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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Evangelho: Ética, Amor e Fraternidade


Manuel Portásio Filho


Falar de Evangelho é abordar os valores mais expressivos da cultura humana, inseridos num dos livros mais importantes já compostos pelo homem: a Bíblia, dividida em Antigo e Novo Testamento. O Velho Testamento conta a história do povo hebreu e de outros povos que lhes foram contemporâneos. É uma narrativa que começa com fortes conotações míticas e termina no profetismo judaico. Sua figura exponencial é Moisés. E com ele surgiu uma ética peculiar, dirigida ao povo hebreu e ao relacionamento de cada um de seus membros com os demais e com o seu Deus. O Novo Testamento tem como figura nuclear Jesus e pode ser visto por cinco ângulos, como enfatizou Kardec: "1) Os atos comuns da vida do Cristo; 2) Os milagres; 3) As profecias; 4) As palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja; 5) O ensino moral" (ESE, Introdução, I). Como os quatro primeiros geraram polêmicas intermináveis ao longo dos séculos, importa relevar o aspecto ético, moral, da didática do Mestre, que se apresenta como um "código divino", onde estão expostos os nossos deveres para com Deus, Inteligência Suprema do Universo, que criou tudo o que existe; para com o próximo, nosso irmão e companheiro de jornada; e para conosco mesmos, Espíritos eternos em busca da perfeição. O ensino de Jesus não está destinado a um único povo mas a toda a Humanidade: é universal, em última análise. 

   O que é a ética? A ética é considerada uma disciplina prática, envolvendo a ação humana, e normativa, estabelecendo os seus deveres perante a sociedade. Pela ética estabelece-se uma diferenciação nítida entre o bem e o mal. Há diversas formas de ética, mas em todos os casos ela visa responder à questão: "como agir da melhor forma possível". No sentido etimológico, a palavra ética, de origem grega, pode ser entendida como "a ciência moral"; trasladada para o latim, foi traduzida como "a moral". Por isso, podemos falar de uma ética, ou de uma moral, do Cristo, para significar o conjunto dos seus ensinamentos, voltado para um ideal de comportamento humano. Como diz Joanna de Angelis, "Jesus é a personagem histórica mais identificada com o homem e com a humanidade" (Jesus e Atualidade, p. 24) 

    Começamos, então, por dizer que a ética de Jesus está disseminada pelos quatro evangelhos e pelas vinte e uma epístolas que os seguem. Ela começa já no nascimento do Mestre, em sua simplicidade e discreção, projetando-se por toda a sua vida, no seu modo de agir e exemplificar. Eis a sua prática. Nos seus sermões e nas suas parábolas vamos encontrar a base teórica da sua ética, a qual não foi registrada por ele próprio, mas por seus apóstolos e discípulos. Contudo, é no Sermão do Monte, descrito nos capítulos 5, 6 e 7, do Evangelho de Mateus, que se acha a essência da ética cristã, embasada no amor, que se desdobra em humildade, caridade e fraternidade. Por isso, Jesus resumiu toda a sua doutrina nos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22:36-40).

   Isso tudo fica mais claro quando tomamos seus principais ensinos como referência: "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós"; "amai a vossos inimigos"; "concilia-te depressa com o teu adversário enquanto estás no caminho com ele"; "seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não"; "quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita"; "pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á"; "nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus"; "sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" etc. 

    Eis, em síntese, o que se encontra no Sermão do Monte, um código de moral incomparável, voltado para o aperfeiçoamento do ser eterno que somos nós. É um código que estabelece  direitos (bem-aventuranças) e deveres (ensinos). 

     Construindo a ponte entre o homem e Deus, através do exemplo da oração dominical, contida no próprio Sermão, Jesus deu consistência ao ensinamento e preparou o nosso caminho para os planos superiores da vida universal. Ética, amor,  fraternidade: palavras que ecoarão em nosso íntimo pela eternidade a fora.

Manuel Portásio Filho é Advogado, residente em Londres. É membro do The Solidarity Spiritist Group - Londres - UK.

Jornal de Estudos Psicológicos
Ano II N° 3  Março e Abril 2009
The Spiritist Psychological Society

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