quarta-feira, 27 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
terça-feira, 19 de novembro de 2013
CONSEQUÊNCIAS DO ESPIRITISMO
COMUNICAÇÃO
Cleto
Brutes
Allan Kardec, ao analisar os vários níveis
de compreensão e vivência dos adeptos do Espiritismo, apresenta uma série de
consequências para aqueles que, não se limitando apenas a observar os
fenômenos, pelo estudo sério, faz da Doutrina Espírita um roteiro de vida.
A religiosidade. A
primeira e mais importante consequência é no sentido de desenvolver um
sentimento de religiosidade. A medida em que o homem entende que é um Espírito imortal,
que está vivendo temporariamente uma experiência num corpo físico, temporal e
perecível, passa a dar menos valor às questões transitórias, projetando seus
interesses e seus esforços para o progresso espiritual. E, na proporção do
progresso que realizar, mais se aproxima de Deus, objetivo principal de toda
religião.
A resignação. Ao
compreender que as provações da existência são experiências necessárias e
impulsionadoras do progresso, o homem passa a se resignar diante das
vicissitudes da vida. Ao entender de forma racional e lógica o motivo das
dificuldades da vida terrena, o homem não se aflige tanto com as tribulações
que a acompanham.
Daí, mais coragem nas aflições, mais
moderação nos desejos.
A aceitação das perdas. A crença na vida futura o leva a aceitar, sem queixa, nem pesar, uma
morte inevitável, como coisa mais de alegrar do que temer, pela certeza do
estado que lhe sobrevirá. A compreensão de que a vida não se extingue no túmulo e que os laços que o unem aos entes
queridos que o antecederam no retorno ao mundo espiritual não se rompem com
a morte, torna mais fácil aceitar as separações.
A certeza de um futuro, que temos a
faculdade de tornar feliz, a possibilidade de estabelecermos relações com os
entes que nos são caros, oferecem ao espírita suprema consolação.
A profilaxia contra o suicídio. Quando
compreende que a encarnação é o remédio divino para amenizar as dores da alma,
valorizará mais a vida e, por consequência, banirá a idéia de abreviar os dias
da existência, porque a ciência espírita ensina que pelo suicídio sempre se
perde o que se queria ganhar. O Espiritismo, ao apresentar os próprios suicidas
informando a situação dolorosa em que se encontram no outro lado da vida, vem
confirmar que pelo suicídio o homem chega a resultados opostos ao que esperava.
Ao tentar fugir de um mal, incorrerá em outro muito pior, mais longo e penoso.
Se esperava encontrar-se com os entes queridos, o suicídio é exatamente o obstáculo
que o impedirá de revê-los.
A indulgência. Todos
são iguais perante Deus e têm o mesmo
princípio e a mesma destinação, a felicidade.
O erro é um estágio transitório e toda criatura, por mais perversa que possa
parecer, na medida dos seus esforços, irá purificar-se.
Compreendendo assim, fica mais fácil
para o homem sentir indulgência para com os defeitos alheios.
O esquecimento de si mesmo. Quando
o homem passa a ver o seu semelhante como um companheiro de jornada, e não um
concorrente, torna-se menos egoísta, passando a se ocupar mais com o seu semelhante.
A abnegação em favor do outro, pelo esquecimento de si mesmo, constitucional de
grande progresso.
É evidente que a adoção dos
princípios espíritas não vai livrar o homem das experiências necessárias ao seu
amadurecimento. Conviverá ainda um largo tempo com o fruto da semeadura
equivocada e com suas imperfeições, pois vícios e equívocos, cultivados por
muitos séculos, somente serão vencidos com o trabalho no bem, levado a efeito ao
longo das encarnações. No entanto, a Doutrina Espírita, o Consolador Prometido
por Jesus, torna o homem mais consciente, mais humano e, com a fé racional que
desenvolve, transitará pelos caminhos da vida, com mais equilíbrio e com melhor
proveito. Por isso, o convite ao estudo sério, regular e contínuo dos seus
ensinamentos.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXII N° 389
FEVEREIRO 2009
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
sábado, 16 de novembro de 2013
DEJÁ-VU: O REENCONTRO COM O PASSADO
CIÊNCIA
Dr. Ricardo Di Bernardi
O artigo apresentado pela revista Veja: “Quando o cérebro é o
médico... e o monstro” na edição nº. 1962, nas
páginas 66 até 76, é um tema que tem nos ocupado por demais nos últimos tempos.
São pequenos transtornos da vida moderna que vão se acumulando e sem percebermos
estamos à mercê de uma ‘pressa’, de um nervosismo, de uma irritação sem precedentes.
No texto extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo IX,
item 07(A Paciência), 3º §, página 127, encontramos os seguintes dizeres: “A
vida é difícil, eu o sei; ela se compõe de mil nadas que são picadas de
alfinetes que acabam por ferir... (UM ESPÍRITO
AMIGO, Havre, 1862)”. No mundo
conturbado em que vivemos, onde a lascívia, a tolerância ao errado e ao
despudorado, assim como a indiferença com os nossos semelhantes, tornaram-se
uma constância em nossa rotina, constatamos que para nos impormos temos que ter
“atitude”, modificar nosso visual de forma agressiva, aparentar o tão sério e
indiferentes que no íntimo não somos, tudo isso com o único propósito de
sobrevivermos. Por outro lado, é importante ressaltar que esta mensagem foi
recebida ainda no século XIX, todavia nunca se fez tão atual quanto agora,
neste nosso mundo estressado.
