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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CONDUTA MEDIÚNICA

CIÊNCIA
 (2ª Parte)
Rubens Santini

“O médium precisa aprender também a dominar seus impulsos emocionais, a fim de que a mensagem que passa por ele, vinda de alguém no Plano Espiritual e destinada a alguém no plano da matéria, não se contamine com as suas próprias paixões e desacertos íntimos. Ele terá de ser como o lápis bem apontado, com o grafite na consistência própria, na cor certa, ou o aparelho de som dotado de dispositivos de alta fidelidade para que a boa gravação não seja reproduzida com distorções, zumbidos e estáticas que a tornem irreconhecível. Deve se esforçar para que a mesma qualidade de som existente na gravação-fonte seja a que se reproduz nos alto-falantes, com toda a fidelidade e autenticidade possíveis.
(...) Na mediunidade, não há disputa de campeonatos nem medalhas de ouro ao vencedor, porque não há vencedores, no sentido de que um médium possa suplantar outros. Na mediunidade, ganha aquele que serve na obscuridade, modestamente, com devotamento e honestidade.
Quando ouço falar que alguém é um “grande médium”, fico logo de pé no freio. Existem grandes médiuns? Mediunidade é grandeza? Muita gente avalia os médiuns pelos fenômenos espetaculares que podem produzir ou pela ampla variedade de faculdades que exibem. Quanto a mim, não é isso que busco num médium. Ele, ou ela, pode até de dispor de ampla faixa de sensibilidades - que isto não é defeito mas prefiro aquele que, embora dotado de faculdades várias, dedica—se modestamente a uma ou duas, para exercer bem e com dedicação. (...)
Como instrumento de comunicação o médium tanto pode veicular mensagens aceitáveis e autênticas, como inaceitáveis e falsas, dependendo das condições que oferece. Não deve ser endeusado, no primeiro caso, nem crucificado no segundo. Seria o mesmo que destruir o telefone porque acabamos de receber, por ele, uma notícia falsa, ou elogiá-lo porque acaba de nos trazer uma alegria.
Ao mesmo tempo, não há como perder de vista o fato de que o médium é um Ser humano, que pode falhar por ser endeusado, e pode embotar-se ou perder-se quando, em vez de socorrido, for arrasado porque a sua comunicação é considerado inaceitável.”
A posição do médium
A mediunidade é dom generalizado em todas as criaturas a espera de educação e disciplina. Sem certas regras orientadas pelo Cristo, ela é apenas um instrumento de satisfação pessoal ou meio de vida na pauta dos negócios...
A posição do sensitivo ante sua mediunidade é que sua língua deve perder a força de ferir, suas mãos a força de revidar e suas idéias a força de contrariar as Leis de Deus.
Todos os médiuns são testados por meios variados. Por onde que não se espera é que o inimigo chega. O defeito que insistimos em apontar nos outros é o que temos com mais saliência. Se tiveres que chorar por alguém que errou, chora por ti mesmo. Se tiveres que alterar a voz com irmãos que julgaste incursos em erro, altera a voz contigo mesmo. Se tiveres de anunciar alguma virtude que não possuis, fala das qualidades dos companheiros e dos esforços que eles fazem para melhorar.
A posição do médium no lugar em que for chamado a trabalhar é a de servir de instrumento para o bem em todas as direções da vida... Quando vamos trabalhar na caridade, recebemos de Deus uma cota de luz divina, mas não podemos esquecer que tal cota é para ser doada, e se ela transforma fielmente no que nós desejamos que ela seja, torna-se uma carta com endereço certo.
Eis a posição do médium diante da consciência."
Educação Mediúnica
— “Médium algum se perderá nas vielas do desequilíbrio se estabelecer para si mesmo um programa de renovação.
Exercício e renúncia.
Muita paciência ante as incompreensões que lhe surgem no caminho.
Capacidade de perdoar, por maior que seja a ofensa.”
— “O jugo é suave e o fardo é leve para o companheiro da mediunidade que se apóie no estudo, no trabalho, na oração constante, na humildade.”
— “Médiuns sérios atraem Espíritos sérios; médiuns levianos atraem Espíritos levianos.
O medianeiro que se não ajusta aos princípios morais pode ser vitimado pela ação do mundo espiritual inferior.
— “A falta de estudo, evangélico e doutrinário constitui sério escolho na prática da mediunidade.
O médium deve ler, estudar, refletir, assimilar e viver as edificantes lições do Evangelho e do Espiritismo, a fim de que possa oferecer aos Espíritos comunicantes os elementos necessários a uma proveitosa comunicação.
