“Porque,
se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não
procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos
saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não
fazem outro tanto os pagãos?
(S.
Mateus, Cap V, vv. 46 e 47)
O
Evangelho Segundo o Espiritismo Cap XII – Item 1 -
A
escola dos relacionamentos é o convite da vida para a vitória sobre
o egoísmo. Viver é de todos, conviver é de poucos, e conviver bem
é para quantos disponham encetar nova jornada ante a nossa condição
de ”cidadãos do universo”.
Cada
pessoa que passa pela nossa vida, ainda que superficial e
circunstancialmente, é portadora de uma mensagem de vida para nós.
Não existem relações casuais.
A
boa convivência é quesito de qualidade de vida. Quem a experimenta
sorri mais, tem melhor tônus muscular, forra-se de cansaço dos
agastamentos, logra melhor nível de sono, vence facilmente a rotina,
imuniza-se contra o tédio, amplia sua criatividade e vive na
atmosfera da paz.
Livros
desatualizam, eventos fecham ciclos, instituições extinguem-se e as
tarefas são recursos didáticos, mas os relacionamentos perpetuam na
consciência, são as únicas realidades plausíveis de todo o cosmo
doutrinário, é a essência do espiritismo em nós.
Por
isso, temos que aprofundar conceitos em torno da alteridade, no
melhor encaminhamento das nossas questões de amor ao próximo, seja
nas atividades educativas da doutrina, seja nas forjas
disciplinadoras da sociedade.
Concebamos
a alteridade, sem rigor técnico, como sendo a singularidade
pertinente a cada criatura. Naturalmente, o conjunto das
singularidades humanas estabelece a diversidade. Essa diversidade nos
solicita, perante os sábios Códigos do Criador, uma ética nas
relações que reflita os princípios de pluralidade natural para a
harmonia e evolução.
Assinalemos,
assim, de forma compreensível, que a “ética da alteridade” é a
nossa capacidade de relativizarmo-nos perante as diferenças das
quais os outros são portadores, convivendo em paz com nossos
diferentes e suas diferenças, rendendo-lhes respeito e amor na forma
como são e se expressam, nas suas particularidades.
Reconhecemos
a melhoria das nossas condições pessoais através desse preito
espontâneo de reverência, a quem quer que seja, sem que tenhamos
que perder a identidade íntima, mantendo-a sempre resguardada pela
definição de propósitos e coerência como características de
criaturas espiritualmente saudáveis. Ética de alteridade não
significa concordar com tudo ou aprovar tudo, ela não nos retira o
senso de valor moral enobrecedor, pois nem toda alteridade está
engajada nas sendas do bem. Por exemplo: algumas comunidades
aferradas ao folclore manterão rituais ou festas que, para o
progresso social, em nada cooperam objetivamente, trazendo algum 6
benefício
somente para aqueles que fazem cultos a lendas e tradições. Nosso
“dever alteritário”, contudo, é respeitar a diferença, buscar
compreendê-la na atitude alheia e, quanto possível, buscar aprender
algo sobre a “essência do outro” – uma razão profunda e
Divina para aquele comportamento, algo “invisível aos olhos”
como acentua o inspirado Antoine de Saint Exupéry.
Portanto,
perante diferenças sociais, corporais, intelectuais ou de que
natureza for, adotaremos a ética da alteridade e vivamos em paz.
Muitas
pessoas nutrem um terrível vazio existencial porque querem existir
mudando os outros, querem se realizar no outro, acham que têm todas
as respostas para ele, querem “anular a diferença” alheia para
se sentirem bem. Por isso é tão comum encontrarmos deficiência no
próximo. Sempre achamos que se ele mudasse nisso ou naquilo tudo
seria melhor e ele, inclusive, seria mais feliz. Esse é o velho
hábito da intromissão perniciosa nas desconhecidas terras do mundo
da diversidade, que queremos moldar a gosto pessoal, talhando a
igualdade como forma de encontrar a fictícia solução para tudo que
nos importuna ou contraria os interesses. Muitos conflitos nascem
exatamente nesse ato de apropriação indevida da conduta e da forma
de ser do próximo. Não sabendo considerar-lhe a singularidade,
tentamos combater a diferença ou, o que é pior, adotamos a
indiferença...
Pensemos
urgentemente na construção da conduta de alteridade em nossas
relações.
Prezemos
as diferenças e honremo-las com a ética da fraternidade, esse o
roteiro saudável proposto por Jesus em sua sábia interrogação:
Porque,
se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? 7
Amor
e Alteridade. Pág. 07
Do
Livro Laços de Afeto – Caminhos do Amor na Convivência – Parte
II- Capítulo 3 - Primeira
Parte: Capítulo 11
Ditado
Pelo Espírito Ermance Dufaux – Psicografia de Wanderley S. de
Oliveira -
Conselho
Espírita de São Bernardo do Campo
“Encontros
de Atitudes de Amor”
Grupo
Fraternidade Espírita João Ramalho
Reunião
do dia 6 de julho de 2008
Tema
Central:
Alteridade
A
convivência adequada com a diferença, com os diferentes
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