Como se não bastassem estas referências, vejamos algumas situações do
nosso cotidiano e então façamos uma rápida reflexão para ver se em algumas
delas nós não estivemos envolvidos, tais como: nervosismo no trânsito, ansiedade
com algum tipo de situação [o ente querido que ainda não retomou da rua; o
salário que ainda não foi depositado; o preço ou a prestação daquele objeto
cobiçado; aquele exame que não recebemos seu laudo ainda; a marginalidade que
assola o mundo; dentre tantas outras situações].
Todas estas situações são fatores gerados por estresse. Desta forma,
na conceituação do estresse, podemos afirmar que ele é um fator psicológico que
se encontra por trás da maioria das doenças físicas. Um estressor é uma situação
ou problema que requer um ajustamento que nos sobrecarrega. Uma vez que nos tornemos
conscientes da situação ou problema tentamos lidar com ela por meio de
resolução construtiva de problemas. Se o enfrentamento falha, a resposta de
estresse é disparada.
A resposta de estresse tem tanto um componente psicológico (a
ansiedade), como um componente fisiológico (a frequência cardíaca elevada).
Podemos responder ao estresse com mecanismos de defesa que podem reduzi-lo, mas
que não resolvem o problema subjacente (HOLMES, 1997, p. 357).
Nas últimas décadas, vários têm sido os processos no tratamento da
redução do estresse. O conhecimento dos efeitos das cargas de trabalho, assim
como dos períodos de descanso necessários para restaurar o equilíbrio
biológico, o tratamento específico das formas de se viver e enfrentar estas
situações estressantes, assim como a complexidade crescente das atividades contemporâneas
fizeram que surgissem novas formas de organização estratégica, de planejamento e
programação de métodos mais eficientes para se conviver com estas pressões.
É assim que vemos as mais variadas terapias, métodos de treinamento
físico, políticas de empresas, dentre outras maneiras para que possam tentar
viver dentro de uma relativa normalidade. (DANTAS, 1995, p. 20).
Todavia, quando não atentamos para aqueles fatores que podem gerar um
excessivo e nocivo estresse, lá estaremos nós propensos ao desenvolvimento de:
algumas moléstias cardiovasculares (AVe e hipertensão), as mais variadas formas
de dores de cabeça, as úlceras, bem como àquelas indisposições relacionadas ao sistema
imunológico, isto sem falar nos estados de espírito nocivos ao nosso campo
mental, tais como irritações, ansiedades desnecessárias, depressões, estados de
euforias, desesperanças, dentre outros, oferecendo oportunidades para a
alteração de nosso campo vibratório e ficando à mercê de más influências que não
se coadunem com o equilíbrio e a paz de espírito tão desejada.
DESENVOLVIMENTO
Durante o evangelho na casa de Pedro, quando este perguntou a Jesus
quantas vezes deveríamos perdoar aos nossos adversários, Jesus lhe disse não
sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Esta recomendação, se apoiada na
fisiologia do corpo e da mente, orienta-nos que não deveremos somatizar nenhum
tipo de forma pensamento (ou seja, ficar ‘martelando por muito tempo na mesma
tecla’), a fim de não produzirmos substâncias em excesso e desnecessários ao
funcionamento do nosso organismo, tais como: a adrenalina, o colesterol, o
cortisol, os radicais livres, glucocorticóides, dentre outros.
Nunca se fez tão atual as recomendações de Emmanuel, no livro “Palavras de Vida Eterna”, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, nas páginas 157 até 164, quando ele aborda os seguintes temas: Pacifica
Sempre; Olhos; Ouvidos, e Excesso, recomendando-nos sempre a busca do caminho
da moderação, da tolerância, do equilíbrio e do bom senso moral, espiritual e
consequentemente o físico.
Por outro lado, podemos constatar que Jesus é o exemplo vivo do
dinamismo não se permitindo entrar na ociosidade ou no tempo perdido. No
entendimento desta postura de Jesus, podemos constatar que Ele não se permitia
ficar por muito tempo na contemplação do tempo perdido, ou na expectativa de
que as situações se alterassem independentemente de sua atuação.
Na lida cristã encontramos o seguinte ditado:
“Ajuda-te que o Céu te ajudará”, que se formos operacionalizar esta
mensagem, poderemos interpretá-la como a melhor forma de terapia para o
espírito e a mente que se encontre com predisposições aos mais variados
transtornos mentais, tais como: a depressão, o estresse, os transtornos
obsessivos compulsivos, a ansiedade em excesso, o sentimento de ciúmes, a
predisposição aos pensamentos de suicídio/homicídio, dentre outros.
Já desde a época que Jesus implantou o evangelho no lar, iniciado na
casa de Pedro, Ele exemplificou que a melhor terapia para a mente e o espírito
está no gasto energético de nossas forças físicas, desde que direcionadas para
o bem, principalmente na ação de ajuda aos nossos semelhantes, conforme podemos
atestar no item n.º 16, no livro “Jesus no Lar”, pelo espírito de Neio Lúcio,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, página 75 – “O Auxílio Mútuo”.