O médium estudioso, além disso, é instrumento dócil, maleável, acessível. Tem sempre uma boa roupagem para vestir a idéias a ele transmitidas. O que não estuda, nem se renova, cria dificuldades à transmissão da mensagem, favorecendo a desconexão. — “A educação mediúnica, por sinônimo de desenvolvimento mediúnico, deve ser iniciada no devido tempo, na época apropriada, isto é, ao se verificar a espontânea eclosão da faculdade. Não devemos “querer” o desenvolvimento mediúnico, mas “amparar” a faculdade que surge, pelo estudo e pelo trabalho, pela oração e pela prática do bem.
Forçar a eclosão da mediunidade, ou o seu desenvolvimento, significa abrir as portas do animismo, com sérios inconvenientes para o equilíbrio, a segurança e a produtividade do medianeiro. A educação mediúnica deve ser, em qualquer circunstância, espontânea, natural, suave, sem qualquer tipo de violência externa e interna.”
— “Educação mediúnica pede tempo e trabalho, estudo e abnegação. Não acontece de um dia para outro.
Médium inquieto, apressado em transmitir boas comunicações antes do necessário preparo, é candidato em potencial ao desequilíbrio.
O médium disciplinado obterá ótimos frutos em sua tarefa, levando em consideração o seguinte:
— lugar e hora certos para o trabalho;
— assiduidade e pontualidade;
— respeito à codificação e apreço aos Instrutores Espirituais.
O médium prudente analisa, examina sugestões dos companheiros encarnados, aceitando—as se justas e sensatas O médium vaidoso comporta—se como dono da verdade. É sistematicamente refratário a advertência e conselhos.
A discrição é fator básico para o êxito fluídico conhecer problemas pela mediunidade ou por relatos íntimos e revelá-los, é falta de caridade.”
— “A ausência de trabalho é grave escolho da mediunidade, isso porque a ferramenta mediúnica exige utilização constante, ação contínua, não somente pela necessidade de aprimoramento das antenas psíquicas, como também pelo imperativo da conquista do sentimento do amor.
O trabalho assegura a assistência superior, protege o médium contra o assédio e o domínio de Entidades menos felizes, constroem preciosas amizades nos planos físicos e subjetivos.
Harmonia fluídica, amor e confiança, destreza psíquica e apuro vibracional representam o somatório da atividade mediúnica exercida da disciplina do trabalho.”
O hábito da prece
O hábito da prece mantém o médium em estado de vigilância, imprescindível ao bom êxito de sua tarefa.
Através da oração isolamo—nos das influências negativas, sintonizando—nos com as forças espirituais que iluminam.
A prece não nos isenta das provas, mas dá—nos forças para suportá—las.
“Nos momentos de dificuldade e sacrifício, vamos lembrar de orar para Nosso Pai.
A oração é um santo remédio para os nossos males. Não é só nas horas de aflição é que devemos recorrer a esse recurso maravilhoso.
Ela deve ser feita todos os dias. Pela manhã, agradecendo pelo descanso de nosso corpo físico, e pedir proteção para mais um dia de trabalho aqui na Terra. Ao anoitecer, antes de dormir, agradecendo pelo dia que tivemos, e pedindo para que nosso Espírito possa estar com nossos Amigos Espirituais, buscando novos esclarecimentos para nosso aprimoramento espiritual. Lamentamos que muitas pessoas Só recorrem à oração para pedir a conquista de bens materiais.
Conquistas essas que são perecíveis com o tempo. Devemos pedir sim, uma boa saúde para o nosso corpo físico, para que possamos ter a força e a energia necessária para cumprir com grande sucesso o que nos foi planejado pelo Plano Espiritual.
Devemos pedir a proteção os bons conselhos e a inspiração de nossos Guias Protetores para a resolução de nossos problemas em que, por ventura, estejamos atravessando.
Mas, devemos orar não só para pedir, mas também para agradecer pelas nossas conquistas do dia—a—dia e pelas dádivas recebidas.
Podemos orar para emitir vibrações positivas para daqueles entes queridos que estejam doentes ou em dificuldades.
Devemos orar, também, e isto mostra a nossa grandeza e elevação de nossa alma, para os nossos inimigos e por todos aqueles que nos desejam o mal. Vamos perdoar—lhes cada ato infeliz e impensado que tenha sido desferido contra nós. Vamos mostrar—lhes o nosso carinho, o nosso Amor, a nossa tolerância e pedir à Deus para que façam rever seus gestos, suas posturas. E que as Entidades Benevolentes possam iluminá-los para a prática de atos mais elevados.
Lembrem—se: a oração é uma benção Divina.
Podemos recorrer a todos os instantes. A oração é um ato de Amor, um elo de ligação entre o Plano Espiritual e o Terreno.
Para orar, não há necessidade de palavras decoradas ditas sem nenhum sentimento.
Mais valem dez palavras expressas com amor e devoção...
Muitos falam que não sabem rezar. Basta humildemente, com suas próprias palavras, com uma devoção muito grande, acreditando naquilo que está sendo pedido, ser concretizado.
Vamos lembrar o que o Nosso Mestre Jesus nos disse:
“Pedi e se vos dará”.
Acima de tudo, devemos orar com muita fé!”


