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quinta-feira, 23 de maio de 2013

VIII- PROBLEMAS SOCIAIS, POLÍTICA, ETC. (FINAL)


ENCONTRO COM DIVALDO FRANCO

Há no mundo igrejas ricas em bens materiais conclamando as nações prósperas da Terra a amenizarem o problema da fome que se abate sobre grande parte da Humanidade. 
Quem, em que hora, tempo e lugar deve praticar a caridade?

Divaldo: - Vamos relatar um episódio que vivenciamos alguns anos atrás.
Certo dia deparamo-nos com uma alma muito sofrida, presa de extrema miséria. Dispunhamo-nos a refletir acerca do que faríamos com a desventurada criatura, caída em plena via pública, febril e tiritando de frio.
Racionalizamos: amanhã voltaremos aqui para levá-lo a um hospital, ou pediremos a ajuda de um médico. Ao mesmo tempo passamos a conjeturar: poderíamos, agora, arranjar-lhe um caldo quente; quem sabe poderíamos levá-lo para casa. Levá-lo para casa?
Onde iremos acomodá-lo? Que fazer?
Com a mente fervilhante de interrogações perturbadoras, eis que nos surge à frente nossa querida Joanna de Ângelis, falando mais ou menos nestes termos: “Ao tempo dos Czares, certa noite estava sendo representada uma célebre peça no teatro de Moscou, que se refertava com as dependências totalmente tomadas pelos membros da realeza. O enredo girava em torno dos sofrimentos de um soberano místico que, em meio a cruéis sofrimentos, sacrificou-se pela fé cristã. A música enleava os corações da nobreza assistente, todos se identificando com as agonias cristãs da personagem, que de alguma forma traduzia um pouco do íntimo de cada um. Findo o colorido espetáculo, à saída do teatro, deitado sob a marquise, delirava um mendigo tiritante de frio em meio à nevasca da noite. Uma das damas da corte, ao descer as escadarias que a levariam à sua carruagem, movida por um impulso natural de bondade, tomou do casaco de peles que a agasalhava, propondo-se a cobrir o homem que parecia moribundo. A dama que lhe fazia companhia, porém, sustou-lhe o gesto nobre dizendo: ‘Não faças isso.
De que adiantaria a esse miserável uma peça de vestuário de tal valor?
Amanhã envias por um dos teus servos agasalhos quentes para ele’.
‘Sim, tens razão’ - respondeu a dama do casaco de alto preço, movida agora por sentido utilitarista da vida.
‘Demandaram, assim, ao luxuoso castelo, alimentaram-se frugalmente, esquecidas já da agonia do desconhecido tombado sob a marquise enregelante. No dia seguinte, despertando já manhã alta, a dama lembrou-se do homem tiritante de frio.
Chamou então um de seus servos e ordenou que levasse agasalho ao pobre homem. Lá chegando, o serviçal deparou-se com o desconhecido já morto, sendo removido pela polícia’.
Finalizou, então, Joanna de Ângelis:
‘Sempre que a caridade recebe a interferência de polêmicas ou racionalizações, discussões ou debate, invariavelmente o socorro chega atrasado. É necessário que cada um de nós faça o bem hoje, aqui e agora’. Tratamos então de auxiliar o homem abandonado à intempérie da noite, sem mais cogitações que não as do socorro imediato.
No que se refere às igrejas fartamente providas de bens materiais concitando os governos de mais largos recursos a minimizar o sério problema da fome e da desnutrição na face da Terra, com todo o respeito queremos lembrar que a riqueza de nada nos valerá se não tivermos no cofre do coração o pão da caridade e a palavra consoladora da misericórdia que nos compete distribuir. Jesus Cristo, que foi a encarnação da pobreza material, disse: ‘As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça’.”

Qual o posicionamento do Espiritismo com relação ao pobre, à vida miserável que leva. Até quando o senhor acha que no mundo continuará havendo, essas desigualdades sociais, esses contrastes gritantes que nós vemos e estamos assistindo em várias regiões do país e várias regiões do mundo?