A ciência vem cada vez mais atestando que as situações de excessivo
estresse, quando prolongadas poderão desenvolver, particularmente naquelas
pessoas com baixa imunidade ou com tendências genéticas, o aparecimento de
doenças tais como a “artrite reumatóide” e o próprio “câncer”.
Por outro lado, uma vida regrada tanto nos aspectos físicos, nos
aspectos mentais, quanto nos aspectos morais são posturas que permitirão à pessoa
ter adiado ou até mesmo anulado a ação do tempo no seu organismo físico, não
permitindo o aparecimento destas doenças. Com isso não queremos afirmar que
estaremos imunes à ação do tempo ou dos reajustes de vidas pretéritas.
Todavia poderemos amenizar a ação dos efeitos psicofisiológicos em
nosso organismo, por meio de uma postura mental e espiritual equilibrada.
CONCLUSÃO
Quanto aos aspectos psicofisiólógicos, a ciência do mundo moderno tem
cada vez mais ratificado o que Jesus no seu Evangelho veio nos oferecer há dois
mil anos atrás, ou seja, as excessivas posturas mentais geradoras de estresse
são nocivas primeiramente ao próprio espírito (ser Inteligente), à mente (órgão
mediador entre o ser inteligente e o aparelho físico), assim como ao aparelho
físico, resultando em diversas formas de desequilíbrio orgânico, alterando a
produção hormonal, seja pelo aumento na produção de adrenalina, seja pela
alteração do batimento cardíaco, da produção de cortisol, e de tantos outros
hormônios que, em excesso, irão desestabilizar o organismo.
A ciência moderna recomenda as mais variadas terapias, todavia, num
futuro não muito distante, com a reaproximação da ciência e da religião de
Jesus Cristo, poderemos constatar, tanto no campo físico quanto no campo
espiritual, que a postura do cristão vivenciada de acordo com o Evangelho de
Jesus, será a melhor assepsia, e terapia preventiva como curativa para nossos corpos
fisico-espirituais.
Bibliografia:
BACCELLI, Carlos A. O Evangelho de Chico Xavier. São Paulo: Casa
Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2000.
BISPO, Freimar Ferreira. A busca do estilo e da qualidade de vida no
mundo atual. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Saúde, Educação e Qualidade
de Vida. Iowa, USA: American World University, 2002.
COOPER, Kenneth H. O Programa aeróbico para o bem-estar total
exercícios, dietas, equilíbrio emocional. 3 ed. Rio de Janeiro: Editorial
Nórdica, 1982.
DANTAS, Estélio H. M., Psicofisiologia. Rio de Janeiro: Shape, 2001.
HOLMES, David S. Psicologia dos transtornos mentais. 2 ed. Rio Grande
do Sul: Artes Médicas, 2001.
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 160 ed. São Paulo:
Instituto de Difusão Espírita, 1993.
LÚCIO, Neio (Espírito). Jesus no Lar. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. 15 ed. Distrito Federal: Federação Espírita Brasileira, 1987.
POLLOCK, Michael L., et al. Exercícios na saúde e na doença: avaliação
e prescrição para prevenção e reabilitação. Rio de Janeiro: Médica e Científica,
1986.
EMMANUEL (Espírito). Palavras de Vida Eterna. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier; 9 ed. Minas Gerais: Comunhão Espírita Cristã, 1986.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N°
401
FEVEREIRO
2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do
Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11)
2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl.
Mariana/São Paulo (SP)
domingo, 10 de novembro de 2013
Kardec Afirma
Em “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”,
Questões 801 e 802.
Por que os Espíritos não ensinaram desde todos os
tempos o que ensinam hoje?
— Não
ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um
alimento que ele não possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Eles ensinaram
muitas coisas que os homens não compreenderam ou desfiguraram, mas que
atualmente podem compreender.
Pelo
seu ensinamento, mesmo incompleto, prepararam o terreno para receber a semente
que vai agora frutificar.
Desde que o Espiritismo deve marcar um progresso
da Humanidade, por que os Espíritos não apressam esse progresso através de
manifestações tão gerais e patentes que pudessem levar a convicção aos mais
incrédulos?
— Desejaríeis
milagres, mas Deus os semeia a mancheias nos vossos passos e tendes ainda os
homens que os negam.
O
Cristo, ele próprio, convenceu os seus contemporâneos com os prodígios que
realizou?
Não
vedes ainda hoje os homens negarem os fatos mais patentes que se passam aos
seus olhos? Não tendes os que não acreditariam, mesmo quando vissem?
Não, não
é por meio de prodígios que Deus conduzirá os homens. Na sua bondade ele quer
deixar-lhes o mérito de se convencerem através da razão.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 401
FEVEREIRO 2010
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PORQUE OS ADULTOS SE ESQUECEM DE QUE JÁ FORAM CRIANÇAS
Se fizessem um pouco de
esforço não as educariam melhor?
Os dois problemas: o da educação no lar e o da educação na escola giram
em torno de um mesmo eixo. Os pais são os professores no lar e os mestres são
os pais na escola. Muito mais do que um fenômeno biológico, a paternidade e a
maternidade constituem uma relação psíquica e portanto espiritual. O
Espiritismo ensina e demonstra que os pais não geram o Espírito dos filhos, mas
apenas os seus corpos. A criança já nasce com o acervo pessoal de suas
conquistas no processo evolutivo. Ora, a tarefa dos pais, como a dos mestres, é
ajudá-la a integrar-se, durante a presente existência, na posse desse acervo, e
a enriquecê-lo ainda mais.