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 2764-5700
Correspondência:
Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Heloisa Pires: Progresso | Caixa de Conexão

Programa Despertar Espírita Mediunidade dia 14/08/13 - Tema: A Caridade

Música Tudo tem seu par (Cancioneiro Espírita)

Fim do Cristianismo primitivo e o momento espírita atual

Heloisa Pires: Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita | Caixa de Conexão

CENTRO ESPÍRITA SERAPIÃO RIBEIRO C. AUTA DE SOUZA GO. FAMÍLIA, PROJETO D...

CENTRO ESPÍRITA SERAPIÃO RIBEIRO C. AUTA DE SOUZA GO. FAMÍLIA, PROJETO D...

CENTRO ESPÍRITA SERAPIÃO RIBEIRO C. AUTA DE SOUZA GO. FAMÍLIA, PROJETO D...

23/09/2013 - Palestra Espírita - Tema: Renovação - Dra Deusa Samú

Curso de Princípios Básicos Médico-Espíritas 21/09/2013

Palestra: Olhos de ver e ouvidos de ouvir - 23/09/2013 - Angela Alt

Programa Saber Espirita

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

LINDOS CASOS DE TIO JUCA

COMUNICAÇÃO

Ramiro Gama escreveu LINDOS CASOS DE BEZERRA DE MENEZES e LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER. Eis que também, no livro O FENÔMENO TIO JUCA, o escritor baiano Eusínio Lavigne, com aquele savoir dire que lhe é familiar, deleita-nos com esplêndidos relatos biográficos a que poderemos, com justeza, crismar de Lindos Casos de Tio Juca. Porque, na verdade, tanto são lindos os casos de Bezerra e do Chico, como os do inolvidável Juca. Concordam em gênero, número e grau. Recordemos que Tio Juca é o apelido de José Soares de Gouveia, o ateu que se convertera ao Espiritismo em virtude duma aparição do filho, no momento dramático em que ele, Gouveia, estava a pique de desertar deste mundo pela porta falsa do suicídio. Feito este ligeiro exórdio, vamos aos “lindos casos”, que aqui sintetizamos, por economia de espaço. Muito antes de libertar-se do seu ateísmo, Tio Juca já revelava faculdades mediúnicas que, mais tarde, se manifestariam com extraordinária freqüência e incontrastavel vigor.

Em 1924, viajando com alguns companheiros pela estrada da Serra da Borborema (Pernambuco), em noite escura, houve um enguiço no automóvel. O motorista, dando marcha-à-ré, esforçava-se por superar o emperramento do veículo, mas debalde. Tio Juca fez ver a todos o risco da descida. Acolhida a advertência, a viagem não prosseguiu.
No outro dia, viram que o carro estacionara a um palmo de enorme, precipício. 18 de setembro de 1935: Soares de Gouveia surpreende com a visão de uma tia falecida. Não entendendo a natureza do fenômeno, foi ouvir a opinião do padre Quinderé, em Fortaleza. — Você é médium — diz o sacerdote. — Trata-se de um fenômeno espírita, que se manifesta por pessoas ditas médiuns. (Quem nos dera que os padres Quinderés formassem multidão!).

