimilação e repulsão dos fluidos. Vivemos em um mundo de ondas e vibrações, irradiando-as e absorvendo-as ou repelindo-as.
             Assim, as irradiações semelhantes se atraem e as diferentes se repelem.
             “O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta quando da aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e seus amigos.”
             Diz Kardec que “amar aos inimigos é não ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-se, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.”
             Nessas explicações, vemos que para amar os inimigos não precisamos sentir vontade de abraçá-los, como sentimos aos a quem amamos. Mas, penso que, se tentarmos pôr em prática os sentimentos e atitudes do texto acima, vamos em um futuro – mais ou menos mesmo distante - sentir por eles a mesma ternura, que hoje sentimos pelos que mais amamos.
Kardec comenta também ser mais difícil entender essa máxima para quem somente aceita uma vida, do nascimento à morte. Para eles, seu inimigo é um mau caráter, que perturba seu viver, merecendo tudo de ruim que possa acontecer. “Para que perdoar-lhe? Quero mais que morra.” E assim por diante, considerando a morte o fim de tudo, inclusive do seu inimigo.
             Para o espiritualista, e mais ainda para o espírita, tudo é diferente, uma vez que a visão espiritual lhe mostra que há um longo passado, responsável pelo presente, que por sua vez irá definir o futuro.
             Compreendendo ser a Terra um mundo para Espíritos imperfeitos e rebeldes, ele busca entender as ações dos outros, tanto quanto deseja que os outros entendam as suas, procurando dominar seus maus sentimentos em relação a eles.
             Entendendo que todos estamos em um processo evolutivo, cada qual cumprindo-o à sua maneira, de acordo com as necessidades e uso do livre-arbítrio de cada um, aproveitemos a existência atual e os momentos presentes para exercitar o perdão, a compreensão, a benevolência, para com todos, inclusive, para com as pessoas que sentem aversão por nós, não aceitando esse sentimento, mas procurando transformá-lo em amizade, retribuindo o mal com o bem.
             Analisando tudo, sempre sob o ponto de vista da eternidade do Espírito imortal, aceitando as dificuldades como obstáculos a serem enfrentados e vencidos, não nos queixemos de quem nos faz o mal, visto que ele está, nesse momento, servindo, sem o saber e querer, de instrumento para nosso aprendizado e progresso, ao mesmo tempo em que está se prejudicando a si próprio, e irá receber através da lei de causa e efeito, as conseqüências da sua maldade.
             Imaginando-nos no lugar do adversário, podemos perceber que, como ofendidos, estamos, talvez, recebendo o que já fizemos, enquanto o outro está provocando novos sofrimentos para si próprio. Por que queixarmo-nos, ou reagirmos da mesma forma, mantendo um sentimento de animosidade?
             Se em lugar de lamentar as provas, agradecer a Deus por experimentá-las, “deve também agradecer a mão que lhe oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação. Esse pensamento o dispõe, naturalmente, ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do alcance dos dardos do seu inimigo.”
             Adquirindo o hábito de tudo analisar sob o ponto de vista da eternidade do Espírito, o homem se coloca acima da humanidade material, no plano moral, tendo uma visão muito maior e mais profunda da finalidade do viver na Terra, sabendo, com mais facilidade, se dispor ao bem, ao amor, não mais considerando ninguém como seu inimigo.


Bibliografia:
KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril / 2010

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
Vila Tibério - Cep 14050-390
Ribeirão Preto (SP)
CNPJ: 45.249.083/0001-95 
Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº. 3247/76.