Assim, para que a educação se desenvolva de maneira harmoniosa e
eficiente é necessária a conjugação do lar com a escola, dos pais com os
mestres. Não é muito fácil conseguir-se isso no mundo de hoje, mormente nas
grandes cidades. Mas há um meio pelo qual se podem superar as dificuldades
atuais. Se os pais e os mestres se lembrarem de que foram crianças, se procurarem
manter essa lembrança em suas atividades no lar e na escola, a conjugação necessária
se fará naturalmente.
EDUCAÇÃO
AFETIVA
Os adultos se esquecem facilmente de que foram crianças porque se acham
integrados num mundo diferente, o mundo da gente grande. Esse mundo dos adultos
é geralmente feito de ambições, temores, ódios e violências. É um mundo hostil,
muitas vezes brutal. Os adultos se tornam criaturas práticas, objetivas,
eficientes - o que vale dizer egoístas, secas, frias e insensíveis. Se fizessem
algum esforço para vencer essa frieza mortal, lembrando-se um pouco da
infância, voltariam a viver e seriam capazes de amor e ternura.
A Educação é um ato de amor, é a ajuda das pessoas grandes para que as
crianças também possam crescer. Os adultos sem amor não podem educar. Pelo
contrário, deseducam. Às vezes a escola destrói a educação iniciada no lar, e
às vezes é o lar que destrói a educação dada na escola. Se os pais são insensíveis,
a criança é infeliz, carente de amor. Se os mestres são estúpidos, a criança
tem medo da escola.
Mas o pior de tudo é a indiferença, a frieza.
Pais e mestres que olham para as crianças com olhos de múmia, de rosto
impassível, são carrascos executando vitimas inocentes.
Queimam essas plantinhas tenras, que são as crianças, como um sol
ardente crestando semeaduras no campo. As crianças necessitam de afeto, de
carinho, de atenção.
A natureza humana é diferente da natureza animal. Não se pode nem se
deve querer domesticar uma criança como se fosse um cachorrinho, domá-la como
se fosse um potro. Cada criança é uma inteligência despertando para a vida, e
mais do que isso, é uma consciência que desabrocha. Essa inteligência e essa
consciência precisam de aceitação e compreensão, pois do contrário se ressecam,
tornam-se amargas, voltam-se para a rebeldia e a maldade. Os próprios animais
não podem ser domesticados apenas com violência.
EDUCAR E AMAR
O mundo das crianças é diferente do mundo dos adultos. Ê um mundo de
sonhos e de aspirações nobres. Um mundo amoroso, cheio de ternura e ansiando
por compreensão.
Kardec escreveu que as crianças são Espíritos que se apresentam no mundo
com as vestes da inocência. Espíritos maduros que se fazem pequeninos e tenros
para poderem entrar no Reino do Céu. Voltam à fonte da vida, renovam-se nas
águas lustrais da esperança, recomeçam a existência com grandes planos de
trabalho delineados no intimo. São frágeis e parecem puros porque precisam
atrair o amor da gente grande.
Carecem de amor e imploram carinho. As pesquisas pedagógicas entre as
tribos selvagens revelam que as crianças tribais, ao contrário do que supunham
alguns teóricos, não são tratadas com brutalidade mas com reserva e carinho.
Para o selvagem a criança é como um estrangeiro que chega à tribo, mas um
estrangeiro que pode ser amigo. Antes de integrá-la na vida social eles a
mantêm em observação, procurando atraí-la com amor. Depois dos rituais de integração,
os adolescentes continuam a ser encarados com ternura e tratados com carinho.
A
finalidade dessas pesquisas é favorecer a descoberta da verdadeira natureza da
educação. Nos povos civilizados a educação aparece muito complexa, revestida de
numerosos artifícios técnicos e teóricos, perturbada por sofismas e sujeita a
interesses múltiplos. Nos povos selvagens ela pode ser observada na fonte, está
ainda pura e nua como a verdade. E o que as pesquisas revelam é que a educação,
na sua verdadeira essência, é um ato de amor pelo qual as consciências maduras
agem sobre as imaturas para elevá-las ao seu nível. Educar é amar, porque a
mecânica da educação é a ajuda, o amparo, o estimulo. A vara, o ponteiro, a
palmatória, as descomposturas e os gritos pertencem à domesticação e não à
educação.
A violência contra a criança é um estimulo negativo que desperta as suas
reações inferiores, acorda a fera do passado na criaturinha vestida de
inocência que Deus nos enviou. Só o amor educa, só a ternura faz as almas
crescerem no Bem.
O PERIGO DO
EXEMPLO
O comportamento dos adultos, não só em relação às crianças mas também ao
redor das crianças, tem sobre elas um poder maior do que geralmente pensamos. O
exemplo é uma didática viva. Por isso mesmo é perigoso.
Costumamos dizer que as crianças aprendem com facilidade as coisas más e
dificilmente as boas. E é verdade. Mas a culpa é nossa e não das crianças.
Nossos exemplos exercem maior influência sobre elas do que as nossas palavras.
