CIÊNCIA
Dr. Ricardo Di Bernardi
O artigo apresentado pela revista Veja: “Quando o cérebro é o
médico... e o monstro” na edição nº. 1962, nas
páginas 66 até 76, é um tema que tem nos ocupado por demais nos últimos tempos.
São pequenos transtornos da vida moderna que vão se acumulando e sem percebermos
estamos à mercê de uma ‘pressa’, de um nervosismo, de uma irritação sem precedentes.
No texto extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo IX,
item 07(A Paciência), 3º §, página 127, encontramos os seguintes dizeres: “A
vida é difícil, eu o sei; ela se compõe de mil nadas que são picadas de
alfinetes que acabam por ferir... (UM ESPÍRITO
AMIGO, Havre, 1862)”. No mundo
conturbado em que vivemos, onde a lascívia, a tolerância ao errado e ao
despudorado, assim como a indiferença com os nossos semelhantes, tornaram-se
uma constância em nossa rotina, constatamos que para nos impormos temos que ter
“atitude”, modificar nosso visual de forma agressiva, aparentar o tão sério e
indiferentes que no íntimo não somos, tudo isso com o único propósito de
sobrevivermos. Por outro lado, é importante ressaltar que esta mensagem foi
recebida ainda no século XIX, todavia nunca se fez tão atual quanto agora,
neste nosso mundo estressado.
Como se não bastassem estas referências, vejamos algumas situações do
nosso cotidiano e então façamos uma rápida reflexão para ver se em algumas
delas nós não estivemos envolvidos, tais como: nervosismo no trânsito, ansiedade
com algum tipo de situação [o ente querido que ainda não retomou da rua; o
salário que ainda não foi depositado; o preço ou a prestação daquele objeto
cobiçado; aquele exame que não recebemos seu laudo ainda; a marginalidade que
assola o mundo; dentre tantas outras situações].
Todas estas situações são fatores gerados por estresse. Desta forma,
na conceituação do estresse, podemos afirmar que ele é um fator psicológico que
se encontra por trás da maioria das doenças físicas. Um estressor é uma situação
ou problema que requer um ajustamento que nos sobrecarrega. Uma vez que nos tornemos
conscientes da situação ou problema tentamos lidar com ela por meio de
resolução construtiva de problemas. Se o enfrentamento falha, a resposta de
estresse é disparada.
A resposta de estresse tem tanto um componente psicológico (a
ansiedade), como um componente fisiológico (a frequência cardíaca elevada).
Podemos responder ao estresse com mecanismos de defesa que podem reduzi-lo, mas
que não resolvem o problema subjacente (HOLMES, 1997, p. 357).
Nas últimas décadas, vários têm sido os processos no tratamento da
redução do estresse. O conhecimento dos efeitos das cargas de trabalho, assim
como dos períodos de descanso necessários para restaurar o equilíbrio
biológico, o tratamento específico das formas de se viver e enfrentar estas
situações estressantes, assim como a complexidade crescente das atividades contemporâneas
fizeram que surgissem novas formas de organização estratégica, de planejamento e
programação de métodos mais eficientes para se conviver com estas pressões.
É assim que vemos as mais variadas terapias, métodos de treinamento
físico, políticas de empresas, dentre outras maneiras para que possam tentar
viver dentro de uma relativa normalidade. (DANTAS, 1995, p. 20).
Todavia, quando não atentamos para aqueles fatores que podem gerar um
excessivo e nocivo estresse, lá estaremos nós propensos ao desenvolvimento de:
algumas moléstias cardiovasculares (AVe e hipertensão), as mais variadas formas
de dores de cabeça, as úlceras, bem como àquelas indisposições relacionadas ao sistema
imunológico, isto sem falar nos estados de espírito nocivos ao nosso campo
mental, tais como irritações, ansiedades desnecessárias, depressões, estados de
euforias, desesperanças, dentre outros, oferecendo oportunidades para a
alteração de nosso campo vibratório e ficando à mercê de más influências que não
se coadunem com o equilíbrio e a paz de espírito tão desejada.
