4 – As Penas Futuras segundo o Espiritismo
Módulo
X
Imortalidade
da Alma e Vida Futura
4
– As Penas Futuras segundo o Espiritismo
A
questão das penas futuras, sempre foi motivo de muitas dissensões
entre os religiosos e aqueles que não possuem fé alguma. E se
analisarmos com tranqüilidade, em muitas vezes, temos de dar razão
aos não religiosos, devido à falta de lógica da teoria professada
pelos ditos cristãos.
Também
sobre este assunto, a Codificação Espírita trouxe muito
esclarecimento.
Transcrevemos
abaixo, parte do texto escrito por Kardec em sua importante obra “O
Céu e o Inferno”.
A
doutrina Espírita, no que respeita às penas futuras, não se baseia
numa teoria preconcebida; não é um sistema substituindo outro
sistema (…). Ninguém jamais imaginou que as almas, depois da
morte, se encontrariam em tais ou quais condições; são elas, essas
mesmas almas, partidas da Terra, que nos vêm hoje iniciar nos
mistérios da vida futura, descrever-nos sua situação feliz ou
desgraçada, as impressões, a transformação pela morte do corpo,
completando, em uma palavra, os ensinamentos do Cristo sobre este
ponto (…).
O
Espiritismo não vem, pois, com sua autoridade privada, formular um
código de fantasia; a sua lei no que respeita ao futuro da alma,
deduzida das observações do fato, pode resumir-se nos seguintes
pontos:
1.
A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as conseqüências de
todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida corporal.
O seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao seu grau de pureza
ou impureza.
2.
A completa felicidade prende-se à perfeição, isto é, à
purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é, por sua
vez, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que
toda a perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de
sofrimentos.
3.
Não há uma única imperfeição da alma que não importe funestas e
inevitáveis conseqüências, como não há uma só qualidade boa que
não seja fonte de gozo (…).
4.
Dependendo o sofrimento da imperfeição, como o gozo da perfeição,
a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se
encontre, sem a necessidade de lugar circunscrito. O inferno está em
toda parte em que haja almas sofredoras, e o céu igualmente onde
houver almas felizes.
5.
Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente
considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que
não tenha conseqüências fatais, como não há uma única ação
meritória, um só bom movimento da alma que se perca (…).
6.
Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que
deverá ser paga; se o não for em uma existência, sê-lo-á na
seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias
entre si. Aquele que se quita numa existência não terá necessidade
de pagar segunda vez (…).
7.
Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração
do castigo: - a única lei geral é que toda falta terá punição e
terá recompensa todo ato meritório, segundo seu valor.8.
A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado.
Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita (…).
9.
Dependendo da melhoria do Espírito a duração do castigo, o culpado
que jamais melhorasse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria
eterna (…).
10.
O arrependimento conquanto seja o primeiro passo para a regeneração,
não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação, e reparação, constituem as três
condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas
conseqüências (…). A necessidade da reparação é um princípio
de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de
reabilitação moral dos Espíritos.
11.
Os Espíritos imperfeitos são excluídos dos mundos felizes, cuja
harmonia perturbariam (…).
12.
Como o Espírito tem sempre o livre-arbítrio, o progresso por vezes
se lhe torna lento, e tenaz a sua obstinação no mal. Nesse estado
pode persistir anos e séculos (…).
13.
Quaisquer que sejam a inferioridade e perversidade dos Espíritos,
Deus jamais os abandona. Todos têm seu anjo de guarda (…). A
influência do anjo de guarda, contudo, faz-se quase sempre
ocultamente e de modo a não haver pressão, pois que o Espírito
deve progredir por impulso da própria vontade, nunca por qualquer
sujeição (…).
14.
Conquanto infinita a diversidade de punições, algumas há inerentes
à inferioridade dos Espíritos (…). A punição mais imediata,
sobretudo entre os que se acham ligados à vida material em
detrimento do progresso espiritual, faz-se sentir pela lentidão do
desprendimento da alma; nas angústias que acompanham a morte e o
despertar na outra vida, na conseqüente perturbação que pode
dilatar-se por meses e anos (…).
15.
Um fenômeno mui freqüente entre os Espíritos de certa
inferioridade moral, é o acreditarem-se ainda vivos (…).
16.
Para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das
conseqüências do crime é um suplício cruel.
17.
Espíritos há mergulhados em densa treva; outros se encontram em
absoluto insulamento no Espaço, atormentados pela ignorância da
própria posição, como da sorte que os aguarda (…). Alguns são
privados de ver os seres queridos e todos, geralmente, passam com
intensidade relativa pelos males, pelas dores e privações que a
outrem ocasionaram (…).
18.
O hipócrita vê desvendados, penetrados e lidos por todo o mundo os
seus mais secretos pensamentos (…). O egoísta, desamparado de
todos, sofre as conseqüências da sua atitude terrena; nem amigas
mãos se lhe estenderão às suas mãos súplices; e pois que em vida
só de si cuidara, ninguém dele se compadecerá na morte.
19.
O único meio de evitar ou atenuar as conseqüências futuras de uma
falta, está no repará-la desfazendo-a no presente (…).
20.
A situação do Espírito, no mundo espiritual, não é outra senão
a por si mesmo preparada na vida corpórea (…).
21.
Certo, a misericórdia de Deus é infinita, mas não é cega. O
culpado que ela atinge não fica exonerado, e enquanto não houver
satisfeito à justiça, sofre a conseqüência dos seus erros (…).
22.
Às penas que o Espírito experimenta na vida espiritual ajuntam-se
as da vida corpórea, que são conseqüentes às imperfeições do
homem, às suas paixões, ao mau uso das suas faculdades e à
expiação de presentes e passadas faltas. É na vida corpórea que o
Espírito repara o mal de anteriores existências (…).23.
Todos somos livres no trabalho do próprio progresso, e o que muito,
e depressa trabalha, mais cedo recebe a recompensa (…). O bem e o
mal são voluntários e facultativos: livre, o homem não é
fatalmente impelido para um nem para outro.
24.
Em que pese a diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos
Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode
resumir-se nestes três princípios:
1.
O sofrimento é inerente à imperfeição.
2.
Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz
consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e
inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade
nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para
cada falta ou indivíduo.
3.
Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da
vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a
futura felicidade.85
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“O Céu e o Inferno”, I Parte, cap. VII.
Apostila
do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro
Espírita Amor e Caridade
Goiânia
- GOTrabalho
realizado em 1997 pelo Grupo de Estudos desta Casa Espírita com a
coordenação de Cláudio FajardoDivulgação
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