Nosso ensino oral é quase sempre falso, insincero. Ensinamos o que não fazemos
e queremos que as crianças sigam as nossas palavras. Mas elas não podem fazer
isso porque aprendem muito mais pela observação, pelo contágio social do que
pelo nosso palavrório vazio. Renouvier dizia que aprender é fazer e fazer é
aprender. Nós mesmos, os adultos, só aprendemos realmente alguma coisa quando a
fazemos.
Na criança o aprendizado está em função do seu instinto de imitação. A
menina imita a mãe (e a professora), o menino imita o pai (e o professor). De
nada vale a mãe e o pai, a professora e o professor ensinarem bom comportamento
se não derem o exemplo do que ensinam. As palavras entram por um ouvido e saem
pelo outro, mas o exemplo fica o exemplo cala na alma infantil. Tagore, o
poeta-pedagogo da Índia, comparava a criança a uma árvore. Dizia que a criança
se alimenta do solo social pelas raízes da espécie, mas também extrai da
atmosfera social a clorofila do exemplo. O psiquismo infantil é como uma fronde
aberta no lar e na escola, haurindo avidamente as influências do ambiente.
RESPONSABILIDADE
ESPIRITUAL
Dois exemplos nos mostram, no passado e no presente, a responsabilidade
espiritual do nosso comportamento no lar e na escola. O exemplo de Jesus, que
exemplificou durante toda a vida e ensinou apenas durante três anos. E o
exemplo de Kardec, que exemplificou até os cinqüenta e quatro anos e só ensinou
durante doze anos. Só a partir de 1857, com a publicação de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, Kardec começou o verdadeiro ensino que trazia para a Terra. Antes
disso foi professor e pedagogo, didata e cientista, dando mais em exemplo do
que em teoria.
Outro grande exemplo é o de Pestalozzi, o mestre de Kardec, que só na
velhice se voltou para a Pedagogia e se tornou o mestre do seu tempo.
Pestalozzi sentiu que educar é amar e por isso dedicou-se à educação com toda a
força do seu amor. Tomou-se o paizinho dos seus alunos, como era ternamente
chamado por eles. E se fez mendigo entre as crianças mendigas para arrancá-las
da miséria moral. Por isso fracassou materialmente. Não enriqueceu com a
educação e sofreu as agruras da queda financeira. Mas sua vitória espiritual
foi gloriosa. Também Jesus, para a curta visão dos ganhadores de dinheiro, foi
um judeu fracassado que morreu na cruz, a morte mais infamante daquele tempo.
Essa coragem moral de abrir mão do lucro, do ganho, do rendimento é a mola que
faz a Terra subir na escala dos mundos. Só as almas superiores a possuem. E
quando essas almas enfrentam o julgamento louco dos homens para nos darem o
exemplo da abnegação, com isso nos mostram a importância do exemplo.
Devemos pensar nesses grandes problemas para podermos vencer em nossas
pequenas tarefas cotidianas. Abdiquemos da violência, da irritação, do
autoritarismo e da arrogância se quisermos realmente educar, se desejarmos de
fato ser pais e mestres.
A EDUCAÇÃO
CRISTÃ
A Educação Cristã reformou o mundo, mas os homens a complicaram e
deturparam. A consciência do pecado pesou mais nas almas do que a consciência
da libertação em Cristo. Tomás de Aquino ensinou: mães, os vossos filhos são
cavalos! Educar transformou-se em domar, domesticar, subjugar. A repressão
gerou a revolta e reconduziu o mundo ao ateísmo e ao materialismo, à loucura do
sensualismo. A Educação Espírita é a Renascença da Pedagogia Cristã. É nela que
o exemplo e o ensino do Cristo renascem na Terra em sua pureza primitiva.
Precisamos reformar os nossos conceitos de educação à luz dos princípios
espíritas e dos grandes exemplos históricos. Dizia uma grande figura espiritualista
inglesa, Annie Besant, que cada criança e cada adolescente representam planos
de Deus encarnados na Terra e endereçados ao futuro. Aprendamos a respeitar
essas mensagens divinas.
Lembremo-nos de nossa própria infância e se por acaso verificarmos que a
nossa mensagem se perdeu ao longo da existência, que o nosso plano divino foi
prejudicado pelos homens, pelos maus exemplos e pelos ensinos falsos, juremos
perante o nosso coração que havemos de evitar esse prejuízo para as novas
gerações. Pais, sejamos mestres! Mestres, sejamos pais! Que cada rostinho de
criança aberto à nossa frente, como uma flor que desabrocha, nos desperte no
coração o melhor de nós mesmos, o impulso do amor. Que cada adolescente, na sua
inquietude e na sua irreverência – jovem ego que se afirma pela oposição ao
mundo - não provoque a nossa ira mas desperte a nossa compreensão e a nossa
ternura. Para domar o potro precisamos da sela e das esporas, mas para educar o
jovem só necessitamos de amor. A Educação Espírita começa no lar como uma fonte
oculta e deve ganhar a planície como um rio tranqüilo em busca do mar.
FONTE
J. Herculano Pires; PEDAGOGIA ESPIRITA; ed. EDICEL
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO
XXX Nº351
janeiro de 2003.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
MORRER E DESENCARNAR DIFERENÇAS ACENTUADAS
CIÊNCIA
(1ª Parte)
Todos sabemos que caminhamos para a
morte. Intuitivamente, a maioria a teme.