Anos depois, em 1939, ia viajar do Rio para São Paulo. Na ante-sala do Aeroporto, viu o seu filho Antônio Carlos, desencarnado, que lhe avisava que o avião ia cair. Desistiu da viagem e comunicou o vaticínio aos demais passageiros, porém ninguém acreditou, O avião caiu e todos morreram. D. Antonieta Bastos, cunhada do dr. Eunápio de Queirós, fora acometida de uma doença nos pés. O dr. Estácio Gonzaga, examinando-lhe o sangue, atestou grave infecção. Estava sendo inócuo o tratamento médico indicado. É quando, espontaneamente, por incorporação, um Espírito, dizendo-se russo, comunica-se com Tio Juca e dá a seguinte indicação: “que Antonieta Bastos acendesse um fogareiro e sobre ele estendesse um pano molhado sobre o qual, a certa altura, duas vezes por dia, cerca de dez minutos, pusesse os pés, para que exsudassem suficientemente.” E receitou determinado medicamento. Após 24 aplicações, os pés voltaram ao normal. Um exame médico posterior não revelou mais infecção.
A origem do mal — elucida o Espírito — estava no sapato de D. Antonieta, cujo couro continha ainda o germe da moléstia. De fato — ajunta Lavigne —, o carbúnculo resiste ao processo do curtume. E foi na Rússia, no tempo do Czar, que verificaram o fato da resistência do vírus a altas temperaturas. Os correões dos soldados transmitem o carbúnculo. Achava-se internado no Sanatório Bahia um rapaz surdo-mudo que havia engolido oito chaves e um rosário arrebatado das mãos de sua mãe. Obedecendo a um conselho da esposa, Tio Juca trouxe para casa o aberrante deglutidor que, ao receber os primeiros passes, vomitou duas chaves.

Mais duas no dia seguinte. Duas mais no terceiro.
E depois as restantes e também o rosário.
Caso patente de obsessão. Continua surdo e mudo, mas entende o que se lhe fala, processando-se rapidamente a recuperação.
Movido por uma força estranha, um dia Tio Juca, contrariando seus hábitos, levantou-se às cinco horas da manhã. Descendo as escadas, fica à porta da rua, a gritar para um automóvel que passa em disparada: — Pára! Pára!
Pará! — O motorista parou, dizendo, entretanto, não poder apanhar mais passageiros, porque vinha de Pituba conduzindo um menino com uma espinha de peixe na garganta e ia à procura dos recursos necessários. - É isso mesmo que me traz aqui — replicou. Abriu a boca do acidentado, e retirou a espinha. No Rio de Janeiro, em 1952, Tio Juca sonhou que alguém lhe pedia para salvar um doente na Pavuna, rua Honório Hermeto. Já se aprestava para ir à procura do enfermo, quando recebe um telegrama da Bahia, de sua cunhada Helena, implorando-lhe que salvasse uma pessoa na rua Honório Hermeto, 147.
Localizada a casa, esclareceu-se o caso. Não havia ali doente algum, e sim uma menina de 12 anos que um marinheiro queria seduzir, e com muita possibilidade de êxito, já que a mãe dela era prostituta. Retirada da casa materna, a menina foi levada de avião para Salvador. Recebeu, posteriormente, educação na “Casa do Tio Juca”. E os casos são em barba — como diria mestre Imbassahy. Todos edificantes. Todos lindos. Todavia, não nos foi possível, nos exíguos limites duma crônica, relatá-los em sua totalidade. Encontrando-se com Chico Xavier em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, no mês de agosto de 1956, Tio Juca teve a confirmação do que já lhe havia sido revelado em 1954, através de sua própria mediunidade: devia cumprir importante missão na selva amazônica.
Embrenhar-se-ia no Inferno Verde à procura de certa moça que, saindo a caça de borboletas, desapareceu naquelas vestidões inóspitas, deixando a família aflita e desesperançada. Chamava-se Helena de Andrade Fortuna. Há cerca de vinte anos, sem perder a virgindade, vivia em companhia de índios que a acolheram na taba — informou o médico Luiz Carvalho (Espírito). Muitas outras comunicações ratificaram tal informação.
O índio Tauá, desencarnado, da tribo dos Mundurucus, bacia do Tapajós, percebendo telepaticamente que alguém temia pela sorte de Tio Juca, já idoso e doente, a lançar-se numa aventura perigosa, de êxito duvidoso, assegurou: — Não se paga com o mal uma missão de paz. Fenômeno interessante de bicorporeidade Tio Juca entrou em contato com o espírito de um vivo — o índio Juçanã.

