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domingo, 18 de maio de 2014

Reencarnação, por quê?


A reencarnação provém de dois atributos básicos de Deus, sem os quais, no nosso entendimento, Ele não seria Deus: justiça e misericórdia infinitas.
Acreditando-se que tais atributos são intrínsecos à Deus, torna-se sobremaneira impossível conceber-se a idéia de um inferno temporalmente infinito a um indivíduo, no qual estarão as almas que aqui viveram de forma errada, enganosa, materialista, etc, sem quaisquer chances de arrependimento. Tais almas, uma vez adentradas no inferno, não poderiam ser alcançadas pela misericórdia divina. Mesmo arrependendo-se, não mais seriam ouvidas por Deus por todo o sempre. É fácil perceber o grave conflito entre esse conceito de inferno e os dois atributos divinos citados acima, uma vez que sua existência estabelece, de forma óbvia, um termo à misericórdia de Deus.
A reencarnação é uma segunda chance que Deus nos concede para tentarmos evoluir moralmente como seres humanos, sendo esse o real objetivo dela: a evolução do espírito. "Receber um corpo, nas concessões do reencarnacionismo, não é ganhar um barco para nova aventura, ao acaso das circunstâncias, mas significa responsabilidade definida nos serviços de aprendizagem, elevação ou reparação, nos esforços evolutivos ou redentores". (1) Deus não quer que nenhum dos seus filhos se perca e sua infinita misericórdia estará sempre nos tocando com sua divina benção.
Ela vem ainda a corrigir possíveis injustiças. Quantas pessoas passam por sérias dificuldades em suas vidas? Miséria, vivendo ao lado do crime e tendo os filhos passando fome, enquanto outras possuem totais condições de desenvolvimento moral junto a suas famílias tão bem estabelecidas?
Um caso interessante: quantos povos viveram em níveis bárbaros e antropófagos na história da humanidade? Será que se nossa alma, assim que fosse criada, encarnasse em um corpo e vivesse junto a esse povo não seríamos também antropófagos?
Por isso deveríamos ir para o inferno, logicamente?
Ou iríamos para o paraíso eterno? (Mas como, se fomos canibais??)
Pode-se argumentar que Deus perdoar-nos-ia por não sabermos que tal prática era errada, afinal nascemos ali e convivemos desde cedo com aquilo. Mas então isso quer dizer que, por viver na ignorância, estaríamos livres para fazer o que quiséssemos e ainda assim sermos premiados com o paraíso eterno? Seria uma grande demonstração de misericórdia, realmente, por parte de Deus, mas ao mesmo tempo também de injustiça. Isso não seria justo para com aqueles que conheceram as leis do amor a Deus e ao próximo. Aos primeiros o paraíso, não importando o que fizeram, devido a sua ignorância; aos últimos, somente se conseguissem manter-se no caminho correto, passando pela porta estreita (Mateus 7:13)? Em qualquer hipótese, não há como haver justiça igualitária a todos nesse caso se não pensarmos na reencarnação. Nas duas possibilidades estaria havendo um tratamento preferencial de Deus para com um povo ou outro: seja dando a possibilidade do paraíso apenas àqueles que possuíssem o conhecimento das leis morais divinas e as praticassem, relegando os ignorantes e bárbaros ao inferno eterno; seja dando aos ignorantes e bárbaros de qualquer forma o paraíso, face à sua ignorância, devendo os outros, para chegarem à felicidade eterna, seguir todo um caráter moral de convivência com o próximo.
Outro caso interessante: o que ocorre com a criança que morre ainda em tenra idade? Imaginemos que tal criança deixe essa vida apenas alguns dias após seu nascimento. Deveria ela ir para o céu ou para o inferno?
Lógico é pensarmos que não irá para o inferno, pois sua alma, acabando de ser criada e vivendo encarnada por apenas alguns dias, não haverá cometido pecado algum. Então pensamos: deverá certamente ir para o paraíso eterno. Se assim o é, tal alma fora escolhida por Deus para ser salva. Não foi submetida a nenhum sofrimento que qualquer ser humano enfrenta em sua vida, tendo que ser forte para suportá-los sem desviar-se do bom caminho. Concebemos como justo e correto um pai que, a um filho, dá todas as condições de desenvolvimento: carinho, amor, suporte material, etc; e a outro despreza e humilha, sempre relegando-o a um plano inferior? Se um homem que assim agisse seria obviamente considerado injusto e sem caráter, como Deus poderia proceder desse modo? Deus não escolhe almas e as salva previamente. Deus não quer mais a você do que a alguém de um povo bárbaro que viveu há milhares de anos atrás, nem quer mais a uma criança que desencarna com alguns dias de vida do que você, que está aqui, suportando alguns sofrimentos dessa vida. Somos todos filhos Dele e Ele quer nosso bem igualmente.
O que dizer então nesses casos?
Devemos pensar que a real vida é a do espírito. O corpo morre e volta ao pó, a alma continua eternamente. Seria melhor ter vivido com o povo bárbaro em um tempo longínquo, tendo a salvação eterna garantida pela ignorância, ou viver agora, com todas as responsabilidades que o conhecimento que possuímos trás? Sabemos o quanto é difícil nos mantermos no caminho correto, com tantas dificuldades, tentações e violências do mundo atual...
A reencarnação é o produto da misericórdia infinita de Deus aliada a sua justiça suprema! Não se trata de um castigo, como muitos pensam, mas de uma segunda chance, como colocado no início. Uma chance que nos é concedida para que possamos sempre evoluir até atingirmos a perfeição que nossa natureza humana comporta. Aliado a isso, a reencarnação ainda corrige as injustiças, dando iguais possibilidades a todos.
É como em uma escola: se um aluno é reprovado, ele não é expulso, mas ganha uma nova chance no ano seguinte, sempre podendo contar com a assistência de seus professores.
Leia ainda: Por que não nos lembramos de outras vidas?
A reencarnação não está na Bíblia! Como pode ela existir?
(1) – Trecho do livro Missionários da Luz, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier

Versículo citado nesse texto
Mateus, 7:13
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.

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