Os resultados das pesquisas e
observações de Allan Kardec expostos no livro ”O CÉU E O INFERNO”, e a objetividade das informações
apresentadas por André Luiz (Espírito), através do médium F. C. Xavier,
serviram para nos dar idéia da naturalidade da sobrevivência do Espírito.
As condições dessa etapa, porém,
constituem em surpresa nem sempre agradável para a quase totalidade dos que
vivenciam esta experiência.
Objetivando estimular o despertamento
de um número cada vez maior de consciências sobre a dura realidade do Plano
Espiritual para o qual todos nos dirigimos, propomos à sua reflexão a
entrevista que se segue com o escritor e jornalista Abel Gomes.
INFORMAÇÃO - Morrer e Desencarnar são duas situações distintas. Como
as pessoas atravessam esta experiência?
Abel Gomes - "Mentiríamos, asseverando que a transição é
serviço rotineiro para todos.
Cada qual, como acontece no
nascimento, tem a sua porta adequada para ausentar-se do Plano Físico. Na
existência do corpo, começamos ou recomeçamos determinado serviço. Além da
sepultura, continuamos a boa obra encetada ou somos escravos do mal que
praticamos na Terra. Por isto, o estado mental é muito importante nas condições
da matéria rarefeita que a criatura passa a habitar, logo depois de abandonar o
carro fisiológico".
INFORMAÇÃO - Então não se integram de imediato na Vida Espiritual?
Abel Gomes - "Incontáveis pessoas, por deficiência de educação
do "eu", agarram-se aos remanescentes do corpo, com a obstinação de
estulto viajante que, pelo receio do desconhecido ou pela incapacidade de usar as
próprias pernas, pretendesse inutilmente reerguer na estrada a cavalgadura
morta. Mas o número de almas perturbadas de outro modo é infinitamente maior.
Não se apegam ao cadáver putrefato, mas demoram na paisagem doméstica, onde se
desvencilharam das células enfermas, conservando ilusões ou sofrimentos
intraduzíveis. Muitos que se abandonaram à moléstia, fortalecendo-a e
acariciando-a, mais por fugir aos deveres que a vida lhes reserva do que por
devoção e fidelidade aos Desígnios Divinos, fixam longamente sintomas e
defeitos, desequilíbrios ou chagas na matéria sensível e plástica do organismo
espiritual, experimentando sérias dificuldades para extirpá-los. Almas desse
naipe, desalentadas e oprimidas, podem ser enumeradas aos milhares, em qualquer
região dos círculos sutis que marginam a zona de trabalho, em que se delimita a
ação dos homens encarnados".
INFORMAÇÃO - Mas, não são amparados pelos Benfeitores Espirituais?
Abel Gomes - "Quando possível, são internadas em grandes e
complexas organizações hospitalares, quase que justapostas ao Plano Terrestre
comum; entretanto, é preciso reconhecer que milhares delas se mantém dentro de
linhas mentais infra-humanas, rebeldes a qualquer processo de renovação. Muitas
permanecem, em profundo desânimo, nos recintos domésticos em que transitaram
por alguns anos consecutivos, detendo-se nos hábitos arraigados da casa e
inalando substâncias vivas do ambiente que lhes é familiar, sem coragem de ir
adiante".
INFORMAÇÃO - O socorro a elas não depende então da Espiritualidade Superior?
Abel Gomes - "Quando mostrem sinais de transformação benéfica,
são, de imediato, aceitas em instituições educativas nas adjacências da Terra,
patenteando melhoria nas manifestações exteriores, à medida que se renovam por
dentro, no que condiga com o sentimento, a atitude e a boa-vontade no apreender
os ensinos recebidos, nas tarefas de auto-aperfeiçoamento".
INFORMAÇÃO - E, a recuperação é breve?
Abel Gomes - "Custam a modificar conceitos e opiniões,
mantendo-se como que paraliticas do entendimento, de vez que, estancando as energias
da imaginação nos quadros terrenos, dos quais, entretanto, já se desligaram,
são verdadeiros dementes para a Vida Espiritual, como seriam loucos para o
mundo os homens que reencarnassem com a memória integralmente presa aos
acontecimentos, às pessoas e às coisas do pretérito".
INFORMAÇÃO - Ficam esses Espíritos abrigados nestas instituições
educativas?
Abel Gomes - "Tais Espíritos perambulam entre as criaturas
encarnadas quais se fossem sonâmbulos, vivendo pesadelos e sonhos como sendo
realidades absolutas, porquanto a onda mental que lhes verte das preocupações
se expressa em movimento de recuo, em busca do passado a que se imantam e no
qual focalizam a consciência.
Nessas retrospecções, assemelha-se a
alma a um proprietário de importante prédio de muitos andares, que preferisse
viver no subterrâneo, na intimidade de fósseis estranhos e horripilantes do
subsolo, repentina e temporariamente convertidos legião imensa de fantasmas que
o poder da evocação traz novamente à vida. Presa das próprias criações mentais
monstruosas e perturbadoras, enreda-se, às vezes por muito tempo, no cipoal dos
seus pensamentos selvagens ou indisciplinados, atravessando aflições
Indizíveis, qual homem que, em sono profundo, suando e chorando sob padecimentos
inomináveis da mente, crê estar num largo circulo de tortura".
INFORMAÇÃO - Permanecem isolados ou se agrupam?