Viu-o claramente e dele recebeu orientação coincidente com a de Tauá, relativamente ao roteiro da viagem. Do ponto de desembarque à taba seria carregado em maca de tucum.
Traria três gotas de sangue, simbolizando a fraternidade. Não podia haver mais dúvida. Tio Juca iniciou a grande jornada, por via aérea, no dia 26 de setembro de 1957. Fez parada no Recife e em Fortaleza. Chegou a Manaus pela manhã de 3 de outubro e pôs-se logo a agir.
Após uma série de peripécias, viu uma senhora à porta duma casa humilde e, naturalmente por inspiração; pede-lhe uma “informação que nunca pediria aos anteriores transeuntes”: saberia ela algo acerca de uma moça chamada Helena, desaparecida há, aproximadamente, vinte anos? Para sua grande surpresa, a mulher deu resposta afirmativa. E mais: confessou ser ela mesma a mãe da Helena das Selvas. Identificou-se pelo nome de Maria José de Andrade Fortuna, casada com José Vicente Fortuna, já falecido. Moravam no Alto Tapajós. Relatou que sua filha Helena, no dia 26 de janeiro de 1937, ainda no vigor da mocidade —18 anos —, penetrou na mata à caça de borboletas para trabalhos de pintura. Julgavam-na morta. Como Tio Juca contestasse a morte da filha D. Maria quis saber por que assim pensava e ele revelou a origem das informações: comunicações mediúnicas. A mulher não lhe deu crença.
Voltando ao hotel, Tio Juca vê uma entidade que se dá a conhecer por “Júlia”, a qual lhe diz que Helena vive a meio caminho da Itaituba e Curuzu e o aconselha a seguir para Santarém, a fim de avistar-se com o dr.Elmar Cunha.
6 de outubro Em Santarém, dr Eimar, também espírita (e médium) afirmou estar a par dos acontecimentos e foi taxativo — A moça não vem. Tio Juca quase desiste da tarefa.
Porém, recobra o ânimo e resolve ir até o fim.
Resumindo: no dia 8, descia Tio Juca, de avião, em Curuzu. Horas depois, num barco a motor, percorrendo o caminho do Rio Itaituba, vêm-lhe aos ouvidos repetidos gritos — ué, Tauáué, Tauáué, Tauá.
À margem do rio havia uma cruz de filhas de palmeira. Aí encostou o barco, que prosseguiu viagem, após deixar Tio Juca sozinho, em terra.
Guiado pelos gritos dos silvícolas, foi-se adentrando na mata. Aparece Juçanã, que, à guisa de saudação, exclama: — Espera, branco, que o caboclo vai levar. Viva o Cristo!
Dentro em pouco aproximam-se uns 200 índios que, se revezando, conduziram o destemido homem branco, em maca de tucum, para a aldeia dos bronzeados mundurucus.
Era noite, Helena sai de sua modesta morada.
Sobe a um tronco de árvore. Traços imperceptíveis, devido à escuridão. Dirige-se ao visitante: — Juro pelo nosso Deus e pelo sacrifício do branco do mar, Tio Juca, que sou virgem, como a virgem das selvas. No dia seguinte, o hóspede visitou toda a aldeia, observou o trabalho ordeiro dos indígenas e foi alvo de expressivas homenagens, posto que muitos singelas. Afinal, o depoimento de Helena.
Ela rememorou os incidentes de sua incursão na selva, desde o dia em que, desorientada, perdeu o caminho de casa. Levada para a comunidade dos mundurucus, trataram-na muito bem, mas custou-lhe adaptar-se entre eles. Agora está acostumada e satisfeita no ambiente em que se encontra. Vive tal como os índios, seminua, apenas com uma tanga. Perdeu a noção do tempo. Não quer voltar para o convívio dos brancos. Afeiçoara-se àquela gente, que lhe implorava a permanência. Ocupa-se de ensinar os índios. A língua e a religião cristã. Por isso que eles já estavam falando o português, embora imperfeitamente e adotando a saudação “Vida o Cristo!”. Estava chegando ao fim a missão do Tio Juca. Voltaria satisfeito. Se não conseguira fazer retornar Helena ao lar de nascimento, rejubilou-se com seu autêntico procedimento cristão, por estar construindo um lar coletivo naquelas brenhas em que impera a Lei da Natureza e onde a “Civilização” ainda não chegou para corromper os bons costumes
. Como fora anunciado de há muito, o lenço de Tio Juca ficou marcado com três gotas de sangue (extraídas do corpo do pajé). A hora da despedida, Helena mandou de presente à mãe uma medalha presa num cordão de ouro. Conservava-a consigo desde o dia em que deixara para sempre a casa paterna.
Ao dizer adeus a Juçanã, Tio Juca notou-lhe os olhos marejados e ouviu da boca do bravo mundurucu: — Diga aos brancos do mar que o índio chorou. Tio Juca entregou a medalha a D. Maria Fortuna. As filhas acharam que ele cometera um ato criminoso, arrancando-a do cadáver de Helena. A mãe, entretanto, quase em lágrimas, murmurou: — Esta medalha é de minha filha. Lamentavelmente tivemos de omitir detalhes interessantíssimos, por motivo de limitação de espaço. A narrativa completa acha-se no livro o FENÔMENO TIO JUCA, do escritor baiano Eusínio Lavigne, já falecido.