Divaldo: - A resposta está no Evangelho de Jesus. Quando a mulher arrependida levou-lhe bálsamo e o ungiu, Judas, preocupado com a despesa que ela fazia, já que a substância era de alto preço, lamentou que fosse desperdiçada com Ele.
Chegou mesmo a considerar que aquela substância poderia ser vendida e revertida a benefício dos pobres.
Jesus redargüiu: Ela agiu muito bem, porque “os pobres sempre os tereis, mas a mim nem sempre.” E aqui, vale dizer que sempre haverá pobres, enquanto o homem em gozo e no exercício das suas aptidões, da fortuna, faça delas mau uso. Dentro do conceito da reencarnação, aquele que hoje experimenta limites, dificuldades e problemas, foi o mesmo que abusou, em existência próxima, transata ou remota, dos valores com que a vida o aquinhoou. Dentro da mesma questão, vemos que a Humanidade está num período de trânsito. Enquanto vigir o egoísmo no coração dos homens, haverá, inevitavelmente, a miséria, porque a ambição desmedida de alguns poucos engedra a miséria de muitos. O Espiritismo levanta a questão de forma otimista, convidando os que possuem a repartir, a criarem empregos, a darem oportunidades, a favorecerem os que se encontrem em situações de precariedade, com ensejos mais felizes, e acreditamos que dia virá, não muito longe, em que esta paisagem erma e triste da miséria sócio-econômica cederá lugar a uma situação menos penosa, mesmo porque,consideramos que o grande drama da atualidade não tem sua gênese, exclusivamente na problemática da miséria econômica, senão na grande problemática da miséria moral. Para nós, é a questão moral, de valor transcendente, que engendra aquela miséria de natureza econômica.

A miséria é superior e mais grave que a própria miséria humana, a miséria financeira, a miséria dos famintos?

Divaldo: - Indubitavelmente. Porque nos países onde se apresentam um ótimo nível de salários e produção “per capita”, a miséria moral é tão lamentável que não deu felicidade a esses povos, embora a situação econômica elevada de que desfrutam, com ausência de problemas inéditos, tais como a Suécia, a Holanda, a Suíça, o índice de suicídio,de loucura, de neurose, de agressividade é, igualmente, muito alto, demonstrando que a miséria econômica, embora muito dolorosa, que nos assalta é menor. Mas a miséria moral, a ausência do amor no coração, o predomínio do egoísmo são mais terríveis do que aquela outra condição da chamada miséria do Terceiro Mundo, do chamado mundo em desenvolvimento...

Há quem diga que a Doutrina Espírita, que vem pregando a reencarnação, aliena o homem da realidade social em que ele vive, porque a criatura humana pensa: bom, se eu voltarei à Terra, eu deixarei para amanhã. Ou outra encarnação, o que me compete fazer hoje, poderei pagar amanhã. Então, dizem, afirmam várias pessoas que a Doutrina Espírita estaria alienando o homem da realidade social em que vive. Não apenas em pregando a reencarnação, mas também promovendo a caridade, porque o homem recebendo o pão, não trabalharia, ficaria de braços cruzados, não produziria e não sairia da miséria. Que você diria a respeito disso tudo?