DESENVOLVIMENTO
Durante o evangelho na casa de Pedro, quando este perguntou a Jesus
quantas vezes deveríamos perdoar aos nossos adversários, Jesus lhe disse não
sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Esta recomendação, se apoiada na
fisiologia do corpo e da mente, orienta-nos que não deveremos somatizar nenhum
tipo de forma pensamento (ou seja, ficar ‘martelando por muito tempo na mesma
tecla’), a fim de não produzirmos substâncias em excesso e desnecessários ao
funcionamento do nosso organismo, tais como: a adrenalina, o colesterol, o
cortisol, os radicais livres, glucocorticóides, dentre outros.
Nunca se fez tão atual as recomendações de Emmanuel, no livro “Palavras de Vida Eterna”, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, nas páginas 157 até 164, quando ele aborda os seguintes temas: Pacifica
Sempre; Olhos; Ouvidos, e Excesso, recomendando-nos sempre a busca do caminho
da moderação, da tolerância, do equilíbrio e do bom senso moral, espiritual e
consequentemente o físico.
Por outro lado, podemos constatar que Jesus é o exemplo vivo do
dinamismo não se permitindo entrar na ociosidade ou no tempo perdido. No
entendimento desta postura de Jesus, podemos constatar que Ele não se permitia
ficar por muito tempo na contemplação do tempo perdido, ou na expectativa de
que as situações se alterassem independentemente de sua atuação.
Na lida cristã encontramos o seguinte ditado:
“Ajuda-te que o Céu te ajudará”, que se formos operacionalizar esta
mensagem, poderemos interpretá-la como a melhor forma de terapia para o
espírito e a mente que se encontre com predisposições aos mais variados
transtornos mentais, tais como: a depressão, o estresse, os transtornos
obsessivos compulsivos, a ansiedade em excesso, o sentimento de ciúmes, a
predisposição aos pensamentos de suicídio/homicídio, dentre outros.
Já desde a época que Jesus implantou o evangelho no lar, iniciado na
casa de Pedro, Ele exemplificou que a melhor terapia para a mente e o espírito
está no gasto energético de nossas forças físicas, desde que direcionadas para
o bem, principalmente na ação de ajuda aos nossos semelhantes, conforme podemos
atestar no item n.º 16, no livro “Jesus no Lar”, pelo espírito de Neio Lúcio,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, página 75 – “O Auxílio Mútuo”.
A ciência vem cada vez mais atestando que as situações de excessivo
estresse, quando prolongadas poderão desenvolver, particularmente naquelas
pessoas com baixa imunidade ou com tendências genéticas, o aparecimento de
doenças tais como a “artrite reumatóide” e o próprio “câncer”.
Por outro lado, uma vida regrada tanto nos aspectos físicos, nos
aspectos mentais, quanto nos aspectos morais são posturas que permitirão à pessoa
ter adiado ou até mesmo anulado a ação do tempo no seu organismo físico, não
permitindo o aparecimento destas doenças. Com isso não queremos afirmar que
estaremos imunes à ação do tempo ou dos reajustes de vidas pretéritas.
Todavia poderemos amenizar a ação dos efeitos psicofisiológicos em
nosso organismo, por meio de uma postura mental e espiritual equilibrada.
CONCLUSÃO
Quanto aos aspectos psicofisiólógicos, a ciência do mundo moderno tem
cada vez mais ratificado o que Jesus no seu Evangelho veio nos oferecer há dois
mil anos atrás, ou seja, as excessivas posturas mentais geradoras de estresse
são nocivas primeiramente ao próprio espírito (ser Inteligente), à mente (órgão
mediador entre o ser inteligente e o aparelho físico), assim como ao aparelho
físico, resultando em diversas formas de desequilíbrio orgânico, alterando a
produção hormonal, seja pelo aumento na produção de adrenalina, seja pela
alteração do batimento cardíaco, da produção de cortisol, e de tantos outros
hormônios que, em excesso, irão desestabilizar o organismo.
A ciência moderna recomenda as mais variadas terapias, todavia, num
futuro não muito distante, com a reaproximação da ciência e da religião de
Jesus Cristo, poderemos constatar, tanto no campo físico quanto no campo
espiritual, que a postura do cristão vivenciada de acordo com o Evangelho de
Jesus, será a melhor assepsia, e terapia preventiva como curativa para nossos corpos
fisico-espirituais.
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Francisco Cândido Xavier; 9 ed. Minas Gerais: Comunhão Espírita Cristã, 1986.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N°
401
FEVEREIRO
2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do
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