Fonte
O ESPIRITISMO EXPLICA, por Aureliano Alves Netto, ed.EDICEL

“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
Janeiro 2007
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
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sábado, 21 de setembro de 2013

SERÁ QUE SOMOS NORMAIS?


 PANORAMA
 Carlos Abranches
 13
A resposta à pergunta acima é simples, se depender de um estudo da equipe do Laboratório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), iniciado há dois anos.
De acordo com os dados obtidos por uma bateria de testes, apenas 26,4% das pessoas são normais.
O levantamento feito pelo HC teve o objetivo de testar os efeitos do antidepressivo cloripramina em voluntários sem nenhum transtorno psiquiátrico. O problema é que, de cada 100 pessoas que se apresentam para participar , cerca de 80 acabam dispensadas por não preencher alguns requisitos básicos. E o principal deles é justamente ser normal.
O exame é rigoroso. Para passar na seleção da equipe, é preciso enfrentar três etapas rigorosas e padronizadas. A primeira elimina o maior número de candidatos (53%). Ela se baseia em critérios de idade (é preciso ter entre 21 e 50 anos), de escolaridade (exige-se 1º grau completo) e num
teste americano chamado Self Report Questionary, ou SRQ, de 20 perguntas. Aparentemente simples, ele é capaz de detectar se a pessoa tem ou não transtornos psicológicos. As chances de acerto são de 80%.
O teste é mais implacável com as mulheres. Há uma diferença de dois números em favor dos homens na pontuação de corte - seis respostas “sim” para eles e quatro para elas. A psiquiatra Mônica Vilberman, uma das responsáveis pela segunda etapa do estudo, afirmou que é preciso ser mais duro com as mulheres “porque elas têm maior oscilação hormonal e mais facilidade em falar de intimidades”.

Na segunda fase de testes, que causa a eliminação de 43% dos entrevistados, psiquiatras investigam se há transtornos psicológicos na família do candidato. As últimas etapas são exames laboratoriais e mais uma entrevista com o psiquiatra, só que dessa vez com quatro horas de duração. “No total, ficam só 26,4%”, afirmou a psiquiatra Elaine Henna. É o fim da maratona: o candidato recebe um “atestado” de normalidade.
O fato é que até o final de 2004, somente 40 pessoas resistiram até o fim, menos da metade do necessário. Depois da triagem, são oito semanas de estudo, nas quais o candidato toma doses mínimas de cloripramina, de 10 a 40 miligramas. Ressalta-se que em pessoas depressivas, são aplicadas de 150 a 300mg da droga. Entre os participantes, a depressão é a doença mais comum (46%), seguida de ansiedade (21%) e obsessões (8%).