Abel Gomes - "Os orientadores dos princípios filosóficos ou
religiosos afirmam que cada individualidade vive no mundo que lhe é peculiar,
isto é, cada mente vive o tipo de vida patível com o seu estádio, avançado ou
atrasado, na marcha evolutiva. As inteligências aqui se agrupam segundo os impositivos
da afinidade, vale dizer, consoante a onda mental, ou freqüência vibratória, em
que se encontram. Tenho visitado vastas colônias representativas de Civilizações
há muito tempo extintas para a observação terrestre. Costumes, artes e fenômenos
lingüísticos podem ser estudados, com admiráveis minudências, nas raízes que os
produziram no tempo".
INFORMAÇÃO - Sendo assim, cada caso é um caso?
Abel Gomes - "A alma liberta adianta-se sem apego à retaguarda,
esquecendo antigas fórmulas, como o pinto que estraçalha e olvida o ovo em que
nasceu, abandonando o envoltório inútil e constritor em busca do oxigênio livre
e do largo horizonte, na consolidação das suas asas; em contraposição, existem
milhões de Espíritos, apaixonados pela forma, que se obstinam naquelas
colônias, por muito tempo, até que abalos afetivos ou conscienciais os constranjam
à frente ou ao renascimento no campo físico".
INFORMAÇÃO - Integram-se então nos chamados Planos e Sub-Planos Espirituais?
Abel Gomes - "Cada tipo de mente vive na dimensão com que se
harmonize. Não há surpresa para a ciência comum, neste enunciado, porquanto,
mesmo na Terra, muitas vezes, numa só área reduzida vivem o cristal e a árvore,
a ameba e o pulgão, o peixe e o batráquio, o réptil e a formiga, o cão e a ave,
o homem rude e o homem civilizado, respirando o mesmo oxigênio, alimentando-se
de elementos químicos idênticos, e cada qual em mundo à parte".
INFORMAÇÃO - E, aqueles que se manifestam nos trabalhos de
desobsessão parecendo estar encapsulados em eras remotas?
Abel Gomes - "Além daqueles que sofrem deformidades psíquicas
deploráveis, manifestadas no tecido sutil do corpo espiritual, não é difícil
encontrarmos personalidades diversas, sem a capa física, vivendo mentalmente em
épocas distanciadas. Habitualmente se reúnem àqueles que lhes comungam as
idéias e as lembranças, formando com recordações estagnadas a moldura nevoenta
dos quadros íntimos em que vivem, a plasmarem paisagens muito semelhantes às
que o grande vidente florentino descreveu na Divina Comédia. Há infernos
purgatoriais de muitas categorias. Correspondem à forma de pesadelo ou de
remorso que a alma criou para si mesma. Tais organizações, que obedecem à
densidade mental dos seres que as compõem, são compreensíveis e justas.
Onde há milhares de criaturas
humanas, clamando contra si mesmas, chocadas pelas imagens e gritos da
consciência, criando quadros aflitivos e dolorosos, o pavor e o sofrimento fazem
domicílio. Aqui, as leis magnéticas se exprimem de maneira positiva e simples".
INFORMAÇÃO - Seria como se mantivessem ausentes mentalmente da realidade?
Abel Gomes - "No mundo, vemos inúmeras pessoas com presença
imaginária nos lugares a que comparecem. Na verdade, apenas se encontram em
determinada parte sob o ponto de vista físico: a mente, com a quase totalidade
de suas forças, vagueia longe. Depois da morte, porém, livre de certos princípios
de gravitação que atuam, na experiência carnal, contra a fácil exteriorização do
desejo, a criatura alia-se ao objeto de suas paixões. Assim é que surpreendemos
entidades fortemente ligadas umas às outras, através de fios magnéticos, nos
mais escuros vales de padecimento regenerativo, expiando o ódio que as acumpliciaram
no vício ou no crime. Outras, que perseveram no remorso pelos delitos praticados,
improvisam, elas mesmas, com as faculdades criadoras da imaginação, os instrumentos
de castigo dos quais se sentem merecedoras”.
INFORMAÇÃO - Pode exemplificar?
Abel Gomes - "Antigo sertanejo de minha zona, que impunha
serviço sacrifical aos seus empregados de campo, mais por ambição de lucro
fácil na exploração intensiva da terra que por amor ao trabalho, deixou recheados
cofres aos filhos e netos; mas, transportado à esfera imediata e ouvindo grande
número de vozes que o acusavam, tomou-se de tão grande arrependimento e de tão
viva compunção, que plasmou, ele mesmo, uma enxada gigantesca, agrilhoando-a às
próprias mãos, com a qual atravessou longos anos de serviço, em comunhão com Espíritos primitivos da Natureza, punindo-se
e aprendendo o preço do abuso na autoridade. Orgulhosa dama, que conheci
pessoalmente e a quem humilde e honrada família deve a morte de nobre mulher, vitimada
pela calúnia, em desencarnando e conhecendo a extensão do mal que causara, adquiriu
para si o suplício da vítima, por intermédio do remorso profundo em que se mergulhou,
estacionando por mais de dois lustros em sofrimento indescritível".
INFORMAÇÃO - A mente comanda mais que nunca a tudo...
Abel Gomes - "A matéria mental, energia cuja existência mal
começamos a perceber, obedece a impulsos da consciência mais do que possamos
calcular. A paz é realmente daqueles que a possuem no recesso do Ser.