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – ESTUDO 105


CAPÍTULO XII; AMAI OS VOSSOS INIMIGOS


ITENS: 1 e 2: PAGAR O MAL COM O BEM

“Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo.
Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos Céus, o qual fez nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. 
   Porque, se não amardes senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter?
Não fazem os publicanos também assim? E se saudares somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?
Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.“ (Mateus, V: 43 a 47 e 20).
             “E se vós amais somente aos que vos amam, que merecimento é o que tereis? Pois os pecadores também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que merecimento é o que vós tereis? Porque isso mesmo fazem também os pecadores. E se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. 
             Amai, pois, os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. 
             Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. (Lucas: VI: 32 a 36)
             Publicanos eram os funcionários encarregados da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, em Roma e nas outras partes do Império Romano. Os riscos a que estavam sujeitos, faziam as autoridades fecharem os olhos para seu enriquecimento. 
             Os judeus tinham horror aos impostos e, por conseqüência, odiavam os encarregados de recebê-los.
             Gentios, entre os hebreus, eram todos os estrangeiros ou os que não professavam a religião judaica.
             Escribas eram os encarregados de escrever a lei e explicá-la e também certos intendentes do exército judeu. Mais tarde, essa designação era dada também aos doutores da lei, que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Por isso, Jesus os envolve na mesma reprovação.
             Fariseus eram os participantes da seita mais importante dos judeus, fundada nos anos de 180 a 200 antes de Cristo, por Hilel, doutor judeu nascido na Babilônia, que ensinava que a fé só era dada pelas Escrituras. Eram observadores rigorosos das práticas exteriores do culto e das cerimônias, inimigo das inovações; afetavam grande severidade de costumes, exerciam grande influência sobre o povo. A religião para eles era mais um meio de subir no poder do que objeto de uma fé sincera. (1)
             Sempre que Jesus expressa a idéia: “Tendes ouvido... mas eu vos digo...” está, claramente, comprovando que a Verdade vai sendo revelada de acordo com a evolução do Espírito imortal , razão pela qual, não se tem ainda, todas as respostas para as indagações feitas pela inteligência humana.
             Reafirma, contudo, que, na medida do desenvolvimento intelectual e moral, todos chegarão à Verdade, promessa feita por Jesus quando disse: “Bem-Aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.” (Mateus, V: 8) e” Conhecereis a verdade e ela vos libertará.” (João, 8 : 32). Deus é a Verdade Absoluta, pois, tudo vem d’Ele.
             Nos textos que iniciam este estudo, Jesus conclama o amor aos inimigos, algo difícil para Espíritos em desenvolvimento, mais próximos da animalidade do que da angelitude, como disse Emmanuel.
             A humanidade terrena, com exceções, ainda não aprendeu a amar seus próximos mais próximos e Jesus diz que se deve também amar os inimigos.
             Mas quem são esses inimigos? Podem ser os nossos próximos mais próximos, as pessoas com as quais não nos simpatizamos, às vezes até sem saber porque, com as quais temos relacionamentos difíceis, às vezes uma mescla de amor e animosidade, num antagonismo de sentimentos e de emoções. Podem fazer parte da família, do grupo de trabalho, da vizinhança, do clube de recreação...
             Muitas vezes, são adversários do passado, que estão conosco para que transformemos a antipatia em simpatia, a aversão em amizade, o desamor em amor, através da boa vontade em uma convivência ou relacionamento mais agradável, na busca das qualidades boas nossas e dos outros, e na tolerância aos defeitos e imperfeições alheias.
             Esses textos demonstram também, com clareza, que o que tem mais entendimento das leis divinas, tem por dever, ser melhor do que aquele que tem menos. “A todo aquele a quem muito foi dado, muito será pedido.” (Lucas, XII: 48).
             Assim, o espírita, que tem maiores e melhores conhecimentos sobre a realidade do Espírito, sobre o mundo espiritual, sobre a evolução contínua de tudo, tem de expressar um comportamento diferenciado no relacionamento com todas as pessoas.
             Tem de esforçar-se para desenvolver, em si, as qualificações nobres que lhe permitirão, um dia, amar a todos, incondicionalmente, como irmãos, filhos de um mesmo Pai, não importando quem sejam, o que sentem, o que pensam e como agem, assim como Deus e Jesus nos amam.
             Absurdo? Não. Possível? Sim. Na própria Terra, existem exemplos de pessoas que se doaram, por amor, que se esqueceram de si por amor ao próximo, sem preocupar-se quem e como ele é.
             A misericórdia divina criou o recurso da lei das reencarnações para que todos os seus filhos alcançassem a perfeição e a felicidade, que todos trazem como meta maior dentro de si, equivocando-se muitas e muitas vezes no caminho a seguir, mas sempre impulsionados ao progresso contínuo, desenvolvendo todo o seu potencial intelectual e moral.
             Nesse viver em mundos materiais, tantas vezes quantas forem necessárias, os sentimentos e as emoções negativos, frutos dos equívocos, são eliminados, e os sentimentos nobres se firmarão, tornando todos esses filhos de Deus sábios e bons.
             Aproveitemos esta existência para compreender esses ensinos de Jesus, aceitá-los e tê-los como alvo, nos relacionamentos e convivências atuais, fazendo crescer nossa família espiritual, para um dia, amarmos a todos, indistinta e incondicionalmente.
             Importante no texto de Lucas: “... e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus.” Deus não deixa de amar os filhos rebeldes, que não seguem Suas leis, visto que Seu amor é incondicional, é perfeito. Dá a todos as mesmas oportunidades de desenvolvimento do amor em si, dá a todos o mesmo potencial de qualificações nobres, e espera que no uso do livre-arbítrio, no atendimento à voz da consciência, cada um chegue, um dia, ao desenvolvimento do Seu reino dentro de si. 

Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”

  
Leda de Almeida Rezende Ebner
Março / 2010



Citações bíblicas

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

MATEUS 5
20 Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.

MATEUS 5
43 Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?

LUCAS 6
32 Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
34 E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus.
36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

LUCAS 12
48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.

JOÃO 8
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

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