Divaldo: - Que as pessoas não estão bem informadas em torno da tônica da reencarnação. A reencarnação é uma colocação dinâmica que promove o homem. Podemos considerar a Terra como sendo uma Universidade, com todos nós freqüentando os vários cursos aqui administrados. Sabemos que temos a oportunidade de, ao não fazermos uma aprendizagem correta, repetir o ano. Mas não é por isto que o indivíduo inteligente deixará de promover-se, de conquistar o valor intelectivo, para ficar numa situação parasitária, a repetir as experiências até que seja banido da escola. Através da reencarnação, o indivíduo tem a ensanha de reparar, numa etapa, aquilo que noutra, anterior, ele não haja realizado bem. A reencarnação é uma metodologia evolutiva que dignifica o homem, demonstrando a justiça de Deus, que a ninguém condena em caráter de perpetuidade.
Oferecendo o ensejo de o indivíduo auto-perdoar-se, isto é, concedendo-lhe a oportunidade de reparar os seus erros para progredir, a Divindade faculta-lhe o retorno à Terra, tantas vezes quantas se façam mister para o seu processo evolutivo de sublimação. Quanto à colocação de que a caridade mantém o homem estacionário, esta é igualmente uma forma de observar a caridade do ponto de vista material exclusivamente.
O apóstolo Paulo, na sua célebre Epístola aos Coríntios, quando se reporta à caridade, vai muito além da tônica sobre a doação; fala sobre o aspecto fundamental de o indivíduo auto-doar-se, de iluminar consciências, de dar o pão a quem tem fome e depois dignificá-lo, a fim de que ele vá adquirir o seu próprio pão. É a velha estória da “vara de pescar”, da tradição chinesa. Não lhe damos apenas o peixe, ensinamo-lo a pescar, oferecendo-lhe a vara e o anzol. Não podemos, porém, pedir a uma pessoa paralítica, a um enfermo a alguém sem mais amplas possibilidades que vá pescar, se não ajudarmos a que chegue, ao menos, à borda do rio. A função da caridade dando coisas, que os espíritas fazemos, é relevante pelo que enobrece o homem.
Não apenas o fazemos, nós, os espíritas. Fazem-no ou fizeram, Madre Teresa de Calcutá, esse símbolo da fraternidade universal; o extraordinário Albert Schweitzer, em Labarené, na África, no antigo Congo Belga, a santificante tarefa realizada por Vicente de Paulo e que hoje é imitada por homens notáveis como Fouleraux, o apóstolo da Lepra, na atualidade, ou como no passado, George Dominique Pire, prêmio Nobel da Paz, que concebeu e realizou as célebres aldeias européias para as vítimas da guerra. São todos estes trabalhos de promoção humana. A alguém que está com uma forte dor de cabeça, não adianta ministrar-lhe lições de civilidade; dando-lhe, porém, um analgésico e retirando-lhe, temporariamente embora, o mal-estar, poderemos prepará-lo para que ele encontre a causa desse mal que o aflige e a erradique. É o que o Espiritismo faz, bem como outras doutrinas filantrópicas baseadas no amor, oferecendo ao indivíduo a oportunidade de este liberar-se do mal imediato pela cura de urgência, para que possa fazer a terapia de profundidade e as futuras terapêuticas preventivas. A reencarnação é uma metodologia de amor que dignifica o homem.”

Como o Espiritismo examina a condição do “trombadinha”? Eles derivam dessa perplexidade do mundo atual, que é cruel, antagônico, cheio de carência por falta de bens materiais ou são pessoas que receberam maus Espíritos ou Espírito ainda em formação?”

Divaldo - Eles são as grandes vítimas do nosso contexto social. É lamentável, mas é preciso dizer, que em relação a eles, a Civilização falhou. Os postulados cristãos, que deviam conduzir o homem, através da esperança, infelizmente não deram a certeza, na forma como foram apresentados pelas religiões, para que crêssemos entendendo, porque o homem é racional. A ética e a educação falharam em face ao desequilíbrio das suas convenções. O “trombadinha” é a síntese de uma sociedade que fracassou nos seus postulados de ética, ora sem rumo. Não se trata de Espíritos infelizes. Eles não tiveram oportunidade melhor, porque a sociedade ainda não compreendeu que a nossa é a felicidade dos outros. O que fizermos ao próximo estaremos fazendo a nós mesmos. Como disse Jesus: “O que fizerdes a um destes, a mim mesmo o fazeis”. Entretanto, eu ainda quero considerar esta colocação: o Espiritismo vê o problema como de emergência e nós, os espíritas, estamos tomando as providências, dentro das nossas possibilidades, através do exercício legal da família. Desejo lembrar que o Espiritismo é a Doutrina que chegou à Terra, há apenas 148 anos; os seus postulados somente agora estão começando a ser aprendidos; encontrou reações de todos os lados, dificuldades, como o Cristianismo primitivo, para poder transmitir as suas lições de fraternidade e de amor. O Espiritismo está ao lado de todos aqueles que trabalham pelo ideal de uma Humanidade melhor, que se esforçam para evitar os dramas lamentáveis.
Nós mesmos, na cidade de Salvador, procuramos diminuir o problema pela vivência dele. É que estamos envolvidos numa obra social, na qual 2.018 crianças recebem assistencial moral, educacional, alimentar. O menor carente, de que se fala, é recolhido em unidades-lares onde reconstruímos as famílias que lhes faltam. O menor que tem pais, nós o recebemos desde zero até 3 anos e o colocamos em nossa Creche; de 3 a 6 anos, no Jardim de Infância, das 7:00 horas às 17:00; de 7 anos aos 14 anos, no 1º Grau, até a 6ª série, por enquanto; e, a partir do próximo ano, teremos as 7ª série e 8ª série.
Simultaneamente, através das Escolas, vem a orientação profissionalizante para que evitemos a deserção dos deveres e a vadiagem. O problema do “trombadinha” é um efeito cujas causas estão no próprio homem, sendo necessária uma medida de emergência, através do amor. O amor que desapareceu dos nossos corações, como diz um pensador inglês: “O homem moderno perdeu o endereço de Deus”. E porque perdeu o endereço de Deus, a sociedade está ameaçada. Há no entanto, perspectivas generosas. Quando todos denunciam um mal é porque já tem sensibilidade para evitar os chamados valores ilusórios. Essa preocupação com o menor carente, que a todos hoje nos envolve, é um sintoma, síndrome de interesse para que todos nos unamos, religiosos ou não, porque esse problema é da Humanidade, e procuremos fazer alguma coisa em favor deles, que serão o futuro da sociedade em favor deles, que serão o futuro da sociedade. Mas isso, em caráter paliativo, por enquanto, para que depois possamos dar ao grupo social o equilíbrio normal de uma educação preventiva, evitando as calamidades que aí estão dominadoras.”