O psicanalista Ailton Amélio, da Universidade de São Paulo (USP), tranqüilizou os candidatos, dizendo que “se um determinado transtorno, como timidez e ansiedade, não prejudica aos outros e ao próprio portador dele, não é preciso se preocupar”. Para ele, “o normal é não ser normal”.
Sem considerar, neste artigo, os critérios utilizados pela pesquisa para definir o conceito de normalidade, quem observa o fenômeno sob o ponto de vista espiritual deve acrescentar a esse tipo de conclusão as influências que a realidade do Espírito traz para a saúde psíquica do Ser humano.

Vivemos sob uma nuvem de ondas mentais, de presenças espirituais, de estímulos psicológicos que fogem aos parâmetros de percepção dos homens. Muitas dessas influências agem nas causas de inúmeras atitudes das pessoas, desde a execução de crimes horrendos, inspirados pelas sombras da maldade, até gestos da mais pura conduta amorosa, como o socorro prestado na hora exata, a palavra correta que silencia a chance do crime ou a prece sublime, acompanhada por benfeitores anônimos, verdadeiros missionários da luz...
O Espírito Calderaro faz referência a essa questão na obra NO MUNDO MAIOR. O instrutor espiritual de André Luiz lembra que muitos encarnados batalham diariamente para vencer os próprios monstros interiores que carregam consigo. “Há pessoas que têm vocação para o abismo”, afirma.
Nessa luta, enfrentam as pressões da ansiedade, os transtornos bipolares, em que não conseguem administrar os impulsos de depressão e euforia que lhes tomam a mente, os processos mais graves de paranóia e esquizofrenia e outras enfermidades da alma, a agirem negativamente na vida de relação deles com o mundo.
Os transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e obesidade mórbida desencadeiam outros quadros graves de difícil solução, a exigir disciplina do paciente e atenção amorosa de médicos e familiares, para que a pessoa consiga enxergar horizontes renovados, mais claros e otimistas com relação ao futuro.
Diante dessa intensa dinâmica da relação do homem consigo mesmo, incluindo-se aí a movimentação do mundo espiritual ao seu redor, é natural considerarmos que nem todo mundo pode mesmo ser “Normal”.
O ambiente psíquico da Humanidade ainda é extremamente heterogêneo, doentiamente desestruturado, seriamente desequilibrado. Isto exige elevada atenção de quem quer sobreviver emocionalmente um pouco acima da média, estruturando-se intimamente para vibrar sobre as ondas psíquicas de caráter doentio.
Os espíritas temos a oportunidade de cuidar com apreço bastante apurado da saúde emocional. Há trabalho suficiente no Bem, sob o amparo da orientação doutrinária, para que compreendamos com profundidade os impulsos da depressão e dos transtornos da mente, para que nos permitamos cair nessa faixa, incorrendo nas conseqüências imediatas desse tipo de sintonia.
Temos como remédio a luz do autoconhecimento, a coragem de agir sempre focados no bem coletivo, a alegria que deve caracterizar nossa opção de vida, além da prece, espelhada em nossas meditações profundas em busca do melhor que somos e podemos ser.
Se um dia nós fossemos fazer o teste do Hospital das Clínicas de São Paulo, talvez não passássemos no exame da normalidade, dentro dos critérios definidos pela pesquisa.
Não é problema. O que importa é se podemos afirmar agora, com segurança, se temos o controle de nossa vida em nossas mãos, se estamos dedicados o suficiente para conhecer as entranhas de cada atitude que tomamos , se os impulsos mais primitivos que ainda nos caracterizam estão sob o controle do Ser que busca ser melhor a cada minuto dos dias.
Sentir no bem, para pensar no bem e agir no bem. A proposta é de Emmanuel, vindo com perfeição se encaixar na nova dinâmica que precisamos impor à vida emocional, apesar de possíveis oscilações que possam aparecer no decorrer dos tempos tumultuados que chegarão.
Esta, sim, é a normalidade adequada, em que nos oferecemos não só como um Ser melhor à vida, mas como alguém interessado em colaborar para que os outros se aproximem também, o mais rápido possível, da normalidade de seres equilibrados espiritualmente.

Fonte: REFORMADOR, nº2118


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXX Nº351
Janeiro 2006
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
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