O pecado é filho do conhecimento e da
responsabilidade perante a Lei. A culpa e o mérito crescem, quando o discernimento
se desenvolve".
INFORMAÇÃO - A alteração deste estado mental pode demorar muito
tempo?
Abel Gomes - "Os famosos padecimentos de Tântalo, o rei
lendário, esfomeado e sedento, além do túmulo, não constituem meros símbolos
mitológicos. Há poderes mentais, de que ainda não possuímos senão leve notícia,
que estabelecem certos estados d’alma e nos sustentam, muita vez, por decênios
ou séculos. Criminosos, detidos na visão de pavorosas Imagens que pintaram na vida
íntima; traidores, de pensamento fixo na contemplação da paisagem onde
lobrigaram as suas vítimas pela última vez; caluniadores, estagnados no delito
que cometeram; e toda uma multidão de entidades, que conservam resíduos de lembranças
deploráveis na consciência, gastam anos e anos na operação a que poderíamos chamar decantação interior das emoções escuras e violentas. Grande partede semelhantes
remanescentes da luta humana estacionam nos próprios lares em que
desencarnaram, presos às lágrimas, aos desvarios ou aos pensamentos de amargura
e revolta, de tristeza ou indisciplina daqueles que lhes partilharam as
experiências, e nutrem-se, como vampiros naturais, no organismo doméstico.
Ninguém está no âmago do céu ou do inferno, mas na intimidade de si mesmo, com
as figurações que estabeleceu no mundo vivo da própria mente. O corpo
espiritual é ainda tão desconhecido à ciência comum, quanto a refinada cultura
humana, levada ao máximo nas grandes celebrações da atualidade, é ignorada pelo
homem primitivo, ainda aglutinado ao espírito tribal".
INFORMAÇÃO - É por isso que morrer e desencarnar tem sentido
diferente?
Abel Gomes - "A morte nos situa à frente de complexidades
imensas, nos domínios da mente, e, para solucionar os problemas de ordem
imediata, nesse campo de incógnitas vastíssimas, somente encontraremos na prática
dos ensinamentos de Jesus a sublimação necessária ao equilíbrio intimo de que
carecemos para mais amplos vôos no conhecimento e na virtude, forças básicas para
as realizações mais altas na dinâmica do Espírito. Volumosa percentagem das milhares
de pessoas que desencarnam, hora a hora, no Planeta, permanece, por vezes, muitos
anos consecutivos, ao lado de parentes na consangüinidade, porque é na experiência
do lar que deixamos maior número de obrigações não cumpridas".
INFORMAÇÃO - Por quê?
Abel Gomes - "No microcosmo da família, em muitas ocasiões,
temos representantes significativos de nossos adversários do pretérito. Almas
vigorosas na incompreensão, na dureza, na ingratidão e na hostilidade passiva,
ai se encontram ombreando conosco, na lide cotidiana, disfarçados nos apelidos
mais doces, no que concerne ao carinho. Incontáveis individualidades discordes
podem estar sob compromissos conjugais ou com os títulos de pais e mães, filhos
ou irmãos. Ah! se soubéssemos, enquanto na existência precária da matéria densa,
o valor da rendição generosa e edificante com auxílio espontâneo de nossa parte
aos inimigos do passado, certo aproveitaríamos todas as oportunidades para exercer
o entendimento fraterno que o Mestre nos recomendou. É no seio da organização doméstica
que somos tentados à disputa mais longa, ao ciúme mais entranhado, à rebeldia mais
impermeável e às aversões mais fundas.
Fácil será sempre desculpar as
ofensas do mundo vasto, esquecer a maledicência dos que nos não conhecem e
perdoar as pedras do torvelinho social. Mas, em casa, na comunhão com aqueles
cuja vida partilhamos na sucessão dos dias numerosos, a ciência do amor
espiritual é muito difícil de aprender.
Em razão disto, depois da morte,
percebendo a importância de nossa harmonização em pensamento com certas
criaturas de nosso séquito familiar, voluntariamente nos consagramos a
retificar atitudes errôneas, adotadas no curso de nossas tarefas interrompidas
no túmulo, auxiliando aqueles por quem nutríamos animadversão declarada, para
que não arremessem sobre nós os raios da malquerença destrutiva. A sementeira
de simpatia é impositivo precípuo, a que nossa paz se condiciona. Todos os
deveres cumpridos no seio doméstico significam ingresso no apostolado pela
redenção humana. Os raros homens e mulheres que se ausentam do mundo,
conservando uma consciência tranqüila para com os parentes e afeiçoados,
penetram, de imediato, em missões mais amplas no auxilio à Humanidade”.
(Conclue no próximo número)
O MUNDO MAIOR E A CIÊNCIA DO ESPÍRITO
“O tempo
liga os valores mediúnicos, fundindo-os em um recurso único de sintonia, assim
como o rio de longo percurso absorve as fontes e os rios menores, para penetrar
silencioso e amplo, nas profundezas do mar”.
“A
mediunidade nos corações valorosos e fortes, é um talento
destinado
à aplicação imediata”.
“Sem que
nos afeiçoemos ao serviço, que ajude ao semelhante,a própria mediunidade estará
reduzida a um poço de águas estagnadas”.
Emmanuel
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO
XXX Nº351
janeiro de 2003.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)
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