Fonte: Baccelli, Carlos A.; “DIVALDO FRANCO EM UBERABA”; Leal.
Worn, Fernando; “MOLDANDO O TERCEIRO MILÊNIO”; Leal.
Franco, Divaldo Pereira; “ELUCIDAÇÕES ESPÍRITAS”; Leal.


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Série Comunicação e Ação


Ailton Paiva

1 - OUVIR COM AMOR

“A moral sem as ações é o mesmo que a semente sem o trabalho.
De que vos serve a semente, se não a fazeis dar frutos que vos alimentam? Grave é a culpa desses homens, porque dispunham de inteligência para compreender.

Não praticando as máximas que ofereciam aos outros, renunciaram a colher-lhes os frutos.”

(Questão 905 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.).
“O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.”

“Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.”

“(...) o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados  os seus.”

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII - Sede Perfeitos, item 3, parágrafos 7º e penúltimo.)

Vivendo em sociedade precisamos nos manifestar, para isso usamos a linguagem, que pode ser oral, escrita e pictórica, ou seja, os diversos canais de comunicação.

Pela linguagem manifestamos nossos pensamentos, sentimentos e emoções.

A linguagem oral é mais usada e, de modo geral, podemos dizer que é mais direta e atinge o interlocutor com maior carga de emoções.

Em nossa vida de relação não podemos deixar de usar o juízo de valores, através da análise das situações que vivemos e as formas de interação com as pessoas com quem convivemos.

Daí nasce a crítica, que não se confunde com a maledicência.

A crítica é a busca da verdade pelo exercício da razão.

A maledicência é o comentário inconsistente, veiculado sem objetivos éticos, onde não há preocupações com a verdade, com a utilidade e com o bem.

A maledicência é a manifestação do comportamento que expressa o egoísmo e a vaidade. O comentário visa apenas diminuir o valor de quem está no foco para, artificial e enganosamente, pretender elevar-se acima do outro.

No entanto, quando sofremos algum julgamento, pela linguagem oral ou escrita, deveremos, primeiramente, avaliar se o comentário é expressão de uma crítica ou de maledicência.

Se percebemos que o fruto da análise feita com relação à nossa pessoa é manifestação da maledicência, não deveremos nos importunar, nem nos agastar com ela. Se não serve, deve ser esquecida; a não ser que, por sua gravidade e insensatez, exija que preservemos nossos direitos, como Espírito, como pessoa e como cidadão.

Às vezes, recebemos críticas e a pessoa que as faz não está sendo maledicente. É sincera e honesta, mas a crítica é equivocada, certos elementos que a compõem não são consistentes. Temos então o direito de amorosamente rejeitar a crítica, esclarecendo o crítico.

