Módulo
X
Imortalidade
da Alma e Vida Futura
2 – Processo Desencarnatório
O
desencarne sempre traz, com raríssimas exceções, alguma
perturbação para o Espírito envolvido neste processo.
Os
que pautaram sua conduta pelos princípios de renovação espiritual
em bases evangélicas sofrem menos esta perturbação. Já nos que
viveram uma vida materialista baseado no imediatismo mundano, mais
forte é o desequilíbrio, visto que as impressões da vida corporal
transferem-se para o plano da consciência desencarnada.
O
fato a que denominamos morte, só se dá quando do rompimento do
cordão fluídico que une a alma ao corpo, mas essa separação não
acontece de uma forma brusca.
O
fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os
órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta
quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma
molécula do corpo.80
80
“O Céu e o Inferno”, II parte, cap. I
Quando
estudava o processo desencarnatório de Dimas no livro Obreiros da
Vida Eterna, André Luiz, em determinado ponto, faz a seguinte
consideração:
Para
os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós
outros, porém a operação era ainda incompleta. E continua: O
assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até
ao dia imediato, considerando as necessidades do “morto”, ainda
imperfeitamente preparado para o desenlace mais rápido.81
81
“Obreiros da Vida Eterna”, cap. XIII
Aprendemos,
desta forma, que o desencarne não termina no instante em que o ser é
dado como morto pela ciência médica, mas que ele só se completa
algumas horas depois com o desligamento do cordão fluídico.
Podemos
afirmar que não existem dois processos de desencarne rigorosamente
iguais, visto que não existem dois Espíritos em total identidade. A
sensação de maior ou menor sofrimento enfrentada pelo Espírito,
está na razão direta da soma de pontos de contato existentes entre
o corpo e o perispírito, nos afirma Kardec82, e esta é a
mesma razão da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento
do cordão de prata.
82
“O Céu e o Inferno”, II parte, cap. I
Assim,
temos que o sofrimento gerado pela “morte” é tanto maior quanto
maior for a aderência corpo-perispírito, que é sempre determinado
pela maior ou menor importância dada pelo homem, enquanto encarnado,
às questões materiais. A afinidade entre o corpo e o perispírito é
proporcional ao apego à matéria.
Isto
vem confirmar que o sofrimento das almas moralizadas, é quase nulo,
porque nulo é o seu apego às questões materiais. Posto isto,
afirmamos que só depende de nós mesmos o nosso sofrer ou não
sofrer no instante da grande transição.
Outra
questão a considerar, é o tipo de desencarne que sofre o Espírito.
Quando
trata-se de morte natural, gerada pela cessação das forças vitais
por velhice ou doença, o processo é menos agressivo, e o Espírito
penetra a vida espiritual de forma mais tranqüila, se mais
espiritualizada foi a sua vida, conforme já dissemos. Mas mesmo no
homem mais materializado, apesar das dificuldades geradas pelo apego,
a morte mais lenta, mais natural é menos sofrida.
Na
morte violenta, as sensações se diferem ao extremo. O Espírito,
diante do inesperado, fica como que perturbado, e não entendendo o
que se passa, acha que está ainda no mundo dos encarnados, e muitas
vezes julga que o seu corpo fluídico é o mesmo corpo material,
tendo as mesmas sensações.
É
claro que aqui também difere em infinitas modalidades o que sente o
Espírito, devido aos seus conhecimentos a respeito da vida
espiritual e os progressos feitos em sua existência material. Para
quem vivenciou mais na vida os valores do Espírito, a perturbação
passa mais rapidamente, aos outros é mais lenta, podendo durar dias,
meses, anos ou até séculos.
No
caso do suicida então, mais penosa ainda é a transição. Os
Espíritos chegam a afirmar que o sofrimento excede a qualquer
expectativa. Como se já não bastasse a grave transgressão às Leis
Divinas, o corpo está totalmente ligado ao perispírito, e a
quantidade de fluido vital é ainda grande. Isto muitas vezes faz com
que o Espírito assista, totalmente consciente, todo o processo
desencarnatório, sentindo a decomposição de seu organismo molécula
a molécula, e a maior surpresa que o espera é a grande decepção
de ainda estar vivo.
Resumindo,
temos então que o sofrimento do Espírito, na ocasião do
desencarne, é sempre maior quanto mais lento for o desprendimento do
perispírito. E essa lentidão é sempre maior quanto menor for a
evolução moral do indivíduo.
Até
então, analisamos o processo desencarnatório, vendo só a
influência do Espírito do próprio desencarnante, mas a influência
de familiares e amigos também é fator determinante no processo de
desligamento do Espírito.
André
Luiz, em livro psicografado por Chico Xavier, estuda a desencarnação
de Fernando, e em determinado momento, nota que o estado aflitivo
dos familiares prejudicam o ato desencarnatório. Veja como é
narrado o fato:
A
aflição dos familiares encarnados, aqui presentes (dizia Aniceto),
poderá dificultar-nos a ação. Observem como todos eles emitem
recursos magnéticos em benefício do moribundo.
De
fato, uma rede de fios cinzentos e fracamente iluminados parecia
ligar os parentes ao enfermo quase morto.
-
Tais socorros – tornou Aniceto – são agora inúteis para
devolver-lhe o equilíbrio orgânico. Precisamos neutralizar essas
forças, emitidas pela inquietação, proporcionando, antes de tudo,
a possível serenidade à família.
E,
aproximando-se ainda mais do agonizante, tomou a atitude do
magnetizador, exclamando:
-
Modifiquemos o quadro do coma.
Após
alguns minutos em que nosso mentor operava, secundado pelo nosso
respeitoso silêncio, ouvimos o médico encarnado anunciar aos
parentes do moribundo:
-Melhoram
os prognósticos. A pulsação, inexplicavelmente, está quase
normal. A respiração tende a acalmar-se.
Três
senhoras suspiraram aliviadas. (…)
As
senhoras e mais dois cavalheiros, que se prontificavam a retirar
agradeceram satisfeitos e comovidos. Permaneceram no aposento somente
o médico e um irmão do agonizante. A melhora súbita tranqüilizara
a todos. E, aos poucos, os fios cinzentos que se ligavam ao enfermo
desapareceram sem deixar vestígios. (…)
Aproveitou
Aniceto a serenidade ambiente e começou retirar o corpo espiritual
de Fernando, desligando-o dos despojos, reparando eu que iniciara a
operação pelos calcanhares, terminando na cabeça, à qual, por
fim, parecia estar preso o moribundo por extenso cordão, tal como se
dá com os nascituros terrenos.
Aniceto
cortou-o com esforço. O corpo de Fernando deu um estremeção,
chamando o médico humano ao novo quadro. A operação não fora
curta e fácil.
Demora-se
longos minutos, durante os quais vi o nosso instrutor empregar todo o
cabedal de sua atenção e talvez de suas energias magnéticas.83
83
“Os Mensageiros”, cap. 50.
Como
já dissemos, não existe processo desencarnatório igual. A nossa
intenção com este estudo é dar uma idéia geral do assunto.
Aconselhamos aos interessados em aprofundar os conhecimentos sobre
este tema o livro O Céu o e Inferno de Allan Kardec, e
Obreiros da Vida Eterna do Espírito André Luiz, psicografado
por Chico Xavier.
Apostila do Curso de Espiritismo e EvangelhoCentro Espírita Amor e CaridadeGoiânia - GOTrabalho realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a coordenação de Cláudio FajardoDivulgação
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