Ao lado das informações que os Evangelhos nos trazem e também a Doutrina Espírita, os psicólogos espíritas Almir Del Prette e Zilda Del Prette, baseados nas ciências do comportamento, apresentam-nos alguns passos que deveremos observar para, quando a crítica não for procedente, podermos rejeitá-la deforma correta, assertiva.

REJEITAR A CRITÍCA

Procuremos observar, quando recebermos uma crítica, os seguintes pontos:

1. Permitir que o crítico termine de falar.

Ao recebermos uma crítica, a tendência natural é, sob impacto emocional, reagir instantaneamente, procurando justificar-nos, juntando argumentos para rebater as observações feitas, as quais, de alguma maneira, mostram nosso possível desacerto.

De início não sabemos se a crítica é procedente ou houve algum mal-entendido, ou ainda, é uma manifestação de maledicência. Então, deixemos que a pessoa exponha todo o seu pensamento. Ouçamo-la com atenção.

Se for o caso, façamos até anotações.

Demonstremos com a postura corporal assertiva que estamos acompanhando os seus argumentos e que isso fique claro para ela.

2. Controlar o desconforto da raiva.

Normalmente, quando recebemos uma crítica altera-se o nosso estado emocional, que pode ir da simples irritação à raiva. Nesse estado, registram-se alterações físicas e fisiológicas: aceleração do batimento cardíaco, empalidecimento ou ruborização, diminuição da saliva e outros.

Quando a crítica é infundada ou se trata de maledicência, os efeitos psicológicos e físicos são mais intensos.

Pode haver, também, um desequilíbrio psíquico ou espiritual.

Então, manter um controle emocional saudável é necessário para podermos analisar a crítica e saber aproveitá-la adequadamente.
3. Compreender que ao outro assiste o direito de ter opinião contrária à nossa.

Procuremos ouví-lo com atenção e deixemos que ele perceba isso. Assim ele compreenderá que nós estamos respeitando o seu direito de opinar.

Em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 833, há o esclarecimento de que: “No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como por-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.”

Procuremos criar uma empatia com o crítico. Vejamos o assunto do ponto de vista dele. Manifestamos que entendemos o que ele disse e também o seu sentimento.

4. Solicitar detalhesse necessário, para melhor compreender a posição assumida pelo crítico.

Quando os motivos ou os fatos geradores da crítica não ficarem muito claros, peçamos, com a tranqüilidade possível, detalhes ou esclarecimentos.

5. Manifestar a discordância mente, no total ou em parte, quanto à veracidade da crítica.

Após a análise dos argumentos apresentados na crítica, com o exercício da razão, verifiquemos se é procedente ou não. Se julgarmos que ela não é procedente, sem agressividade discordemos dela totalmente ou na parte que não tenha fundamento.

6. Estabelecer a veracidade dos fatos que estão sendo apontados.

Ao ouvir a crítica verifiquemos se há veracidade nos fatos que estão sendo apresentados ou se apenas se trata de interpretação daquele que a formula.

7. Solicitar mudançase necessário, quanto à forma como a crítica foi feita e sobre a ocasião escolhida.

Se a crítica não foi feita de forma apropriada ou foi manifestada de forma agressiva, desqualificando o destinário, sem respeito à individualidade e privacidade, embora ela seja procedente em parte ou na totalidade, devemos pedir ao seu emissor que mude a sua maneira de se expressar, respeitando a dignidade daquele que a ouve.

8. Agradecer à pessoa pela sua preocupação.

Se constatarmos que a pessoa fez a crítica de forma adequada e procedente na sua totalidade ou em parte, é oportuno agradecer-lhe a manifestação que, sem dúvida, se trata de uma forma de amor ao próximo, como ensinou o Mestre Jesus.

Fonte: Reformador, nº2118


“INFORMAÇÃO”:
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ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
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segunda-feira, 6 de maio de 2013

OPINIÕES DE CHICO XAVIER


EDUCAÇÃO
As opiniões de Chico Xavier continuam a valer e levar-nos a pensar. As selecionadas para o material reproduzido a seguir são exemplo disto.
Foram emitidos em entrevista gravada por alunos de um curso universitário 35 anos atrás e mostram sua atualidade.
Questões relacionadas à experiência familiar, divórcio, controle da natalidade são alguns dos temas propostos.
Como interpretar o Movimento Feminino na atual civilização. Você é a favor da emancipação da mulher?
Chico Xavier: Os mentores espirituais em nossa intimidade nos ensinam que o homem e a mulher são espíritos eternos, iguais perante o Criador, mas guardando funções especificas na vida comum. A nosso ver, a mulher tem razão, buscando emancipar-se pelo estudo e pelo trabalho, entretanto não tem necessidade de desejar parecer superior ao homem, porque, pela própria maternidade que o Senhor lhe concedeu, a missão da mulher por si mesma é sublime.
O casamento poderá vir a ser abolido da face da Terra, como já se comenta, devido ao avanço dos jovens, na área da liberdade?
Chico Xavier: Cremos que a civilização crista prevalecera no mundo e, embora os princípios que regem o casamento possam experimentar alterações na base do respeito que se deve à pessoa humana, o matrimonio sobreviverá acima de todos os tumultos sociais. Eis que só o casamento garante a família, mesmo à família das afinidades espirituais, e só a família conseguirá manter a vida em sua mais alta respeitabilidade.
Entenda-se, porém, que tanto a família quanto o casamento são chamados hoje a necessária aberturas no campo da compreensão humana, em si e de justiça, em matéria de dignificação e apreço que devemos todos ao amor. Ao amor que orienta a vida de todas as criaturas.
Se cada um é senhor do seu próprio destino, como a Doutrina Espírita analisa o divórcio?
Chico Xavier: O divórcio, a nosso ver, não existe entre os que realmente se amam. No entanto, há casos, em que a lei saberá estudá-los devidamente no tempo oportuno, em que o divorcio é o antídoto da criminalidade. Em tais circunstancias, mesmo em se tratando de um espírito devedor, o divorcio será naturalmente interpretado por moratória na vida da alma eterna. Se entre os homens há tolerância para aquele que deve, que é devedor e age honestamente, é impossível que, nos assuntos relacionados com as leis divinas, não existam princípios de misericórdia para os que são realmente vitimas da agressão sistemática e claramente positivada com a responsabilidade de quantos daqueles que se comprometem na sociedade humana com a execução dos textos legais.
Onde há base mais elevada para os métodos de educação? O período infantil é o mais importante para essa tarefa?
Chico Xavier: Os benfeitores da Vida Maior nos reafirmam que a criança é o futuro e que, se nos descuidamos da criança, estamos perdendo o melhor capital de nosso progresso e de nosso aperfeiçoamento material e espiritual sobre a Terra.
Quando e como se dá a união do espírito ao corpo? Como explicar a união de duas substâncias completas na unidade de uma só natureza?
Chico Xavier: Aceitando os princípios da reencarnação, acreditamos que o ponto inicial de interação dos espíritos em renascimento no plano físico está geralmente na comunhão dos ingredientes genésicos do homem e da mulher, quando reunidos para a formação de um novo Ser.
Qual a sua opinião, Chico, sobre os anticoncepcionais? É justa, num planejamento familiar, a determinação da quantidade de filhos?
Chico Xavier: Nós, espíritas que somos e, mesmo considerando a nossa condição geral de cristãos em qualquer província da Doutrina de Jesus, cremos que o uso de anticoncepcionais é a planificação da família. Pelo menos, por enquanto, até que as administrações humanas, orientadas pela autoridade da ciência humana, intervenham no assunto, é questão pertinente à responsabilidade dos casais que agem no campo afetivo conforme os ditames da própria consciência.

FONTE: JORNAL DA MEDIUNIDADE, N.º 3.

MEDIUNIDADE E OBSESSÃO


Estou passando por um problema muito sério em minha vida, que me levou a um tratamento psiquiátrico, sem resultado prático até aqui. Estive num centro espírita e me falaram que devo desenvolver a mediunidade, pois meu problema é esse. Vejo vultos, escuto vozes que me perturbam, algumas vezes. Mas outro problema é que não me dou bem com minha família. Eles querem me internar.
(J.R.C. – Garça - SP)
Se você está se sentindo doente, de fato deve se submeter ao tratamento médico. E faz bem de procurar também um tratamento espiritual.
Mas é preciso agir com cautela e discernimento: o importante é que sua atual condição não o impede de pensar e agir, e é isso que você deve fazer. Todavia, a questão da mediunidade não é tão simples assim. A prática da mediunidade não é uma panacéia para todos os males, como muita gente imagina.
Primeiro você precisa tomar contato com o Espiritismo, através de pessoas que possam orienta-lo, para saber em que terreno está pisando. O Espiritismo, segundo as obras de Allan Kardec, não oferece solução mágica para problema algum. Considera que todos nós temos plena condição de procurar a própria solução.
O que o Espiritismo pode fazer é orientá-lo no sentido de seu equilíbrio. É um ledo engano achar que toda perturbação mental tem raiz exclusiva na mediunidade.
A mediunidade, em si, é uma faculdade humana, como outra qualquer, logo, todo mundo tem mediunidade – de alguma forma e em algum grau de desenvolvimento (seja a pessoa espírita ou não).
Portanto, J. R., você não é o único.
Mas os transtornos emocionais, como os seus, têm causas variadas e, quase sempre, decorrem de uma conjugação de várias causas ao mesmo tempo. Geralmente, está ligada à mediunidade, mas a mediunidade não é nem a única causa e nem tampouco a causa mais importante. Veja bem!
Devemos ver o problema pelo tipo de vida que estamos levando e o que devemos modificar em nossa vida, para nos adequar melhor à ela. É para isso que o Espiritismo nos chama a atenção. É muito comum as pessoas chegarem ao Centro Espírita com problemas como o seu, já com o diagnóstico de mediunidade. Mas não é tão simples assim. Mediunidade é uma sensibilidade muito apurada, que tem efeito direto no mundo emocional das pessoas. Por ela, podemos ter sensações e percepções além dos sentidos comuns e que muitas vezes nos assustam. Certas pessoas tem mediunidade ostensiva, à flor da pele, como se costuma dizer: são essas os verdadeiros médiuns ou os médiuns propriamente ditos.
Entretanto, são um grupo muito reduzido. A maioria das pessoas tem apenas a mediunidade que Herculano Pires denominou de “estática”, porque só se manifesta casualmente, uma ou outra vez em suas vidas. Transtornos emocionais como os seus, costumam estimular certos focos mediúnicos, levando a pessoa a ter percepções não-habituais em determinados momentos, o que lhes desperta a atenção para a mediunidade. Entretanto, J.R. – preste atenção! – neste caso o sintoma mediúnico não é a causa, mas o sintoma de um problema maior. Que orientação costumamos dar a pessoas que apresentam um quadro dessa natureza? Além dos esclarecimentos iniciais, recomendamos que venham ao Centro tomar passes, que comecem a ler alguma coisa a respeito do Espiritismo e da mediunidade e, além disso - passe a mudar algumas atitudes, alguns hábitos nos seus relacionamentos. A freqüência ao Centro é importante, pois, além dos passes, vão se familiarizando com os ensinamentos e valores morais que o Espiritismo oferece.
Veja, caro J.R. que nós não encaminhamos tais pessoas para sessões mediúnicas, simplesmente por que, além de não ajudá-las pode trazer-lhes mais problemas – sem conhecimento espírita, sem saber do que se trata, ela não deve ter contato com atividades mediúnicas - pelo menos, por enquanto. O passe é um recurso espiritual de grande valia. Geralmente, as pessoas se sentem reconfortadas, reanimadas e revigoradas em suas forças. Ao lado do passe, a reflexão sobre valores da vida que levamos, baseada nos comentários do evangelho de Jesus. Logo, trata-se de um tratamento suave, cuidadoso, que vai encaminhá-las aos poucos ao reequilíbrio e ao controle de suas emoções (principalmente de sua ansiedade), mas, isso, sem ignorar ou abandonar o acompanhamento médico que, na maioria das vezes, é imprescindível. Por outro lado, se a pessoa for realmente médium, no sentido estrito da palavra, com certeza, ela vai descobrir e decidir se vai integrar algum grupo mediúnico depois.

“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXII N° 388
JANEIRO 2009
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
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